quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Interrogatório (parte I)


- Muito bem, Miss Magnetite: vamos dar umas respostas jeitosas e talvez ainda saia daqui viva. – Comentou ele pegando em luvas de cabedal. – Sua Excelência, o Rei, pede a sua presença para uma “festa de pijama” e não me posso atrasar com este interrogatório.
Eu ri-me dos termos usados pelo oficial alemão, apercebi-me que não ia ser enviada para a temida Fronteira , descontraí-me ligeiramente.
Mesmo que fosse, estou tão habituada a demónios, que já nem ligo aos quão assustadores ou ridículos eles possam ser.
- E foi preciso enviarem os vossos demónios e fantasmas para um metro onde ia só para me capturarem e dizerem isso? – Exclamei num tom divertido. – Francamente, vocês ficam cada vez mais incompetentes e idiotas a cada ano que passa.
Para grande espanto de dois dos três agentes, poderia, se quisesse, libertar-me facilmente das correntes com uma ajuda, e, qual grande acrobata escorregadia, dar um mortal na perfeição, levantada e sem quaisquer danos nos pés ou mãos.
Só não o fazia porque os homens eram cada um maior que o outro, armados até os dentes!
Machados, pistolas, metralhadoras, granadas, e armas eléctricas pregadas num moldura de onde outros demais instrumentos de tortura se encontravam, prontos para me fazer falar! Ali estava tudo o que era preciso para o mais duro e valente de todos os altos oficiais da Resistência se enchesse de medo e começasse gritar que nem uma menina perdida.
Apesar do aspecto feroz dos meus raptores, não me mostrei receosa, e esboçando um sorriso matreiro, tentei provocá-los.
- Por que razão estão todos como se estivéssemos no Carnaval? – Perguntei inocentemente mas com um toque sarcástico. – As caras daqueles dois são assim tão feias ou eu já os conheço?
- Quem faz aqui as perguntas somos nós, Miss! – Rugiu ele com a pistola a dançar por entre os seus dedos. – E se continua a armar-se em espertinha, irá desejar nunca ter gozado com a minha cara.
Os meus olhos reviraram-se e desatei a rir-me, não seria fácil eles me fazerem confessar, fosse lá o que fosse.
- És mais estúpido do que eu pensava. – Comentei calmamente. – Se me matares, então como é que poderei falar de todo?