quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Despedidas amargas...

Feitas as apresentações e conversas habituais, tivemos de nos despedir rapidamente, pois Nälden já começava a ficar farto de tanto procurar pelo estúpido e malandro do Spiegel, dentro em pouco, começaria a estranhar o facto da escondida Jessica von Tifon estar a conversar com um cyborg.
Beijando-me outra vez no rosto, o alegre rapaz sorriu mais uma vez com a sua humildade do costume.
Ao se afastar, acenou com simpatia para mim, fixando-me com aqueles olhos penetrantes, no entanto carinhosos.
- Espero voltar a ver-te sem ser nas aulas, Jessica. – Disse ele. – Nunca te esqueças de mim, não?
Só tive tempo de murmurar uma única palavra, sonante, e muito significativa, selando com selo de ouro na minha mente aquela conversa animada.
Uma palavra que normalmente dizemos quando sabemos que talvez nunca mais possamos voltar a ver-nos:
- Adeus!
Nesse preciso segundo ouviu-se um grito de fúria , clamando por vingança, que me arrepiou os cabelos todos! Vinha dos Alpes das Sereias, e a voz aterrorizadora era de um volume igual à dum trovão num tom espectral:

- Corre, cyborg imundo, apressa-te! Ao abraço de Jessica não poderás escapar!
O rapaz de braços e mãos de metal, estupefacto, não compreendendo nada, correu a sete pés, fugindo de mim e daquela estranha e misteriosa força. Que mal teria-lhe eu feito...?
O meu Padrasto devia estar mal-disposto. As minhas orelhas quase que estalaram ao escutar tal barulho estremecedor; as minhas pernas quase que não queriam mexer-se de tão assustada que estava. Na minha cabeça, continuava a dizer-me a mim própria «O Rei dos Bruxos existe, mas o meu padrasto já morreu!» inúmeras vezes, e tentava pensar em coisas boas. Coragem é coisa que não me falta, por isso, não liguei a esse bizarro fenónemo. Sempre vi filmes de terror desde os catorze. Porque razão um trovão qualquer me iria pôr a correr a sete pés dali?
Tentei assobiar e andar calmamente, inalando com um sorriso de esperança os napoleões dentro da linda caixa branca.
À medida que o Sol afastava as negras nuvens da escuridão e do terror, as fadas tinham um trabalho enorme pela frente do dia.
Por detrás dos doces com cobertura de chocolate branco e de leite às riscas havia um fundo falso, com um bilhete, escrito pela letra do alegre Pedro, mais uma fotografia dele, rindo com os seus dentes todos:

Eis algumas das coisas que o malvado de Tsesustan não nos pode tirar: o Sol; nem as flores; nem o amor; a bondade; a alegria; a compaixão; a amizade; a brincadeira!

Para sempre alegre, Pedro Dardo!

O bom do Pedro. Sempre a inventar formas de fazer com que eu me sinta melhor.
Comecei a ir à procura de Nälden a passadas largas, afinal, daí a bocado já seria uma hora, e se há coisa que o primo deteste é falta de pontualidade, uma vez que O Excelentíssimo General von Tifon em pessoa também não chega uma única vez a um sítio a horas.
Mal sabia o que iria encontrar...!