sábado, 8 de agosto de 2009

Os Magos também sabem usar a Internet (Parte I)


Subitamente, quando ia desistir e beber três copos de chocolate quente para adormecer completamente, a Sara ouviu uma campainha vinda do seu computador. Uma resposta ao seu pedido que tinha posto no MSN a ver se conseguia conhecer alguém.
Um brilho de esperança e alegria acendeu o rosto pálido da jovem rapariga, e, muito feliz, agora com lágrimas de rejúbilo nos olhos, clicou com força na opção “abrir”, e surgiu perante os seus olhos uma mensagem que dizia:

Querida Princesa da Música, serva da Senhora Shamanarta, Aquela que é a criança e filha de Saraswati…a que se banha nos rios Shmanhir e Bênção...

Logo que te vi, fiquei cativado com a tua bondade e luz que emanas diante de tudo e todos.
Há semanas que ando a seguir-te, e por fim descobri o teu Email – é assim que se escreve, não é? Perdoa a minha falta de jeito em tecnologia.

Gostarias de ser minha amiga?

J P.S: tenho um bom sentido de humor.

Assinado: Mago da Música


Ao ver que tinha um admirador online, a Sara entusiasmou-se. Lembrou-se então, daquela famosa história que a Avó Murakami tinha-lhe contado sobre uma deusa semelhante a Saraswati, talvez uma possivel vida passada: uma deusa sábia, que tinha sido encantada pelas palavras doces, suaves e carinhosas de um implacável e maldoso rei dragão que tiranizava uma aldeia vizinha da sua ilha. A deusa equivalente a Shamanarta, a japonesa Benzaiten, a principio, ficou enojada e começou a odiá-lo, mas depois, misericordiosa como era, apaixonou-se pelo dragão, que tão enamorado estava dela, lhe prometeu emendar-se e deixar os caminhos do mal.
Recordou-se então da sua própria história...Também lhe tinha acontecido aquilo...um monstro a apaixonar-se por uma linda e divina princesa não era novidade na Bellanária. Os Bellantes adoravam essas histórias de amores proibidos. Um dos grandes exemplos eram os romances e desventuras do Assassino do Amor com fadas, princesas, e até mesmo parentas afastadas.
Só que Sara estava farta de histórias de amores impossiveis. Queria um amor verdadeiro, um em que ela pudesse acreditar....No entanto, ali estava aquele misterioso Mago da Música, a dizer aqueles docinhos de nada...O seu coração, mais uma vez, derreteu-se, e, com um sorriso, releu uma vez mais, as palavras eloquentes do tal admirador...Pelo menos tinha sentido de humor, isso era uma boa coisa. O último "admirador secreto" que ela conhecera, era um nazi, e ainda por cima, tinha-a raptado para a casa dele, na Alemanha. Só três dias depois é que conseguiu ser salva! Mas, porque é que estava a lembrar-se daquelas coisas? Aquilo fora ´há mais de cinquenta anos, agora estava no século vinte e um, não tinha razões nenhumas para ter medo de fantasmas de nazis já mortos! Com um sorriso, ela começou a teclar...