domingo, 4 de novembro de 2007

As Fadas - a Natureza


Comecei a ir à procura de Nälden a passadas largas, afinal, daí a bocado já seria uma hora da tarde, e se há coisa que o primo deteste é falta de pontualidade, uma vez que O Excelentíssimo General von Tifon em pessoa também não chega uma única vez a um sítio a horas.
Mal sabia o que iria encontrar...!
Foi o meu grande espanto quando encontrei um monte de fadas animadas e um pianista virtuoso e melodioso. Ao contrário dos Bruxos, as Fadas são o símbolo da mocidade e juventude, as suas aulas no Palácio das Reuniões são apenas um pequeno aperitivo da sua alegre vida apenas para fazer o bem e brincar eternamente entre os bosques, alimentando-se do que a natureza lhes dá, são pobres, mesmo assim, são felizes. Nem se apercebem da guerra, porque a sua natureza campestre e pacifíca não lhes dá olhos ou conhecimento. Estão mais ligadas á natureza do que nós, essas dríades, naíades, e sílfides. A classe das Fadas está dividida em cinco povos: as ninfas do ar, as sílfides, que são as mais pequeninas, tendo apenas o tamanho da minha mão, quase nem se vêem à luz do dia, e a estação do ano perfeita para as ver é precisamente no Outono, voam com as folhas e e divertem-se a brincar ao salto ao eixo com os ratos, as suas asinhas batem silenciosamente, e geralmente são elas que trazem sempre as notícias a quem queira ouvir; as piromenindes de cinquenta centímetros, seres com um aspecto muito semelhante a pequenas meninas de doze anos, que se passeiam pelas lareiras, termas naturais, chaminés e interior dos vulcões adormecidos dos Alpes das Sereias, são duma cor tão negra quanto o carvão.
As dríades, ninfas da terra e das florestas que podem tomar a forma humana, são os espíritos e almas de cada árvore ou planta adormecida. É por isso que os Bruxos queixam-se delas, porque as pequeninas adoram pregar partidas quando algum malvado qualquer da SPV anda a colher ervas na Floresta de Cristal – a eterna morada das dríades, eolídes, e naíades – e dá de caras com uma dessas brincalhonas.
As naíades, as ninfas dos mares, das ondas, dos rios e lagos, ou sereias, são aquelas que, presas ao mundo aquático, jamais poderão vir a terra, e, consequentemente, estão estritamente proíbidas de saír da floresta, caso contrário, o seu corpo de espuma evoporar-se-á e transformar-se-ão em fantasmas, da classe dos Demónios! Por fim, existem as ninfas da Luz, que são as aias da grande Rainha das Fadas. Depois te falarei mais nela.



O ritmo acelarado e meio apressado da música demonstrava o quão “mágicas” aquelas mãos eram. Numa clareira iluminada pelos fracos raios de sol, estavam instaladas e ou a dançar, pequenas ou de tamanho humano, fadas a rir do tão divertidas da folia que o atraente e colorido piano de cauda vermelho lhes proporcionava. Confortavelmente instalado num tronco cortado, um elegante feiticeiro vestido com sapatos de pele castanhos e um casaco de pele de urso vermelho-escuro, alto e esguio parecido com e de olhos castanhos tão brilhantes quanto pedras preciosas, concentrava-se em dar o longo prazer da música às raparigas. O som enfeitiçador do homem com chapéu vermelho e pena de galo verde a tocar nas teclas brancas de marfim encantava e seduzia qualquer menina que estivesse por ali. E eu, não resisti em interromper aquele ambiente tão agradável com um assobio assustador, em que uma rajada de vento quebrou o encantamento do instrumento.
As raparigas viraram lentamente as cabeças e ao me verem, os seus graciosos rostos tornaram-se pálidos como a lua e correram a sete pés. Aquelas tontas aproveitaram o meu vento e saíram dali. Algumas a chorar gotas de orvalho, outras a protestarem e a chamarem-me de “malvada bruxa”! Os seus pezinhos verdes esvoaçaram até chegarem ao ar e voarem qual pombas espantadas para outro sítio onde pudessem continuar as suas folias inúteis.
Idiotas, eu só lhes queria dizer os bons dias, mais nada! Sinceramente, esta divisão de classes é uma grande estupidez. Tenho professores de todas as classes, nacionalidades e aspectos, porque razão um grupo de fadas iria ter medo de mim?