terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Rei dos Bruxos

Esse nome veio-me à mente, sem se quer pensar nele, e curiosa, olhei para a minha sombra enquanto flutuávamos a observar a triste cena.
«Doçura, o Rei dos Bruxos é, geralmente, um homem que lidera e representa toda a classe de Bruxos e Bruxas, mais vulgarmente conhecido por Assassino do Amor.
O Rewbertan Tristan Samuel di Euncätzio era o verdadeiro Assassino do Amor, mas nós usamos esta alcunha a um feiticeiro realmente digno de o merecer.
Só um bruxo masculino com um coração de ferro pode ser elegido como possível candidato a Rei dos Bruxos. É a ele quem prestamos toda a vassalagem e fazemos todas as maldades que ele ordenar, por mais desumanas e cruéis que nos pareçam, é para o nosso Rei.»
Arregalei os olhos espantada com tal injusta hierarquia, e qual macaco atarantado por ver um grande leão, perguntei atónita à sombra:
«Isso é ditadura, não é verdade? E...Como é que se faz a eleição? Quem é o nosso Rei agora? Existem outros governantes nas outras classes?»
A sombra riu-se sadicamente.
«Oh, querida bruxinha....Agora o Rei dos Bruxos não passa de uma mera lenda, tal como o Assassino do Amor. Há para aí uns sessenta anos, talvez ainda houvesse uma eleição...Sim, foi em 1940 que se instalou o caos. Cinco foram eleitos para o possível sucessor do incrivelmente honrado e todo poderoso Kzenah Malagahti, o último Rei dos Bruxos: o teu padrasto; o respeitado General von Tifon; o maravilhoso Seth von Tifon; Tipal Netzsche, das florestas do México; e, por fim; o chinês Thau Taun!»
Nesse momento eu soltei uma fungadela pelo estranho trocadilho do bruxo chinês, mas logo deixei a minha sábia sombra continuar o seu discurso:
O coração do futuro e provável rei era pesado contra cem corpos mortos de uma forma brutal, naquele caso foi de cem corpos dum campo de concentração. Se o coração estivesse em balanço com os cem, este bruxo tem um coração minúsculo e tem algumas probabilidades de ter alguma bondade. Se o dito órgão fosse leve, então o bruxo seria uma boa pessoa. Caso contrário, esse seria o homem perfeito para governar sobre todos os Bruxos e Bruxas!
A minha sombra engoliu em seco, tal e qual uma foca do ártico, e aí me apercebi que a maior parte dos bruxos que foram nomeados para serem o possível Rei dos Bruxos eram praticamente maléficos.
«Por este meio, passaram apenas os seguintes homens: em terceiro, o Tipal Netzche; segundo, Thau Taun; e, por fim........o teu padrasto. Mas, o teu padrasto, surpreendentemente, recusou ser o Rei dos Bruxos. “Nunca aceitaria um convite para ter um fardo demasiado pesado para mim. Compreendo a vossa ansiedade e enorme trabalho que teve ao procurar-me, Vossa Suprema e Maléfica Majestade, mas eu não sou o homem que procura. Apena cumpro ordens que acho mais aceitáveis para a minha sobrevivência; Thau Taun daria um melhor rei do que eu, porventura.” Desculpou-se humildemente o impertenente. Naturalmente que o seu padrasto foi recriminado pela sua insolência e falsidade; chamado pelo próprio feiticeiro chinês por “Alemão Mentiroso”. Para horror de toda a classe de Bruxos, o Nosso Adorado Rei hindu disse num sorriso sádico “Só tens trinta e seis e atreves-te a negar a minha Suprema Verdade de quinhentos anos?!»
Sua Podridão soltou nessa altura uma gargalhada que gelou todos os nossos corações, e deu uma palmadinha nas costas ao homem. “Tens uma língua tão viperina e venenosa como a minha, meu caro rapaz. Mas será que a tua firmeza é tão espantosa quanto o teu sarcasmo?” Dizendo isto, o Rei dos Bruxos estalou os dedos, e, perante toda a corte de bruxos, apareceram lindas mulheres hindus, quer fadas, deusas, bruxas e nobres! Atiraram-se rapidamente como abelhas a mel apetitoso ao velho bruxo, cobrindo-o de beijos, massajando-o, dando todo o tipo de frutas e tesouros mais preciosos de toda a Dimensão Mágica! “Tudo – as mulheres e escravas mais belas do meu harém; os títulos; o meu palácio; todos os meus bens; as obras de arte; os meus carros preferidos; o meu exécrito particular de assassinos profissionais de todos os cantos da Dimensão Mágica; e terras – isto te darei, se te ajoelhares perante mim” Indicou o velho bruxo sorrindo. “Porém, se não quiseres nada disto, rapaz, só te darei uma escrava apenas por três noites, e uma milionésima de sétima porção dos meus poderes magnificos” Céptico como sempre, o teu padrasto decidiu ir para a 2ª opção. Pobre da pequena Amankah, a pequena fada de dezasseis anos, a escolhida para ser o entretenimento do teu padrasto.»
A História da DM tem muito que se lhe diga, principalmente acerca do meu padrasto, ai, se tem..............!

domingo, 12 de agosto de 2007

Fantasmas..................Ou Fadas (Parte II)

Antes da continuação da minha história habitual vou falar-te do animal da família, o animal mais presunçoso e preguiçoso desde a criação do Garfield! Permita-me apresentar Sua Majestade, o Spiegel: um gato persa branco de olhos azuis, com umas maneiras tão arrogantes! Algumas vezes pergunto-me se ele não é algum bruxo enfeitiçado por um eterno laço que o transformou num gato, porque por um lado ele já está aqui desde que o Tetra-bisavô Herni morreu em 1800; segundo porque sempre que lhe dou festas ou colinho, dá-me um "beijinho" no rosto e passa sempre pelas pernas de mim e das minhas irmãs ou de qualquer empregada cá do Château que se atravessa no seu caminho, e até tem o seu quartinho privado no quinto andar (é o andar privado do Primo Coutinho onde só entra o Nalden, o primo e o dito cujo animal)! "Quartinho" é uma forma de dizer, porque o quarto tem dez metros de comprimento e dois metros de altura até ao tecto.



Já ia retirar sacar a pistola do seu coldre furiosamente, quando, surgiu por detrás da fonte a mulher, chorando copiosamente e a tremer dos pés à cabeça, fazendo um número de circo espantoso.
O meu primo logo sorriu pacientemente, pondo as mãos na pedra da fonte, como se preparasse para ouvir algo interessante.
Pela sua cara mais simpática e amável, aposto que ele já vira aquela falsa em algum lado, de onde é que eu não sei...
- Olha, olha....Se não é a minha amiga da faculdade, a Prinzecessin Sofia Arco-íris de Fogo, ou será: a Princesa Swerdinada Arco-íris de Fogo, a actual rainha fantoche consumista da Atlântida! – Exclamou ele num tom trocista. – Não morreu da torrturra que foi a 2ª Guerra mundial parra si?
Ela a rastejar na sua loucura sublimada, com o cigarro de haxixe na boca, implorando qual velha cobra hipnotizada, espantada por não ter comovido o cruel general em fato de civil, rasgou as suas roupas pretas, tirou de uma forma bruta as suas luvas de cetim, e atirou-se à lama, humilhada, rindo-se nervosamente. Toda a gente sabe do vício da pobre rainha em axixe, até dizem por aí que a maluca da velha bruxa fez um pacto com o Diabo.
- Não me olhe tão cruelmente, eu fumo drogas, e então? – Exclamou histericamente, e, demonstrou mais uma vez, a sua malvadez e desumanidade. – Pelo menos eu não ando com homossexuais por todo o lado!
Porém, a sua voz soou mais doce e chorosa quando se ajoelhou pura e cobardemente perante o general:
- Senhor, tenha piedade da minha pobre alma...
- Francamente, a fräulein mete dó! – Interrompeu o Primo de uma forma sarcástica. – Não tem mais nada parra fazerr, não?
Pobre princesa, eh, eh, eh...............! (6) Pareço-te cruel, mas a dura verdade é que nem mesmo entre nós – Bruxos – nunca nos demos lá muito bem, e o meu primo é como qualquer outro bruxo da sua idade: frio que nem uma pedra quando se trata de perdoar pessoas! Apesar de sermos simpáticos para com estranhos e ternos com as nossas crianças; somos sarcásticos para com pessoas de quem desconfiamos e implacáveis para com os nossos inimigos! Se houve alguém mais malvado que o meu primo ou o meu tio que exercesse o cargo de chefe dos Bruxos – ou Rei dos Bruxos – esse foi Euncätzio.