segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Rüdiger Von Tifon - O louco ou o génio?





O Senhor do Espelho Fumegante, Tezcatlipoca; Rwebertan Samiel Di Euncätzio, o Assassino do Amor; Sua Excelência, o Duque Rüdiger Heliodoro Feliciano Von Tifon, "O Louco"; Sua Senoria, o Duque Adrian Friedrich Von Tifon, "O Tigre Azul"; o Capitão-Mor Eddward Goldtheeth..., Reinhard Heydrich, Nicolau Maquiavelli, Vladimir III, Heinrich Himmler, Napoleão I, Ivan IV, o rei Português D. Pedro I....




Se olharmos bem para a história..( e também para a história real, baseada em factos reais), ela está impregnada de feiticeiros poderosos e humanos maquiavélicos e verdadeiramente cruéis. E são de todas nacionalidades, de todos os feitios, tamanhos e de todas as idades. Mas o bruxo e homem mais poderoso de todos, aquele que se sucede ao que foi o anterior senhor do Castelo Negro pode muito bem ser o pior de todos. Não estou a falar de qualquer bruxo, mas sim do Rei dos Bruxos, o Kzenah Ivanovitch Malagheti! Durante quase duzentos e cinquenta e três anos, ele lidou com bruxos ou homens incrivelmente maldosos e sem escrupulos nenhuns. «Porém, aquele com quem melhor lidei e fiquei como amigo daquele encantador cavalheiro foi, sem dúvida alguma, o Duque Rüdiger...! No dia em que ele morreu de verdadeira loucura, eu perdi um valioso amigo, pai e mestre.»




A verdade é que se Kzenah Ivanovitch Malagheti, de origem moscovita, se não tivesse ido para a carreira da Magia Negra, ainda teríamos Rüdiger, "O Louco", a governar, mas sim em toda a comunidade dos bruxos - ainda bem que o meu trisavô já morreu nos inicios do século dezanove, não acham? - com 431 anos em cima! Eu acho que, nos retratos, é muito parecido com o neto, o terrivel Friedrich Von Tifon. Até me atrevo a dizer que o meu avô era uma fotocópia autêntica do meu trisavô! Quando os dois sorriam para os retratos - algo raro em homens do calibre e distinção deles - os sorrisos são iguaizinhos. Estes dois bruxos experientes - o Malagheti e o meu trisavô Rüdiger - lutaram "verbalmente e diplomaticamente" pelo poder da Magia Negra durante mais de cem anos. O mais engraçado é que as disputas deles não eram nem com conspirações ou intrigas, mas sim sobre as melhores leis ou castigos crúeis e "fascinantes" que poderiam aplicar aos seus escravos e servos. Havia sempre, entre ambos um respeito mútuo e uma inegável admiração, mesmo quando estavam embrenhados numa importantíssima discussão intelectual. A verdade é que a maior parte de códigos e leis que influenciam, hoje, diariamente, os Bruxos, são ideias inventadas pelo Rei dos Bruxos, e depois visadas para o plano prático pelo meu trisavô. Nenhum deles se parecia um daqueles "lobos maus" dos contos de fadas, ambos tinham sido educados num meio completamente aristocrático e pacifico, mas ambos sabiam os riscos que a Magia Negra pode causar...! A verdade é que toda a gente tinha medo deles - e ainda há pessoas que têm medo do Malagheti, eu, Jessica Von Tifon, tenho muito medo dele - não por causa de serem crúeis ou de gritarem muito. Nunca ouvi o Rei dos Bruxos gritar, e tampouco ouvi boatos que o "O Louco" fizesse o mesmo. «...O indígena bruxo, vendo uma originalidade tão forte como a Duque Rüdiger von Tifon, não podia explicá-la pela doidice...!»




Homem renascentista, o predecessor de Kzenah Ivanovitch Malagheti espantou meio mundo com a sua finura quase feminina, um excelente bom gosto vienense, acabado de saír das cortes finas na Europa, ele ocupou o Castelo Negro e o Château von Tifon desde 1615 até à data de 1758, quando quis nomeou como sucessor, o "Czar da Justiça" Malagheti. Na comunidade da magia negra, sempre se deu bem com todos os bruxos da sua época, excluindo a Senhora Murakami. A autoritária e severa japonesa, que não podia ouvir um não como resposta, achava completamente indecorosas as paixonetas que Rüdiger tinha sobre ela, e, como nora e mulher, sempre disse que merecia ser respeitada, uma vez que um dos filhos dele tinha casado com ela!




Mas depois havia um lado um pouco despótico nele: governava com um punho de ferro, impondo a lei a todas as classes, desde os mais pobres até à mais alta nobreza da sociedade bellante. Ele era um homem que nunca perdia a calma, mesmo quando a maior parte dos outros bruxos já estavam ou a fugir a sete pés, ou a desembainhar das suas espadas ou a sacar das pistolas. Gostava sempre de analisar cada situação ao pormenor, e detestava ao ponto de proibir no ducado, o famoso sistema de superioridade absoluta que os Deuses exigiam de todas as outras classes. Ele tinha poder para lidar de forma justa de ambos os lados, não era nem bom, nem mau.


Da primeira vez que eu perguntei se o Rei dos Bruxos tinha mesmo o coração terrivelmente emperdenido, Hans von Tifon respondeu-me com um sorriso muito triste, recordando-se do dia em que tiveram de enterrar a Senhora Murakami von Tifon e o filho juntos, na distante ilha de Hokkaido, em 1980.


«Sim, terrivelmente emperdenido...» Ele tinha conhecido três possiveis candidatos a Rei dos Bruxos, dois dos quais eram da família dele, a bisavó dele e o tio-avô. Tive até a sensação quando lhe falei disso, que Hans estava a limpar uma lágrima no canto do olho. Não percebi o que ele que estava a querer dizer com aquela frase. Nunca tinha visto Hans a chorar. Normalmente comporta-se como um verdadeiro bruxo, sempre com o nariz metido nas nuvens - ou talvez nos livros! Quase que nunca fala com ninguém... Nunca o vi também com nenhuma rapariga atrelada a ele. Mas esse facto pouco fez para alterar a sensação de que tinha acontecido algo de grave durante os anos da guerra e nos anos 30. Algo muito mais grave para além do estado da Alemanha e da Segunda Guerra Mundial. Ele tinha acabado de chegar do Castelo Negro...!