quarta-feira, 6 de maio de 2009

O homem da Espada Negra (Parte II)


Mal viu que o seu novo escravo da mente já ia longe de vista, o anti herói preferido de toda a Atlântida esfregou as mãos de contente, com os seus olhos esmeralda a brilhar de satisfação, os seus lábios rasgados pintados de vermelho expressavam bem como agora estava calmo e como tinha prevenido que pelo menos alguém de quem ele tinha uma certa afeição se magoasse.
«Mais um triunfo para os Cyborgs! Uma morte para evitar muitas outras, isso é que é o verdadeiro objectivo da guerra.» Pensou enquanto punha as luvas no queixo bem comportado. Porém, o seu sorriso matreiro logo desapareceu e bateu com a mão na testa, um pouco preocupado. «Ora que esta! Quase que me esquecia completamente. Há horas que eu devia ter ido deitar o meu sobrinho!
Ele tinha desferido um golpe fantástico sobre a SPV, mas agora faltava apenas uma coisinha que ele tinha em mente.
Algo de especial que ele planeava dar a uma pessoa especial há muito tempo....E notava-se nos seus olhos frios que estava a tramar alguma coisa, mas o quê?
Aqueles olhos vazios eram como uma barreira que não deixava passar nada nem um único sentimento. Seria o ódio o seu único sentimento...?
Sim, havia ódio no seu velho coração, ódio por tantas coisas, principalmente pelo seu eterno rival, o meu Padrasto. «Aquele diabo espera para quê? Ainda gostava de saber porque razão só aquela víbora se atreve a aparecer! Mas é típico daquele vilão. Agora....»
Juntou rapidamente os lábios com os dedos, assobiou fortemente, e num ápice, chegou qual cavalo veloz e no espesso nevoeiro, surgiu uma enorme limusina Rolls Royce preta mesmo à sua frente, pronta para seguir viagem para qualquer lugar.
A porta direita de trás abriu-se subitamente e, com uma habilidade para ser discreto, o conde entrou na viatura com muita rapidez e ordenou de rompante:
- Bobino! Leva-me imediatamente para o meu esconderijo.
- Com certeza, Sr. DS. – Acenou o motorista.
Lá desapareceu na bruma da noite aquele “herói”, sem que as minhas loucas visões conseguissem descobrir quem realmente o tal James Dark Sword era. Afinal, todos os heróis têm de ter um alter-ego........
Ao sentar-se, o homem de olhos, meio verdes, meio azuis, reparou numa exótica e bela mulher com uns óculos-de-sol vermelho vivos, vestida apenas com uma mini-saia de cabedal preta e umas invulgares meias de seda roxas que realçavam a cor morena da sua pele lisa e sedosa. Com uns sapatos de salto-alto vermelhos, ficava ainda mais alta do que realmente era e por cima daquela blusa rosa-choque curtíssima, que dava até ao umbigo, e desabotoada até se ver uma grande parte do peito voluptuoso. Sob o cabelo preto e longo e solto como uma cascata de petróleo, escondiam-se dois olhos cor-de-carvão provocadores com sombra escarlate e uns lábios que lhe davam um ar tanto mimado e desesperado.
Sob os ombros relativamente largos e pálidos, pendia num dos lados uma carteirinha de pele de crocodilo amarelo escuro com a qual as unhas vermelhas longas como garras de uma hárpia brincavam impacientemente.
O homem moreno e de forte constituição, igualmente de aspecto latino, explicou-se um bocadinho atrapalhado:
- Ainda tentei avisá-la que o senhor não estava disponível, mas a senhora continuou a insistir que vinha.
Dark Sword anuiu meditativamente com a cabeça, enquanto observava com desdenho a linda prenda que o ajudante lhe fora arranjar.
- Claro... – Disse ele com desprezo. – Se eu precisava de uma cobra cuspideira, pedia-te que fosses ao ZOO da Estação Manuelina.
A Serpente de Fogo pôs deliberadamente a sua mão delicada de unhas de bruxa nas calças de jeans pretas do cyborg com um sorriso sedutor.
- Oh, James...! – Suspirou ela sensualmente. – Não sejas tão modesto! Tu até que és bem giro, sabias?
- Poupe-me, Vossa Senhoria. – Dark Sword tremeu ligeiramente. – O que é que a senhora e o palerma do seu noivo andam a tramar?
Ela, fingiu-se indignada, com a mão magra na boca deliciosa de mulher de espanto.
- James! – Soluçou ela. – Não me digas que depois de tanto tempo ainda continuas o mesmo desconfiado e bonzinho de sempre...Aqueles homenzinhos estavam apenas a levar os meus brincos de diamantes.
O conde continuava a segurar discretamente na sua pistola, com receio que a bruxa tentasse alguma coisa, e olhava de relance para a femme fatale de vez em quando, um pouco incomodado.
Sim, o arqui-inimigo do James Dark Sword é uma mulher, e, pelos vistos, uma mulher muito perigosa e rica.
Nada se parece com uma prostituta do que uma bruxa rica. Ela fixou-o nos olhos e mirou depois o resto do corpo bem feito do Sr. Conde. Era um daqueles olhares que só podiam vir de mulheres demónio ou de estrelas de cinema fenomenalmente ricas e bonitas e que se destinava a fazer o pobre chefe da Resistência a trepar para cima dela como uma trepadeira numa latada.
Ainda por cima, ela trata o Dark Sword nas raras vezes que se encontram pelo primeiro nome e por “tu”.
Ele tem mais medo dela do que do qualquer outro homem.
- Diamantes esses que a senhora comprou do dinheiro roubado ao povo atlante! Eu vi o conteúdo da mala, e não era nenhuma bijutaria da loja dos trezentos! – Ripostou ele repugnado. – Também sei que a senhora tem uns certos negócios para comprar metade da Floresta de Cristal.
- Ai, que espertinho, bebé! – Riu-se ela, descaradamente. – Ai...! Sim, realmente as jóias são o meu único verdadeiro amor, para além do meu pozinho de cheirar...Eh, eh, eh...
Ao realçar vaidosamente os lábios cor-de-vinho com o seu batom, com um sorriso malicioso a bailar-lhe no rosto, acrescentou num tom trocista:
- Agora, meu amorzinho, o problema aqui, é que eu tenho uma data de meninos prontos para te dar cabo de ti. E...Se houver mais um ataque selvático como aqueles aos meus meninos da SPV, podes crer que basta estalar-me os dedos para te ver a esticar o pernil! Oh, oh...Coitadinho do meu querido James....Era uma vez um Condezinho!
Ao dizer estas últimas palavras, ela viu a sua garganta ameaçada por uma afiada adaga de dois gumes, empunhada pelo astuto e rápido James Dark Sword.
- Quem é que está numa posição grave agora, minha senhora? – Perguntou ele sarcasticamente. – Não vai livrar-se tão facilmente de mim! Eu vou descobrir o que é a senhora anda a tentar fazer com o dinheiro dessas jóias, e não vou deixar-me ludibriar assim tão fácil como os outros foram!
De repente, os intentos sensuais da Serpente de Fogo tornaram-se em certeza quando ela, com as mãos ainda livres, pegou suavemente na cabeça do seu raptor, e, com a boca perto dele, sorriu.
- Ai não? – Exclamou. – Sabes duma coisa, James? Eu sempre quis beijar esses lábios de vencedor!
Dito isto, pregou arrogantemente um grande linguado na boca do seu adversário, e, mal tocou os lábios firmes de metal do cyborg, despertou-lhe um desejo, há muito oculto na mente de software e miolos: o desejo carnal.
Os motores e sensores interiores do andróide começaram a trabalhar, e, em segundos, estavam entrelaçados um ao outro como duas aves do paraíso!