terça-feira, 12 de junho de 2007

Um Pesadelo bem REAL!

De todos as cartas arrepiantes que te mandei, não se sei se esta estará no Topo das dez mais assustadoras e fatalistas de sempre, mas aqui vai!


Mudando de assunto, os bruxos mais malvados adoram quando os bruxos mais poderosos saem de casa e deixam as suas pobres filhas, sozinhas e indefesas à mercê dos mestres das trevas.
Mas que estou eu a falar? É muito melhor pensar em coisas boas do que esrtar rodeada de pensamentos negros, não é verdade? Ora! Não consigo pensar em coisas boas para dizer? Mesmo com o humor e amizade que Nälden me tem proporcionado, a depressão invade-me a alma, um terrível vazio tortura-me, e não consigo evitá-lo, é como se uma parte de mim faltasse, …Nessas alturas, é muito fácil o pecado nos seduzir e nos tentar manipular-nos.
Rapidamente, apercebi-me que as minhas piadas não eram assim tão boas, que o meu sorriso era tão superficial quanto uma modelo de um cartoon de um News Zone, que… …que…que forças tenebrosas esvoaçavam na minha mente, energia negativa tentava conquistar-me, não consiguia suportar mais esta dor! Então, para não desesperar, e parecer triste, lembrei-me, dos lindos olhos castanhos de Pedro, do seu corpo bonito, da sua voz tão doce, das suas palavras consoladoras ao ver-me que eu estava triste ou muito cínica nestes últimos dias, mas nem isso me deu prazer…Que se passava comigo naquela noite?! Os meus olhos claros quase se enchiam de lágrimas, mas evitei-o com uma desenvultura espantosa.
As minhas mãos trémulas quase que não se aguentavam o obscuro peso carregado sobre a minha pobre alma e corpo, alguém me queria ver nas suas garras. Certamente seria o querido do meu padrasto, estava a fazer isto de propósito! Como é que Deus pode permitir azares desta magnitude? «Será que o Céu me abandonou…?» O meu nariz ficou pálido como a cal, as minhas pernas pareciam imóveis como se fossem raízes de uma árvore murcha e queimada.
Ao pensar nisso, um calafrio funesto percorreu a minha espinha, já arrepiada com tais pensamentos na minha cabeça a penetrarem nela quais raios retumbantes numa noite escura quanto o fundo do oceano! Comecei a tossir secamente, como se uns lábios, mais gelados do que um iceberg me soprassem para o pescoço e, depois, com a garganta inflamada, senti uma terrível expectoração a vir dos meus pulmões, respirando pequenas nuvens aterradoras azuis-escuras de hortelâ-pimenta. Não sabia o que se passava comigo, mas de certeza que tinah a ver com aquele bruxo maldito!
Estranhado com o meu comportamento, o meu amigo olhou-me com um ar vazio, e preocupado por me ver tão perturbada, passou a sua mão quente e pela minha testa. Se seu fosse morrer, ele perderia não só a licença, mas também a cabeça. Para além disso, ele era o meu amigo, e não queria me perder. E, encostando o seu ouvido ao meu pulso, afastou-se apressadamente uns bons cinco metros, completamente atónito, com a mão na boca, horrorizado. Aquilo era mesmo uma coisa muito grave!
- Frau Jessica! – Esganiçou ele um pouco assustado. – A menina está a arder em febre!
Estava a sentir-me tonta, as coisas começaram a andar à volta de mim, como se estivesse num infernal carrocel, sempre tossindo, com algo na garganta que mal me deixava respirar, e, ao olhar para o manto que cobria o negro quadro, consegui visualizar por apenas uns segundos – a minha consciência não me deixou ter mais tempo para observar, mas tive uma boa ideia de como era este delírio meu – vi um estranho, esbelto e negro homem, alto, com uma moldura familiar, um losango diabólico vermelho, que já tinha visto há anos, não. Há uns meses atrás, na exposição do museu do meu querido avô, que ele até suspirou dedescontentamento ao ver o maldito retracto pregado à parede do seu museu. Os olhos azuis penetrantes olharam para o meu pobre corpo, quase a desfalecer, do quão doente estava, e, satisfeito, lançou-me um beijo, como já me conhecesse!
De resto, caí no chão redonda, fechando os olhos forçasamente, suando tanto na cara, com imenso medo, a espernear de terror, e gritei:
- Ai de mim, Meu Deus! Ajudem-me, Mamã! PAPÁ! Papá…, meu Pai, ajudai-me, Vovô…
Ao ter dito as últimas palavras, vi o meu avô, muito preocupado comigo, segurando-me ao colo, protegendo-me do homem, e nem sei como é que os olhos castanhos e quase divinais me aguentavam, as suas mãos grandes e quentes de cicatrizes de guerra, e a sua simpática barba irradiava uma luz quase sagrada e ternas, quase como se fosse Deus, que cuidasse ternamente de mim. Acho que o meu padrasto não era um anjo, mas sim um demónio! Enquanto que o monstro negro e magro, tentava puxar-me com as suas garras gélidas e magras, um frio mortal atravessou-me a pele quando ele me tocou. Pensei que me iria levar para o Inferno quando chegaram várias pessoas; as meninas demónios, as minhas irmãs, e Spectinha para ver como eu estava no mundo real. Tenho de dizer que o mundo espiritual é outra realidade onde as nossas almas e os nossos sonhos se dão lugar aqui na Dimensão Mágica. Tenho de te dizer que existem três realidades aqui: a espiritual, o Limbo dos Espelhos, e a real. Já conhecias as últimas duas, mas posso dizer-te que a primeira é um completo mistério para os feiticeiros e seres mágicos.