sábado, 28 de abril de 2007

Curiosa com aquele homem e com os seus truques de pãozinho sem sal, fui ver para aonde é que ele ia com tanta pressa. Afinal, até a mim já me estava a irritar, e ainda por cima a minha temperatura relativamente ao humor já começava a fumegar.
E sabes para aonde é que o egoísta presunçoso me levou? Para o metro, na linha que ia ter à Cyborg Town. A minha primeira viagem ao sítio mais perigoso e com mais focos da guerra civil, a minha nova amada capital, sim, ia ser muito interessante, ai se ia!
Por um lado não só ia desmascarar aquele piolhento que tinha deixado o capacete em forma de penico no seu castelo tenebroso com fosso que habitava um enorme dragão e tudo, como também gostaria muito de saber a que tipo de guerrinhas eles costumavam brincar lá naquela lixeira latina.
Por outro, estaria-me a meter na boca do lobo, e já tinha ouvido falar de que os Bruxos da capital não eram ossos fáceis de roer quanto à feitiçaria e ao estilo de combate. As bruxas de lá também não deveriam ter uma língua honesta ao falarem, por isso, decidi reconsiderar a minha futura viagem. Afinal, seria sempre bom pensarmos um pouco antes de fazermos uma jornada misteriosa, não achas? Tretas, era agora ou nunca que eu iria desvendar o mistério, e não iriam ser uns minúsculos detalhes que iriam deter-me!
Engoli em seco, e, a borrifar-me para o perigo, decidi entrar no metro, mas quando me apercebi, este já tinha partido há imenso tempo. Que azar, se não tivesse sido o meu sentido pragmático e calculista, talvez ainda conseguisse apanhá-lo, mas àquela hora, era um pouco difícil arranjar um metro que parasse na atribulada e excitante cidade, não senhor, não haveria forma de conseguir seguir aquele boche que tinha mania que era bom demais para uma inglesa de calibre como eu. Se conseguisse falar diante dele, iria dizer-lhe das poucas e boas! Era o fim da linha, mas para um von Tifon, não há fim da linha, pois nós no Château nunca desistimos de algo, aliás, a palavra “nunca” não consta do nosso vocabulário. Teria de levar alguém comigo, em princípio, o Chacal Amarelo mais uma rapariga da minha família para ele não se armar em esperto. Não é que meta o nariz onde não sou chamada, mas sempre me senti fascinada pela espionagem, e desde pequenina que sonhava com aventuras tão perigosas, com vilões sinistros e refinados, anti-heróis bonitos, frios e de poucas palavras, mas que eram super mulherengos.
E eu poderia ser a mulher fatal: rica, linda, poderosa, e má como as cobras! Estou a brincar, mas a sério que era uma boa ideia…
Enquanto pensava nisso, e retocava a minha maquilhagem no espelho, reparei que as minhas irmãs e o Chacal Amarelo também estavam na fila para os bilhetes, e tinham conseguido passar à frente de todos. Que sorte, bom, esta era a minha opurtinidade, e não a iria deixá-la escapar tão facilmente como da última vez.
Iria apanhar o bruxo alemão, custe o que custasse, iria revelar a sua identidade de uma vez por todas!
Se ele quer brincar comigo, então vamos jogar um jogo muito engraçado.
Ao entrar no metro, vi as casas da Estação Manuelina turvas a desaparecer, para darem lugar a campos, e pensei se por acaso era o meu orgulho próprio a actuar sobre mim e pensei, se…Se…Se ele aparecesse e me acolhesse nos seus tentáculos venenosos, se eu aceitasse…Se ele tivesse mudado…Se a minha mãe ainda vivesse, se todas as guerras não existissem…Se o Rei Artur não tivesse tirado a Excalibur da Pedra…Se os Nazis estivessem quitetinhos na sua jaula que é a Alemanha…Nesse momento ri-me.
Afinal o mundo não girava em torno do Sol, como a Tsuna estava a dar naquela altura, o mundo girava em torno dos “Ses…”, e se o Tio Set não queixasse por causa dos seus inúmeros problemas na coluna…Era, o mundo girava em torno dos “Ses…”; porque se não fossem os “Ses…”, nem a Dimensão Mágica, nem o Mundo dos Mortais – O Universo ou Terra – existiriam! A água turva da chuva fazia-me imaginar mil e coisas engraçadas, assim, não teria de pensar na minha Mamã Kathy, ou no Papá Thommy, nem aquele horrorroso do nosso padrasto. Enquanto estava a pensar nos “Ses…”, vi o Chacal Amarelo, sentado ao pé de mim, a falar com alguém ao telemóvel, no fundo da carruagem, muito interessado, com o bluethooth encostado à orelha.
Parece que estava aliviado, e, pondo as mãos com o telemóvel na direita, suspirou satisfeito, com um brilho de esperança nos olhos castanhos.
- Então perdoa-me, Sua Excelência?
Uma voz distorcida do lado do auscultador respondeu:
- Certamente que sim, Tenente. O mal entendido no Palácio das Reuniões já está enterrado no passado. Agora, falaremos de outros assuntos, como…A minha menina está aí consigo?

Eu quase que ia levantar-me, de olhos arregalados, deixando o baton rosa-choque a secar, sem palavras para explicar como raio o bruxo me tinha descobrido, se eu tinha sido tão discreta, se calhar deve ter
Como é que aquele homem me descobriu, deve ser mesmo bruxo para ter conseguido, e é por isso mesmo que estava ansiosa por ver os seres masculinos mais fixes dos Bruxos e das Bruxas, dizem que são uma espécie de homens perfeitos, mas para os Cyborgs não devem ser tão “porreiros”, estás a perceber o que digo?
Nem para a Sara, mas aposto que a maioria das raparigas do terceiro ciclo e do liceu do Palácio das Reuniões gostaria de ter um destes rufias bonitos e musculados como namorados, é claro que despedaçam corações, mas às vezes uma bruxa, uma nobre, ou uma demónio tem a sorte de dar de caras com os gatos mais mauzinhos e mais lindos de morrer de toda a Dimensão Mágica, deverá desmaiar decerto por ver tal visão…Ai, ai…
Também ouvi dizer que há para todos os gostos, e é por isso que não iria perder a opurtinidade de os conhecer, eh, eh, eh…São poderosos, ricos, lindos, e maus como as cobras, adivinha lá…? Os Bruxos que andam por aí a caçar à noite em Cyborg Town!
Pois é…Se o meu padrasto for um bruxo, também deve ser podre de bom, ai…Mal vejo o dia em que o conheça…Para lhe dar um murro na cara, é claro!
E reparava nisso mal nos aproximávamos, de Cyborg Town, tentei ajeitar as meias de malha vermelhas sexys, por debaixo da mini-saia de ganga, que condizia com o meu blusão de de ganga, com uns ténis 4 Stars, e trazia o cabelo alisado escadeado até ao peito solto. Foi por isso que ao me ver, o Chacal Amarelo assobiou provocadoramente, e, com o queixo caído com o meu fabuloso aspecto, engoliu em seco, e virando-se para a parede abanando de um lado para o outro a mão direita coberta por uma luva de cetim branco, e com a outra preta de cabedal a segurar no 3g.
- Não, lamento imenso, se se refere à Menina Jessica, não. – Respondeu ele, desligando o telemóvel na cara do bruxo, muito satisfeito.
Feito isto, aproximou-se de mim, andando cautelosamente, qual tigre prepara-se para apanhar a sua presa, com os ténis da nike branco, meio a deslizarem no chão, como se estivesse a dançar – e muito bem – numa discoteca, sentou-se no mesmo banco ao meu lado, e, pondo as pernas esticadas até ao poste de apoio, sorriu para mim.
- Então? É a primeira vez que La Donna tão bella vai à Cittat de ilos Cyborgs? Como é que conseguiu essa bonita nesse retracto tão giro? Quero saber tudo acerca di la pequena Princepessa… - Disse-me ele num tom galante e mostrando os seus dentes brancos e fortes duma forma convencida. E assim sorriu durante o tempo suficiente até que os seus músculos ficassem um pouco torcidos.
Eu apenas ri-me sarcasticamente, os Bruxos eram assim tão convencidos…? É que se forem assim, estou-me a borrirfar para que sejam bonitos, no entanto, como adoro pessoas orgulhosas e vaidosas, decidi dar-lhe uma opurtinidade.
- Está bem, não estrague as mandíbulas, bonitão. – Comentei a rir-me de novo. – Já que é da cidade de Cyborg Town, e já vive há tanto tempo lá, podia-me mostrar as vistas à noite, que tal? E a propósito, onde estão as minhas irmãs, idiota, mas que é uma brasa, nota-se a milhas?
Ele sorriu, satisfeito, e, ao chegarmos a Cyborg Town, com uma expressão de vitória na cara, deu-me a mão, para poder descer o pequeno degrau e abriu a porta por mim.
Que cavalheiro, até me beijou no rosto, a dizer que nunca tinha visto dama tão bonita em toda a sua vida, que não, que as minhas irmãs tinham deixado o metro ao termos chegado a uma mudança de linha, mas que isso não interessava, que agora a única que realmente era importante era a noite, um sítio onde pudéssemos jantar, e um clube onde pudéssemos ficar malucos e divertirmo-nos à brava.

Bom, com isso não eu ficava preocupada, há tantos lugares fixes para ver e para bebermos nesta maravilhosa cidade, que é melhor mostrar-te a lista que fiz enquanto estava no metro. Se calhar é melhor mostrá-la para outra altura, por enquanto, fica bem!