quinta-feira, 12 de julho de 2007

Um novo poder...!

Então, com um sorriso cínico e que não inspirava confiança, abanou a cabeça fingindo estar calma, e a rir-se da preocupação e fúria da sincera feiticeira branca.
Geralmente as bruxas são umas oferecidas infiéis aos seus maridos, que só estão interessadas em “money, money, money”, comprar jóias caras e lindas, fazer amor com rapazes podres de bons e ricos…Até as melindrosas Fadas pensam nisso do poder do tlin-tlin…Só as tímidas Nobres e as Feiticeiras Brancas é que são boazinhas o suficiente para não se deixarem influenciar pelas massas.
-Tenha calma, minha senhora. – Disse a maliciosa empregada. – O General von Tifon está fora por causa duma reunião.
Que reunião seria essa entre ele e a nova namorada…? Estava tão ansiosa por descobrir que disparates um homem tão velho como ele e uma rapariga nova estariam a fazer que descobri um incrível poder escondido dentro de mim.
As minhas íris, quais safiras a ser lapidadas e polidas, preparadas para serem puras gotas de água congelada, começaram a girar como se os meus olhos fossem bolas de berlinde coloridas que rodopiavam no chão de mármore escorregadio onde aquelas adoráveis crianças demónio costumavam brincar. Como um livro a ser lido por um ênfasioso leitor, ouvi um tom grave de homem a ler as minúsculas inscrições em Atlante colocadas na ardente tatuagem no meu pulso e sentia-o tão intensamente que preferia que tivessem posto aguardente no sítio onde a tatuagem tinha sido feita. Mas os fenónemos bizarros não paravam de aparecer; e, por mais estranho que fosse, o meu lado mais maquiavélico, ou seja a minha sombra, soltou-se do meu corpo, tomando logo eu posse da sua forma, deixando o meu corpo parado ali, escondido, por detrás das escadas com as crianças, enquanto eu espiritualmente, flutuava como uma sombra de mim nua, montada numa vassoura ao contrário. Que espécie de nova e hedionda feitiçaria seria aquela…?! E que vantagens traria para mim…?
Curiosa com esse facto, mandei telepacticamente uma mensagem ao meu outro eu:
«Que se passa aqui, e quem és tu?»
Uma voz, soou numa maneira muito espiritual, meio eco, meio sussurro:
«Aproveita a viagem, doçura. Mas não te espantes se ficares enjoada, afinal, o transporte e auto-motor sobre a nossa própria sombra é um feitiço difícil de dominar, e só os bruxos e bruxas mais poderosos é que conseguem fazê-lo na perfeição. É isto o que o teu padrasto anda a fazer para te ter de mira.»
Interessante, mas ela ainda não me tinha dito aonde é que nós íamos. Se calhar era apenas um espírito nascido da minha cusquice e lábia.
No entanto, duvidava que ela ou ele me quisesse ajudar a responder a todas as questões levantadas quando cheguei à Dimensão Mágica. Este pequeno poder poderia vir a ser útil, e com ele conseguiria obter a chave mestra para desmascarar todas as intrigas e conspirações feitas contra mim e contra a minha família, os von Tifon!
Naturalmente, teria que usá-lo com sabedoria, ainda por cima, este não era um ser criado pela magia branca, muito menos pelo Santo Equilíbrio. Era uma criatura originada na escuridão dos sentimentos mais mesquinhos do homem.
Pensando nisso, reparei que, logo que pudesse, este pequeno espelho negro, poderia se escapar e fazer das suas.
E com um ar desconfiado, perguntei-lhe:
«Como sei se me estás mesmo a guiar até ao sítio e pessoas certas?»
«Duvidas da tua própria sombra?! Nunca fui tão insultado!» Exclamou o ser na sua voz elegante, parando abruptamente por entre as casas. «Só para que saibas, fofura, ser a sombra de uma dama tão importante e fina como tu não é nada fácil, estou sempre enfiado num só plano, sem nada para fazer com as minhas curvas sinistras e belas!»
Mandei-o continuar a andar, para que não só se calasse com a sua vaidade, mas também porque a minha ansiedade naquele momento por ver a namorada do meu primo que nem me interessei pelas coisas que esta sombra inopurtuna me queria dizer.