quinta-feira, 22 de março de 2007

Olá! Só quero dizer umas palavras: o meu nome é Jessica Magmetite, estou a escrever este (sei 5 línguas: inglês, português, francês, alemão e egípcio) porque ouvi dizer que os portugueses gostam de escrever em 1ª pessoa (não sei porquê), por isso, ou por moda, ou por apenas vontade, decidi escrever o texto em 1ª pessoa e em Português (sei que sabes duas línguas, mas uma coisa é saber duas línguas e outra é saber duas línguas derivadas do latim, duas derivadas dos povos anglo-saxónicos e uma língua dum povo extinto!).

Tens de saber umas antes de leres este livro (NÃO! não é nenhuma matéria chata):

- Não seres o meu adorado (odiado) tio, as minhas irmãs, NEM PENSAR SERES O PRIMO COUTINHO!!!!!!!!!!!!!!!...[1]

- Tens de ter mais de 12 anos (se fores como alguns melgas lá da escola, então é melhor só leres quando tiveres 18, não melhor: 20 ANOS!!!!!!...

- Não seres daquelas beatas que têm medo de ler qualquer coisa fixe (se me percebes o que estou a dizer).

- Teres sentido de humor!

Bem, agora que já sabes o que é preciso (se tens estes “ defeitos” e se não tens sentido de humor, é melhor deitares fora este livro e esqueceres a ideia de o leres), VAMOS LÁ!!!!...



Começarei com a altura que recebi este caderno de anotações, tão útil para os meus pensamentos e tristezas, e digo isto porque, no meu décimo sétimo aniversário, com o meu avô um pouco triste mas a tentar disfarçar com um sorriso.
- Muitos parabéns à minha menina que fez dezassete anos!
- Muito Obrigado, Avô. Sem si não saberia o que seria de mim nesta altura, sem comida ou dormida na rua. - Agradeci eu; muito contente a soprar as velas e a pedir um desejo. – Porquê a cara de melancolia, vou fazer dezassete anos, é bom ou não?
O meu avô tentou não chorar, mas as lágrimas vieram-lhe ao rosto, depois confessou; com um olhar muito fúnebre e sem vida e dando-me o diário com um cadeado de prata com uma inscrição a dizer “Nunca esqueças o teu verdadeiro lar”:
- Lamento Jessica, mas esta foi a única prenda que te consegui arranjar, o museu vai fechar no próximo verão e o nosso investidor está maldisposto comigo, não sei porque raio está tão mal humorado comigo! Em breve terei de partir para o Egipto para o fazer mudar de ideias com uma das minhas descobertas!
Eu suspirei a comer o bolo e a rir-me. Conhecia muito bem o investidor, director e patrão do meu avô, o Sr. Lettinghton era um jovem conde de trinta anos misterioso que o pessoal nunca via nem tinha contacto com ele, a única pessoa que já alguma vez o tinha visto em carne e osso era o meu avô, e sempre falava do seu jovem patrão como um diplomata da elite inglesa muito refinado. Dizia-se que Sua Excelência era um lorde que passeava e vigiava cada passo dos empregados, guardas, e do prior do museu, supostamente o meu avô, sem realmente ninguém o ver, e eu própria, ao trabalhar para o museu a altas horas, reparava na presença daquele chefe fantasma, algumas vezes, o Sr. Lettinghton chamava a atenção ao meu avô, e isso irritava-me, porque nem Sua Majestade teria paciência para tal suspenso e mistério que aquele homem provocava!
Eu a brincar quando tinha doze anos costumava dizer que o Sr. Lettinghton era um dos muitos apelidos que o meu avô usava para evitar confusões com os outros chefes de museus de Londres, e isso entendia-se, porque o meu avô, o respeitado Sr. Thomas Magnetite tinha sido em tempos um chefe de espionagem da M15, a decifrar códigos espantosos e enigmas mortais que os Nazis enviavam para o confundir; mas a incrível racionalidade e cálculo mental que o meu avô tinha eram demasiado para os Nazis! Acostumado à discrição e ao segredo do mundo da Espionagem, o meu avô era raramente visto em público e se algum dos empregados via, ele desaparecia como fumo…E nunca mais o voltavam a ver! O seu rosto triangular com barba ruiva; o seu metro e oitenta; o seu sorriso inconfundível, um sorriso misterioso e suave e formal misturado com alegria e tristeza ao mesmo tempo fazia o meu avô uma pessoa de pelo menos cinquenta anos, em vez dos noventa e quatro que tinha!
O meu avô tinha nascido a 20 de Junho de 1910, e desde então, estava sempre activo, as raparigas andavam sempre atrás dele, mesmo com aquela idade, o meu avô conservava a vivacidade dos vinte ou vinte e nove anos…!
Quando era novo, o seu rosto era o mais belo daqueles bairros de Londres, e as mulheres ao verem tal homem alto, forte, um moço musculado que praticava esgrima desde os cinco anos, e tinha sido campeão nacional do Reino Unido!
Ele jamais bebia ou fumava, a não ser para festejar, e eu adorava a sua companhia, era um amigo para todas as ocasiões.
- Já pediste um desejo, Jessica? – Perguntou ele com a sua voz calorosa e meiga, uma voz de homem nada fraca, e de óptima saúde.
- Sim, e espero que se concretize. – Respondi eu, ele apenas sorriu com um olhar curioso a tentar adivinhar o que eu tinha pedido. – Pode tentar adivinhar que jamais vai descobrir o meu segredo, eu guardo-o muito bem.
- Vá lá, conta-me, Jessica! – Implorou ele a rir-se a preparar o jantar. Mas logo descobriu como se me tivesse lido a mente. – Já sei, queres descobrir o teu verdadeiro amor e a tua família, é isso?
Foi aí que decidi ser sincera e respondi com lágrimas:
- Sim, há muito tempo alguém me prometeu que no dia do meu décimo sétimo aniversário eu o conheceria, a ele e à mamã! Agora estou aqui para os conhecer, a todos, à minha família. Quero ter primos, tios, tias, avô e avó, e…Talvez um padrasto ou madrasta que me faça a vida negra, mas que pelo menos me considere como sua filha…
O meu avô suspirou e disse a dar-me a mão:
- Essa promessa foi um sonho e nada mais!
Então, tentei esquecer aquele desejo, mas se o tivesse, então nunca teria escrito este livro, portanto, acho que se não fosse esse primeiro dominó a cair, portanto, vamos à verdadeira história, mas só um pequeno detalhe.
Quando o avô me abraçou no último minuto dos meus dezasseis anos no museu, comecei a ouvir uma contagem decrescente em Alemão de homens a marchar na ala da 2ª Guerra Mundial, aquilo era assustador, principalmente porque as figuras e fotografias que se destacavam mais eram os das SS!
Ao bater das doze badaladas, ouviu-se uma voz de um homem de trinta anos.
«Sabe que me deve essa criança?» Disse a voz friamente. «E se bem me recordo, já nesta altura eu a teria nos meus braços. Talvez devesse mandar vir buscar essa menina…»
Um pouco confusa com tudo aquilo, olhei curiosa para o meu avô.
- Do que é que ele está a falar…? – Perguntei.
O homem riu-se e ouviu-se uns passos na escuridão em direcção a mim.
«Querida, o seu avô ainda não lhe disse ou falou acerca de uma história deveras interessante…A sua história…De si e da sua verdadeira família. Da qual o seu pai lhe negou a existência.»
Eu não entendia nada, os meus parentes estavam vivos?! Nem podia acreditar! Nessa altura pensava que tinha sido órfã e que a minha mãe tinha me deixado juntamente à porta do vovô com um bilhete a dizer:

Não se esqueça de cuidar bem dela, meu amor!


Bom, se vou ter de te contar a minha nova vida, então terei de como te tratarei e da forma como vivia. É óbvio que já está contada, mas como apareci, para mim é um mistério absoluto. Só sei que, tal como disse, o meu avô me acolheu, ensinou-me o Inglês, porque nessa altura, ele contou que eu falava uma língua meia arrevesada, parecida com o Grego ou o Latim.
E antes de mais nada, digo-te que estou a escrever no avião a caminho do Egipto, talvez encontra o meu avô, mas é muito provável que não. A propósito, reparei durante a partida que duas jovens, com traços familiares iguais (para além duma marca particular, uma tatuagem que tenho desde criança, no pulso, uma horrível águia dourada a segurar em cada garra e na cabeça três esferas vermelhas. Na cabeça, a maior esfera tinha inscrito em prateado as iniciais V.T. Que significaria…? E de quem seria a voz que me assustou tanto naquela noite…?) Estavam ao pé de mim. Coincidência…?
Acho que não…




































[1] As requisições seguintes foram adicionadas no dia 16 de Dezembro de 2005.