quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Não sei o que hei-de publicar----

Estava a pensar em como devem sentir saudades do Assassino do Amor....a verdade é que eu tenho andado a escrever, a estudar, a viver a minha vida....enfim, muita coisa.

Mas não é por isso que Rwebertan Samiel Di Euncätzio está "metido na gaveta", não, não...É só porque, ao conversar com umas amigas lá do Deviantart, descobri que ele é demasiado mau, até mesmo se é baseado naquele meu personagem histórico "favorito", como disse a minha amiga norueguesa. Ele não é politicamente correcto, não é, mas só vos quero agradecer por me apoiarem. Muitas vezes, até as pessoas mais compreensivas que eu conheci na rede - e não estou a falar de vocês - ficaram completamente doentes só de olharem para as coisas que ele podia fazer.

Eu ficava assim um pouco farta de lhes dizer - " Ele não é um vilão, é apenas um ser humano, como todos nós! "

É claro que não posso dar a desculpa do "conto da Bela e do Monstro" ou do "Fantasma da Ópera" , mesmo assim, eu posso assegurar-vos que o que estou a planear para Samiel é algo um pouco sangrento. Como sempre, ele dá uma lição ao leitor, e não nos esquecemos que após a suposta " heroína " (Airina, que tal como as outras, não é assim tão pura) ser salva, ele exige algo em troca. Desta vez, será o cargo dos seus alegados sobrinhos, Fen-Li (uma lindissima menina que aspira a ser uma importante fada na sociedade bellante) e Quing (um rapaz muito despachado que apesar de desconfiar do tio, não deixa de ficar fascinado e encantado pelos feitiços que o homem de trinta e tal anos sabe) .

O problema é que agora, como o Blogger não aceita que eu cole as minhas histórias do Word para aqui, eu não sei como é que hei-de fazer. A história de Airina, Fen Li e Quing tem no máximo setenta páginas e eu não estou com muita paciência para a passar para aqui.

Está a ser difícil eu escrever alguma coisa de jeito para o Assassino do Amor, e ele realmente não me está a dar inspiração nenhuma. Tenho saudades dos vossos comentários...Ainda por cima, a Sara não é assim uma boa "princesa aos tempos do Assassino do Amor" e o Heydrich também não desepenha bem o papel de anti-herói. Que posso dizer, ele não um herói, não é um vilão, não é um anti-herói?

Não sei mesmo como é que hei-de fazer: se postar coisas da Jessica, da Sara (os textos são um pouco mais curtos porque agora eu sei o que significa escrever online) ou do Mestre Samiel.


Que é que vos parece:

  • - Continuar as histórias do Assassino do Amor (sugestões, por favor!)

  • - Publicar uma pequena história sobre a Sara.... (não é assim lá grande coisa, mas pronto...)

  • - Ou, terceira opção, posso-vos apresentar o Ansgar Totensteger (um oficial Nazi que eu criei que trabalha para a divisão do Oculto e daquelas coisas "mágicas" nas SS )

  • Queria falar mais sobre a Katharina von Tifon , porque acho que é uma das poucas personagens que dou menos atenção.

  • A Jessica von Tifon........

  • A SPV (Polícia Secreta de Vigilância) e o sistema hierárquico dos Bruxos na Bellanária - há coisas que eu podia dizer dos bruxos que encheriam uma página no minimo!


Muitas coisas .......a escolha é vossa!

domingo, 10 de outubro de 2010

O Dia de Todos os Deuses (special Feriado Nacional)

Queria postar isto no feriado, mas não deu...... é claro que isto é para dizer que eu acho que feriados, é só para descansar, não para ouvir discursos estúpidos e demagógicos, que a maior parte de todos nós sabemos que nunca se vão realizar, ou que são mais ameaças!

Diário da Jessica, 10-10-2010


Por mais que "puxe pela cachimónia" - usar a massa cinzenta, pensar profundamente num assunto - não sei que hei-de falar, ou se de um dia nacional para a Bellanária. Cá para mim, os Bellantes têm demasiados feriados. Mas....isso deve ser mais cá do Norte do que lá do Sul, porque os homens Tienenses (os rapazes de Cyborg Town) são mais perversos do que os da região Sul da ilha principal. Mesmo que estejamos apenas a umas semanas longas do Dia da Magia Negra, já estou a ver aqueles pósteres sujos das mulheres metade nuas, metade pouca-vergonhas. Claro, as pessoas podiam dizer: "...mas...quem tem mal uma pessoa se divertir de vez em quando?..." Claro, eu não me importo nada com a festa do Dia da Magia Negra, mas quando vemos que, antes do Dia da Magia Negra, vem o Dia de Todos os Deuses, ou mais propriamente, o Dia de Bilafassabnsair, que por vezes, coincide com o Dia de Todos os Deuses ou com o Dia da Magia Negra. O Dia de Todos os Deuses é o dia - de acordo com o antigo calendário azteca, de meses com vinte e um dias, - em que os deuses se juntam aos humanos e festejam o facto de os terem conduzido às Ilhas Bellantes.

Os Deuses - ou bruxos e senhores da Magia vestidos como eles - dão prendas às crianças naquele dia, enquanto que as mulheres solteiras tentam convidar os deuses masculinos para passar uma noite de alegria com eles. A maior parte dos homens bellantes que não sabem magia limpam as ruas antes dos deuses chegarem às cidades e às vilas. Os rapazes e as raparigas, a partir dos.....deixa-me cá ver se me lembro - treze anos, têm de jejuar, ou seja, a gente só pode comer 1 tortilha durante o Dia de todos os Deuses. A nossa família, como antiga imigrante alemã, surpreendentemente, liga imenso a esta tradição, e hoje não foi excepção. A Serpente de Fogo lá teve que fazer um esforço "hérculeo" para não comer mais do que era permitido, enquanto que o Nälden, o Primo Coutinho, o Hans, o Fritz e o Skánvasse limpavam o Palácio a pente fino, e isso significa que limpavam mesmo. Arrumavam as coisas, não deixavam uma única mancha de pó, enfim...! As mulheres mais velhas - as fantasmas das minhas avós - queriam que eu fizesse o obséquio de ver se havia algum camponês, servo dos Duques von Tifon, que se dispusesse a oferecer o seu sangue quando os Deuses chegassem. Pelos vistos, ninguém quis.

A meio da noite, os deuses chegaram. Os homens mais velhos - que pelos vistos, eram só o meu primo Coutinho, o Tio Honestoffmann e o Tio Maximilian - dançaram a Dança dos Homens mais velhos, ao velho estilo bellante, cantaram e tocaram...Enfim....uma coisa muito hilariante. As crianças receberam e comeram os doces que quiseram à meia-noite.

E quanto à Swerdinada Serpente de Fogo e ao Primo Coutinho? Tiveram que dormir separados! Só por isso adorei este feriado. Pelo que vi, o Dia dos Deuses é para os casais: jejum, rezar, jejum, respeito, rezar, jejum, repeito! Por todos os Deuses, eu fiquei um pouco sozinha sem o Pedro também. Mas isso não importa. Vou vê-lo no Dia da Magia Negra daqui a umas semanas!


O meu padrasto não apareceu...talvez ficou com medo dos deuses...! :D

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Uma manhã atribulada - Ledi Jessica, a Bruxa do gelo


Estava à espera há muito tempo, e isso punha-me nervosa. Se queres que te diga, aquelas pinturas bellantes tinham-me assustado mais do que os acontecimentos da noite anterior. E, no entanto, estava tudo muito calmo - se ao menos, o quarto fosse frio, vazio e sombrio, sem janelas, poderia-se compreender que eu estivesse com medo. Mas estávamos num quarto luxuoso, cujas lâmpadas e cortinas conseguiam muito bem reflectir a luz diurna que vinha de lá fora. As minhas orelhas conseguiam captar o barulho cristalino de água a correr pelas altas montanhas que cercavam o Vale da Morte.


No chão de mármore verde-claro, estavam ilustradas lindas ninfas, de corpos elegantes, quer verdes cintilantes, quer azuis de safira, quer de ouro, a passearem por entre aveleiras, carvalhos e castanheiros antigos, já de séculos passados. Elas voavam, tal como a minha imaginação, e deixavam que os seus cabelos morenos, ruivos e aloirados, se prolongassem como espirais encaracoladas e fios ricamente esculpidos nas paredes, como pequenas decorações da perfumada suite.


Fadas...Há milénios que elas têm sido as musas e os tesouros perdidos da Bellanária para muitos feiticeiros. Extremamente femininas, elas fazem com que o mais duro e implacável de todos os Bruxos se torne num ser delicado e doce para com as mulheres comuns. Alguns Kolmanatries - os feiticeiros poetas do Norte da Bellanária - dizem que a "Mulher Bellante" é como uma fada: recatada, ela esconde-se atrás de uns arbustos dos matos da Floresta de Cristal, os seus longos cabelos negros a pender deliciosamente, tal como as vinhas no tempo da colheita, sobre as árvores, com um sorriso infantil e inocente. De pele morena, a "...Bilafassabnsair, a Representação da Mãe Bellante..." era igualmente acariciada na barriga e nas traseiras por um feiticeiro com um espelho de obsidiana como escudo e uma lança de safira como arma. A Lua de Mel do Senhor Tezcatlipoca - o tal feiticeiro, de botas pesadas, negras e tão brilhantes como a noite com estrelas - e da Senhora Bilafassabnsair era o tema principal da decoração daquele maravilhoso quarto. O sorriso apaixonado, quase voluptuoso do homem ao pegar nas partes proibidas da mulher, ela a ceder cegamente aos desejos dele com um ar um tanto tímido, mas ao mesmo tempo, encantado, era de meter-me um pouco nojo. Quer dizer, a deusa praticamente se oferecia, com o corpo nu de Vénus renascentista, ocultado pelas aveleiras, pelas vinhas de maracujá e de uvas, rodeada de flores. O homem, com um ar sombrio e impulsionado por uma luxúria impressionante, com os olhos verdes a brilhar, parecia querer ir ainda mais longe do que aquelas brincadeiras. A sua túnica verde-escura, o seu aspecto bélico e masculino contrastavam bastante com a fragilidade e pureza da natureza que rodeava as duas divindades. Enfim, os bruxos têm cá umas manias de pintarem a sua supremacia sobre a natureza. O deus do Destino, que vê e pune todos os Seres Humanos, aquele que simboliza a dualidade e a crueldade humana, a babar-se pela personificação da Mãe Bellanária, pela natureza e pelo amor...!


A suite era ampla, e, no canto esquerdo, a rodearem as portas brancas que davam para o quarto-de-banho, existia uma grande escultura dedicada à deusa Bilafassabnsair e às suas irmãs, Arundahti, Shamanarta, Swertyhina e....e já não me lembro de outras deusas bellantes que possa enunciar. Será a beleza feminina bellante assim tão eterna?... Franzi o sobrolho, céptica, ao pôr os braços cruzados. Eu achava que não.


De um violino e de um piano, saía uma melodia perfumada em pêssego e a cerejas frescas. E como é que um piano e um violino podiam estar a tocar, se não existiam mãos humanas que os suportassem, digam-me lá...? Bem, isso é que eu também não sabia muito bem como havia de o explicar, mas de uma coisa, eu tinha a certeza: o inferno não era!


Senti-me ensonada pela belíssima música, mas tentei resistir à tentação de ouvir mais uma nota... O meu padrasto nunca gostara de mim, porque se daria ao trabalho de me instalar numa câmara como aquela...?


Ao percorrer as portas de cristal da varanda, reparei que estavam fechadas à chave. Tentei fazer um feitiço para as abrir, mas em vão...Aquelas portas estavam mesmo cerradas por um cadeado mágico de ouro. Porquê?! Porque é que me tinham fechado num confortável quarto sem ventilação nas melhores condições?!


Fiquei um pouco curiosa; afinal de contas, lá estava eu num quarto digno de uma suite de hotel, porém, era como se fosse uma prisioneira! Um quarto verde-claro, iluminado, com música ambiente, e um perfume estranho, que me dava uma grande vontade de cair para o lado, sem razão. Ao bater contra as janelas de vidro, vi que também estavam reforçadas com um feitiço. De certeza que lá fora, ninguém me ouviria!


Subitamente, escutei uma risada sinistra:


- Não te preocupes, minha querida Jessica...tudo irá acabar numa questão de minutos!


De imediato, reconheci aquela voz, vinda de não sei onde: o meu Padrasto! Tinha-me atraído para uma armadilha! Aquele homem, do qual eu só tinha ouvido a voz, já me metia medo até à porta dos cabelos ruivos encaracolados! Mesmo assim, tentei ficar calma, não sabendo o que iria acontecer. Entretanto, o violino e o piano começavam a tocar num ritmo alucinante! E a cada nota, mais estranha eu começava a sentir-me. Apercebendo-me do perigo que corria, tentei ver aonde e como é que aquele psicopata me iria matar. Sim, porque ele só poderia estar a falar de morte quando pronunciou o verbo "acabar". Apesar daquilo me dar arrepios na espinha, tentei ver aonde é que vinha aquela sensação. Ao me aproximar do violino e do piano, tudo se tornou mais turvo. Da minha boca, começou a sair uma série de tosses compulsivas e horríveis, secas.


Arregalei os olhos, paralisada de nervos. Gás?! Ele queria matar-me com gás?! Parecia um daqueles filmes de terror horrorosos que normalmente, eu evito a todo o custo. Porque é que aquilo não me espantava...? Que tipo de homem põe cristais de gás no seu violino? O meu padrasto dever ser um desses homens! Pálida de terror, tentei concentrar toda a minha força para criar uma bola de água. Sabia que tinha de ser gelada, senão, os cristais derreteriam facilmente. Tinha de saber a que ponto aquele gás se transformava em gelo, o que seria muito fácil, se ao menos eu soubesse o nome do maldito elemento. Com a minha energia, formei uma bola de gelo para atingir o violino. Com um ar extremamente preocupado, fiz pontaria e atirei a primeira. Após umas três simples bolas de gelo, o gás congelou, formando pequenos flocos brancos a cairem em toda a sala. Parando-os com a minha magia, e arrumando-os com o bloco de gelo, susti a respiração, para formar uma bola de gelo para quebrar as janelas.


Contudo, não conseguia fazê-lo! Estava demasiado fraca. Felizmente, o gás estava concentrafdo numa só massa de gelo, e demorariam alguns minutos para que derretesse. De olhos arregaladeos, ao levantar bem alto o cristal, quase que pronunciava um palavrão. Maldito padrasto! Agora é que ele me tinha deixado furiosa! Como é que alguém poderia armazenar tanto ódio num coração?! Tentei pensar porque raio ele me quereria matar. Porque razão um homem como ele - um homem, já de si poderoso - queria que eu morresse.... Para me silenciar, talvez...Ou se calhar, por puro sadismo! E aquele gás...aquele ambiente....porque diabo teria ele escolhido um ambiente tão agradável...? Quanto mais pensava nisso, mais a ideia que o meu padrasto é um louco persistia na minha cabeça.


De lábios retorcidos, atirei a porcaria da bola para bem longe, causando uma explosão de fumo cor-de-rosa, com manchas amarelas e verdes. Nessa altura, pensei que ia desmaiar, mas o meu corpo era muito mais forte do que eu pensava! Aliviada, descansei a cabeça sobre o corredor da varanda, apreciando as últimas cenas pintadas de cores castanhas e vivas do Outono, que se despedia como um amante se despede da sua amada quando parte para a guerra. Respirando o ar puro da montanha, eu vi que a perversa nuvem de gás tinha igualmente desaparecido com o vento. Nessa altura, fiquei ciente do meu próprio poder. Ajeitei a longa cabeleira ruiva e encaracolada, à medida que punha o meu casaco de malha com um ar decente. Tinha encontrado as minhas roupas, e, agora, os meus olhos verdes brilhavam como se tivessem uma ligeira tonalidade de azul. Com as pernas esticadas e pousadas mesmo na beira da varanda, eu reparei que dois soldados apreciavam a figura das minhas curvas...já para não falar dos meus caracóis. Assim protegida contra o vento, eu assemelhava a uma figura mais nova da minha mãe, embora eu a sempre ache um pouco coquette demais nas poucas fotografias que tenho dela.


Muitas pessoas dizem que sou a cara-chapada da minha mãe, e pelos vistos, aqueles guardas até me confundiram com ela, ao se ajoelharem, num tom muito respeitoso, mas um pouco cobarde. Tirando os chapéus, eles beijaram a terra suja e enlameada, à medida que olhavam para a varanda, assaltados por um estranho nervosismo.


- Prosti nas, prosti nas, Ledi! - Ora mas que incómodo! Revirei os olhos, aborrecida. É que no Vale da Morte, parece que a maior parte das pessoas só fala Russo! Não podiam ao menos aprender um pouco de Bellante?!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O "Lúcifer" da História da Bellanária



http://www.4shared.com/audio/F37qC9au/Tchaikovsky_-_Marche_Slave.html



Na Bellanária, há quatro línguas principais: uma versão antiga do mandarim misturada com o japonês, o Nahuatl Bellante, o Russo e o Alemão coloniais. A quinta língua, o Grego, quase não se fala, de modo que as Crónicas da Lógica e do Tempo tenham versões muito diferentes. Na versão russa, o Assassino do Amor é conhecido como o "Mestre de todos os Feiticeiros", enquanto que no alemão, o Mestre Samiel é apenas um vilão sádico e que consegue fazer magias impressionantes e quase terríveis. Na versão original, ou seja, no mandarim-japonês, a personagem continua a ser um anti-herói, combatendo tanto mulheres como homens, não descriminando deuses de demónios. Alguns conhecedores afirmam que Rwebertan Samiel Di Euncätzio pudesse ser budista - uma vez que foi ele que trouxe a imagem de um deus único como Tsesustan, um asceta guerreiro - mas isso seria impossível, uma vez que na versão original, Samiel diz que toda a religião é um produto da mente fraca e humana. "É verdade que o fenómeno do Karma - o destino que nos pode influenciar em vidas futuras, passadas e presentes - existe, realmente para mim, mas isso não significa que adore deuses. A única coisa em que acredito é na aspereza do homem e, com a sua inteligência, este pode vencer qualquer obstáculo! Não precisa de nenhum deus para o fazer, a lógica e os seus instintos são a única coisa que o verdadeiramente guia. "



Deve ter sido por causa disso que os europeus consideram Rwebertan Samiel Di Euncätzio como "diabólico" ao desafiar a própria autoridade divina. Mas quem é que já não a desafiou?...



Só queria mostrar através da minha experiência nesta personagem que ele não é diabólico, nem ateu, nem budista, nem que acredita em outros deuses. Ele é apenas uma mistura do pior lado do ser humano com um toque do fantástico, um homem capaz de desafiar até os mais hipócritas, os mais poderosos, e tentá-los até a um poço de escuridão e de humilhação. Digo-vos, se o Assassino do Amor realmente existisse no mundo actual, tenho a certeza que muitos políticos e criminosos e outros capangas já estariam por detrás das grades, ou, pior ainda, mortos, mortos por uma força misteriosa e sinistra. A verdade é que seria ele quem governaria o mundo, porque, na minha visão de ser, seriam preciso mesmo "criaturas divinas" para parar aquela força da natureza fantástica, aquele cálice de vinho envenenado!



O que eu quero dizer com isto é que, quando criei pela primeira vez, o Assassino do Amor, pensei nele como um Heydrich do mundo antigo...O resultado é sempre um banho de sangue, tanto bons como maus a estremecer, um pouco aterrorizados ou pela morte, ou pela vida. É verdade que ele salva muitas vezes criaturas desprotegidas como Claudinitiana, mas também exige algo para si. Ele não é uma personagem muito hipócrita, diga-se de passagem. Se o compararmos com outras pessoas reais ou outros personagens, ele quase age tão naturalmente quanto um furacão ou uma onda gigante. Apanha tudo e todos...! Para mim, ele não é a pura fonte do Mal, mas sim , a fonte daquilo que o ser humano tem de mais cruel e rude e gélido.



Como ele provavelmente diria: "A hipocrisia é uma bondade polida com cera de vela estragada", e ele jamais seria bondoso...isto se o convisse.



E agora, para terminar, quero dizer que vao haver novas histórias dele. Provavelmente no Grito da Verdade, mas desta vez, não tem só a ver com uma princesa ou com uma sereia perdida, mas sim com a família dele.



A mãe de Quing e de Fen-Li, uma pobre mulher assolada pelo cancro, envia os seus queridos filhos para longe da corrupta e grande China, aos cuidados de um estranho samurai de nome Rafael. (Vocês já o conhecem, é o Rafael Ishikawa, das histórias do Assassino do Amor) Ao cuidar durante meses e anos dos rebentos, o velho japonês começa a ganhar uma grande afeição pelos pequenos, e à medida que se aproxima a altura de os entregar a um longínquo tio afastado, ele apercebe-se que as crianças são muito dotadas - um rapaz que tem uma serpente como animal de estimação e melhor amigo, uma menina que consegue voar através de umas asas douradas nas costas - e pergunta-se se estas crianças não serão filhas de uma bruxa.



Fen-Li, uma beleza impressionante, é uma menina muito curiosa dos seus nove, oito anos, mas que, sabe-se lá como, consegue encantar qualquer homem. Quing é um rapaz muito rebelde dos seus treze anos, resmungão, violento que, em cada terra, tem uma estranha solidão e não consegue arranjar amigos rapazes. Contudo, é talentoso em manejar uma espada e utiliza as artes marciais como nenhum outro rapaz da sua idade.



Embora Rafael tente manter a calma, ele atinge o ponto em que desiste da sua missão de proteger as crianças, quando descobre que o tal tio deles é Rwebertan Samiel Di Euncätzio, nada mais, nada menos que o Assassino do Amor.



Mas este velho samurai terá uma surpresa e começará a perceber a compaixão humana precisamente através de uma princesa filha de demónios, chamada Airina.



Tudo isto, em breve, no Grito da Verdade. Esta é uma das histórias que me deu mais prazer a mim escrever. Antes mesmo de vocês pedirem para mais histórias sobre o Assassino do Amor, ela já estava pronta - a história. A caneta quase descia ao sabor dos meus pensamentos, e, o fim, embora que dramático e sanguinário, mostra, uma vez mais , o horror e a beleza da natureza humana.



Deixar-vos-ei com uma imagem de um "típico vilão mal-feito" (só espero que não seja esse o meu caso) e com os dois vilões reais da História da Segunda Guerra Mundial, dois dos protagonistas do Holocausto, Reinhard Heydrich e Heinrich Himmler, mais uma vez arte de Phobs . phobs.deviantart.com e com uma música que me dá sempre inspiração, uma marcha de Tchaikovsky.



Auf-wiedersehen, goodbye, so soon, adeus e um abraço, au revoir, Do Svidanya! ;)





P.S.: Eu sempre indico as fontes das coisas em que me inspiro, não roubo, imagem de PrinzessinHeinrike, artista alemã do deviantart. Roubar é crime, e se não querem que o Assassino do Amor apareça em vossa casa e vos saúde com uma salva de tiros, é bom que não o irritem e o roubem para o vosso proveito!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Os Filhos dos Três Deuses....




Segundo vários pergaminhos e lendas bellantes, as crianças de segundos casamentos da Trindade Bellante - Tsesustan, Tezcatlipoca e Jetwas - são consideradas como as provocadoras de todo o Mal, os tentadores. Mas também são eles os heróis de muitas histórias e aventuras fantásticas.






O Castelo Negro estava recheado de pinturas nas paredes a referir a muitas dessas peripécias, as várias Guerras dos Dragões, dos treze filhos de Jetwas, metade dragões, metade humanos, dos dois filhos ilegítimos de Tezcatlipoca, de Lefnig - a Sombra, filha ilegítima de Tsesustan - e de Baladeva, o Poderoso Deus, filho de Tsesustan e de Swertyhina, que se conseguia transformar num cisne branco e esmagava demónios com as suas próprias mãos.



Eu nunca fui lá muito fã desses deuses. Primeiro, porque são histórias muito assustadoras, segundo porque o Pedro é sobrinho de Tezcatlipoca, e que eu saiba, ele nunca me disse que sabia voar ou levantar coisas que tinham cem vezes o seu peso! O Pedro é só um rapazinho que, no meio da Bellanária actual, vende doces e outros pastéis.



Mas é claro, as minhas colegas têm sempre de ficar caidinhas por homens fortalhaços, aqueles guerreiros que se pavoneiam pela Cidade dos Deuses a marcharem, de tronco nu, com os apretechos todos dos antigos "uniformes aztecas" do tempo em que a gente ainda falava Nahuatl. Eu estou a falar dos soldados da SPV, a Polícia de Vigilância da Serpente, aqueles bruxos horrorosos que se acham ser filhos dos Naga - os tal treze filhos de Jetwas, que produziram essa raça maldita e "suprema"!



É só haver uma marcha em Cyborg Town, que as minhas amigas começam a derreter todas. Já ouvi dizer que a farda faz o homem, que o poder é um potente afrodísiaco e tudo isso, mas aquilo é demais!



Enfim, eles que se entretenham com os tais carnavais, eu não sou dessas. Eu estou aqui para estudar magia, (ter de aturar mais uma vez algum professor) e, é claro, ver se o meu padrasto anda à coca.



Mas cá estou eu a divagar, divagar e divagar, quando vos devia contar o que é que aconteceu comigo no Castelo Negro,...ou se calhar não devo...Bom, se quiserem saber, eu não vos censuro.





Respirei bem-fundo, à medida que conseguia livrar do empecilho daquele feiticeiro novinho de túnica e branca, vi que o meu quarto estava decorado com várias histórias sobre os Filhos do Deus do Perto e do Longe [Tezcatlipoca] e uma delas passava-se naquilo que é agora o Districto mais a sudoeste da ilha principal Bellanária, a Zona Manuelina. Este districto chama-se assim porque foi consquitado pelos Portugueses em 1500, e logo foi recuperado pelos filhos de Tezcatlipoca em 1600. Cem anos de cultura portuguesa fizeram com que os portugueses tentassem fazer o mesmo que os Espanhóis fizeram aos Aztecas no actual México. Mas, desta vez, falharam. Acontece que as gentes daquelas pequenas costas bellantes eram muitissimo devotas à fé e ao Império Bellante, e assim, com ferro e fogo, conseguiram, com tudo o que tinham, expulsar os portugueses.



Em 20 de Setembro, comemora-se esta independência da província da Zona Manuelina, mas que ficará para sempre com este nome. É uma pena, porque o antigo nome também era muito bonito: Costa dos Montes de Bronze. Como se pode calcular - e aí, eu fiquei muito espantada ao ler aquilo tudo que estava escrito nas paredes bellantes, pois aquilo que vos estou a contar foi aquilo que li através dos códices pintados nas paredes daquele maravilhoso quarto - os bellantes daquela região tinham uma terra fértil em esmeralda, jade, bronze, obsidiana e cristal. Por isso mesmo, aquela terra atraía tanto a cobiça alheia. Os Portugueses diziam que era para espalhar a fé cristã, mas a verdade é que só queriam encher os bolsos e destruir a linda cultura bellante.



Dizia a lenda que o filho de Tezcatlipoca - já não me lembro do nome do filho - tinha, com a sua flauta de bronze, expulsado os portugueses várias vezes das terras da Costa dos Montes de Bronze.



Uma história muito épica, sim senhor. Parecia mais uma versão da época dos Descobrimentos da Batalha de Stalinegrado ou da Batalha de Little Big Horn: contra uma força desconhecida, os portugueses avançaram que nem vespas furiosas, desconhecendo as estratégias fabulosas do exército bellante. E não, não houveram nenhuns prisioneiros nem mortos por parte dos portugueses. A verdade é que os Bellantes tinham uma técnica: assustavam com as suas armas mágicas e os vários estratagemas que tinham aprendido dos japoneses e dos vikings. Contudo, nenhum deles queria matar um único português sequer. Segundo as pinturas que eu lia, muito perplexa com tudo aquilo, os portugueses "não tinham corações demasiado puros para serem sacrificados". Eles preferiam cortar as cabeças, para ver se os portugueses "tinham juízo suficiente no coração." Um acto de mera piedade, ou uma mera diversão pueril para os guerreiros bellantes, que, com os seus tambores, gargalhadas agudas e graves e cânticos espantosos e poéticos, conseguiam assustar o enorme exército Português.



Os portugueses, por seu lado, tentavam atirar o maior número possível de balas, mas era quase impossível acertar nos esquivos bellantes, que mais se pareciam com acrobatas do que guerreiros e que feriam, de um só salto, cavaleiros, um a um, numa questão de segundos. Penas voavam, cabeças eram atiradas para o chão. A frota portuguesa lá tentou ajudar, mas não valeu de nada. Umas quantas flechas explosivas neutralizaram por completo os sofisticadissimos canhões portugueses.



Em terra, um ambiente cinzento e desolado vivia-se nas tropas portuguesas, que, aterrorizadas de medo, decidiram fugir. E havia uma frase em português que dizia: "Fomos Expulsos pelo Diabo deste inferno, e Se Deus tivesse piedade de nós, Nunca teria permitido tantos Feridos!"



Fiquei parva perante esta narração sangrenta. Os bellantes não mataram ninguém, apenas deixaram os portugueses feridos, aí, sem mais nada, sem cura. Isto é pior que matar alguém. Mas não sei, julguem vocês. Talvez eles pensassem que os portugueses não mereciam ser escravizados, muito menos mortos.



A única coisa que fiquei admirada é como o Pedro pode ser sobrinho de um tio como aqueles. Não sei...sinceramente...não sei.



Fiquei tão emocionada que, depois de ler aquilo, voltei a deitar-me na cama. Segundo as testemunhas portuguesas, muitos soldados portugueses desapareceram. Na opinião dos bellantes, os portugueses tentaram deitar fogo aos templos, mas não conseguiram. E a verdade é que os templos ainda estão ali....!



segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Voltando aos Três Anjos Imperfeitos... Um Funeral... I


"Minha princesa, as vidas dos teus amigos não são mais que um floco de neve nas minhas mãos..."

Cinco Vidas num Floco de Neve


Antes da Segunda Guerra Mundial, num arquipélago independente, multicultural, onde os pássaros cantam a glória de antigos deuses, e as montanhas choram o sangue de perigosos feiticeiros de origens orientais, vivem cinco pessoas. Essas cinco pessoas, muito diferentes umas das outras, tiveram que enfrentar os seus medos, saber quem era amigo, e quem era inimigo. ´

Tudo começa com um estranho crime, um incêndio misterioso na capital da Ilha Mãe do Império Constituticional Monárquico da Bellanária - um nome muito magnifico para um conjunto de ilhas tão numerosas!

Esta é a colecção das cinco histórias, das cinco vidas, que, com uma só mão, um homem podia ter esmagado!

Capítulo 2 - Um Funeral e um Divórcio de uma filha.

Dia 13 de Novembro de 1936

Ducado alemão da Cidade Perdida, ilha Mãe da Bellanária

No ano passado, o céu enchia-se de sombrias nuvens negras, enquanto o passado era enterrado em sete pés debaixo da terra. O sangue, esse que correra por entre as vítimas da cidade, era misturado com um mar de lágrimas, um pedaço de sofrimento e várias armas de corrupção, mentiras, luxúria e ódio, que tinham sido ocultados durante mais de cento e cinquenta anos. Outra alma já estava na barca para o Inferno, e, enquanto o deus Tsesustan ajudava a pôr as botas aos pés do morto suicida, a mulher Abir von Tifon começou a chorar. Eu, como amigo pessoal de Sua Excelência, o Duque Adrian Friedrich von Tifon, nunca vi tanta choradeira em toda a minha vida! É por essa mesma razão que odeio funerais. Tive de fazer um esforço enorme para não me rir do morto e da família.

Porém, nenhum bellante chorou uma única lágrima por ele. Os bellantes são pessoas honestas, suponho eu. Talvez porque Adrian Friedrich von Tifon não fosse nenhum Rwebertan Samiel Di Euncätzio, ou talvez um Kasimir Malaghtyev.

Enquanto a chuva, caia, furiosa como se fosse uma mãe ciumenta, lacrimejando pelo mal que o seu filho tinha feito, batendo e dando virotes que nem uma corça raivosa, a tempestade continuava a abater-se, ruidosa, como uma grande marcha trágica, e, os elementos, esses, fizeram os seus possíveis para honrar aquela alma em partida, sobre as cabeças dos impacientes Tienenses e dos outros habitantes da Bellanária, uma última carícia, como se fosse uma canção de embalar, foi entoada pela rádios bellantes, mesmo que os donos não estivessem com a disposição de o fazer.

Foi tocada a "Barcarole" de Offenbach, como requiem, por toda a Cidade Perdida, na qual os fantasmas e os demónios - se é que esses disparates existem - ficaram de luto, e com os seus esfarrapados trajes, sem serem vistos os pés, numa neblina esquisita e sem explicações científicas, prestaram homenagem ao homem, numa procissão luminosa através de umas estranhas aparições de combustões de chamas de gases de matérias em decomposição. Só podia ser isso, creio eu....

O resto do cortejo foi tão impressionante de tal modo que seria tempo perdido eu o descrever. Mas, uma vez que o Herr Reichsführer quer que eu o refira, então tentarei ser o mais singelo possível.

Às seis da manhã, apareceu, no início da Estrada Perdida, um coro inteiro de raparigas, todas elas completamente nuas, desfilando com os seus maravilhosos vestidos azuis, brancos, quase transparentes. Cada uma delas transportava nos braços uma taça de prata, de onde saía um inebriante aroma, embalsamador. Com os cabelos negros, desgrenhados, a cintilar mais ainda no brilho da madrugada, lá iam elas, com os penteados soltos. Elas andavam lentamente, tocando harpas, com movimentos compassados e melancólicos, mostrando a sua enorme tristeza.

A seguir, eram os denominados feiticeiros, os grifos, os centauros e os humanos. Vossa Excelência iria espantar-se ao ver homens arianos, de descendência alemã, a confraternizar com orientais, judeus, russos e bellantes de toda a espécie e feitios. Mas eu, por mim, não me espantei. Isto mais parecia uma daquelas cenas biblícas da Babilónia. Todos os homens, de várias espécies e formas, estavam vestidos em mantos brancos e túnicas feitas de linho puro, remendado com vários fios de bronze e de prata. Estes, com utensílios virís, como lanças, espadas, setas, dardos, e outros objectos pontiagudos. Darei o exemplo do tridente de ouro de mais de doze quilos, carregado pelo "deus" Tsesustan, que presidia a parte masculina da cerimónia.

Com um movimento solene, ao erguer o tridente de ouro, ele cantava numa voz de tenor bem forte, grave, mas cheia de esperança, com um ritmo nostálgico, e juntaram-se, em breve, as centenas de vozes dos outros homens, feiticeiros brancos, grifos e centauros, incluindo o próprio Rei Neptuno XIII e o Rei dos Bruxos, o grande Kasimir Ivanovitch Malaghtyev.

Os Feiticeiros Brancos, na sua maioria europeus, iam de cavalos brancos, com fios de prata presos como ornamentos complexos e fantásticos. Perdoe-me a expressão, mas aquilo mais parecia uma ópera da Aida, do que um funeral, ou talvez uma marcha em dia de festa em Nureemberga!

Os humanos como eu ou os outros dignatários iam a pé, mas iam, sempre no mesmo passo. Que palhaçada ridícula.

Os grifos, com colares secos de narcisos mortos ao pescoço, tinham presos, ao lado de cavalo dos seus corpos fantásticos, várias bolsas de couro, onde iam vários poemas escritos em Bellante Arcaico. Com as crinas escondidas nos chapéus brancos, tanto centauros como grifos iam deprimidos por fora, mas espantados por dentro...!

Como é que o seu senhor, o Duque Adrian Friedrich von Tifon, tinha morrido? Isso, claro, tanto eu como Sua Excelência, Reichsführer, sabemos.

Finalmente, no meio do cortejo, estava a Família dos Duques e Duquesas von Tifon. Havia no meio da família, o caixão vermelho de mogno escuro, com pinturas doiradas de garças e dragões em baixo relevo, que dançavam juntamente com vários fogos-fátuos inscrustados e lapidados em turquesas e em safiras. A riqueza desta família nunca deixa de me espantar!...

Encaixado num coche puxado por um dragão oriental verdadeiro - desta vez é que eu nem pude acreditar nos meus olhos! Teria sido o álcool bellante que me estava a pregar estas partidas...? - sem asas, com cerca de oito metros de comprimento, com uma cor lindíssima de esmeralda, com as escamas polvilhadas de cinzas de luto, com os seus orgulhosos chifres de veado.

Á frente deste fantástico coche, estava o Tenente Otto Nälden, o mordomo e advogado da família, com um manto e capa vermelha, segurando com ambas as mãos enluvadas, brancas de cetim, uma sombrinha branca de cetim japonesa, anunciando o caixão. Pela sua cara rosada, escorriam lágrimas.

Seriam de tristeza ou de alegria...? Mais à frente, mesmo em frente do cortejo, com os vários bruxos alemães importantes da Cidade Perdida, estavam os irmãos e os sobrinhos e netos do falecido Duque von Tifon.

À medida que Hans Rüdiger II von Tifon tocava o bombo, acompanhado por uns quantos soldados das SS - enfim!, Sua Excelência e suas ideias de acompanharmos o funeral de Sua Excelência o Duque Adrian Friedrich von Tifon - os dois irmãos gémeos Ernst e Rutger von Tifon começavam a cantar desafinadamente uma canção tipicamente alemã. O Capitão Willhem Couto von Tifon, este tocava um solo de trombone, ao acompanhar as caixas de rufo dos nossos rapazes.

Depois dos homens von Tifon, estavam as mulheres von Tifon. Charlotte von Tifon, a filha mais nova do Duque von Tifon, não parava de chorar.

A Duquesa Abir von Tifon, a viúva, estava com um fio de ouro preso ao dragão, uma écharpe verde-clara de seda, com o nome dela escrito em Bellante Arcaico no tecido. O vestido que ela usava, com linhas curvas delimitadas e provocadoras - na minha opinião, demasiado provocador para uma senhora (segundo os rumores bellantes) de cento e vinte e dois anos...Tinha os lábios pintados de roxos, e estranhamente, eles sorriam.

No fim da parada, ia a Fräulein Annelina Sara von Tifon, a mulher mais nova e bonita de todas das que estavam ali, no funeral. Enquanto levava a cruz dos cinco caminhos, ela usava uma camisola quente negra de cetim. Provavelmente, era a primeira vez que estava a usar sapatos de salto-alto. Sob o pescoço moreno, deslizavam milhares de sinceras lágrimas. Ela tinha uma flor de lótus branca como gancho. Com as mãos a aguentar um fio de prata, ela tentou avistar o Flautista.

Sorri-lhe, compreensível.

A misericórdia da rapariga fez comover a tia, que encostou os braços nos lindos e delicados ombros de chocolate da inocente menina.

« É muito confuso, não é minha querida? » A voz suave, grave da tia, acordou-a para a realidade.

A Sara penteou o cabelo de almíscar para trás das orelhinhas, que pareciam ter sido esculpidas por um artista da Renascença. Parecia não querer pronunciar uma única palavra em relação ao morto. Até parecia que os seus lábios, sensíveis como penas de uma avezinha ferida, estremeciam ao sabor do vento.

A bruxa mais velha compreendeu de imediato aquele silêncio, e acenou com a cabeça, com as mãos a segurar no braço da jovem.

«Tem calma, criança. A morte, por enquanto, deverá ser mais um mistério para ti. »

« Não posso ficar calada, ... » Replicou a jovem rapariga, entre várias lágrimas. « Porque é que o tio teve de morrer..? Porque é que a tia está a ser tão fria a um assunto tão importante como este? »

A Duquesa Abir abanou pacientemente a cabeça, enquanto espalhava, com um gesto pouco elegante, as cinzas brancas.

As mãos dela eram de uma mulher madura: duras, quase para o sensíveis, com unhas compridas - como as de uma verdadeira bruxa!

Estas estavam cobertas de sangue do próprio esposo, de uma maneira ritual, e com o coração de Adrian Friedrich von Tifon nas mãos, ela caminhou, liderando a macabra procissão.

Ao observar a tia tão concentrada, a Princesa Sara decidiu ficar calada, com lágrimas a encher-lhe o peito moreno.

« Mantém-te atenta ao caminho e faz apenas o que eu mando, Sara. » Disse a Duquesa Abir, num tom suave, apontando para o caminho.

« Sim, Tia Abir. » Respondeu a rapariga, cabisbaixa.

A cerimónia de deitarem o caixão ao mar foi do mais ridicula e idiota que eu já alguma vez vi em toda a minha vida. Não é como na Marinha Alemã, em que as pessoas lá ficam um pouco tristes, com os corações oprimidos. As pessoas bellantes simplesmente desatam num pranto horrível, de bradar aos céus! As mulheres atiravam todas as suas jóias para o mar, quer fossem da Cidade Perdida ou não.

A seguir, deram-se os discursos. Infelizmente, tive de falar um pouco sobre o quanto Sua Excelência, o Sr. Duque von Tifon me inspirara vivo. Nunca mais quero assistir a tal circo em toda a minha vida!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

O que é querem que eu escreva?

Sinceramente, eu estou aqui à espera que vocês me deem umas dicas - para aí todo o verão, não é, mas pronto - e ninguém me dá uma pista.

Querem nazis? Querem aventuras? Querem a Jessica de volta? Querem o Assassino do Amor? Digam-me por favooooooooooooooooooooooooooooooooooooooorrr............. !


Pequeno post para dizer que eu não morri! Só estou um pouco ocupada com o meu blog em inglês no dA!

Tenho tantas coisas que escrevi que ainda não vos mostrei. A sério, se quiserem que eu traduza o pequeno romance que eu e aquela Norueguesa andamos a trabalhar é só dizerem !

Um grande abraço! Tenho saudades vossas! Tifongirl 4 Ever!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

História ao Lado - Noite no Castelo do meu "Protector"...

Uma voz assustou a jovem rapariga enquanto uns lábios respiravam desejo nos ombros delicados e de chocolate:

- Boa noite.

A Sara estava outra vez no quarto, deitada na sua cama de pele de tigre. O Obergruppenführer Heydrich sorria, ao ver que ela se afastava dele. Era impossível evitá-lo. Estava acorrentada com aquelas grilhetas de ferro sobre a quente cama de pele.

Lá fora, a neve caía docemente sobre as janelas. A jovem estava completamente nua. Os seus seios eram como umas pequenas bolas de futebol. O seu corpo, belo e quase intocado, permanecia imóvel, como que paralisada pelo terror que sentia por aquele homem.

Os olhos negros dela agora eram como duas pedras preciosas a brilharem na penumbra da noite. Os cabelos negros e suaves caiam sobre as mãos magras e pálidas do terrível nazi, que apreciava como um predador, a sua presa.

O longo nariz do violinista tocou suavemente no pescoço dela. A princesa bem que tentou fechar os olhos, mas o pesadelo continuava a estar ali. O grande quarto luxuoso, decorado com papel vermelho de sangue, ainda estava ali. A neve continuava a cair lá fora, na noite de Praga.

Suor frio escorreu pela testa dela.

- Herr Obergruppenführer... Por favor, pare! O que é que a sua mulher Lina irá pensar? - Exclamou ela, sentindo-se terrivelmente magoada.

Sara apenas obteve como resposta um beijo nos ombros, coisa que a deixou bastante enojada.

Aqueles olhos azuis cinzentos continuavam a olhar para ela. Mas desta vez, estavam rígidos que nem uma pedra.
Escutou-se um estalo de chicote! Embora a Sara tenha ficado ainda mais aterrorizada, o chicote de couro, perfumado em bauniha, não para a ferir.

Ela sentiu-o bem perto do queixo, como uma serpente a enrolar-se no pescoço dela. A cara oval do homem, a boina de oficial com a caveira de prata, o uniforme...tudo era deliciosamente tentador e diabólico.

Ela estava mais vermelha do que um tomate, à medida que o chicote passava como uma brisa a acariciar-lhe as faces.

- Chio...Não me trate por Obergruppenführer . - Sussurrou a voz aguda de Heydrich no ouvido dela.

Ele abriu de rompante as pernas dela e lambeu o sítio que ele nunca devia tocar.

- Quero sentir a taça nas minhas mãos, minha querida. - A voz dele tornava-se cada vez mais perversa.

Porém, as mãos dela tentaram chegar furiosamente até ele.

- Jamais serei sua! - Disse ela entre dentes, ao tentar chegar ao pescoço dele. Mas em vão. Contudo, ela esboçou um sorriso corajoso. - Mesmo que me torture com as piores chamas do Inferno, a minha alma jamais lhe pertencerá, seu diabo!

Os olhos penetrantes de Heydrich olharam-na e ela sentiu de imediato um calafrio terrível. Eram olhos de um assassino. As mãos dele pegaram no chicote e com um ar malicioso, ele avisou:

- Ingrata! Não me desafies, meu amor. - O chicote passeou pelo pescoço dela como uma cobra uma vez mais, e a voz do homem suou naquele momento como o sibilo de uma víbora!

A Sara permaneceu quieta. Uma cobra só larga a presa quando esta deixa de lutar. Enquanto ela respirava bem fundo para não sentir desejo sobre aquele homem, ele continuava a acariciá-la com o chicote.

Após uns minutos, ele deixou-a em paz. Levantou-se e atirou uma nuvem de fumo para a cara dela com um cigarro.

- Amanhã...eu voltarei...E só espero que não seja tão mal-educada, Princesa!

Ele fechou arrogantemente a porta com um gesto melodramático, deixando Sara com um grande alívio...

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Os meus livros vão virar desenhos animados...! XD


É isso mesmo que ouviram....! A Sara e as Fadas e o Reinhard Heydrich - vamos fingir que ele é uma personagem minha, sim :D estou a brincar, eu sei, as minhas piadas não são assim tão famosas ^^; - vão-se tornar em desenhos animados.


Bem na verdade ainda não está tudo pronto (e é tudo assim uma "brincadeirinha" de meninas talentosas, não é) , mas, pelo que ouvi da conversa que tive ontem à noite - já agora quero dar os parabéns à equipa espanhola, eles merecem, hurra, hurra, e vamos ter outra festa com "nuestros hermanos" (tom sarcástico)! - com a parceira com quem trabalho, uma "artista" (ela ficaria corada e muito orgulhosa e eu dissesse isto à frente dela mas pronto ) norueguesa da minha idade que desenha muito bem e que adoooooora as minhas histórias, está muito engraçado.

Ela está a tentar fazer uma animação com umas cenas - uma palavra portuguesa desta vez - que eu e ela escrevemos em conjunto. Não vos vou dizer sobre o que é...mas prometo que em breve terão um cheirinho das ilustrações que ela fez - eu nem sequer as vi, portanto, estou tão curiosa como vocês.


Só porque eu acho que tal como ela, vocês merecem tudo aquilo que eu tiver para compartilhar. Era engraçado se estas minhas histórias viessem mesmo a tornarem-se enredos para desenhos animados, não era? ... E depois, claro, a parceria Noruega-Portugal não estaria completa sem uma boa daquelas dobragens brasileiras que vocês são tão bem conhecidos.... LOL


Eu queria mostrar-vos um pouco da arte dela para saberem como é que era, mas na verdade, é que eu própria não sei como é que vai ficar. É como um guisado surpresa, não acham?


De qualquer maneira, cá para mim o estilo dela é muito parecido com dos desenhos animados do http://www.youtube.com/watch?v=8avsKuZgIQs&feature=PlayList&p=29306E340EE020F0&playnext_from=PL&playnext=1&index=5 (Droopy e inc. )


Mulheres muito femininas - até demasiado :D - deusas, cheias de curvas (oh meu deus, nem pareço uma mulher!) e peitos muito grandes, mas acho que ela não vai exagerar. Os homens....bem....são homens.......! ;) É engraçado como algumas vezes as coisas que parecem ser menos femininistas são desenhadas por mulheres. Mas os meus trabalhos também não são propriamente obras de arte puras!


Enfim....mas eu acho que as minhas personagens femininas não são só balões de ar quente, pois não rapazes? Rapazes?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Uma coisa que eu não sei se alguém vai ler!

Capítulo 1 Domingo de 15 de Novembro do ano 1936

Querido Xaver…

Hoje é o grande dia, hoje vou, de manhãzinha, até à tarde, passear com o encantador e sedutor Heydrich, o Gruppenführer ou General das SS que a Sara tanto me falou pelo telefone. Estava eu a arranjar-me, quando alguém tocou à campainha das portas das traseiras do palácio. Soube logo que era a minha amiga Sara, não havia mais ninguém que conhecesse essa passagem secreta a não ser eu, ela e o Irmãozinho. Mal eu acabei de lavar a cabeça, fui logo atendê-la numa das muitas e inúmeras salas de estar que há espalhados pela minha casa e conversei um pouco com ela.

Estava um bocado quente para meados de Novembro, o sol entrava pela adornada com anjos, mobília de alabastro e mogno castanho-claro o qual eu gosto imenso de polir eu própria pelos cantos da casa, tocando delicadamente sobre elas, e criando um ambiente agradável e puro sobre a pequena, privada, sala de estar, iluminada com uma cor clara de azul fushcia o qual eu gosto imenso igualmente.

Sentadas sobre um dos sofás de pele de magusto falso, eu e a minha amiga estávamos entretidas a tomar o pequeno-almoço: flocos de trigo mergulhados com mel e leite, combinados com bolachas de gengibre e acompanhados por bolinhos de folhados de soja com morango, e um sumo natural de maracujá como bebida. Tostas mistas e ovos mexidos com canela e cuscuz com vegetais. Cá, na Bellanária, tal como todos os outros países, o pequeno-almoço é a refeição mais importante do dia, por isso, geralmente, comemos mais do que no próprio almoço. É uma tradição mais das cidades que do campo, que preferem o jantar e o almoço como refeições indispensáveis.

Ao nosso lado, estava o Rafael, olhando por nós, contente, mas também um pouco nervoso, suspirando de cada vez que comíamos mais um pouco. Ao pé de nós estava o Irmãozinho, que se tinha juntado para beber um café – para ele, a bebida mais indispensável do dia, isto é um hábito particularmente latino e português. Ele também estava um pouco nervoso.

Já bastava ter de ouvir o Rafael a rosnar de profundo ódio e desprezo de vez em quando, como se quase presenciasse o próprio carro de Heydrich a ir pelas ruas da Cidade dos Deuses, desde o hotel em que está hospedado em Cyborg Town, até ao nosso palácio.

O velho homem de trinta e oito anos parou, um pouco, e suspirou, convencido que ia ter um daqueles dias mesmo atarefados.

- Tenho mesmo de ir para a Catedral dos Sete Feitiços trabalhar, a ver se encontro alguma coisa acerca daquele assunto que Sua Alteza sabe. – Ao se retirar, deu um estranho beijo no meu rosto, o que me fez corar, um pouco. – Não se esqueça que tem de vir comigo à noite para irmos examinar a nossa querida Miss Felicity.

- Adeus, Sr. Irmãozinho. – Despediu-se a ingénua e inocente rapariga de dezoito anos, dando-lhe um beijo no rosto.

- Boa sorte com o seu futuro pretendente, Princesa! – Disse, sarcasticamente, enquanto tinha o cigarro na boca e o acendia à pressa.

Dito isto, fechou abruptamente as portas, com o casaco metade por vestir…. ‘

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Lua dos Meus Sonhos (Capítulo 2)





- Sabes alguma coisa acerca da morte de Auroalina?



- Lamento, meu amigo, não há nada a fazer…Nem a própria Serpente de Fogo conhece a verdadeira natureza do assassino! ’



Diálogo entre dois feiticeiros brancos apanhado pelos ventos das sílfides.





Tinha passado um mês desde o incidente no Cavalheiro, e absolutamente ninguém, em toda a Bellanária conhecida, sabia alguma coisa da pobre sereia.



As únicas pistas eram aquele bilhete ameaçador e a posição da dita vítima.



Para não falar de que esta tinha sido esfaqueada duma maneira bastante subtil, no meio duma multidão de quase cinquenta pessoas. O homicida deveria ter tido um grande engenho para dirigir-se sorrateiramente em direcção à sereia, precisamente no momento áureo da canção, sem que ninguém notasse a presença dele, e, num minuto, executar a funesta acção.



Auroalina, uma sereia de trezentos anos, quase no fim da sua vida como fada, já tinha percorrido a nado os sete mares, era venerada por toda a classe de Fadas como uma senhora de Bem e realmente sábia. A sua trágica morte causara um grande distúrbio na floresta. Todas as ninfas da água sabiam que ela desejaria morrer como uma verdadeira sereia o faria, desaparecendo pacificamente numa inofensiva bolha de espuma.



O implacável assassino tirara-lhe esse privilégio, e, morrer deitada, como uma humana, era considerado para a classe das Fadas a derradeira desonra!





Mal souberam do assassinato, os Deuses ficaram igualmente aterrados, afinal, a sereia sempre defendera que, sem a diplomacia destes, a Dimensão Mágica seria um lugar terrível para se viver. Em todas as ocasiões, boas ou más, estes tinham ditado o destino e a felicidade de todos aqueles que os rodeavam, com as Fadas incluídas. Eles recriavam periodicamente o Universo e lutavam contra as forças demoníacas que ameaçavam a ordem do mundo, e era por isso que, na Bellanária, o Cristianismo jamais seria implantado, uma vez que a religião politeísta atlante estava enraizada desde os inícios dos tempos! Os Deuses eram, em princípio, trinta e três, mas eles eram tão misteriosos que podemos contar até trinta e três mil e trezentos e trinta e três! Um dos números sagrados atlantes é o 3, uma vez que este personifica a unidade tríade Tralwet; esta tripla divindade engloba três espíritos, cada um com a aparência dum ser divino: Jetwas, Tsesustan e Melnjar, todos eles irmãos um dos outros. Jetwas criou a Bellanária, Melnjar preservava-a, e Tsesustan pode destruí-la ao chamar uma das suas diabólicas Gulqytuhrtar, ou Aparições. Tsesustan salvou, no entanto, uma vez a Bellanária de uma catástrofe: quando o Bênção caiu do céu, Tsesustan amorteceu a sua queda, amparando-o com a sua cabeça. Melnjar simboliza o equilíbrio, o príncipio do Bem e o Mal, a Luz e a Escuridão, o deus Wul do Sol e a deusa Mun da Lua unidos. Jetwas é a pureza, o divino, a sabedoria eterna, o Bem encarnado, enquanto que Tsesustan é a destruição, a vingança, o Mal em pessoa! Dizia-se que a Rainha era a deusa Melnjar, que se tinha vindo a casar com o Semideus Neptuno, furiosa com a infidelidade do esposo e, incitada pela tentação do irmão do meio, Tsesustan, mandou decepar as cabeças das sete esposas antigas do rei, forçando-o a servi-las ao copo-de-água como aperitivos, mas toda a gente sabia muito bem que, por muito imortal que a deusa fosse, a sua representação carnal não poderia durar mais que cinco mil anos! Assim, ela, nunca seria responsável pela morte de Auroalina, pois a sua saúde, nesses tempos, estava muito débil.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Olá, malta...estou a pensar em fazer uma pausa...aliás, uma pausa muito grande.

Não é por vossa culpa.

É só porque eu acho que tenho de arranjar amigos verdadeiros num "Mundo Real".

Amigos imaginários...estou farta disso, estou farta das pessoas dizerem que eu sou um bicho do mato que está sempre em casa!

Não queria dizer adeus, mas acho que vou precisar de mais um ou dois meses para completar o raio do liceu - ou secundário ou lá como isso se chama!

Um abraço a todos........

domingo, 18 de abril de 2010

Um castelo transformado num cemitério de concentração! (Parte I)



De manhã, encontrei-me deitada numa grande cama de seda branca, vestida com roupas de noite azuis-claras, e reparei nas duas janelas grandes do tamanho duma locomotiva que espelhavam o Sol a brilhar resplandecente por entre as montanhas dos Alpes das Sereias! Deus do Céu! Não tinha sido um sonho!


Ainda estava naquele palácio de ilusões, porém, uma sensação de nostalgia invadia o meu forte espírito. Ainda me lembrava tão bem daquele sentimento tão bonito que tivera na noite passada ao adormecer naquele sofá tão adequado à minha exaustão; daquelas duas figuras de pedra divinais que seguravam em ânforas com rosas; daquele tecto de ouro, que até parecia ser feito de mel; daquele estranho nevoeiro por entre o mármore cinzento e as tapeçarias cheias de cores vivas... e daquele canto tão misterioso e doce que me fez um sono incrível! Deviam ter sido os fantasmas das ninfas que tinham sido mortas…!


Lembrava-me de tudo isso, mas o mais bizarro é que não sentia vontade me ir embora, aquele sítio era espantoso, era como naquelas histórias do Assassino do Amor!


O típico vilão atlante paternal e protector…Porque é que sentia pena dos Bruxos que viviam aqui, afastados do mundo. Estaria a ficar com medo……?


Era como se aquele fosse o refúgio perfeito para o meu Padrasto ou para qualquer bruxo!


Logo que saí da cama, como já esperassem a minha chegada, chegou pelas únicas e grandes portas do salão um homem gentil com uma túnica branca e com uma posição rectilínea e solene. Ou aquilo era o Inferno, ou o Paraíso! Os seus olhos verdes fixaram os meus e sorriu com um ar simpático. Depois duma noite tão turbulenta, era mesmo de alguém como ele que eu precisava. Alguém para me dar explicações!


Retribui-lhe o favor com um sorriso mesquinho e olhei-o com desprezo, pondo as mãos nas ancas sensuais.


Estava mesmo chateada, e se alguém me pudesse dizer o que vinha a ser aquilo, esse alguém era aquele totó com cara de santinho.


- Desculpe, mas isto aqui não costumava ser uma prisão obscura e fria? – Perguntei-lhe num tom sarcástico. – Ou será que estou num retiro para homossexuais pedrados?


O rapaz de vinte anos anuiu a cabeça, ainda sorrindo como se fosse um anjo, penteando o seu cabelo louro.


- Sim, senhora duquesa. – Disse na sua voz clara e jovem com um sotaque vienense, estava mais claro que água que em tempos ele também fora um bruxo. Outro fantasma. Desta vez um renovado soldado alemão. Era menos assustador. – Tem razão, era uma prisão escura e sem alegria! Até que, há trezentos anos, ele apareceu!


Eu, a perder as estribeiras, quase que tinha vontade de rasgar a minha camisa de noite branca qual louca prostituta, mas não fiz isso, para bem da sanidade daquele palerma.


Às vezes, o mau feitio e o sarcasmo da família sobem-me à cabeça e aí é que eu começo a ser mesmo víbora. Sabes que eu era loura encaracolada, mas para esconder isso, pintei o cabelo de ruivo, até já experimentei pintá-lo de preto, mas prefiro o ruivo. É muito mais selvagem, senão os colegas, para além de me chamarem víbora malvada, ainda me chamariam de “cabra loura”! Mas quando me irrito, ainda se vê, aquilo a que o primo tão fanaticamente chama de “aspecto ariano” na minha cara, e naquele momento, o aspecto ariano estava a sobressair-se e muito.


Soltei um risinho escarninho, e olhei de alto a baixo para o tal idiota de branco com desprezo, qual grande actriz de Hollywood.


Em algumas alturas, penso se não serei cruel demais para aqueles que estão abaixo de mais....Não! Eh, eh, eh!


Apontei-lhe para o tronco musculado com a minha unha longa de bruxa e ri-me mesmo à bruxa, o que o fez tremer um pouco.


- Oiça lá, meu grande querido: chame imediatamente o Rei dos Bruxos e previna-o que eu estou aqui. – Ameacei, agarrando firmemente no colarinho dele. – Com sino; campainha; telefone; trombone; trompeta; a gritar; ....Não me interessa como o vai fazer! Mas faça-o, e DEPRESSA!


O pobre do rapaz magricela engoliu em seco e não teve outro remédio senão desatar a correr pela saída todo a tremer e cumprir estreitamente as minhas ordens.


terça-feira, 6 de abril de 2010

O meu Padrasto......!

Algo não estava certo?... Como é que eu podia saber se tinha magoado a minha mãe ou alguma coisa do género...? Aquele castelo era tão vivo como o próprio coração do Rei dos Bruxos!


Que lugar maravilhoso, não me importava de ficar ali toda a minha vida, o que me fez surgir mais outra questão durante o meu sono imperturbável: como é que os criminosos dos Bruxos, considerados inimigos letais da decência e do Bem, podem viver naquele castelo de conto de fadas....?!

É simplesmente impensável, sempre ouvi dizer, desde o 1º dia que fui para aqui, que o temível e perdido Limbo dos Espelhos – ou o antigo Castelo Negro, como queiras – fosse algo hediondo e infernal, e que fôssemos duramente castigados lá, contudo apareciam-me cantos de folia vindos do nada, que pintavam os meus sonhos mais cor-de-rosa.

Comecei a dormir profundamente..........Mas ouvia tudo, era como se estivesse lá, ainda acordada. A voz grossa, poderosa de homem e com uma acentuação russa na própria maneira de falar Atlante mandou todas as fadas, demónios e bruxas embora, foi aí que tive a certeza que era o Rei dos Bruxos. Depois, surgiu outra voz, a genuína e assustadora voz sinistra do meu Padrasto, que disfarçava fluentemente o pesado sotaque alemão num tom solene e respeitoso, mas distorcido por um sarcasmo quase trocista.

«Bem-vindo de novo à Bellanária, Vossa Majestade!» Saudou um rapaz, que presumi ser o próprio Goldtheeth em pessoa.

«Que é que está aqui a fazer?! Já devia estar na cama, General!» Disse o da primeira voz, que foi logo interrompido pelo meu Padrasto.

- Majestade, faça o favor de falar mais baixo, porque hoje temos uma convidada muito especial, a minha menina provavelmente já deve estar nas paredes do castelo. – Disse a voz mais aguda do meu padrasto, com um sotaque alemão, demasiado aguda para ser dum homem da idade dele, no entanto, via-se que era dum bruxo! Sou uma fisionomista, e, pela voz, anormalmente alta, com as palavras saídas da boca dele como balas duma metralhadora, quase que jurava…Não! Não podia ser ele. Os meus ouvidos quase que estalaram, era uma voz arrepiante, mesmo: parecia ser a voz da reencarnação do Assassino do Amor…E eu só conheço três homens que têm a voz assim, o meu Padrasto, Rwebertan Samiel Di Euncätzio, e o outro….O outro é melhor não discutir.

Nem acreditava que o meu Padrasto estava a escassos e perigosos metros de distância de mim, agora não era só ao telemóvel ou com aqueles poderes que ele tem de se fazer ouvir onde eu estou que tinha de contar. Quanto

Escutei pacientemente uns passos pesados e longos, e, depois, só aí é que reparei que uma mão acariciava o meu rosto! Nem queria abrir os olhos! Ele riu-se um pouco, e, durante algum tempo, os dedos dele tocaram mais uma vez no meu corpo. Os dedos direitos magros dele afastavam-se ou aproximavam-se do meu peito, enquanto os esquerdos faziam carícias nas minhas pernas, como se ambos tivessem a encantar o meu corpo com uma espécie de feitiço muito forte, como se fosse forçada a fechar os olhos e a ficar mais mole do que um gelado derretido.

Um arrepio passou suavemente e aos poucos por todo meu corpo, era como se tivesse ficado de repente paralisada, e os meus olhos não conseguissem abrir.

Aquela força, aquele poder grandioso puxava-me para que continuasse a fechar os olhos e para que não visse o rosto do meu Padrasto.

Uns lábios secos e masculinos pelo tempo tocaram ao de leve a minha face, e reparei que estava ao colo dele, como se fosse uma inválida. Era muito forte, pelo que eu sentia, um homem desportista.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Especial Aniversário - O Medo...! (2 de Março de 1949)

O cabelo preto ondulava sobre as orelhas de Sara, à medida que ela deixava os portões do palácio. Mas isso era o que menos importava a ela. Nälden, mesmo sendo o advogado da família e amigo de confiança da Duquesa novo efeminado ao abrir as portas da limusina um pouco chocado, com as sobrancelhas franzidas. Ele poderia ser muito boa pessoa e muito compreensível, que ela jurava que ele tinha ficado com os cabelos em pé ao vê-la, vestida com um ar muito provocativo. Sara apenas trazia uma comprida gabardina de couro preta, juntamente com um kameez – calças justas, mas ao mesmo tempo cheio de árabe design em cetim – que foi combinava com a túnica que era de um azul celeste. O chapéu de bruxa, juntamente com uma prata estrela cadente a cair num veludo brilhante cónico dava-lhe um ar maroto.

- Ah... O quê...? - O piloto alemão arregalou os olhos de espanto. - O que é que se passa consigo, Fräulein Sara?! O mundo caiu de pernas para o ar ou sou eu que estou a sonhar? Ai credo, rimei!

- As perguntas ficam para depois, Nälden. – Disse ela, ao apertar o cinto no banco de trás, enquanto que uma segunda rapariga entrava da porta direita.

Azumi – alegria – era assim o que o nome de uma das filhas do embaixador da tribo dos Meniturt representava. Ela era uma conhecida há pouco tempo de Sara, contudo, a jovem duquesa já gostava da rapariga de humor sarcástico como se fosse sua irmã.

Sendo uma rapariga esperta, mas pouco conversadora, Azumi tinha ficado sem o pai nem a mãe muito cedo. Os olhos dela eram de um estranho azul brilhante, e a pele sardenta e amarela quase que denunciava o facto de ser filha de demónios. Tinha um nariz pequeno e em forma de lâmina, coberto por um pequeno lenço que usava sempre. O lenço, púrpura e verde-escuro, axadrezado, era de um veludo suave e sedoso, comprido, fazendo com que por vezes o sangue azul da jovem rapariga com uma boca completamente desfigurada ficasse transparente sobre o tecido. A Sara nunca tinha medo dos demónios de origem japonesa, e eles retribuíam tal coragem com uma grande lealdade. E, embora a asma fosse só uma mentira esfarrapada, era uma mentira necessária para a sobrevivência num mundo em que aberrações como ela nunca tinham sido aceites. Mesmo ao seu lado, Azumi suspirou melancolicamente e deu um vislumbre para o mar, aquele mar tão azul quanto os próprios olhos.

- É um prazer ver-vos de novo, Sra. Dona Duquesa… – Azumi baixou levemente a cabeça numa grave vénia, fazendo os possíveis para que o seu lenço não caísse.

A Sara soltou uma leve risada e, a seguir, deu uma festa nas costas da nova amiga. As mulheres demónios tinham um sentido de humor um pouco retorcido, mas ela nunca tinha pensado que a jovem Kuchisake-Onna fosse uma dessas poucas criaturas que conseguisse encontrar um sorriso em qualquer altura, tanto má, como boa.

- Muito bom dia para ti também, Azumi. – O perfume escorregava de forma graciosa dos dedos da princesa Von Tifon, ao agradecer o facto da amiga lhe ter aberto o frasco. Ela tinha de estar ao menos um pouco arranjada. – Mas ainda não é oficial…Já não te esqueceste que primeiro tenho de me casar para ser Duquesa da Cidade Perdida?

A rapariga de boca cortada da orelha esquerda até à direita limitou-se a abanar ligeiramente a cabeça, ao fechar com um toque desajeitado, a tampa do perfume, com um cuidado desmesurado para não fazer com que os maxilares se desprendessem um do outro, como muitas vezes acontecia nas poucas vezes em que tentava falar.

- Não é preciso dares-me boleia, mesmo assim, quiseste que eu fosse contigo, quando eu podia muito bem correr a distância daqui até à Cidade dos Deuses numa questão de minutos. – Sussurrou ela, na sua voz rouca e fraca, tão sibilante como uma brisa de Inverno. Ela nunca tido a necessidade para falar alto, a sua presença falava por si própria. As pessoas que trabalhavam no Château e eram humanas até pensavam que ela era muda, ou que simplesmente era demasiado fria e mal-educada para responder a qualquer palavra que fosse. Fazia parte da natureza demoníaca de Azumi ser mais silenciosa do que uma serpente piton do amazonas, e ai de quem tentasse magoar a Princesa. A mulher demónio era muito mais assustadora que qualquer bruxo, e apesar de ser até mais pequena que a própria Sara, nem os demónios mais experientes se metiam com a filha do embaixador dos Meniturt. Apesar de tudo isto, quando falava e estava perto da jovem, a rapariga demoníaca conseguia ser muito simpática, e falava muito. Por vezes até demais para o gosto de Sara. Mas isso não era coisa de mal. A princesa até gostava assim, de amigos sinceros e honestos nas palavras que diziam e nas acções que tomavam.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Um Bruxo do Norte (Parte 2)


Mas não era aqui que eu ia encontrar-me com o meu Padrasto, explicou-me o tenente, disse-me para que fizesse o favor de abrir a porta à minha frente, e, em contraste, a câmara de espera e de chegada ao castelo tinha um aspecto simples e humilde.

- Sirva-se duma bebida. Bom apetite – Disse o tenente, com um ar mais gentil que eu pudesse encontrar no mundo, abrindo o armário de mogno castanho. – Se necessitar de mais alguma coisa, toque a campainha.


Com um dedo, apontou para outra porta à direita.


- Quando lhe chamarem, avance por ali, menina. Uma muito boa noite. – Bateu novamente os calcanhares e desapareceu pela escada abaixo.


Não resisti a servir-me duma Frambinam, que engoli dum só trago, recostada no confortável sofá. Estava cansada depois de tanta agitação, e, o sabor a framboesa destilada com álcool fez-me muito bem…! O calor da bebida na minha garganta fez o efeito desejado, acalmando-me lentamente. Prefiro o álcool a anti depressivos, mais lentos do que sei lá o quê. Deitada no sofá com outra bebida na mão, fechei rigidamente os olhos. Ainda conseguia ver a expressão de desespero louco nos olhos azuis do fantasma da minha mãe quando a primeira chama lhe consumiu os pés, esboçando um sorriso sinistro nos lábios vermelhos.


Ao contrário do que muitos pensam, o Frambinam – aquela bebida destilada a partir do suco gelado da framboesa colhida nos princípios de Fevereiro que é tão apreciada pelos Tienenses e pelos bellantes – não foi inventada pelos bruxos chineses. Embora talvez já se tenha dito muita coisa sobre o Frambinam, até os Nazis, no tempo da ocupação, o aproveitaram para fazer propaganda. A primeira publicidade sobre uma bebida tão famosa como o Frambinam, foi a partir de um dos títulos do Senhor Çorunas, o “Bebedor Nocturno”. é para nós o que


Dei mais um gole no Frambinam. Tinham passado dez minutos desde que estava ali, e sentei-me a cabecear.


De repente, acordei. Não conseguia dormir por causa dos fantasmas do passado dos Von Tifon, por isso, não hesitei quando uma voz tenebrosa e robótica chamou pelo meu nome para avançar em direcção à porta.



À medida que avançava para a câmara, mais eu me apercebia que estava a entrar no mais profundo dos núcleos do Mundo dos Bruxos. Mal podia acreditar no que via, era sete vezes maior que o átrio anterior. As altas paredes de cinco a seis metros de alto pareciam crescer cada vez douradas como o trigo que rompe da terra e imponentes como os maiores edifícios de Cyborg Town. Fiquei de queixo caído e olhos a brilhar, quem é que poderia viver em algo tão monumental e luxuoso? As coloridas tapeçarias que eu pisava eram feitas da lã de melhor qualidade que se encontra aqui na Dimensão Mágica, e as poucas cadeiras e móveis eram da melhor madeira de carvalho e alabastro que se...Bom, já percebeste a ideia! Diante de mim, erguia-se uma longa e comprida escalonada de mármore polido cinzento, com belas ninfas de pedra do tamanho de um metro de altura a segurar em pesadas ânforas ricamente decoradas com jóias e pedras preciosas donde brotavam lindas rosas brancas. A beleza do interior daquela divisão é demasiado fantástica para ser contada: no redondo átrio, o branco e o preto jogavam entre si um elegante tom clássico, que não deixava de ser assustador e deslumbrante ao mesmo tempo. A enorme divisão de trinta metros de altura era suportada por colunas brancas de ordem dórica, que no cimo, por sua vez, em cada um dos cinco lados, existia um anjo esculpido lindamente em jade de noventa quilos. Mas, ao contrário de terem expressões gentis e afáveis, tal como as cariátides, estes tinham rostos de homens, armados com espadas, e vestidos com túnicas, escondendo indiscretamente os seus músculos minuciosamente trabalhados, com asas majestosas. Eram rostos de guerreiros, dos tempos do Assassino do Amor. Guerreiros de olhos gélidos e rasgados!


Como é que um só homem poderia se orientar dentro daquelas paredes com sete andares...?! Respirava-se um doce aroma a hortelã-pimenta, eu tinha a sensação que aquele palácio também tinha o cheiro da morte por todo o lado!


O desespero de várias fadas quando um homem alto entrava adentro por aquelas portas de carvalho e as fechava abruptamente, a rir-se cruelmente. O fedor do passado não podia ser apagado. Eu sentia que, durante várias gerações e gerações, o Castelo Negro tinha sido utilizado para prisão, mas não para Bruxos, mas sim para Fadas! Isso dava-me arrepios! Podia imaginar o fantasma do Assassino do Amor a levar pobres inocentes para cima naquelas escadas. Até à chegada do penúltimo Rei dos Bruxos, esta casa era conhecida como o pior sítio para uma fada viver. Só esperava que Kzenah Malagheti fosse mais complacente e bom do que o Mestre Samiel. Obviamente que teria servas, lacaios e criados para obedecerem a todas as suas ordens, mas o Rei dos Bruxos deveria sentir-se muito sozinho nos seus momentos de maior privacidade. Sentei-me, muito cansada num dos sofás com colchoeiro púrpura, e afundei-me nos seus confortos, então, deixei-me adormecer por aquela harmonia tão relaxante e sensual. No topo da escalonada, reparei que várias mulheres olhavam para mim com olhares curiosos. Cada uma das formosas ninfas de bosques longínquos e de savanas quentes tinha no pulso direito um fiozinho de ouro apertado sobre a sobre a carne escorregadia. Conseguia ouvir os seus cânticos entoados em vozes melodiosas, entravam na minha cabeça tão facilmente como se fizessem parte do próprio ar que respirava, repleto de aromas a canela, mel e hortelã-pimenta. Eram as várias noivas e filhas do Rei dos Bruxos, que entravam juntamente com as concubinas demónios dele. Só criaturas como elas é que estão a pé a esta hora.