terça-feira, 6 de abril de 2010

O meu Padrasto......!

Algo não estava certo?... Como é que eu podia saber se tinha magoado a minha mãe ou alguma coisa do género...? Aquele castelo era tão vivo como o próprio coração do Rei dos Bruxos!


Que lugar maravilhoso, não me importava de ficar ali toda a minha vida, o que me fez surgir mais outra questão durante o meu sono imperturbável: como é que os criminosos dos Bruxos, considerados inimigos letais da decência e do Bem, podem viver naquele castelo de conto de fadas....?!

É simplesmente impensável, sempre ouvi dizer, desde o 1º dia que fui para aqui, que o temível e perdido Limbo dos Espelhos – ou o antigo Castelo Negro, como queiras – fosse algo hediondo e infernal, e que fôssemos duramente castigados lá, contudo apareciam-me cantos de folia vindos do nada, que pintavam os meus sonhos mais cor-de-rosa.

Comecei a dormir profundamente..........Mas ouvia tudo, era como se estivesse lá, ainda acordada. A voz grossa, poderosa de homem e com uma acentuação russa na própria maneira de falar Atlante mandou todas as fadas, demónios e bruxas embora, foi aí que tive a certeza que era o Rei dos Bruxos. Depois, surgiu outra voz, a genuína e assustadora voz sinistra do meu Padrasto, que disfarçava fluentemente o pesado sotaque alemão num tom solene e respeitoso, mas distorcido por um sarcasmo quase trocista.

«Bem-vindo de novo à Bellanária, Vossa Majestade!» Saudou um rapaz, que presumi ser o próprio Goldtheeth em pessoa.

«Que é que está aqui a fazer?! Já devia estar na cama, General!» Disse o da primeira voz, que foi logo interrompido pelo meu Padrasto.

- Majestade, faça o favor de falar mais baixo, porque hoje temos uma convidada muito especial, a minha menina provavelmente já deve estar nas paredes do castelo. – Disse a voz mais aguda do meu padrasto, com um sotaque alemão, demasiado aguda para ser dum homem da idade dele, no entanto, via-se que era dum bruxo! Sou uma fisionomista, e, pela voz, anormalmente alta, com as palavras saídas da boca dele como balas duma metralhadora, quase que jurava…Não! Não podia ser ele. Os meus ouvidos quase que estalaram, era uma voz arrepiante, mesmo: parecia ser a voz da reencarnação do Assassino do Amor…E eu só conheço três homens que têm a voz assim, o meu Padrasto, Rwebertan Samiel Di Euncätzio, e o outro….O outro é melhor não discutir.

Nem acreditava que o meu Padrasto estava a escassos e perigosos metros de distância de mim, agora não era só ao telemóvel ou com aqueles poderes que ele tem de se fazer ouvir onde eu estou que tinha de contar. Quanto

Escutei pacientemente uns passos pesados e longos, e, depois, só aí é que reparei que uma mão acariciava o meu rosto! Nem queria abrir os olhos! Ele riu-se um pouco, e, durante algum tempo, os dedos dele tocaram mais uma vez no meu corpo. Os dedos direitos magros dele afastavam-se ou aproximavam-se do meu peito, enquanto os esquerdos faziam carícias nas minhas pernas, como se ambos tivessem a encantar o meu corpo com uma espécie de feitiço muito forte, como se fosse forçada a fechar os olhos e a ficar mais mole do que um gelado derretido.

Um arrepio passou suavemente e aos poucos por todo meu corpo, era como se tivesse ficado de repente paralisada, e os meus olhos não conseguissem abrir.

Aquela força, aquele poder grandioso puxava-me para que continuasse a fechar os olhos e para que não visse o rosto do meu Padrasto.

Uns lábios secos e masculinos pelo tempo tocaram ao de leve a minha face, e reparei que estava ao colo dele, como se fosse uma inválida. Era muito forte, pelo que eu sentia, um homem desportista.