domingo, 25 de novembro de 2007

Amor Perigoso.... (Parte I)

Lá estou eu a imaginar coisas onde elas não existem..., eh, eh, eh! O meu padrasto foi morto há mais de cinquenta anos. Está na hora de eu assumir isso de uma vez por todas!
Não tenho medo das fantasmas das amantes do tetrabisavô, muito menos dos Alpes das Sereias, nem da SPV, nem dos gritos e ira do Primo Coutinho! A única pessoa que morro de terror de ver é o meu perverso padrasto. Para quase ter sido o Rei dos Bruxos, era mesmo perverso! É melhor desistir desta obsessão, até agora não encontrei prova alguma que ele estivesse....sabes....até me custa a dizer....vivo! Tremo até aos ossos só de pensar que aquele malvado possa estar à solta e eu aqui, frágil e....indefesa. Não! Eu sou forte, o problema é que a se alguma vez o meu Padrasto descobrir quem é o rapaz em quem estou interessada...Sabe-se lá que torturas e mil provações horríveis o faria passar!
Não te vou dizer ainda qual é o sortudo, até agora é só amizade, mas quando nos conhecermos melhor....Talvez aí receberei um beijo desse príncipe angelical.
Por um lado, aquela voz mete-me um medo de morte, por outro, só de pensar naquele rapaz dos meus sonhos, os receios e dogmas antigos esvaem-se no ar.
Mas, se alguma vez podesse conversar com ele, porque se soubesse mais dele, saberia mais acerca de mim própria, e aí perceberia, porque razão depois de me apaixonar por um rapaz e quando a coisa está a aquecer, ouço a sua voz. A sua terrível e diabólica voz!
Será que tem inveja, ou apenas faz isso para tornar a minha vida mais miserável...?
Ou será apenas paranóia? É mesmo paranóia minha! Está na altura de pôr estas tristezas de lado e preparar-me para o Dia das Magias Negras com o nosso maior sorriso.
No caminho à frente deparei-me com Nälden, que me levou de imediato no seu “tanquezinho” – um jeep 4x4 com rádio topo de gama, GPS com comando de voz de alta geração, equipado na frente com uma metralhadora silenciosa de cinco mm com um alcance de trezentos metros para a caça aos Cyborgs, e depois dizem que são os camiões de transporte de gasolina os veículos “longos” e letais - e descobri, que apesar de parecer um pouco homossexual, o nosso querido tenente tem aquela mania estúpida que os homens têm de os carrões grandes atraírem as mulheres!
De cor verde-escura, o “tanquezinho” tem um flamingo cor-de-rosa, bradendo a bandeira alemã com um balão estúpido a gritar “Alemanha vive sempre”.
Travou rapidamente, e com os seus óculos de sol lilás, abriu a janela, armando-se em estilaço, perguntou, ao tirar elegantemente qual estrela de cinema os óculos de sol:
- A fräulein querr boleia?
Ri-me maliciosamente um pouco, encolhendo os ombros, e esboçei um sorriso amarelo enquanto olhava de lado para ele.
- Não obrigada, eu não aceito boleia de estranhos. – Respondi indiferente.
Nälden sorriu igualmente qual grande leitor de lábios ou espressões que era é, percebendo a piada que eu tinha feito. Levou-a na brincadeira, porque ambos já nos conhecíamos há muito tempo, e desde o dia em que ele tinha chegado, eu simpatizara com a sua lealdade para com o primo.
E o perspicaz tenente já tinha simpatizado com o meu sentido de estética e com o meu humor alegre.
Abriu delicadamente a porta de trás do jeep, pois o lugar direito estava agora ocupado por Spiegel, refastelado na caixa negra com o cinto cuidadosamente apertado para que ele não pudesse escapar de forma alguma.
Estava mais calmo, e parecia querer saír para vir ter ao meu colo, o que conseguiu fazer, ao soltar o trinco da caixa e rastejar qual serpente para os meus joelhos.
O rapaz virou o retrovisor para mim e decidiu brincar comigo. Fez caretas no espelho com as sobrancelhas castanhas-douradas e piscou os olhos duas vezes. Achava-se no direito de depois de ter percorrido toda a Zona Histórica em busca de um animal de quem nem sequer gostava, merecía um bom “recreio”.
Depois de ter feito isto, com a mão esquerda livre, apontou para si próprio, qual grande actor e com o seu indicador, pôs o nariz mais empinado.
- Eu sou estranho? – Comentou sarcasticamente de forma arrogante. – E o que é que a menina é, Fräulein Jessica?
Desatámos às gargalhadas, enquanto íamo-nos afastando cada vez mais da Floresta de Cristal em direcção para a fácil e direita estrada que levava para o Château von Tifon.
Que manhã tão divertida...!