domingo, 1 de junho de 2008

A Festa do "General B" (Parte II)




Passadas duas horas, ouvimos por toda a sala com um efeito de eco qualquer uma voz jovem de homem na casa dos vinte anos, e pelo leve sotaque italiano refinado, calculei que fosse do Capitão-Mor Eddward Goldtheeth:
- Minhas senhoras e meus senhores, miúdos e graúdos de todas as classes e nacionalidades, fantasmas, vampiros e assombrações de todas as espécies e folclore! Um forte e grande aplauso para o nosso caro anfitrião e representante da SPV, o estimado “General B”!
Mal ele acabou aquela frase, as portas no nosso canto direito superior abriram-se por si próprias e um bruxo muito experiente atendeu-nos. Com um sorriso falso e cínico com os dentes brancos no buraco escuro para a boca, no rosto glabro e coberto pela escuridão da máscara negra que usava onde apenas se via um olho arrepiante azul-acinzentado, penetrante e obscuro, no anormal nariz preto adunco e fino feito de porcelana haviam dois buracos feitos de madrepérola que respirava pequenas ondas de fumo, ele usava sapatos de salto altos brancos de que chegavam aos joelhos, uma gabardina de pele preta, um chapéu de feltro e uma boquilha a deitar um fumo azul-escuro muito estranho era o aspecto do anfitrião da festa de gala. «...o verdadeiro Bruxo dos Bruxos, o terrível e Rei Kzenah Malagheti em pessoa teria decerto fugido a sete pés desta visão bizarra!» Conclui, um pouco assustada. Pessoalmente acho que Kzenah Malagheti ficou como Rei dos Bruxos por causa do seu grande humor, é claro que aquele homem não era nem o Mestre Samiel, nem o Rei dos Bruxos, nem o Capitão-Mor Goldtheeth....Era pior! A anormalidade daquele convencido não tem limites! Embora eu só o conheça pela profissão, não me apetece saber os podres daquele idiota. Não sou uma pessoa que tenha sentido de humor agradável, e quando o exponho, as pessoas perguntam-me se não estarei a ser demasiado aborrecida ou sarcástica. Os homens gostam de me ouvir falar, mas quando exagero, eles afastam-se. Detesto isso, portanto, nunca tive um namorado que fosse de fiar. Prefiro ficar solteira a ter de ouvir um rapazito estúpido qualquer a queixar-se de eu ser uma chata cínica e imprevisível.
No entanto, o seu discurso claro e formal em várias línguas fluentes era agradável de se ouvir:
- Meine Dämen und Herren; mes dames et messieurs; ladys and gentlemen; minhas senhores e meus senhores, damas e cavalheiros! Guten abend; bonsoir; good evening; boa noite. Wie geht’s? Ça va? Do you feel good? Estão a ter um aterrador Dia das Bruxas? Aposto que sim... sou o vosso anfitrião, Príncipe das Trevas, o futuro Rei dos Bruxos.
O meu primo desculpou-se com uma pequena vénia ao seu “amigo”, contendo as gargalhadas maldosas, e, tirando o chapéu de feltro preto de bruxo, com uma expressão meio séria, meio a sorrir, respondeu:
- Lamentamos imenso, meu senhor. A razão da nossa demorra é a seguinte: tivemos de nos arranjarr, eu e o meu fiel tenente Nälden tivemos igualmente outrros comprromissos ultrra-secrretos com a guerra, é porr isso que chegámos tarrde, e…
Ele acenou para nós as duas, a Tsuna, eu, como se fôssemos mercadoria de prostituição, e empurrando-me para mais perto do anfitrião, dando um encontrão no meu rabo com a sua mão dura, quase que esbarrei contra o bruxo de um metro e oitenta e cinco.
Sorrindo simpaticamente, o meu primo tirou a pala e limpou-a de pó, enquanto juntava as mãos muito contente.
- Estas as minhas priminhas de que tanto lhe falei, crreio que serrão grrandes amigos daqui em diante, não é? – Perguntou o Primo Coutinho num tom orgulhoso para mim.
O Primo estava tão vidrado no fato mais sexy da Serpente de Fogo, com um decote que se podia ver pelo menos 2 terços do peito, que nem reparou que o anfitrião prestou atenção especial a mim, a Tsuna e a Sara, que tremiam juntas, agarradas uma à outra, ao virem os olhos pequenos do bruxo a brilharem de perversidade e malvadez na íris, baixando-se discretamente para nos ver melhor.
- Então, minhas pequenas: deixai-me adivinhar quais é que serão os vossos lindos e adoráveis nomes.
E, apontando a boquilha para a mais pequena de nós, sorriu ternamente, fumando mais um pouco, acariciou o rosto da minha irmã.
- Tu deves ser a bonita Tsuna, não é, meu amor? – Perguntou ele num tom doce, e beijando-a no rosto, os seus lábios invulgarmente pintados de vermelho esconderam a língua réptil cheia de veneno, que enfeitiçaram completamente a pobre da jovem chinesa. – Estava-me a lembrar duma rapariga que conheci. Ela chamava-se Sakura.
Gostas de cerejas? Ela sim.
Suspirei e abanei a cabeça friamente. Que piada tão seca. Aquele homem deve pensar que é um ás nas anedotas, não?
Tsuna apenas abanou a cabeça, um pouco tonta, sem ninguém ver, com os olhos fora das órbitas, a babar-se toda pelo homem, nos seus braços, e, em apenas dois segundos, vendo apenas ele, ficando num estado de transe.
Eu tirei-a do estado em que estava, e, muito irritada por dentro, um pouco com ciúmes, peguei na mão da minha irmã e aproximei-me dele com um olhar sarcástico.
Francamente, o tio tinha razão em dizer que ir a esta festa era má-ideia
- Que par tão engraçado! – Comentei a rir-me com desdenho. – Só porque o senhor é o “publicitário” deste baile, não tem direito nenhum de se fazer a qualquer uma que lhe aparece!
A sonoridade da minha voz foi tão sarcástica e insensível que até a Serpente de Fogo se apercebeu do quanto irritadiça eu era em relação aos homens tentarem enganar-me, e, espantada, pensou um pouco acerca daquilo.
- Aí é que está muito enganada, minha querida! Até era capaz de lhe dar uma sapatada....se fosse seu pai. – Acenou para o seu público, divertido. – De qualquer maneira, a Fräulein Jessica Von Tifon podia ser filha de qualquer bruxo de toda a Cyborg Town. Portanto cavalheiros, se ela for uma menina muito mal comportada convosco, dêem-lhe uma bolachada, porque ela deve ser muito, muito, muito, muito má!
Dizem que ele fez um pacto com o Tsesustan, e a suas tentações não devem ser escutadas. A escuridão e mal que o rodeava e, bom…Não é como os bruxos normais, tem um aspecto de louco, nem me apetece pensar o que seria se seguisse os seus conselhos, o General B tinha uma bizarra e vermelha língua bifurcada, e segurava a boquilha não só com a luva negra, mas também com a própria língua, o que o tornava ainda mais sinistro e diabólico.