sábado, 31 de março de 2007

Um novo encontro com o destino

Bem! O dia não podia correr pior! - (
Conheci um rapaz da minha idade bem parecido (chama-se Pedro) e é lindo de morrer!
Vou contar-te como é que o conheci:
O tal grupo que andava com ele andava um bocado abatido e ele propôs irem ao Gima & Anima, um que fica perto da estação Central; a estação onde temos de apanhar o Metro para a escola que vamos frequentar (estou ansiosa pelo 1º dia de aulas), o verdadeiro “problem” é que eu e as manas estávamos de ir buscar uma cerveja para o tio – «sem álcool, egípcia, não é destas mixórdias portuguesas que lá bebem!» – e decidimos ir (por coincidência) ao mesmo café eles iam!
Depois ela armou-se em convencida, começou a caçoar
[1] a dizer que nunca tinha visto um grupo de pessoas tão miseráveis como aqueles 3, o Digas, um que estava quase a fazer 18 anos disse que esses 3 que ela tinha troçado eram os que tinham derrotado o Seta Negra e que era melhor “ a Sra. Loirinha com olhinhos azuis” meter-se nos assuntos dela; e ela irritada com a mão na mesa disse:
- E então? Não podem existir pessoas loiras?
O tal rapaz de dezoito anos penteou o cabelo, já cortado e espetado para a direita, tipo punk e esticou o mindinho com ar de convencido.
- A menina ainda não entendeu a minha língua, não é portuguesa? - Disse o Digas sarcasticamente.
- Claro que não! Se fosse portuguesa, suicidava-me.
- Oh! Minha Sra! Tenha maneiras! - Disse o Digas formalmente.
Eu afastei-me da discussão e disse ao empregado:
- Um Earl Grey·, se faz favor.
- Um Earl Grey e uma Coca-Cola, eu pago. - Disse um rapaz muito moreno, com a barba a crescer que, também por coincidência, tinha-se afastado da discussão, e tinha ido para a mesma mesa que eu; ele ao receber a Coca-Cola dele sorriu contente por me ver.
- Como te chamas?
Também sorri para a sua carinha linda de moreno português, parecia que tinha saído do Algarve e naturalmente, demonstrei sem querer uma auto estima fantástica. O segredo para conquistar qualquer rapaz giro é reparar nele e sem querer, deixar cair um sorriso ou uma pequena frase simples como “como te chamas”. Felizmente, para mim, é fácil não a ser eu a meter conversa, porque são eles que logo começam a falar. Mas é bom começar uma conversa, demonstra modernidade e independência, uma coisa que os rapazes adoram.
- Jessica Magmatite, de Londres. – Respondi eu ao beber o meu chá.
Ao beber a sua Coca-Cola, viu logo que eu era de confiança. Já está no papo.
- Pedro Dardo, da cidade de México ao seu dispor. - Disse-me ele sorrindo – Então, é 1ª vez que estás na Estação Manuelina?
Cocei a cabeça, com um olhar vazio para o Pedro.
- O quê? Mas pensei que… – perguntei eu confusa.
Riu-se, e pondo a mão atrás das costas, quase que entornou a sua bebida na cabeça, mas não fez mal, porque gosto dele na mesma. Pelo menos como futuro amigo.
Sim, acho que vamos ser grandes amigos. Tenho qualquer coisa que me diz isso, chama intuição feminina ou apenas destino, mas cá para mim e com os olhos pequenos castanhos de avelã que me apetece comer que o Pedro deve ser um rapaz engraçado, talvez me dê muitas gargalhadas.
- Desculpa lá. Quando me referi «estás na Estação Manuelina», não estava a dizer que estás na Estação mas sim na zona perto da Estação. - Explicou ele.
Então, corei, e ao limpar-me ao papel, e, pela primeira vez, acho que no fundo, gostava de um rapaz. Mas acho que não, não pode ser. Mas inspira masculinidade por todo o lado, e não consigo parar de olhar para ele sem um sorriso para ele.
Ri-me pela minha nova estranha timidez, nunca me tinha acontecido isto antes.
- É assim tão óbvio que é a minha 1ª vez?
Ele aproximou-me de mim, e ao deixar cair o papel, tentei apanhá-lo, mas eu também quis fazê-lo, no entanto, as nossas mãos cruzaram-se, e vi que íamos ser grandes amigos, e nada poderia destruir isso. Será amor…?
Riu-se, e um pouco embaraçado também, pagou a conta ao empregado.
- Bem, nota-se um bocado. – Respondeu-me a olhar para mim (há química)
[1] Depois acordou para o mundo real, e olhou-me preocupado – Quer dizer…Tu não sabes o quanto este país é perigosa, há fantasmas; grifos; demónios…
De repente, um monte de soldados da SPV apareceu de rompante, abrindo a porta à força, e um deles, tocou uma corneta que soou desafinadamente mal.
Estragaram o momento todo, que brutos estes polícias. Já percebo porque é que os Cyborgs e o povo estão descontentes com aqueles malvados, a violar raparigas indefesas e a pilhar se calhar cafés suspeitos.
Um deles, marchando, e pondo um tapete vermelho, pôs uma estaca com uma bandeira vermelha dourada e azul com uma Serpente em chamas sobre um dos guarda-sóis e em sentido, juntou os calcanhares, num tom muito frio e activo anunciou:
- Passagem de Sua Senhoria, o ServentinViesfPoiritiChief Edwvarditied Goldtheeth.
- Toda a gente que é da MFC não se mexa! Temos suspeitas que este café seja uma base de operações cyborg. – Disse uma voz irritante e aguda.
O Pedro retirou da capa que usava vestido um canudo e demonstrou uma pequena tatuagem, e eu vi que ele ligava o modo de batalha no seu olho electrónico, e agarrou-me e pôs-me debaixo da mesa, como se fosse outra pessoa.
- E depois há os “Fuinhas”. – Disse o Pedro com um tom irónico. – Fica aqui, Jessica. As coisas podem ficar feias.
Debaixo da mesa, curiosa com aquilo tudo, ainda tentei guardar o pão para depois, e reparei que as cervejas estavam na frente de batalha. O Tio Set ia matar-nos de certeza, mas o que importava naquele momento era tentarmos permanecer vivas para as entregar e regressar a casa.
- Quem são os “Fuinhas”? – Perguntei eu.
A rapariga que estava ao pé dos outros rapazes ao tremer foi levada com outros rapazes Cyborgs, com um pouco de medo e a voz fina.
Uma cena de guerra tipicamente atlante, mas… Que estariam eles a fazer num café particularmente popular e inócuo por aquelas paragens…?
- Só são os altos oficiais mais chatos e melgas de toda a Atlântida
! – Disse a jovem atlante a baixar-se também para outra mesa. – Vês aquele pequenote à frente de todos os outros?
Ela apontou para um rapaz de dezoito anos de estatura baixa, pelo menos mais baixo que ela, com uns olhos pretos enormes para um rosto triangular, um nariz anormalmente pequeno e um pouco curvo, como se fosse uma coruja e uma boca pequena, com a barba já feita, pelos vistos muito bem, com uma gabardina preta de cabedal, que nas costas dizia “Glória à Grande Serpente”, pegando habilmente com ambas as mãos duas adagas curvas bastante afiadas. A princípio não parecera intimidativo, mas agora que penso nisso, a qualidade sobrepõe-se à quantidade.
Sim senhor, esta nova vida cada vez mais me espanta. Ela, a ver se não olhava para nós, um meio a medo acrescentou:
- É o Chefe da Polícia da Serpente Vigilante, ou SPV. O que o Dentes de Ouro estará a fazer num bairro como este é que eu não sei.
Bom, queria saber mais sobre ela, então, puxei pela conversa, e desviando-me de possíveis ataques, tentei esboçar um sorriso no meio da confusão.
- E tu? De que lado é que estás, a propósito, como te chamas? – Perguntei-lhe em segredo, para não ser vista.
Ela riu-se e encolheu os ombros. O seu cabelo longo no chão varreu-se, e penteando-se melhor, respondeu um pouco convencida:
- De nenhum. Chamo-me Sara.
Tentei apertar-lhe a mão, mas apenas lhe dei o resto da Coca-Cola que sobrava. Definitivamente uma guerra não é a melhor maneira para se conhecerem pessoas!
- Jessica. – Disse eu meio atarantada com aquilo tudo. – Esta confusão é todos os dias?!
E eu que pensava que a Atlântida era um local pacifico.
A Sara deu uma risada de uma menina perfeita com os seus dentes perfeitos e fixou os seus olhos azuis em mim, tomando a coisa pelo cómico.
- Se chamas a constantes tiroteios; mísseis; bombardeamentos; civis inocentes em prisões políticas cruéis; todo o tipo de luxúria e fuzilamentos da madrugada até às altas horas da noite pacífico, sim, somos pessoas de uma paz incrível e inatingível! – Comentou ela num tom sarcástico. – Baixa-te mais, porque o Dentes de Ouro vai fazer uma pequena entrevista ao pobre do gerente, um dos gémeos Anima.
Ao reparar que o alto oficial apontava a sua adaga para o gerente, ou seja, o gémeo Anima mais velho, vi que o homem de vinte e seis estava um pouco chateado com as mãos no ar pelo Capitão (Segundo a Sara, era a tradução da patente de Ed. Goldtheeth) ter entrado no seu café e ter perturbado o seu ambiente calmo – Já para não falar do meu ambiente calmo com o Pedro!
- Não assustai a clientela! – Disse um dos 2 gémeos que estavam do lado da banca das pessoas responsável pelo funcionamento do café.
O Capitão riu-se sadicamente, e apontou a adaga em chamas de vulcão contra o coitado do gerente.
- Anima, tell me just one thing:
[2] onde está o Dark Sword? – Perguntou o líder do esquadrão, que tinha um sotaque americano americano. – I’m waiting. O.K. É assim: eu vou contar até dez, e se tu não me disseres onde é que está o Dark Sword até lá, é goodbye para o café.
O irmão do ameaçado colocou-se logo em frente do seu irmão para o proteger. Pois, pois, zelando pela segurança, estou a ver mas é zelando pela tirania daquela bruxa da Serpente de Fogo, não pelos interesses do povo esfomeado.
- Não se atreveria! – Disse o outro mas logo um dos soldados disse-lhe para se calar ao colar uma mordaça na boca.

- 1…2…3…Está tentar a minha paciência, Gima. – Disse o capitão quase dando sinal para os outros fuinhas dispararem, mas…
Subitamente, uma rosa azul com um espinho negro interpelou-se entre uma das primeiras balas e surgiu um homem ágil empoleirado no telhado da casa, com uma capa roxa e umas luvas de sangue, desembainhando uma espada negra.
De quem seria…? Bom, esse deveria ter um sentido romântico para as coisas, não achas? Devia ser o Robin Hood da Atlântida. O misterioso homem riu-se e num tom trocista, lançou uma das rosas azuis e uma das lâminas arrancou o nariz de Goldtheeth, muito furioso, fogo, aquelas coisas eram afiadas.
- Deveria ter escolhido um sítio melhor para arranjar os dentes caídos de cima, não acha, meu caro Capitão? – Comentou o homem a beber com o mindinho esticado uma chávena de café.
O Capitão ficou muito chateado e apontando para o chão, desembainhou as suas adagas com água.
- Venhais cá e lutai como um homem, General Dark Sword! – Ordenou o Goldteeth, e todo o esquadrão de polícias secretos estava pronto para disparar.
Quem seria aquele benfeitor que protegia o café…?
O homem soltou uma gargalhada, e encolhendo os ombros, ficou lá no telhado, sem mexer num único músculo.
- E para quê, posso saber a razão? – Comentou ele atirando uma rosa, desta que não era afiada, para mim, e agarrei-a, levantando-me, muito agradecida. – Estão aqui damas, terá a sua batalha, sim, mas não aqui nem hoje. Quando certas belas senhoras tiverem dispersado, talvez poderemos lutar.
Ao ter dito estas palavras, ele levantou-se e com uma perícia tal, aterrou junto a mim, e beijando a minha mão sorrindo com um protocolo enorme, vi que era bastante robusto, com uma espada negra embainhada e sibilando ferozmente, no entanto, a espada ao me ver, desembainhou-se por si própria, e, ao subir ao meu colo, senti um frio terrível, tipo uma rajada de Janeiro no meu pescoço.
- Tenha calma, querida e bela senhora. O meu florete não lhe fará mal, General Dark Sword, James Dark Sword, chefe do Movimento das Forças Cyborgs, a Resistência, a Resistência é o lado dos bons. Um seu humilde servo ao seu dispor. – Disse ele por detrás da máscara de porcelana, com os olhos verdes de esmeralda a brilhar, tirando o chapéu de feltro. – E posso ter o conhecimento a bênção com que os seus pais lhe deram, linda menina?
Que cavalheiro, bem, parece que os von Tifon estão do lado errado, porque nós devíamos apoiar os Cyborgs, e não aquela bruxa mais os seus impiedosos lacaios.
Ia-me logo apresentar, quando reparei que umas balas iam, directamente em direcção a Dark Sword, já o ia avisar, quando este deu um triplo mortal murmurando primeiro na minha orelha “com licença, menina” e agarrando no meu corpo com as luvas, senti uma sensação muito estranha, ao ver tudo de pernas para o ar, e durante sessenta segundos, pensei que ia morrer, mas de repente, aterrei juntamente com o meu protector. Salvou-me de ser morta, que homem…! Sim senhor, que homem! Estávamos lá fora, em segurança, num beco, e parece que ele deve ter utilizado para nos transportar até aqui.
Depois, ajoelhou-se, beijou as minhas pernas, os meus joelhos, os meus ombros, e até ia pensar que ia beijar os meus seios, mas isso não fez, porque depois beijou os meus braços e as mãos, e com um sorriso misterioso, explicou-se:
- Queria certificar-me que não havia nem um ossinho ou músculo ou a sua carinha bonita não se tinha deformado, mas pelos vistos, está tudo a funcionar em ordem no seu corpinho sagrado de deusa, nada estragado.
Bom, que atrevimento! Pelo menos, preocupou-se comigo…Não! Aquele general deve ter para aí trinta anos, mas mesmo assim…Bom, pronto! Gosto de ousados.
Já disse, mas aprecio tímidos, é como dá, para mim tanto faz.
Muito irritada, pus as mãos nas ancas e sem saber o que ia dizer, apontei-lhe para a capa roxa, quando se ouviu uma voz aguda:
- DARK SWORD, NÃO ESCAPAI À NOSSA BATALHA!
O general riu-se, e trazendo uma bola de cristal azul, atirou uma rosa para a cara do chefe da polícia atrevidamente a poucos metros de distância.
- É isso mesmo que farei…! – Dizendo isto, Dark Sword deixou suavemente a bola a rodar, espalhando um gás azul.
Ao se emancipar por todo o beco escuro e pintado de grafites a favor da ditadura, ouviu-se uma gargalhada que congelou todos os corações malvados dos malfeitores e os fez a correr a sete pés daquele sítio.
Quando todos tinham fugido, o Goldtheeth bateu com a mão numa das paredes, e olhando para o céu coberto pelos prédios.
- Isto ainda não acabou, Dark Sword! Vamos embora, rapazes. – Disse isto, mas, ao ver que todos tinham desaparecido, esboçou um olhar de muito maldisposto, cerrando os punhos e resmungando à medida que se ia embora. – Idiotas incompetentes, têm medo de uma risada qualquer, aquele imundo é só um cyborg mulherengo maricas, não o Assassino do Amor em pessoa.
Que estranha tarde, e eu não acredito que deuses; grifos; sereias; fantasmas; cyborgs e cidades perdidas existem!
É impressão minha ou isto mais parece um sonho do que a VIDA REAL!!!...
Meu, deve ter havido uma fuga de gás enorme em casa para eu estar a ter um sonho tão esquisito.




POEMA:

Somehow the world is upside down!
New adventures all around!
Somehow I’m bracking the spell!
No more hidding in a shell!

Then I ask:

- Is that true or false?
[1] Há qualquer coisa/ há amor no ar
[2]“ Conta-me só uma coisa” em inglês

sexta-feira, 30 de março de 2007

O Tio Set e os nossos quartinhos

Quando acabámos a álgebra, um senhor muito simpático veio ter connosco e disse:
- O jantar está pronto.
- Obrigado, nós já vamos ter. – Disse a Solaris – Eu conheço muito bem esta forma de viver, sabiam?
- Sim. – Murmurei eu, que CONVENCIDA!
A sala de jantar era enorme, mais parecia o interior de uma catedral gótica
[1] do que o interior de uma casa.
Havia uma mesa vertical (afinal isto é uma refeição normal ou um copo-d’água
[2]?), um montão de hieróglifos e pinturas egípcias nas paredes (aquilo mais parecia um alfa pendular[3], pá!).
Enquanto estávamos a maravilhar aquelas obras de arte nas paredes, uma voz solene disse:
- Eh! VOCÊS AS TRÊS! SENTEM-SE!
-Quem é o senhor? - Perguntei eu descaradamente.
- A pergunta é: QUEM SÃO VOCÊS? Por favor, sentem-se ao meu lado. – Disse sabiamente a “tal”pessoa.
De repente, via-se muito bem o dono da voz solene (que é que queres? A culpa não foi minha por terem feito a sala de jantar comprida como uma salsicha!), no entanto, assustadora como uma manhã de Inverno.
Era tão estranho, parecia que tinha 60 anos, mas já devia ter uns 6000 anos! Tinha uma cabeça de chacal e tinha imensas rugas – o homem está preso por arames! UNS OLHOS DE SANGUE! - Ou o homem gosta de lentes de contacto coloridas, ou tem um SÉRIO problema de sangue na íris!
A minha irmã mais nova teve de vomitar para aí um milhão de vezes por causa dos estranhos “convidados” do tio Set.
A luz do salão de jantares era claro, e tudo parecia que Set era um pouco resmungão, com a aparência de um homem egípcio que não cortara a barba, e uns lábios secos.
Curiosa, tentei fazer-lhe algumas perguntas, como era a casa, como era a família.
- Então, você é chefe da família? – Perguntei ao beber a água do meu copo.
O tio exibiu os dentes estragados e amarelos na pequena boca, em algo que parecia escorbuto e, tirando o turbante, viu-se uma cabeça loura rapada, quase só com uns pontinhos brancos como prata.
Escovando a sua barba, tossiu repetidamente seguido de um som parecido com o arranhar de um vidro meio rouco.
- Era. – Respondeu ele semicerrando os olhos manchados de sangue por detrás dos óculos de bronze com armadura decorada com hieróglifos. – Antes de Águia Negra e a seguir do grande Conde von Tifon, sim, eu fui o terceiro chefe da família von Tifon.
Tsuna, respirando bem fundo e aproximando-se do velho tio, mas com grande dificuldade, e com uma bravura nada sua, deu um beijo ao rosto de Set e perante tal acto, ele respondeu com uma vénia profunda.
- No Japão, respeitamos os mais velhos e eles merecem uma grande aceitação e apreciação nossa. – Comentou ela com virtuosa compostura.
O velho tio, com lágrimas nos olhos e muito satisfeito, deu um abraço à sua sobrinha mais nova, muito feliz.
- Minha sábia e boa criança, nem o mais inteligente de todos os homens desta casa, com o dobro da tua idade, souberam escutar as preces de um velho senil como eu, mas tu…Cuida bem de ti, pois serás a mais bondosa e generosa mulher von Tifon que esta família alguma vez conheceu!
Realmente, Set é um homem muito sábio, e apesar de ser muito velho, disse coisas muito interessantes, cão me conhecer, contou que já tinha visto o meu espírito infiel e perverso e poderoso em muitos homens da família, principalmente quando o próprio era do dobro da minha idade, ou seja aos trinta anos, tinha uma voz de homem maravilhosa, no entanto era arrogante, bonito e julgava-se o dono de tudo, mas isso é habitual nos chefes de família von Tifon: pensam que têm toda a magia da Dimensão Mágica, e são bruxos. Disse que era aos quinze que a maldade e ambição se notava e se desenvolvia. Conhece tão bem a magia negra como a palma da sua mão, e intitulado em jovem (150 anos ou mais de cem é equivalente a trinta anos na vida dos mortais) Senhor da Força com um forte sentido de dever para com a família, tem umas mãos que conseguem ainda manejar e invocar os feitiços e encantamentos que exigem a mais rígida disciplina e fria concentração; esta eficiência em quase tudo o que faz também se aplica no amor e prazer. Contou-nos que num das suas invocações, perguntou ao homem mortal quando é que poderia aguentar com uma mulher numa só noite. O homem respondeu que ficaria logo duro, e Set respondeu-lhe enquanto que o seu pénis ficara mole por causa de uma só, já ele ainda estaria rígido para os seus milhares de noivas e concubinas. Eloquente, bem-educado, é daqueles homens que sabem do mundo e já o viram girar mais de setenta vezes sete milhões de vezes. Não admira, tem cinco mil anos e é tão experiente e simpático. Gostei imenso da sua companhia ao jantar. Já ia contar que talvez eu fosse o próximo chefe da família. A isto respondi-lhe que seria impossível, pois eu não era assim tão fria e má, nunca iria ser bruxa. Bom…Achas…? Sou assim tão…Sabes…Mazinha, maluca, malvada…?
Depois do jantar, fomos conhecer o palácio: tem 6 andares, a contar com o sótão, o rés-do-chão as masmorras, cada andar tem quatro quartos, três casas de banho, e um salão para fazermos o que quisermos. O primeiro andar é onde os empregados dormem; o segundo é de hóspedes, mas raramente é usado por causa do barulho que há com os demónios e fantasmas que lá vivem e nas masmorras, apenas três podem ser usadas; o terceiro é, obviamente, o nosso, e eu durmo no segundo quarto, enquanto que a Solaris dorme no terceiro e a Tsuna no primeiro. Finalmente o Tio Set dorme no quarto; enquanto o Horus dorme no quarto andar, mesmo em cima de nós e o resto dos quartos e andares…? Também não sei para que é que serve, o Horus disse-nos para jamais, jamais, dos jamais irmos para o quinto andar, e ele disse uma nova proibição especialmente para mim: nunca, mas mesmo nunca, olhar para a enorme moldura de um retracto de um homem qualquer juntamente com uma mulher, nem abrir a porta ou ligar a energia que a liga luz do “lado obscuro” do meu quarto.
Quando chegámos ao meu quarto, fiquei espantada por haver tanto pó do outro lado e no meu estar tudo limpo.
Horus suspirou e muito satisfeito por finalmente acabado a visita guiada.
- Aqui estamos. – Disse ele dando-me um saco com um pó esquisito. – Basta espalhar este pozinho para que tu consigas decorar o quarto à tua maneira. Pode parecer um bocado vazio e sem tons de cores nenhumas, mas entro de minutos, ficará impregnado do teu estilo. A mesma coisa para vocês as duas, Tsuna e Sol.
Tentei soprar o pó, pensando nas melhores coisas que gostaria de ter no meu quarto.
Resultou, poster de revistas preferidas, a minha cama puff cor-de-rosa super fixe já feita, e um tom muito animador de laranja cinza com umas cortinas azuis clarinhas de seda, sim, perfeito.
Sorrindo muito contente, e reparando que as minhas roupas preferidas já estavam no armário e as coisas de higiene na casa de banho mais próxima, deitei-me refastelada a rir-me, muito confortável com a nova vida.
- Mal estou na Dimensão Mágica há horas e já estou a começar a adorar este novo mundo! – Comentei muito bem-disposta.
Horus sentou-se ao pé de mim, contente por eu me sentir à-vontade em casa.
- Ainda bem, pois vais ter de esboçar um sorriso para o teu último grau na escola do Palácio das Reuniões. – Disse ele a ir andando. – Como hoje é o vosso primeiro dia, podem ir deitarem-se tarde para fazermos serão com as outras pessoas convidadas, mas amanhã vamos acordar cedo. Tenho a impressão que a tua magia está muito avançada, mesmo assim, irás à escola do PR como as outras. Vais divertir-te imenso. O Palácio das Reuniões é gargalhadas garantidas, e no Verão, sentir-te-ás outra.
Depois, encostou a porta à minha espera, deixando-me nos meus pensamentos. “Outra pessoa”…
Sim, sem dúvida, em Junho de 2006, sentir-me-ei outra pessoa, certamente uma bruxa, espero que não, eu só quero ser boa, e espero que esta guerra acabe, sim, no fundo, sou boa, e nada nem ninguém irá mudar isso! Ou vai…
[1] Estilo de arte proveniente do séc.XIV
[2] Refeição formal depois do casamento
[3] Tipo de comboio português

A Francesa- Grrrrrr

Nem acredito! Temos de estudar um mês antes das aulas!
Tudo por causa da convencida da Solaris.
Tínhamos chegado à casa do tio quando uma empregada que estava com uma T-shirt disse que podíamos ir para os nossos quartos; aquela loira oxigenada pôs o meu primo nas NUVENS!
L



QUE RAIVA!!!!!!!!!!!!!!...
REVENGE!


A Solaris ficou um bocado raivosa, e disse de uma forma (gritou):
- Ò sua víbora, ninguém se atira a um pintainho (especialmente o meu primo) se NÃO EU!!!
- NÃO GRITES comigo, menina. DUAS HORAS DE ÁLGEBRA! VOCÊS AS TRÊS!
Não sei porquê mas duas horas depois, estamos aqui no átrio, enquanto que aquela fuinha da Spectinha (é assim como ela se chama) está algures num hotel qualquer a curtir o nosso primo!
QUE NOJO!!!

Aquela deslavada não se vai safar com esta.

A VINGANÇA VAI SER TERRÍVEL!

terça-feira, 27 de março de 2007

O Primo Horus

Ora bem, nós estávamos à espera dum táxi que nos levasse à casa do tio, a Solaris estava a ouvir mp3, eu a ler um de mitologia, e a Tsuna a vomitar num saco de plástico por causa do voo.
Primeiro uma pequena coisa que tens de saber: eu estava muito triste, por causa de ter perdido o meu avô adoptivo, tinha sido vítima de um acidente no Egipto, e não tinham descoberto o corpo dele. Ele era arqueólogo, e durante a 2ª Grande Guerra Mundial tinha sido piloto, depois espião, e um dos melhores.
Então, ao me despedir dos amigos do museu onde ele trabalhava, também fiz uma oração e eu, à noite, no museu, disse numa voz média:
- Avô, onde quer que esteja, quero que saiba que foi como meu pai para mim, se o perdi, podia mandar alguém ao meu encontro para ser como meu pai e para me dar as coisas que o senhor nunca foi possível dar-me através do seu trabalho. Meu papá, quero dizer papá por uma vez…Quero sentir que está aqui, que não o inventei, eu sei que um dia voltarás para mim, me encherás de beijos, por favor ouve-me! OUVE-ME!
Eu coitada, estava tão triste, que nem reparei que alguém me abraçou, e que um homem muito estranho, me abraçava, dizendo em Alemão:
- Sente-se bem, menina?
- O meu avô morreu! – Respondi eu a chorar muito triste. – Não tenho família, não tenho papá, nem mamã! Não tenho família para chorar a morte do meu avô!
- Oh, pronto, pronto, pronto, pronto. – Disse o homem em Alemão a abraçar-me como se me conhecesse muito bem, como se fosse o meu pai! – Cheguei, amor, e nada nem ninguém nos vai separar, Princesinha!
- Muito obrigado, agradeceu-o muito por me consolar, é tão bom, senhor. – Respondi eu ainda com lágrimas. – Ninguém, nem o meu avô me compreendeu tão bem!
- Minha vida, aqui estou eu para enxugar essas lágrimas. Vá, menina, não chore.
Ao falar com o homem, descobri que ele era um grande amigo do meu avô, e que me queria ajudar, então quando falámos no café, ele me contou que o acidente tinha realmente sido uma «…catastrófica tragédia…», e que se eu quisesse, era só assinar no papel de adopção, mas eu recusei dizendo:
- Não, meu senhor, por mais simpático, bondoso e com bom coração que o senhor seja, não vou voltar as costas a uma promessa que fiz à minha família do lado da mãe. Descobri-a ontem e não vou faltar a essa promessa! Onde já se viu uma inglesa faltar ao combinado?!
- Eu compreendo a situação menina, mas, se não gostar da sua família, aqui tem o meu número de telefone, escritório e telemóvel. – Disse o homem dando o número de telefone dele no papel.
O número dele era um pouco estranho para ser inglês, então eu perguntei um pouco confusa e sem saber o que fazer no café:
- Olhe, senhor…Quem é você?
Mas antes mesmo de ver bem a cara dele, aquele homem desapareceu sem deixar rasto, então tentei ligar para o número de telefone que estava no cartão, mas nada…!
Muito estranho, mas voltemos à minha história…
A minha irmã é alta, loura com um cabelo aos caracóis solto – Como nós as duas restantes, só que eu sou ruiva e a Tsuna tem um longo e bonito cabelo negro alisado para a frente, e terminado em dois rabos-de-cavalo encaracolados, ela deve ser a única pequena de nós as três, apenas um metro e quarenta e cinco. Já agora, vou aproveitar para falar um pouco de mim: tal como a minha irmã do meio, eu sou alta, mas nada se compara àquela torre magricela da Califórnia de um metro e setenta e oito, e eu com dez centímetros de diferença a menos que ela. Mas eu sou muito mais bonita que ela, tenho lábios um pouco grossos, a comparar com os médios pequenos, não são nada, e depois aqueles seios de plástico comprados numa lojinha não convencem ninguém! O meu cabelo ruivo tem em cima alisado com gel, depois à medida que vai descendo, fica cada vez mais selvagem e encaracolado. A única coisa de que não gosto no meu corpo danone tão perfeito é o meu nariz pequeno demais, as minhas sobrancelhas finas ruivas!
Ela deitou a pastilha fora num ar convencido, como se fosse alguém importante.
- Eu não percebo porque é que vim a esta terrinha de ninguém. – Comentou a Sol com o mindinho esticado. Nem sequer eram cinco horas.
Abanei a cabeça em sinal de desprezo. Pelos vistos, que ricas irmãs que vou ter, uma chorona coitadinha e uma arrogante como sei lá o quê!
Sem olhar para ela, comentei:
- Ninguém te pediu para vires, Mc. Viper.
Então ela ficou com um ar de espantada e indignada.
- Ò mineral, eu só vim por causa da school, OK? – Retorquiu a Sol chateada. – Julguei que era uma transferência, não uma visita ao Jardim Zoológico.
Enquanto nós estávamos a discutir, apareceu um jovem de 20 anos SUPER lindo!
Musculado, pele morena, no entanto com um nariz pequeno e achatado, parecia o Orlando Bloom acabado de chegar das filmagens do Tróia, com um metro e setenta e sete, apertou-nos ambas as mãos, e deu-nos um beijo no rosto de cada uma. Que sorte que nós temos, que sorte!
Era o tal primo que nos tinha enviado uma carta a cada uma, e ela dizia:


Querida prima:
Sei que não me conheces, mas era só para dizer que passámos ANOS em busca de informações tuas, e ao final de uma década de buscas e fracassos, encontrámos a tua família adoptiva, eles não acreditaram quando fomos a tua casa dizer a nossa identidade (tu estavas a dormir nessa altura), mas tudo ficou resolvido quando mostrámos o símbolo de família (sabes essa tatuagem; não é por acaso que a tens, cada membro da família tem). Se aceitares vem ter ao aeroporto do Cairo. Cumprimentos, HÓRUS TIFON

E não era só o rapaz, era também o carrinho, dinheiro…Estou no paraíso, acorda-me, que devo estar no paraíso! Diz-me se isto não é o sonho de qualquer rapariga: dinheiro; rapazes musculados e super bons; família; amor; estou mesmo a sonhar! Vou atacar, vou atacar e é já aquele primo gatinho! Se os olhos matassem…E sabem que já reparei que na nossa família, os olhos não passam do tamanho médio, por exemplo, eu tenho olhos azuis-claros pequenos, um pouco assustadores e penetrantes, mas muito bonitos. A minha irmã mais nova tem olhos castanhos com a forma asiática típica de amêndoas, e a “convencida do meio” tem azuis médios.
Eu e as manas passámos dez minutos a contemplar aquele sonho lindo, ele olhava para nós a passar as mãos por baixo dos nossos olhos. Que querido! Preocupa-se connosco…Ai…
-Não leram a carta? Hello? Primas, nunca viram um jaguar? – Comentou ele a rir-se.
Eu logo tentei meter conversa com ele, sabes, para ligar mais os calos familiares, só isso, mais nada, eh, eh, eh…
Não podia perder tempo a ficar calada. Por isso acenei e dei-lhe a mão, sorrindo muito contente.
- Oh! Pois… vamos? – Disse eu agarradinha a ele.
Oh não! Aqueles olhinhos tão queridos! Fiquei com um sorriso malicioso durante a viagem toda na limusina, junto a ele.
Dentro do confortável e grande carro, havia espaço para nós todos, por isso, sentei-me logo perto dele, no sofá onde se podia ver a paisagem deserta e completamente destruída da Cidade Perdida, uma antiga região, completamente devastada pela guerra, mas não importava, desde que estivesse com aquele borracho, tudo poderia correr optimamente!
No meio da viagem, quando estávamos quase a seguir para o desvio que seguia até à nossa nova casinha, afastei-me mais dele, de modo que pudesse estar à-vontade comigo.
Não o queria assustar, nem fazê-lo fugir a sete pés dali, que é geralmente a reacção que alguns dos rapazes mais tímidos têm quando me vêem.
- Então, aonde é que trabalhas, e és mesmo o Horus, o deus egípcio governante do Egipto? – Perguntei-lhe com um sorriso normal e simpático. – Estou tão curiosa, e aposto que as minhas irmãs também.
O primo fez um sorriso forçado, estou a ver que é dos tímidos, ou dos comprometidos, não vai ser fácil, posso esquecer, se calhar assustou-se.
Depois, suspirou aliviado, soltando um “Fu!”, como se sentisse que o perigo já tinha passado, eu não mordo…Muito!
- Bom! – Exclamou ele a rir-se. – Já sei aonde é que foste buscar esses olhos assustadores e esses lábios grossos. Eu trabalho no Palácio das Reuniões, fica em Portugal, que não é muito longe da Estação Manuelina, outra região atlante, mas que por estes lados não é fácil de se chegar, tem-se de conduzir para aí uns trinta e cinco quilómetros para lá chegar e mesmo assim…
Carregou num botão, onde saiu uma garrafa de água, saciou a sede, e ligou o ar condicionado, é verdade, estes dias estão muito calor, mesmo em Agosto.
Respirou bem fundo, depois acrescentou:
- …Não se consegue conduzir com esta onda de calor! Estão vinte e sete graus à sombra, mas com o fresquinho do carro ainda vá. Graças a Deus que as férias começam em Junho, senão…E nesses dias prefiro ir ao Palácio das Reuniões de metro, e aconselho vocês a fazerem o mesmo nos dias de calor. O cabedal dos assentos e o plástico do carro aquece que é o Inferno aqui quando não ligamos o sistema anti-aquecimento. Uma vez fizemos um piquenique no Verão com toda a família, a vossa mãe, os primos todos, o vosso pai, o rival do pai. Toda a gente veio prevenida, excepto o vosso pad…
Nesse momento, Horus engasgou-se, cuspiu a água num recipiente adequado, e durante dez minutos cuspiu para lá. Parece que “pad” não era bem o que ele queria dizer, seja lá o que ele nos queria dizer. É um fala-barato, realmente. Não se consegue calar durante uns minutos. Deve estar na família, porque todas nós somos umas tagarelas.
Depois corrigiu-se ao limpar-se com um papel higiénico:
- …Excepto o rival do vosso pai. Deviam tê-lo visto a dizer «Oh Céus! Arde tanto, paixão da minha vida, Katrine, cuida de mim, por Amor de Deus!»
Desatou a rir às gargalhadas, enquanto nós não sabíamos nada do que ele estava a falar, escutámos as suas palavras, com um olhar vazio, quem era a Katrine…? E esse tal rival do nosso verdadeiro pai, devia ser mesmo mau, um vilão, para o Horus dramatizar tanto a situação.
E limpando as lágrimas da felicidade, já mais calmo, continuou a falar, com um sorriso de orelha a orelha:
- Claro que não disse isso numa forma assim tão trágica, mas podia-se ver que a sua cabeça de ovo estava a escaldar de tanto estar na praia, e nós a dizermos ao rival do vosso pai…
Eu, farta daquela situação, tentei conversar com o nosso querido priminho Horus, a ver se ele nos tentava responder correctamente, e pondo a mão sobre a sua perna, sorri.
- Primo, mas…Quem era o rival do nosso pai? – Perguntei desconfiada, carregando o sobrolho, a ver se ele não enrolava mais. – Por falar nisso, a nossa mãe e nosso pai, estão vivos?
O primo Horus, a ver que tinha de contar a verdade, de cabisbaixo, tirou a minha mão da sua perna um pouco chateado e mais sério.
- Sabem, primas. A vossa mãe morreu de doença, há muito, muito tempo. – Confessou ele, bebendo outra garrafa de água. – O vosso pai suicidou-se há uns meses, morto num acidente no Egipto. Infelizmente, o rival do vosso pai conseguiu o que queria, e obteve o amor e a aliança da vossa mãe.
Espantadas com a história, nós julgámos que as mortes do nosso pai e mãe tivessem a ver com o tal rival do Pai.
E à medida que abanava com o leque da Tsuna a cabeça, Horus bebeu mais um gole de água, só de contar a história, tinha ficado com mais suor. Que segredos obscuros guardava a nossa família.
Subitamente, o vento começara a soprar forte lá fora, e algo estranho estava a acontecer, há minutos o céu que estava limpo e bonito, agora cobria-se de ameaçadora nuvens que prenunciavam uma possível tempestade.
Ao vê-la, Horus começou a tremer, mas logo se recompôs, afinal era um homem ou um rato, e ele optou por um homem, continuando a história.
- A nossa família era muito unida e feliz, estava tudo combinado para o casamento entre a Tia Katrine (a vossa mãe) e o vosso pai. O vosso pai era bom, muito bonito, e o chefe da família o Águia Negra, logo concordou com o matrimónio. – Disse Horus com um sorriso, mas logo desapareceu. – Tudo era perfeito e bom nessa altura, a Atlântida era próspera e era governada pelo bom e sábio Deus Neptuno, um Nobre da mais alta elite atlante. Até aquele negro dia…
Curiosas com aquela história, ambas pregadas aos nossos assentos, aproximámos de Horus, para saber que raio tinha acontecido à Atlântida e à nossa família. Tal como a tempestade que se ouvia de longe os trovões, haveria uma razão para que os nossos pais tivessem morrido, não, por velhice é que não deve ter sido.
- Que dia?! – Perguntámos ao mesmo tempo em conjunto. – O que é que aconteceu com esse tal paraíso que tu falas, que raio de homem ou mulher pode ter feito tanto mal a…
Mal Horus ia responder, quando reparámos num castelo amarelo enorme datado do século XVI, fortificado com uma forte grade de três metros pintada a verde cinza (não a minha cor preferida, de passagem), cujos portões imponentes tinham nas maçanetas do tamanho de cabeças duas iniciais: V.T. Outra vez a inicial von Tifon?! A nossa família será assim tão importante…? Atrás do palácio era possível vislumbrar um pinhal escuro e apenas iluminado pelas luzes que entravam agora do Sol, que tinha afastado as nuvens da tempestade, embora um nevoeiro miudinho cobria inteiramente toda a extensão da propriedade. Que conspirações ambiciosas e sedentas de sangue estarão por detrás das suas grades…?

domingo, 25 de março de 2007

Dia da Chegada - 23-08-05

Hoje te darei uma pequena ideia de como eu sou e como é que as minhas irmãs e família são. Bom, um auto-retracto, por assim dizer! LoL Assim criaremos as raízes para a nossa amizade, eu a contar-te como vão as coisas por aqui, e tu a ouvires.
Estávamos no aeroporto do Cairo, para uma inglesa como eu, aquilo era uma novidade (as gentes, os templos
[1], e o CALOR!). Mas tinha a sensação que não era só isso que me fazia enxaquecas, mas sim outra coisa, de que algo que iria mudar as nossas vidas para sempre estava prestes a acontecer. A maior parte dos homens que olhavam para nós ficavam para aí a dar-nos flores e a propor-nos em casamento, e nós a rirmos a dizer que não podíamos. Que estúpidos, não estão à minha altura, nem das minhas irmãs, sim porque, segundo as nossas conversas no avião, e fiquei cá com a impressão de que quando aterrámos, não estávamos propriamente no Egipto, mas se tinha uma temperatura mediterrânea, sim, tinha. Também não faltava uma escrita muito estranha no aeroporto. Surpreendentemente, consegui ler o que estava escrito na estranha língua:

Seja bem-vindo à Atlântida! Tenha um belo dia...
Cautela, estamos em plena guerra civil corrente, para não sofrer acidentes, cuidado com as zonas que frequenta.
Zelando pela sua segurança…
∫φф – Serpenteio da Polícia de Vigilância


Ao acabar de ler a tabuleta, ri-me e limpei o pó que existia por detrás. Quem quer que seja o governante da Atlântida, não deve gostar lá muito de turistas para mandar afixar no aeroporto um aviso tão alarmante e suficiente preocupante para manter os curiosos e a imprensa estrangeira pelo menos uns quilómetros afastados da sua fronteira.
Para além disso, antes de podermos atravessar para lá para fora, apareceram à saída do avião dois rufias fardados, cada um com dois metros de altura, para nos fazerem o check-up, e empurraram-nos para uma porta à direita da recepção. Disseram-nos para despir-mos num ambiente desinfectado, e a cheirar a vacinas e a drogas, limpo como sei lá o quê, ladeado com azulejos com motivos florais de margaridas e rosas roxas para ver se não tínhamos alguma doença contagiosa e ver se tínhamos as vacinas em dia.
Ordenaram com uma voz rouca e forte para aguardarmos pelo doutor e pelo comandante do destacamento SPV responsável pela segurança do aeroporto num banco castanho, juntamente com outras raparigas estrangeiras. Todas a tremerem, não sabendo o que lhes ia acontecer.
Enquanto esperávamos, vi que o ambiente não era do melhor, e que estávamos todas vestidas, entre os catorze e os vinte anos. Devo confessar que fiquei um pouco de medo, e estranhando esta análise, digamos que a hospitalidade dos atlantes não é famosa por aqui, tão-pouco a sua beleza perfeita, digna de estrelas de cinema, os homens que nos empurraram para o check-up não eram lá muito do meu género.
Tudo aquilo era um pouco difícil de acreditar que seria mesmo um check-up vulgar, e ao observar a porta do outro lado, ouvi gritos de jovens raparigas abafados por música rock metal atlante que os guardas cantarolavam com um sorriso sádico para nós.
Pensei que aquilo seria um daqueles governos ditatoriais árabes que comercia mulheres estrangeiras para os seus homens.
Se assim fosse, então estávamos mesmo feitas ao bife, mas tive de me controlar para não fazer pergunta alguma.
Mas como…? A Atlântida existia mesmo?! Que raio de polícia repressiva seria a SPV, e quais seriam os seus verdadeiros objectivos obscuros…?
Passadas duas horas de espera, entrou pela porta, dois homens, o da esquerda usava uma bata branca, com um estetoscópio pendente como um colar largo e tinha na mão uma arma, uma pistola. Bons, estes aqui não brincavam em serviço quanto a descobrir toxicodependentes, disso, poderia ter a certeza. O da direita, mais novo, com a mesma idade que eu, fardado com a mesma cor azul escura dos homens que nos tinham trazido, uns olhos castanhos enganadores, e um sorriso mais falso do que o dum crocodilo, prestes a atacar.
Ao olhar para nós, sorriu maldosamente, e sentando-se ao contrário num cadeira, com as botas, a mexerem-se de uma forma estranha, assobiou alto satisfeito.
- Bons dias suas c…. – Cumprimentou ele tirando a boina. – Lamento imenso o vosso desconforto, mas, como podem ter lido na tabuleta, ou devem ser demasiado burras para entenderem, estamos em plena guerra civil. Tem-se de tomar precauções, compreendem o que vos digo?
Apenas um silêncio de cortar à faca foi a resposta que se ouviu, e muitas de nós estávamos em pânico no fundo, mas não queríamos dizer.
A pobre rapariga de catorze ao meu lado, de catorze, tremia como varas verdes, e a loura de quinze nem queria saber disso.
Verificaram os documentos, e fomos obrigadas a dizer os nossos nomes e profissões dos nossos pais.
Quando chegou a vez da chinesa, esta respondeu numa voz lamuriosa e muito triste:
- Tsuna Hiroshima, catorze anos. Filha do falido Ashitakal Hiroshima San, accionista da Dreamcast e da Tenente Leniyu, do Estado Chinês. Estou órfã por causa do meu irmão.
O comandante sorriu a fingir que tinha pena dela. Tenho a impressão que não vertia nem uma lágrima por ela
- Que história comovente...Aborrecida! Seguinte. – Comentou ele a bocejar, sem ter ouvido sequer o que ela estava ali a fazer.
A loura fitou-o com um olhar frio e com desprezo, valente, com os olhos azuis a brilharem de arrogância e vaidade.
- Solaris McViper, quinze anos. Filha do famoso Ted McViper, dono da cadeia dos hotéis “Viper” e de Lara Setting, imigrante austríaca que arranjou cabeleireiros “Setting”. E posso telefonar a meus pais se quiser confirmar, Sr. Comandante. – Disse ela numa voz como se estivesse a aguentar um grande peso.
Os guardas riram-se da intervenção da rapariga, mas o comandante levantou uma mão, e logo eles pararam de se rir. E numa voz calma comentou:
- Muito gélida, no entanto, boa como sei lá o quê. Farás sucesso, McViper. Idiotas! Deixem-me ver o que ela tem no pescoço.
Um dos rufias quase que lhe partia o pescoço, felizmente que o comandante era muito mais simpático do que os seus homens, senão…
Ao observar a tatuagem, o comandante mudou logo de cara, e com um ar um pouco preocupado, levantou-se e dirigiu-se a um dos guardas.
Depois deu-lhe uma estalada enorme, que a cabeça do guarda quase girou cento e vinte graus.
- Tolos! Seus idiotas! – Comentou o comandante chateado. – O que é que vos passou pela cabeça trazerem uma von Tifon para esta m…?! Elas são damas da alta sociedade, se o Major souber disto, sabem qual vai ser a minha raio de…porcaria de…?! Certamente que a Menina Magnetite e a Menina Hiroshima são as outras duas irmãs.
Ao discutir durante quinze minutos com os seus homens, estes baixaram a cabeça por uns segundos, mas logo os obrigou a olhar para a frente. Parece que a nossa família era muito influente na Atlântida, e tratar com tais modos as “damas” como chamou o comandante, quem diria que as marcas esquisitas no pescoço da Solaris, na perna direita da Tsuna e no meu pulso direito nos salvaram a pele. Eles iam nos drogariam para depois eles nos violassem mais facilmente. Que estúpidos, se eu apanhar aquele comandante mais uma vez na rua, juro-lhe que ameaço-o por nos mandado trazer para aquele bordel negro!
Depois disso, fizeram-se os procedimentos normais: fizeram-nos passar pelos raios X, e finalmente, apareceram duas criaturas enormes que eles tinham presos com trelas de ferro. Eram dois cães foo a rosnar com os seus dentes caninos que metiam respeito com as suas jóias e latidos graves.
O guarda que os controlava fez uma festinha aos pequenos monstros e sorriu ao ver que estes mordiam a bola de borracha que lhes tinha dado.
- Não vos preocupais, meninas. O butcher e o heartless não fazem mal nem a uma mosca, além disso, até se vos fizésseis mal, seriam logo levados para o canil!
Isto está a tornar-se cada vez mais bizarro, graças a Deus que só demorou uns trinta minutos a cheirarem-nos; a babarem-se por cima de nós e a termos a coragem de lhes dar festas, senão, não ia aguentar mais estar numa posição de auto-controlo.
- Dá a patinha à Dama Jessica von Tifon, dá a patinha, Heartless. – Disse o guarda olhando para o cão demónio da direita.
O demónio olhou para mim com os seus olhos esmeralda e deixou-me coçar as suas costas, como se fosse um cachorrinho contente, olhando para mim muito satisfeito e deitando a língua de fora.
- Olhai, parece que ele gosta de si, minha senhora. – Disse o guarda espantado. – Quando um cão foo deixa uma pessoa estranha coçar a sua barriga, significa que essa pessoa é digna de ser respeitada com o maior protocolo. Os demónios e as criaturas magníficas não são assim tão diferentes. Eles sabem que estão perante senhoras muito importantes, mesmo assim, nem um único von Tifon conseguira coçar a barriga de um cão foo, a não ser o Águia Negra e o Conde von Tifon.
Tsuna olhou para o guarda um pouco confusa e perguntou:
- Mas…Onde é que estamos? E quem são esses “vão com os tiros” ou sei lá o quê…?
O guarda começou a rir-se às gargalhadas com a pergunta inocente, e cinco minutos e confusas do que é que tinha tanta piada.
Ao se levantar, ainda com Heartless e Butcher a lamberem-lhe as orelhas, este limpou as lágrimas de felicidade.
- Minhas senhoras. Deixai-me explicar tudo: neste momento, encontram-se na Dimensão Mágica, uma maravilhosa e imensa terra povoada de variadas e diferentes criaturas, quer com aspecto humano ou não: demónios; bruxas; bruxos; deuses; magníficas; nobres; Cyborgs; feiticeiros brancos e aí por diante… – Respondeu o guarda a rir-se. – Não me dizeis, porventura, que não tinham conhecimento de tais terras como a fértil Atlântida, o Palácio das Reuniões e outras maravilhas que este mundo de conto de fadas tem?
Abanámos a cabeça um pouco envergonhadas. Um mundo e universo para além do que conhecíamos…?! Era um pouco difícil de engolir aquela, e no entanto, aquilo fazia sentido, senão como é que poderíamos ter sentido que de uma forma ou de outra, atravessámos o limiar de uma espécie de Fronteira, e quando vimos a suposta Fronteira do “Egipto”, reparámos em criaturas estranhas e bizarras, um rio de sangue, e uma cidade pesadelo onde todo o tipo de demónios e fantasmas habitavam lá.
E agora já estou mais convencida que os atlantes são eloquentes e muito educados.
Estou em casa… Sim senhor…
O guarda também nos contou que a governante da Atlântida era uma malvada rainha e bruxa que mandava as jovens “adversárias” para os campos de batalha da guerra civil para serem violadas pelos agentes da SPV, porque assim não teria competência nenhuma para ser a mais bela de toda as redondezas. A Fronteira e o Palácio das Reuniões algumas vezes são as únicas saídas para uma rapariga atlante conseguir safar-se daqueles tarados totalitários.
Perguntámos qual era o nome da maldita mulher, e o guarda respondeu num tom muito baixo que era Princesa Swerdinada Arco-íris de Fogo, mas que era estritamente proibido dizê-lo, pois acreditava-se que estava amaldiçoado, portanto, chamavam-lhe Dama ou Rainha Serpente de Fogo, para não causar mau-olhado. Que monte de tretas. Tenho a impressão que aqui na Atlântida, são muito supersticiosos.
Também não importa, estou ansiosa para conhecer a minha nova morada, e aposto, que vou adorar esta nova vida…
Acredita que me pus toda linda para ir para a Atlântida, e se soubesse que ia viver para um dos países mais civilizados e modernos de todos os tempos, acredita que levaria mais malas do que as que tenho aqui, perto da rua, na Cidade Perdida, uma das muitas regiões inóspitas e desertas da Atlântida, e se queres a minha opinião preferiria ir viver para Cyborg Town, a capital da Atlântida. Agora tenho de explicar-te o que são os Cyborgs, então cá vai: são feiticeiros normais, como eu ou as manas, com aspecto humano, excepto um pequeno defeito, têm uma maldição antiga na pele, por isso, ela apodrece-se rapidamente, e se não fossem os pedaços metálicos de órgãos, armas, membros, cabeça e outras partes essenciais para um ser mágico viver, eles já estariam em pó. No governo totalitário da Serpente de Fogo, eles são os principais inimigos, e são também considerados abaixo da pirâmide social. Nós; a família von Tifon é considerada no topo da pirâmide social, somos dos feiticeiros Nobres, e segundo o guarda, Nobres e Cyborgs lutam pela supremacia. É por isso que a guerra civil começou: para ver quem é que tinha mais direito, se os Impuros, que são os Demónios e os Cyborgs; se os Puros, que são os Deuses e Nobres. Nós, Puros, somos na maioria bruxos e bruxas, que são o equivalente aos Humanos poderosos e bonitos e famosos…Bem tu, sabes. Temos a magia mais poderosa, somos mais belos e fortes, e a nossa semelhança com os Humanos só seria diferenciada com a nossa maldade insuperável. Pois é, os Maus da fita, que seca, mas pronto, assim já podemos fazer traquinices, eh, eh, eh…
[1] Igreja muçulmana