terça-feira, 28 de julho de 2009

O Sonho, o Amor de uma Heroína (Parte III)

As lágrimas passavam-lhe futilmente pela cara, e, limpando-as inocentemente qual pomba branca sincera e tímida; escondeu a cabeça sobre o cabelo preto lindo, pois não queria que mais ninguém a visse, a ela e à sua desgraça.
Será que nunca mais ia ter um homem certo, um príncipe encantado…?!
Ela é boa demais para uma terra amaldiçoada e má como esta, não há nenhum homem que se possa comparar com ela. Nenhum, e era isso mesmo o que ela sentia.
Por vezes, até penso se ela não é um anjo que perdeu as asas ao caír por força do Diabo, invejoso da beleza pura da princesa da luz.
Seria aquela uma filha de Deus, vinda do Céu, para melhorar aquela terra.
Olha que não estou a cometer blasfémia, e a todos ela dá pena, se calhar só o Euncätzio, o Tsesustan e o meu Padrasto não têm pena dela. Só de pensar que aquela frágil flor-de-estufa está sozinha e perdida no mundo. Perdoa-me a expressão, mas é isso mesmo que ela é!
Ao leres este livro, reparaste logo que Sara é uma das personagens mais sentimentais da minha história real, e é verdade, o problema é que há poucas pessoas hoje em dia que ligam ao interior, mas sim ao exterior. É por isso que muitas vezes, ela é julgada pelo seu exterior, e não pelo interior. Arranja sarilhos só por ser bonita e muitas das fadas que ainda existem também apanham por isso. Ela estava farta de ser tratada como uma obra-prima, uma pintura fantástica perdida de um antigo mestre que todos os homens quisessem posssuir. Para ela, já bastava aquele sofrimento por que estava a passar, e passou durante longos minutos a chorar.
O seu espírito bom não aguentava mais, e não poderia viver com aquele peso sobre as costas, que a apertava cada vez mais. Apesar de já ter queixado, há mais de trinta anos - desde os tempos de 1948 em que o PR (o Palácio das Reuniões) declarou que a Princesa Swerdinada Arco-íris Di Neptunvs fora coroada com todos os louros e pomposidade como Imperatriz do Império Constituticional Divino do Arquipélago das Ilhas da Bellanária! Um título demasiado palavreado para a nossa querida "Serpente de Fogo". A Sara já estava cá muito antes da misteriosa morte do "Papá" da Serpente de Fogo (o rei Neptuno), no dia fastidioso de 13 de Abril de 1939, pouco antes da Itália invadir a Albânia. Durante e depois da guerra, o Palácio das Reuniões assumiu o cargo de todos os poderes das ilhas de Shunrasen, Jelnarar e da Bellanária "Livre" - chamada assim por causa da ocupação nazi de 1940, no inicio de Janeiro, da região norte, desde os Alpes das Sereias até à Cidade Perdida, com os Nazis a ocuparem quase dois terços da grande ilha da Bellanária, chamando essa parte de Protectorado Von Tifon (foram tão simpáticos que até deram o nome da minha família!) - que tinha as suas fronteiras bem desenhadas, um terço da ilha da Fronteira era usada para os campos de concentração nazis, a Floresta de Cristal estava dividida em duas, uma, próspera e bela, verde, e outra, fraca e devastada pelas bombas dos Aliados.
Ainda se lembravam, nessas alturas, como o Comandante e Senhor Tezcatlipoca e a Princesa Swerdinada mantinham uma relação neutral entre o Eixo e os Aliados. Enquanto que, em Londres, o deus azteca, na Segunda Grande Guerra, conversava intimamente com o Churchill para discutir estratégias de serviços secretos, a nossa querida Serpente de Fogo equilibrava a balança, tendo conversas muito privadas com o Führer e Companhia das SS.

Enquanto que a minha mãe trabalhava para a Gestapo nazi, a minha tia Charlotte escrevia para um pasquim comunista para entregar nos países ocupados. A minha avó "Alice Von Tifon" tinha sido nomeada por Joseph Goebbels como a sua representante na Bellanária ocupada. Digamos apenas que foram uns tempos muito conturbados para a Sara, com guerras para cá, guerras para lá, negociações para aqui, negociações para lá...Ela deve ter trabalhado muito, pois já não se lembra muito desses tempos. Depois dos atentados a vários funcionários do Palácio das Reuniões, em 1946, no pós-guerra, o PR começou a ficar assustado e decidiu nomear Tezcatlipoca ( o chefe dos Serviços Secretos da Bellanária nessa altura) e os seus alunos para governarem a antiga Bellanária "Von Tifon". Mas, em 1947, o grande Deus da Guerra e das Trevas e da Magia Negra, estava farto de aturar os partidos mais esquerdistas no Palácio das Reuniões, que tinham intenções claras de assassinar os "fascistas" (a minha família) como exemplo para as "vitimas bellantes que tinham levado uma lavagem ao cérebro pelos Nazis". Obviamente contrário ás opiniões dos comunistas, o deus azteca (de antigas crenças mexicanas) quis logo apresentar a sua demissão como deus representante do seu panteão mitológico com o seguinte discurso «... Se querem um país todo vermelho, não contem comigo! Adeus...até ao meu regresso!...»