quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Poisonous earl grey



13 de Novembro, por volta das sete da tarde

                   Enquanto estava a tomar um Earl Grey mint and Lemon (podem tirar-me de Londres, mas não podem tirar o meu Earl Grey) reparei que o sacana do Dr. Fixtanea e o crápula do Finistergäse tinham entrado no café saloio do "Sencha ya Omakeda". 

O Finistergäse anda sempre de óculos escuros, com um chapéu bicudo à maneira dos antigos bruxos. O Fixtanea usa sempre um chapéu de feltro preto. O primeiro andava com um  casaco pendurado nos ombros, o outro andava com um elegante e moderno sobretudo preto, que chegava aos antigos e caros sapatos Italianos pretos. Com um cachecol ao pescoço, o velho doutor pediu um maço de cigarros mais caros que o dono do café tinha!

Finistergäse, um homem de quimono cinzento e um pouco coçado, adivinhei que fosse o convidado do homem sinistro aquem pertencia a limusina.  Falava no dialecto Alemão de Shunamari, como que a pedir desculpa por ser tão distraído. Aí, percebi que quem era o pobre coitado que precisara dos quinhentos marcos era ele, pois estava com um ar um tanto apreensivo nos lábios. Trazia quatro adagas Japonesas, semi-ocultas nas calças do quimono. 

O sádico e bêbado Finistergäse que eu vira no Dia da Magia Negra a gozar com a Imperatriz Serpente de Fogo, estava a tremer que nem uma folha diante do Fixtanea!  Consegui cheirar o hálito dele aa milhas, com o sabor desagradável a arroz queimado, fígado de qualquer coisa e cebola áspera. 

O Fixtanea pronunciou algo em Japonês a que eu não percebi muito bem. Com certeza que não era um elogio! Entre as poucas palavras, sibiladas numa voz grave e arrepiante, eu apanhei o nome da Tsuna, com o habitual sufixo carinhoso "chan".  Aqueles dois estavam a falar da minha irmã emprestada! 

Pousei discretamente os phones do walkman nos bolsos, para não dar muito nas vistas. Tinha o cabelo completamente molhado e encaracolado, emaranhado como uma bola de lã avermelhada. Se tivesse sorte, eles não reparariam em mim! 

A porcaria do tempo, com o morrinho que apanhara em Cyborg Town, transformara-se num aguaceiro dos Diabos quando eu tinha chegado ao ducado de Shunamari. Passara a correr pela velha aldeia Japonesa de Itshaki, alugara uma bicicleta, e precisamente quando estava quase a chegar à estação de metro de Omakeda (outra aldeia Japonesa no velho ducado do meu avô, que Deus o tenha, embora por esta altura acho que ele deve estar mais no Inferno do que no céu). 

Abrigada no café tipicamente Chinês, vi um relâmpago a rasgar os céus, atingindo cruelmente uma árvore, a pouco menos de dois mil pés de distância.  O trovão fez com que a sala velha tremesse, suportada por ferros, arcos de madeira cor de sangue e vigas de pedras cinzentas e nada agradáveis.  

Não me admirava nada que o café datasse do tempo em que o Daisuke ainda tinha cinco anos...! 

As janelas redondas, com cortinas de musgo, molhado e sombrio, os candeeiros de papel à maneira Chinesa, com carácteres em Bellante do Norte, a baloiçar no meio do tecto escuro e gelado...Aquilo mais parecia-se com um cenário de um filme "noir" dos anos 40 sobre Chinatown do que um café no meio da rústica estrada de Shunamari, cercada por um bosque um tanto intimidante...!     

Só quando Finistergäse pediu uma lata de cerveja em Inglês é que apercebi-me que estávamos no século vinte e um.  

- Que tempestade dos diabos! - Comentou o gerente, num sotaque Japonês, enquanto lavava os copos. - Até parece que os Oni andam à solta...Não é que eu acredite nessas velhas superstições, mas cá em Shunamari, até parece que a floresta pode pregar partidas aos incautos!   

Com um sorriso informal, dirigiu-se ao velho doutor.  

- E o que é que o senhor irá desejar? 

- Um café preto com canela se faça favor! - Ordenou insipidamente o Dr. Fixtanea, não parecendo mais o encantador cavalheiro de idade  que beijara as palmas das mãos da minha irmã. 

De repente, ao reconhecer o sotaque, o gerente começou a falar em Japonês, num tom muito educado e simpático. Fazia as coisas com a maior das naturalidades, como se estivesse concentradíssimo no trabalho.  

O Dr. Fixtanea parecia nem um tanto interessado na conversa um tanto "chacha" do gerente, que devia ter os seus quarenta, quarenta e tal anos. Soprava uma nuvem de fumo de vez em quando, como se a tentar ler no reflexo do espelho à noveau-art, os olhos dos clientes e o que é que eles diziam. 

Entretanto, o idiota cobarde do Finistergäse, falava fluentemente com um ar interessado em Japonês, continuava a suar rude, rouco e cínico. Subitamente, apercebi-me de um pormenor muito estranho ao observá-lo de esguelha: Finistergäse tinha dois cornos a sair do chapéu bicudo. Fixtanea tinha um olhar penetrante, quase demoníaco que fazia com que a maior parte  dos homens ali ficassem parados que nem estátuas! Outros cairam, mais duros que nem pedras...! Se calhar até já tinham esticado o pernil! 

Antes que pudesse notar, o gerente começava a abanar-se com a toalha, como se estivesse muito abafado. Tentei não engolir em seco. Ele parecia estar muito mais aterrorizado do que eu, com gotas quentes de suor a cair da testa morena. 

- Agora que me lembro... - Disse em Inglês, a arfar, enquanto o Dr. Fixtanea esboçava um sorriso maldoso. - O meu pai contava-me quando era pequeno, uma kaidan: um dia, na altura da guerra, ele viu um homem a sair de uma limusina preta, a fumar um cachimbo. Ele devia ter dezasseis, dezassete anos!  Mas ele sabia perfeitamente quem era aquele homem...! 

Antes que o coitado do gerente pudesse revelar quem tinha sido o feiticeiro demoníaco que o pai tinha visto, este primeiro começou a cuspir sangue. Era tão vermelho quanto as paredes do próprio café. Tão quente quanto o meu cabelo, que caía, arrepiado nos ombros.  

Os poucos homens que tinham sobrevivido ao feitiço dos olhos diabólicos de Fixtanea, e que tinham escapado ou resistido àquele letal nevoeiro azul-claro que pairava no café, pareciam um pouco ou tão arrepiantes quanto Finistergäse. 

Este último soltou uma risada maliciosa. Apunhalou o gerente com uma das adagas e clamou algo cruel e incompreensível na língua do Bellante do Norte. Tirou os óculos, e pude ver que ele não tinha olhos de todo!

Neste momento crucial, um tipo repara que tenho as calças um pouco descaídas e um pouco justas para que ele tivesse uma ideia de como eram as minhas traseiras.

- Que rabinho fofo, ruiva! - Assobia sonoramente num tom bêbado em Inglês.  

Antes que eu possa enfiar o resto do chá na braguilha do cara de cu, já o Dr. Fixtanea e o Finistergäse viram-se para mim, um com um olhar azul e cinzento, fantasmagórico, o outro com um sorriso demoníaco semelhante àquele que eu vira no Daisuke. Eu, a única mulher que não usa avental ou está morta de susto, a mulher que devia usar algo feminino do que calças à militar, botins pretos, um casaco de couro azul-escuro, e uma camisola de manga comprida, de algodão, quente, suficientemente justa para que as minhas mamas se notem, mesmo com a porcaria do soutien! 

Que é que queres? Quando uma pessoa está a ver que vai haver uma chuva das boas, só quer algo seco onde se aquecer até que o dito-cujo passe! Tiramos aquilo que nos calha na rifa e pronto! E logo saiu-me um café antiquado, infestado de bruxos demoníacos! Tudo isto, juntamente com os raptores da Tsuna! Ela tinha conseguido escapar e sobreviver no Halloween...mas então e eu?        




terça-feira, 20 de novembro de 2012

A língua dos Bruxos: Bellante do Norte

              
13 de Novembro, de 2004



 Falando em pessoas irritantes, a biblioteca não é exactamente o lugar perfeito para trabalhar. primeiro, as raparigas lá não param de falar, mesmo que seja um local de trabalho, segundo, não consigo perceber uma única palavra do que dizem. Ainda bem que tenho o Daisuke para me alegrar! Sabes o tipo do Café? Parece que ele é um dos meus primos do lado da minha bisavó. Ele é neto do meu tio-bisavô, que pelas poucas palavras que percebo do dialecto de Shunamari dele, ainda está vivo.  Para além de estarmos com os meus phones - para não ouvirmos as histéricas das raparigas das secundárias de Cyborg Town - a ouvir os Iron Maiden, ele ajuda-me a ter paciência com o computador.

O computador é uma lentidão, o que torna o trabalho ainda mais difícil. O meu professor de Bellante Arcaico do Norte mandou-me pesquisar "as semelhanças entre o Japonês Arcaico e o Bellante Arcaico do Norte" como trabalho de casa. Mas com esta lesma, vai ser mais fácil eu falar do sotaque arrevessado dele em Inglês do que de uma língua que só os velhotes de Shunamari e de Cyborg Town sabem falar. É mais por causa do Daisuke que estou a fazer isto. 

As raparigas não paravam de falar. Era como se não tivessem mais nada do que fazer a não ser rirem a bandeiras desbragadas!  A coca-cola caiu-me um pouco mal na garganta. Demasiado fria para o meu aparelho dos dentes. Era como se o tipo que arranjara a bebida tinha ido buscar um pouco de gelo da sarjeta lá na rua de Cyborg Town.

Enquanto o Daisuke explicava-me um pouco sobre o antigo dialecto de Osaka falado no século sexto, eu perguntei-me se ele era assim tão novo quanto eu pensava.

Ele suspirou, ao apontar para o indíce do livro. Falava sobre os últimos séculos antes do Tratado da Magia Universal, e como o Bellante do Norte fora influenciado com estrangeirismos Russos.

- Não sou assim tão velho quanto a maior parte dos Feiticeiros Demoníacos, só tenho  oitenta e cinco anos! - Exclamou ele, um pouco triste. 

- Não pareces assim tão velho! - Sorri num tom de brincadeira. Não acreditava que ele tivesse aquela idade.

- Não sabes? - Arregalou os olhos, um pouco surpreendido. - Os da tribo dos Youkai envelhecem muito mais tarde, ao ingerirem órgãos humanos.

Como é que eu podia saber...? Nunca soube qual era a diferença entre um feiticeiro humano, um feiticeiro demoníaco, um bruxo e um feiticeiro branco! Fiquei curiosa com essa palavra nova...De certeza que era um empréstimo do Japonês.

Ao pôr, estranhada, as mãos na mesa, eu arregalei muito os olhos:

- Ser-se bruxo e um feiticeiro demoníaco não é a mesma coisa?

Ele sorriu e consegui ver, no reflexo negro do chocolate quente, cercado de vapor quente e perfumado com canela, dois dentes caninos e grandes a crescerem dos lábios do meu louco primo. Com o cabelo rapado e pintado de roxo do lado direito e preto natural do esquerdo, os piercings nas orelhas pontiagudas, não me admirava nada que as raparigas lá da biblioteca perguntassem o que é que uma "maria-rapaz" como eu fazia com aquele pão delicioso.  

- É claro que não...! Pode-se ser ambos, mas não é a mesma coisa...! Eu, por exemplo, sou um Kolmanatry, um feiticeiro demoníaco e um cy-bata ao mesmo tempo. Sou um feiticeiro, de sangue de Youkais, artista (é isso o que significa a palavra Kolmanatry - "artista excêntrico").

- Isso percebo eu! - Ri-me, com uma ponta de troça na voz, com as unhas perfumadas com cerejas ainda na coca-cola. Aquelas palermas bem que queriam estar no meu lugar, a falar com o docinho do Daisuke. Tenho de admitir, ele sabe falar Inglês. O sotaque fica-lhe tão bem com o sorriso maroto demoníaco e os piercings na língua.  

Deu-me uma palmadinha nas calças militares.

- Vá lá, prima, não sejas marota!  - Riu-se, ao retornar ao Alemão, língua que se sente mais à vontade. Pigarriou. Acho que é um pouco difícil para ele fingir ser velho. O Daisuke é o que uma pessoa chama de "jovem por dentro". - Bom, Youkai não é exactamente demónio! Pode ser um sinónimo de "espírito sobrenatural", "fantasma", "aparição"...Basicamente é uma criatura que normalmente a razão humana não consegue explicar.  A palavra Kätrtzyaamnahuatli ("bruxo" no Bellante Padrão)  joga com a pronúncia do nome Di Euncätzio. Mas também não é "feiticeiro demoníaco".

Ao desenhar com um pedaço de chocolate seco, ele apontou-me os carácteres "formais" em Bellante do Norte para "bruxo", "youkai", "feiticeiro demoníaco".  Eram completamente diferentes dos dois ideogramas que se utiliza para dizer o nome "Di Euncätzio".

- Como vês, no Norte ainda é tabu escrever o nome Di Euncätzio. Quando procurares por obras do "Mestre Samiel", de Onisamatzeka, ou do "Mestre Saburou", tenta ver os pseudónimos deles. - Avisou, num tom demasiado sério para que eu risse da situação.

- Mas...por que é que é proíbido...? São só um monte de rabiscos velhos...! - Repliquei, um pouco admirada com o talento e cuidado com que ele escrevia com o chocolate.

Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o meu primo pousou a mão nos meus lábios.

- Estou a usar o chocolate, porque é sagrado...Sabes o provérbio "falas no Diabo e ele aparece"? As palavras em Bellante Arcaico do Norte não eram só caracteres, como acontece com os Kanji ou os Hiragana em Japonês. Faziam parte da magia e dos feitiços dos Bruxos! - Exclamou, num murmurar, como se a mera enunciação da antiga língua dos Bruxos fosse algo perigoso!

Tão rápido quanto pusera as mãos nos meus lábios, ele retirou-as, num gesto delicado.  Suspirei, um pouco apanhada de surpresa. O Daisuke, ao contrário do que a Sara me contara sobre ele, cheirava bem.  Tinha acabado de trabalhar na "Senhora Diamante". Parecia que os anos do pós-guerra tinham-no amadurecido, ou pelo menos, segundo a minha mãe "aceitar aquilo que é nascer num pântano e tornar-se numa flor de lótus".

É que o Daisuke, pelos vistos, antes da Segunda Guerra, era muito infantil. Depois, foi forçado a fugir para Hong Kong. Uma vez que ninguém associava-o, nem com o avô Hyasuko Murakami (depois conto-te sobre o meu Tio-Bisavô) , nem com o Duque Von Tifon (sabe-se lá porquê),  ele começou a tocar músicas ocidentais como ganha-pão, em clubes-nocturnos. Pode-se dizer que o meu primo "comeu o pão que o Diabo amassou"...mas, como o meu primo é filho de um cyborg, não vou utilizar esta expressão. Como o pai do meu primo foi concebido já é outra história. E como nós os Ingleses já não acreditávamos muito em Bruxas - quanto mais em "ogres", que foi a tradução mais à "ocidental" que o Daisuke arranjou na altura para explicar o que lhe acontecera, sendo ele neto de um Oni - ele lá conseguia arranjar dinheiro para comprar arroz. De repente, conseguiu arranjar um contracto com uma misteriosa companhia discográfica Japonesa, que apostava no moderno "rock" ocidental, lá para os Anos 60, ele começou a vender discos na Bellanária do Sul (aquilo que não era ocupado pelos "Diabos Comunistas", como disse a minha mãe), em Osaca e inclusive (por esta eu fiquei boquiaberta) Tóquio!

Por isso, ao acabar o seu chocolate-quente (que, por esta altura já era um gelado de chocolate do que outra coisa), o Daisuke disse que preferia esta vida de artista do que dedicar-se à profissão de feiticeiro demoníaco, que, tal como eu vira, era muito perigosa hoje em dia.

- Então, isso quer dizer que a tua personna no palco e tu na vida real são completamente diferentes? - Perguntei, muito surpreendida. Ah, eu sei perfeitamente que os metaleiros e os rockeiros são muito diferentes na vida real.

- Sim...Eu vivo uma vida simples. Não gosto que as pessoas comparem o meu "eu" artístico com o meu "eu" pessoal. O vocalista dos Kilresy com a boina preta é diferente do Duque Von Tifon ou de Kensaku Murakami...é uma caricatura dos Bruxos! - Disse num tom muito sério. - Vamos lá ver o que mais interessa: os seis elementos Bellantes, podes enunciar as diferenças no Bellante Arcaico do Norte e o Japonês Antigo.

Estava a tentar perceber a diferença entre o carácter Japonês para "água" e o homólogo em Bellante do Norte, quando lembrei-me do anel que supostamente devia proteger-me da Magia Negra. Este anel tinha aquilo que em Bellante do Norte se poderia ler como "Terra, Água, Fogo, Ar e Luz, Victória!" Então era por isso que não tinha sortido efeito. Tezcatlipoca esquecera-se da Escuridão. Mas também havia outra coisa que tinha o símbolo da água, num carácter em Chinês: um pendente de jade em forma de um arco, que a Tsuna traz sempre agora ao pescoço.


Ao ler os meus pensamentos, o Daisuke suspirou.


- É normal...A maior parte das Fadas costumam usar esses talismãs simbólicos que representam a tribo (neste caso uma ondina) e a classe a que pertencem. - Subitamente, ele apercebeu-se de quem é que eu que eu estava a falar. Quase que cuspia o segundo chocolate quente! - Mas tu estás a dizer que a viste com um pendentes desses ao pescoço?!


- É esquisito, não é? A Tsuna, a protegida da minha mãe a usar um pendente usado por Fadas! - Disse eu, ainda muito surpreendida com tudo aquilo.


- Não é esquisito se fores filha de uma feiticeira humana como a Tsuna! - Comentou o Daisuke, com o sobrolho carregado, ao tentar anotar o carácter Chinês para "água" na agenda. - E eu que pensava que a arte de trabalhar metais para que se transformem em amuletos poderosos já tinha desaparecido! Quem quer que tenha oferecido esse pendente à Tsuna, sabia que a prima Katarina não é boa-rês!  A maior parte dos Bruxos demoníacos odeia os Feiticeiros Humanos por causa do que lhes fizeram nos últimos séculos...Talvez a prima Katarina tenha herdado esse ódio do Trisavô! Eu ainda nem era nascido quando a Magia foi proíbida no Japão...!


- Bom, esse pendente só apareceu depois do dia da Magia Negra, no correio. - Confessei, um pouco apreensiva com a minha "irmã emprestada".  - Depois da festa do Halloween, não a vi!


O Daisuke olhou um pouco para mim, depois fez uma cara de quem estava muito assustado, como se tivesse recordado de um velho pesadelo. E eu que julgava que a minha mãe era uma santa!  Não me admirava nada que ele estivesse preocupado: a minha mãe pelos quadros está sempre com um ar de....pronto de uma mulher fácil. O retracto do meu avô, porém, aparecia-me na memória como algo majestoso, orgulhoso...Nunca malvado!  Mas também sei tão pouco sobre a minha família...! Só estou cá há uns meses...Parece-me mal falar do Daisuke como "Tio".  Eu trato-o por "tu", e ele parece gostar de mim, embora sinta-se pouco à-vontade para falar da família.


Depois da explicação, ao pagar o dinheiro, tanto da minha coca-cola como das duas canecas de chocolate-quente, ele pousou o casaco de couro nos ombros, como se estivesse a sugerir que eu viesse com ele. Os olhos dele pareciam tão queridos ao olharem para mim...!


- Tens a certeza que não queres que te dê boleia...? Se alguém conseguiu manipular a Tsuna e quebrar o feitiço, tanto do teu anel como do pendente dela, então é porque é um bruxo muito poderoso!

Eu disse que não, que sabia defender-me sozinha...Mal sabia eu o que é que estava para me acontecer naquela tarde...!