terça-feira, 19 de junho de 2007

O Fim do Pesadelo REAL


Era muito bom da parte delas saber se eu ainda sobrevivia ao feitiço que o malvado me tinha posto. É claro que o meu avô agarrou-me com as suas mãos, e alto homem de olhos azuis continuava a puxar pelos meus pés, desesperadamente. A luta feroz entre o Diabo e o anjo do meu avô foi tão renhida. Ao sacar de uma arma prateada, e disparar contra o coração do meu querido protector vindo dos Céus, o homem alto tentou desaparecer o mais depressa possível nas sombras, o seu corpo materializou-se: derreteu suavemente na escuridão do corredor imaginário e espiritual para apenas se tornar numa terrível serpente negra escorregadia e nojenta, com um espantoso comprimento de nove metros, que tentava morder o meu calcanhar ao atacar com movimentos falsos e hipnotizadores para os meus olhos.
Ora, com a ajuda milagrosa do meu avô, os feitiços e encantamentos que o diabo me lançava não resultavam, e, muito feliz por ter ajuda, abraçei-me com mais força aos braços do meu querido avô, e este, satisfeito por ver que eu não tinha medo daquele homem, pousou-me no chão com um sorriso carinhoso nos olhos, e feito isso, apontou a mão para o jovem e astuto réptil. Ao reparar que o meu avô tinha feito aquele simples gesto, o Diabo tomou a sua forma humana, e, recuando lentamente para o sítio onde pertencia, fez irónicamente uma vénia profunda, o manto negro mudou para um tom de fogo e o horrível quadro queimou-se com um fogo divino, e o meu avô beijou-me no rosto, com as suas mãos calorosas e boas.
- Acorda, Jessica. – Disse ele na sua voz tão boa e quente. – Estão todos à espera, mostra que não és fraca à tentação.
Enquanto a luta pela minha alma tinha acabado, na realidade física, as pessoas tentavam reanimar-me durante no que parecía ter demorado menos de cinco minutos!
E abraçaram-me, cheias de medo, gritando:
- Jessica! JESSICA! Estás aí?
Foi aí que o calor tão divino desapareceu, e os meus olhos abriram, acordando muito bem-disposta, como se tivesse tido a indigna e demasiada honra de ter realmente estado com Deus, mas logo mudei para o meu estado normal, e ri-me, por ter vencido com a ajuda do Majestoso Pai as Forças do Mal.
Não é algo que aconteça todos os dias, e isso significava que alguém lá em cima olhava por mim, e cuidava de mim como o seu bem mais precioso…Nem sabes a alegria que me deu por dentro ao ver que o meu avô tinha-me salvado das garras do meu padrasto e das suas magias obscuras e heréticas. Mas ia ser forte, tal como o meu avô tinha-me dito, e não iria chorar, iria mostrar àquele bruxo que eu era uma mulher forte, e que ninguém me prende, pois eu estou com um anjo-da-guarda que me protege: o meu avô!
Estava nos braços de Nälden, no colo dele, e ficou tão aliviado por me ver de boa saúde que até suspirou muito alto num tom agudo, no entanto, com um sorriso de desconforto ao ver que ele estava a segurar uma rapariga, e rapidamente me largou brutamente, com um ar muito enojado nos seus olhos amaricados arregalados. Eu caí no chão duro de mármore, ficando um pouco coxa durante algum tempo.
O alemão pãozinho sem sal cobarde pôs as mãos de pianista na cabeça, a suar de terror de uma simples mulher, soltou outra vez aquele grito agudo irritante. Eu detesto quando os homens são…Bem, quando eles…São para os dois lados…Mais para gostarem de outros homens. Mas, como o Nälden tem inclinação para a arte e para os livros complicados – ele toca piano, fala Latim, Atlante e estudou para ser advogado, mas preferiu arredar pela carreira militar – é um caso que pode ser ignorado. Na verdade, geralmente os Bruxos estão muito longe de serem perpendiculares. Parece que a segurança das “Crianças von Tifon”, como somos chamadas por aqui, é vital para o emprego de cada um dos que trabalham para o General von Tifon.
- O que fazia eu com aquela rapariga agarrada a mim?! – Exclamou ele na sua voz um pouco aguda e feminina. Mas logo ao ver que era eu, abraçou-me, o palerma idiota alemão com os miolos estragados – Ah! Senhora Jessica! Graças aos Céus! ELA ESTÁ VIVA!
Eu empurrei-o, abafada com o seu calor germânico, e muito chateada, afastei-me apressada para não apanhar mais com as suas pieguices pelo menos cinco metros de distãncia dele, e olhei-o com desdém, pondo as minhas mãos com unhas perfeitamente envernizadas
nas minhas ancas. Francamente, é preciso paciência para certas pessoas! Não há remédio, tinha de fazer qualquer coisa quanto à tendência para a homossexualidade do empregado do meu primo, e era já. Eu quando faço um trabalho, acabo-o, e ponto final! Seria agora ou nunca que eu ia contar-lhe o quanto imbecil e incompetente ele me tinha saído.
Pensei para os meus botões se não estaria a ser um pouco mazinha, mas logo tirei a essa ideia estapafúrdia da cabeça e comecei a atirar todo o meu veneno.
- Só agora é que reparaste, idiota? – Perguntei sarcasticamente. – E nem te atrevas a chorar, senão…

Ele juntou os chinelos, deixando-os sem querer cair pelas escadas abaixo e magoando os seus preciosos joelhos, tentando conter as lágrimas, com um beiço patético entre os olhos quase vermelhos, fez a saudação nazi com o braço direito trémulo.
Que estúpido, já não há homens como dantes…Aonde é que vamos parar?
- Sim senhora! – Gaguejou ele numa voz fininha. – Posso me retirar, menina? Ou deseja mais alguma coisa do seu agrado?
Os meus olhos birlharam de maliciosidade e esboçei um sorriso amarelo ao ouvir aquelas palavras das quais Nälden tinha dito. Seria verdade, poderia dar uma lição por todas aquelas «…Não faça isso, menina?» e aquelas «Mas…Ò criatura, sabe ao menos o que está a fazer?!» Sabes, é que ele está sempre tão preocupado comigo, que nem me deixa dar sequer um passo sem me perguntar, com a sua voz gay, com um ar sério e importante, mantendo sempre «A menina tem permissão do seu honrado primo para sair e ver o pequeno cavalheiro cyborg que está no instituto da escola?»
Não há quem ature tanta bronquice e mariquice num só homem. Por Amor de Deus!
Ele é um militar alemão, devia portar-se como tal, não como se fosse o cabeleireiro chefe brasileiro da esquina ao lado da nossa casa. Por isso, decidi não ser tão má como iria ser, e pensei apenas dar-lhe só uma pequena lição.
Então, com um olhar muito sexy para ele, aproximei-me do tenente em sentido, dei uns passos elegantes, e, uma vez ao pé dele, arranjei-lhe provocadoramente o roupão, tocando propositadamente no seu pescoço, beijando-lhe o rosto quente e muito vermelho, cheio de medo. Adoro troçar com piegas, broncos e maricas. É só a minha personalidade, mais nada. Além disso, tenho de manter a minha personagem de bruxa malvada perante os olhares ingénuos das pequenas demónios. Toquei-lhe discretamente na perna nua e melosa com a minha mão, actuando como uma profissional, sem ele se aperceber que eu estava a odiar o facto de ele depilar as pernas.
- Nälden, amor? – Disse-lhe no ouvido num tom sedutor. – Gostaria muito que me fosses buscar à escola no teu fabuloso tanquezinho. Ou se possível pedisses o Mercedes descapotável do meu primo emprestado.
Ele engoliu em seco, gemendo um pouco de cinco em cinco minutos quando eu lhe acariciava as orelhas com as minhas unhas grandes.
- Receio que o que a linda e amável menina pede será impossível de se concretizar, minha senhora. – Respondeu ele a medo. – Estou…Estou…Muito ocupado.
Desta vez, os meus olhos brilharam de uma energia negativa, e, agarrando com uma força flamejante o pescoço vermelho do pobre coitado aterrorrizado com a minha grande força e conhecimento da magia negra, as minhas garras exerceram uma pressão tal na pele que quasre perdia metade da sua energia mágica. Os meus lábios pintados subitamente de vermelho rasgaram um pouco a carne do desgraçado numa forma de ameaça e ele tossia gravemente. Ninguém me ousa recusar um pedido, quando eu quero uma coisa, é para fazê-la, não se fica para aí a chorar como um palerma. Nem tenho mais vocabulário para descrevê-lo.
Ele estava na situação em que eu me encontrava há minutos, e se continuasse daquela forma, não só não o iria poupar á morte certa, como também assustaria de morte aquelas pirralhas de uma vez por todas! Estava muito irritada com a incompetência do estúpido do Nälden. Como se pode ser tão
- É uma ordem, bruxo inútil! – Avisei num tom terrível. – Sou realmente tola ao pensar que podias fazer um favor a uma amiga. Queria falar contigo tive tantos pesadelos, mas parece que é escusado! Vai, vai, meu rapaz! Volta para a tua caserna na Suíça ou seja lá onde moras.
O pobre homem saiu, retirou-se sem disciplina, desta vez, a chorar copiosamente a descer a correr pelas escadas abaixo, e deixou-me a mim e aos pequenos demónios, sozinhas, sem nada que fazer, rejeitando a luz e alegria que emanava do pobre tenente.