segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Ano Novo com a Tifongirl (LoL)


Olá, malta!
Sou eu, a vossa Jessica von Tifon, aquela maravilhosa escritora, tifongirl, a única, a bonita....Bem, já perceberam.
Primeiro de tudo, como nunca me esqueço da família, decidi que todos nós vos desejássemos um Feliz Ano Novo – ou seja – as personagens da história.


Vamos começar pelos mais indesejados e hipócritas, estou a falar da SPV, do Goldtheeth e do Rei dos Bruxos:

'Só espero que gostem do champanhe...'

Capitão-Mor Eddward Goldtheeth (Chefe da Polícia Secreta)

«....Que vivemos mais um ano juntos cheio de paz, querido povo dos Bruxos...»

Kzenah Ivanovitch Ragna Igor Malagheti

Um grande e próspero 2008 para todos, de Sua Majestade, a Serpente de Fogo e da SPV

E agora, para os nossos Cyborgs, Deuses, Fadas e Demónios, que nos enchem esta aventura de felicidade:

De todas as Boas Classes um grande ano, cheio de magia e cor!

Rainha Juliana das Fadas; Chefe Zeus dos Deuses e Representante-Mor do Palácio das Reuniões; a Grande Querida Gueixa Lacrimosa, a Senhora dos Demónios; e do Conde James Dark Sword, chefe da Resistência e criador do Movimento das Forças Cyborgs,ou MFC.

Um voto de felicidades do Pedro Dardo:

Meus e minhas, as rabanadas e a cervejola são por minha conta!


Da família von Tifon, de moi e do Nälden:

A todos um Feliz Ano Novo..................! ;)



Estejam prontos para mais aventuras que em 2008 na Atlântida acerca de espionagem, amor, família e amizade nas Histórias com Nome Próprio*.

* - Dúvidas no Grito da Verdade em http://www.tifon-ogritodaverdade.blogspot.com/ ou se quiser contactar-me em c.catigirl@gmail.com

domingo, 23 de dezembro de 2007

Duas caras numa Bruxa (Parte II)

Tinha de ceder à cruel e irónica verdade: a maldade e luxúria estavam-me nos genes da família. Finalmente ia ter o que todas as raparigas tinham: um namorado, e jamais, jamais, iam gozar por eu ser uma fria e “bruxa feia com cara de centopeia” como faziam quando andava na escola. Pré-primária, 1º ciclo, 2ºciclo, 3º....Todos os anos era sempre a mesma coisa. Por causa dos meus poderes ainda estarem a se desenvolver, eu não os conseguia controlar, nem fazia a mínima ideia do que era.
Mas agora sei o que sou, e nada nem ninguém me impedirá para ter o meu final feliz com o meu princípe encantado.
Ao pensar nestas coisas, ri-me alto a bom rir, e comentei, quando deixei os portões abertos da minha casa atrás de mim:
- Que tolo que o Nälden foi.....
Mal ia dizer outra coisa, uma voz, tão arrepiante e frígida como uma assombração vinda do Além, deu uma estridente gargalhada com sotaque alemão:
- A única tola que vejo aqui é a menina, Fräulein Jessica!
Quando me virei assustada e amarela para o já distante Château e tentei abrir, de sobressalto os portões, reparei que estavam fechados à chave...!
Suspirei aliviada, provavelmente fora o estúpido do Nälden a pregar-me mais uma das suas graçolas idiotas. Seria...?
Com os meus feitiços e poções preparados caso o Diabo viesse a tecê-las, olhei para todos os lados com um semblante de bravura.
Quem quer que fosse aquela pessoa, teria de lidar comigo, sim! Porque eu sou muito corajosa quando é preciso....
Meio nervosa, meio com um pouco de coragem, com a carne fria e pálida, retirei da minha cintura, escondida, uma adaga mágica letal e empunhei-a, a observar atentamente apenas a silenciosa e calma noite de Inverno, com o meu casaco de pele azul-escuro de urso super quente.
Subitamente, ouviram-se risadas fininhas e atrevidas de três mulheres, meio a chorar, meio pérfidas perto da fonte onde as três amantes do meu tetrabisavô (Aiuki, Aokai, e Auni) tinham sido mortas.
- Quem....Quem...Quem está aí? – Perguntei com grande receio. – Fantasmas das minhas tetrabisavós, sois vós que fizestes a imitação da voz do meu padrasto?
Tal como eu previ, as três tétricas raparigas orientais da minha idade com robes brancos e quase não se vendo os pés, apareceram, com um vento gelado muito forte.
Sorrindo para mim, elas, em vez de me assustarem, ajoelharam-se respeitosamente, rodeando-me.
- Linda filha nossa, trataste-nos como se fôssemos da família – Disse Aiuki, a mais velha, de dezoito anos. – Por isso, não te faremos mal....
- Pelo contrário! – Continuou Aokai, de dezasseis – De facto, até te ajudaremos para conquistar o amor da tua vida....
- Como sabemos que o Amor e o Bem são as únicas coisas que podem vencer a Morte e o Mal..... – Concluiu Auni, de apenas dez anos.
Interrompendo-as, e, mais calma, mas com muito frio, com a presença fantasmagórica das almas penadas, tentei um pequeno sorriso e murmurei baixo:
- Sim, sim! Minhas queridas e sábias avós, sei! Porém, foram vocês que fizeram aquilo?
As três fantasmas ficaram de pé a olhar para mim, com um olhar vazio e disseram em conjunto nas vozes lacrimosas e soluçantes:
- O quê, filha nossa? Não! Não fomos nós! Realmente, pressentimos há poucos instantes uma alma negra a invocar uma magia infernal, um inimigo antigo de Neptuno, mas nada mais te poderemos revelar, querida filha....
Com isto, desapareceram numa neblina espessa para nunca mais voltar....Deviam ter ido para o local onde os seus restos mortais jazem, ou seja, aquela fonte perto da nossa casa.
Se não tinham sido elas, então quem seria...? Talvez outra vez o meu padrasto....oh não....!
Com aquilo tudo, quase me esquecia que o táxi de Pedro já estava a chegar, e, mal tive tempo de pensar naquelas coisas más todas, quando escutei uma buzinadela que me acordou daqueles lugúbres e sinistros pesadelos.
Para o meu agrado, ele gritou, num tom alegre e ingénuo:
- Vá lá, Jessica! Vais ficar aí parada a noite inteira?
Ainda chocada e pálida por ver com os meus olhos as fantasmas das amantes do meu tetrabisavô, tentei responder num tom que considerava normal:
- Está bem, já vou! Não tenhas pressa.
Assim, apressei-me para entrar no assento de trás, mesmo ao lado do meu querido amigo, e antes de o motorista cyborg pregar a fundo para saírmos daquele sítio horrível, fiz o sinal da cruz, muito preocupada, com medo de aquelas jovens amaldiçoadas voltarem outra vez....Pior, que a voz do meu Padrasto me voltasse a assombrar!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Duas caras numa Bruxa.... (Parte I)


O Spiegel, exausto e com o pelo eriçado por causa do nosso dito passeio à Floresta de Cristal, estava a dormir, enroscado na carpete, uma bela sesta infinita. Sortudo.
Não tem o horário preenchido, como eu, por exemplo. O burro do Hans estava a estudar enquanto ouvia música rock-metal no leitor de mp3. E
Será possível eles serem mais arrepiantes e lugúbres que o costume? Não me apetece responder, dá-me um calafrio só de pensar nisso! Quanto ao Tio Seth, estava, todo entretido a ler uma revista dedicado a cartoons internacionais, e, apesar de me considerar deslumbrante no lindo conjunto formal que envergava, ninguém me notava, com as minhas unhas deliberadamente envernizadas de azul-cinza escuro e polvilhadas de pequeno pó prateado verdadeiro calçadas numas suaves luvas de seda pretas para mulher postos de forma provocadora nos meus lábios carnudos vermelhos a brilharem como sensuais diamantes fazia com qualquer homem ficasse paralisado a olhar todo babado para aquele decote desde que descobria desde a ponta dos ombros até quase a chegar ao centro do peito do disfarce da bruxa linda e superficial que cobria a adolescente insegura e tímida. Aquilo é que eram garra de gatinha, mas, por dentro, achava que estaria a exagerar por uma simples saída de noite para beber um batido super gelado sozinha com um dos meus amigos.
Cmo é que ele reagiria...? «Será que valerá a pena? Já tive tantos amigos especiais, muito melhores e mais sexys que o Pedro, para quê ralar-me com mais um cromo de caderneta santinho como ele...?» Eu sabia que, em tempos, por causa da incrível cegueira do meu avô, eu tinha sido uma menina muito, muito, muito marota.
Já tive montes de namorados, e todos eles concluíram que eu era como uma bomba relógio que nunca se sabe quando vai explodir e deixar fragmentos de corações despedaçados por todos os lados. E isso é mais um dos lados trágicos da minha história, nenhum homem que me conhece amorosamente não fica com alguma marca ou lição para contar aos seus netos quando for velho. Confesso que nessa noite tinha (e ainda tenho) um medo de assustar o Pedro com as minhas.....Digamos loucuras.
Só rezava a Deus que – desta vez – não ficasse a ver navios à noite com um enorme desgosto no meu pobre coraçãozinho!
Subitamente, abanei a cabeça e ri-me do drama que estava a fazer, apercebendo-me do quão pessimistas aqueles pensamentos eram.
«Que estúpida!» Pensei eu para os meus botões. «Eu estou uma brasa com este vestido novo e ainda me lamento? Acorda, Jessica Magnetite von Tifon: aquele menino está na tua palma da mãozinha. Sim, ele, a partir desta noite, só vai ter olhos para mim....»
Andava toda contente e confiante em mim própria, mergulhada nos meus pensamentos glamorosos e cheios de estilo, quando um ser irritante e com miolos de galinha me intrepelou.
Acordei para a realidade, e vi o estafermo do adido do meu primo a fechar a porta fortemente, quase como já soubesse o que eu pretendia fazer.
Sorrindo com ar de pateta, ele perguntou num tom afeminado:
- Fräulein Jessica! Para onde é que vai assim toda Luís XVI?
Eu, com a mostarda a subir ao nariz – já ia chegar atrasada ao meu primeiro encontro com o Pedrinho por causa daquele palerma – pus os braços suaves cruzados, e, com o sapato de salto alto direito azul-marinho de pele a bater impacientemente na mármore polida, olhei-o com ódio.
- É que deves ter muito a ver com o que eu faço ou deixo de fazer, Nälden. – Comentei sarcasticamente. – Porque é que não vais procurar o pequenino e oco amendoim que é o teu cérebro e deixa-me em paz, sim?
Mas o teimoso e idiota rapaz de vinte e dois anos estava “pregado” à porta, nada (infelizmente) o faria sair dali.
Apenas ficou ali, de nariz empinado e com os calcanhares juntos qual sentinela duma fortaleza a defender a morada do seu senhor.
Com a espingarda dum lado e de braços caídos, baixou-se à minha insignificante altura de um metro e sessenta e cinco, com um sorriso, orgulhoso por me enfrentar, disse num tom pedante:
- Só por foi mal-educada comigo, agora é que não saio mesmo daqui!
A essa resposta, levantei bem alto a perna bonita e magra debaixo do meu vestido índigo sem alças justo a realçar as minhas ancas e seios, justamente à altura que ele estava, num grande equilíbrio e calma com um sorriso sádico e nervoso.
Oh, que mania! Temos logo de preparar as nossas armas secretas e pesadas com tipos como o Nälden. Como ele não se interessa por mulheres, só mesmo uma coisa muito sensual e picante é que o faz obedecer às minhas ordens.
O tenente, menos corajoso do que há minutos atrás, engoliu em seco, e, continuando em sentido, corou um pouco.
Mesmo assim, não se deixou intimidar pelo meu escandaloso vestido e permaneceu tão duro quanto uma pedra.
Mexi pacientemente nos pequenos símbolos e amuletos atlantes afrodísiacos de diamantes e prata que trazia no pescoço e suspirei satisfeita. Já estava à espera que ele fosse um osso duro de roer, afinal, os bruxos Alemães e os da SPV são treinados para resistirem especialmente às tentativas de sedução das agentes femeninas da Resistência e tornarem-se em homens implacáveis e sem coração. Porém, decerto que haveria uma maneira de o convencer a me deixar passar.
Actualmente, não me orgulho das minhas qualidades obscuras de induzir os homens a fazerem o que eu quero, mas, quando se trata do meu verdadeiro e único amor, não há nada que eu faça para obtê-lo.
Olhando para o solene e severo Nälden, mais quieto e silencioso do que um soldado lá da Guarda Real do Palácio de Buckingham, fiz um beicinho falso e, numa voz de bebé, implorei:
- Ò Otti...Tu és o único....único....amiguinho que me compreende....Serias capaz de não fazer um favorzinho à tua melhor amiguinha? Deixa-me passar.
Respirando bem fundo, ele continuou a ignorar-me friamente durante uns minutos, sem nunca demonstrar nem um só sinal de fraqueza carnal.
No entanto, por receio ou por talvez impaciência, ele abriu calmamente as portas, muito chateado, já a imaginar a descompostura que apanharia quando se soubesse que eu tinha ido a lado desconhecido à socapa.
Antes de eu fechar tranquilamente as portas, ainda se olhou para baixo, e lançou um olhar de pedra.
- Pronto! Pronto! Pronto! – Exclamou Nälden, com dores de cabeça. – A menina ganhou desta vez, mas não se esqueça: um dia encontrará alguém tão cruel e insensível como a Fräulein, e quando isso acontecer, já não vai rir-se num tom jovial....
Só para contrariar o seu aviso e para este não ter a última palavra, sorri em frente para o insinuoso tenente.
- Ah! – Ri-me. – Sempre queria ver isso....Não, Nälden, até te pagava para ver esse filme rasca.
Dizendo isto, fechei violentamente a porta na cara do estúpido e desatei a rir-me cada vez mais alto ao ponto das risadas trocistas se tornarem em gargalhadas maléficas, tal e qual uma bruxa malvada ao andar em direcção aos portões muito contente.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Amor Perigoso (Parte 2)

Agora vou falar-te do Pedro, como não tenho mais nada que fazer.
Acho que não há rapaz mais amigável e simpático do que ele, é claro que algumas vezes pode ser chato, mas é sempre um amigo para todas as ocasiões. Conhecemo-nos mesmo antes das aulas começarem, e a partir de aí, trocámos ideias um com o outro.
Partilhamos o almoço e conversamos animadamente, sempre que podemos, até acho que sou mais amiga dele, do que com todas as minhas amigas!
Sempre pensámos em ir a casa um do outro, ou vir um dormir à casa do outro, mas nunca conseguimos fazê-lo, e a razão é muito simples: ele é um pobre cyborg, sobrinho de um professor lá do PR (Palácio das Reuniões), e eu sou de uma família rica e famosa de bruxos. Imagina o choque das duas famílias se algum de nós lhe perguntássemos para convidar o inimigo para vir dormir a nossa casa. O Dr. Tezcatlipoca Dardo é um fervente adepto do MFC, e tu já sabes como a minha família está envolvida na guerra até ao pescoço.
Quando está com os subordinados, o meu primo faz logo um escândalo por causa da minha relação com o Pedro. Estava eu sozinha com ele, a tomarmos o pequeno-almoço, ele dirigiu-se para mim, olhou-me com sinceridade e disse num tom sério:
- Jessica, eu sei que tu gostas dele e ele de ti, mas imagina se o teu padrasto vos visse juntos…? Eu posso ser um pouco rígido, mas até acho que não faz mal nenhum andares com aquele cyborg. Agora….O teu padrasto era um verdadeiro bruxo, e dos mais austeros que já conheci!
Aí, eu pus a minha mão na mesa revoltada, lançando um ar confiante e valente enquanto comia os cereais com leite.
- Ora! – Exclamei de boca cheia. – Eu não tenho medo duma pessoa que está no Limbo dos Espelhos , e ainda por cima, morta! Para mim isso entra por uma orelha e sai pela outra!
O meu primo riu-se, bebeu o seu café matinal, e, espreguiçando satisfeito qual grande leão nos seus domínios, pousou a chávena suavemente no prato.
Que estaria ele a pensar de mim…? Será que ele duvidava da minha coragem, ou estaria a fazer aquilo apenas para o meu bem…?
- Eu sei! Eu sei que és valente. – Indagou num tom sarcástico. – Contudo, não te esqueças que aquele malvado do teu padrasto é um feiticeirro muito poderoso, ele poderia muito bem vigiar-te através da sua sombra.
Com um sorriso malicioso, acrescentou:
- Quanto ao jovem Junge Dardo, se o teu padrasto o apanhasse, o coitado do rapaz já estarria nos anjinhos!
Olhei o primo com uma mistura de desprezo e vergonha, engolindo de uma só vez os cereais, e fiquei de boca aberta com a sua resposta tão fria.
Ele nunca é assim tão cínico, muito menos sarcástico! Se ele estivesse normal, provavelmente me daria um enorme raspanete, com longo sermão incluído.
Que haveria de mal com ele…? Se calhar estava a fazer aquele teatro todo apenas para me separar do Pedro…
Levantei-me rapidamente indignada da cadeira e suspirei um pouco triste com a atitude dele.
- Oh, Primo Coutinho, não diga coisas dessas! – Disse chateada. – O Pedro sabe defender-se muito bem, e tem muitos amigos no MFC que o apoiam.
Dito isto, encaminhei-me de nariz empinado para o átrio, para depois ir fazer os TPC, e estudar um pouco, ficando com o dia livre para poder tocar piano.
Queria lá saber do primo e das suas mudanças constantes de humor, além disso, havia a piscina particular cá do Château, não iria perder tempo com velhos bruxos que são resmungões à noite e falsos de manhã.
É preciso dizer-te que ele, desde a primeira sexta-feira das aulas em que o meu amigo colorido espreitou pelas grades do outro lado do enorme portão a ver se eu estava em casa para me levar ao cinema, não simpatizou com a cara do jovem.
Outro dia, ao descobrir que o Pedro me tinha mandado uma caixa de bombons com um bilhetinho a dizer “gostava de poder dar-te um doce beijinho no teu rosto!”, passou-se completamente ao jantar.
- O raio do miúdo ainda mas paga! – Dizia, furibundo, entre dentes enquanto massacrava a carne com os talheres, imaginando tratar-se da carne do pobre cyborg.
A Serpente de Fogo ainda quis derreter o ambiente ao atirar-se ao pescoço do irritado general, pondo o seu ar mais de cadelinha abandonada e envolvendo a sua longa trança preta sobre o ombro dele.
Ela sabia como o seu “querido Coutinho” era de um temperamento….explosivo, e decerto, tanto a rainha atlante como ninguém na mesa queria ouvir mais uma das famosas birras do Excelentíssimo Duque e General Willhem Couto von Tifon, famoso herói da Frente Russa na Grande Guerra, e condecorado com a medalha Cruz de Ferro de 1ª classe por Adolf Hitler.
Sorrindo falsamente, deu-lhe qual língua de serpente a cheirar um possível almoço, um beijo no pescoço.
- Oh, bebé! – Exclamou num tom carinhoso. – São idades…O coitadinho está completamente apanhado pela Jessica! Olha os vizinhos, por favor.
O general empurrou-a de uma forma tão bruta que até um touro seria um cordeirinho com aquela violência.
Quão animal é a discriminação entre classes!
- Querro lá saber dos vizinhos! A guerra é muito mais importante! – Respondeu o Primo, elevando o tom. – Se aquele…Aquele rato de rua imundo aparrece mais uma vez que seja em minha casa; mando decapitá-lo!
Nessa altura, apareceu o Spiegel por detrás das botas pretas do seu cruel dono, massajou-as como se concordasse com ele, e com o pequeno focinho empinado saltou para cima e pôs o seu majestoso rabo peludo nas elegantes calças Armandi castanhos-escuros.
O chefe da família sorriu ao ver o seu gato branco no colo, e deu satisfeito, umas festinhas no adorado persa.
- Esse plebeu não merrece a nossa atenção. – Comentou ainda com a cabeça quente. – Não acha, meu caro?
Toda a família sabe que o primo e Spiegel são completamente inseparáveis, depois do Nälden, é aquela bola de pêlo irritante quem se certifica onde vamos.
É um idiota lambe-botas, tanto no sentido figurado como na realidade, e alguns colaboradores da SPV já foram caricaturados na forma deste convencido felino.
Logo que me vê ou a mim ou às minhas irmãs a sair de casa, dá um audível miado de alarme agudo, para que, dez minutos depois, o Primo Coutinho já esteja no nosso encalço ou o Fritz, ou Skánvasse nos perguntem com um sorrisos arrogantes “Aonde é que as meninas pensam que vão?”
Como queria, mais uma vez agradar ao primo, o horrível gato branco soltou um “miau” longo e afirmativo, deixando-se acarinhar pelas festas.
Detesto esse gato horripilento tanto que até me apetecia era dar-lhe um pontapé no rabo felpudo. E disse isso mesmo a Tsuna, que riu baxinho. O bruxo chefe, já enraivecido com aquele mexerico todo só por causa dum maldito rapaz demasiado inteligente para seu gosto e que nunca conseguiria apanhar ou fazer alguma coisa contra ele, soltou uma risada anormal e maníaca.
Era óbvio que já tinha perdido a paciência com a falinha mansa, e é óbvio que queria conhecer esse rapaz e, de uma forma discreta, tentar livrar-se daquela peste para assim não chamar a atenção da imprensa mais....Digamos mais atrevida, como a News Zone, que adora publicar colunas, mesmo páginas inteiras só acerca da crueldade e rigidez com que o primo faz sobressair o seu poder sobre o povo atlante.
Infelizmente, o seu excitante mau-humour não passou, e, sorrindo com um brilho psicótico nos olhos, bateu com tanta força na mesa que esta quase se rachou em duas, provocando uma pequena falha na madeira de alabastro do antigo móvel.
- Minha prima adorada, minha liebe mulher. – Repreendeu entredentes. – Apenas estou a dizer isto para vos prrotegerr do mundo perigoso que é lá forra.
Tsuna riu-se baixinho e nervosa, qual passarinho a chilrear, pondo a mão na boca, abafando os seus risinhos. Ela discordava dessa opinião antiquada e exagerada do primo, mas como não queria arranjar sarilhos, não disse nem uma única palavra.
«O primo é tão autoritário e rígido que qualquer dia incha que nem um balão e estoira, aí é que não restará nada de nada do pobrezinho Primo Coutinho!» Pensou ela a sorrir e a revirar os olhos divertida com aquela situação.
O que fez Horus e Hans também se rirem, tapando igualmente a boca e conversando em voz baixa. Eram mais velhos, por isso não tinham medo que ele lhes desse uma enorme estalada. O primo aqui não é considerado como um pai ou avô, mas sim como o irmão mais velho.
Debruçei-me sobre os ombros de Hans, fazendo os meus cabelos pretos e encaracolados com nuances vermelhas a caírem sobre os seus joelhos.
- Meu Deus, detesto política! – Exclamou ela a bocejar. – É tão chata....
O primo começou de repente a dar murros obstinados na mesa, muito irritado, e a olhar para todos os lados.
- SILÊNCIO! – Avisou ele, levantando a voz. – Só cá me faltava mais esta: para além de levianas, são mexeriqueiras! Isto é uma casa séria, eu não admito barulho!
Eu, como estava um pouco indignada com aquela afirmação, decidi participar também no aceso debate. Detesto quando ele fica com cara de mau ou se arma em ditador machista
Revirei os olhos intencionalmente qual grande actriz muito espantada por aquele comportamento bruto da parte do General von Tifon e levantei-me, ao acabar a minha peça de fruta, maracujá.
- Claro, e suponho que o uso da força e da violência sejam os melhores instrumentos para nos fazer calar, não é priminho? – Insinuei.
No preciso momento em que acabei a frase, o prato de sopa que estava diante do lugar do nosso respeitado general alemão despedaçou-se em mil pedaços. Spiegel ficou eriçado até à cauda e saiu o mais depressa possível da sala antes que aqui dentro o tempo ficasse mais “entroviscado” e bufou contra mim, lançando-me um olhar desprezo tão arrepiante que nem um tigre dentes-de-sabre seria capaz de o fazer.
Um homem alto e levantado na casa dos quarenta de casaco e gravata azuis-escuros com uma medalha da imponente e os olhos azuis muito abertos e o rosto completamente vermelho e inchado olhou severamente para mim.
Dirigiu-se num passo nervoso e acelarado em direcção a mim, agarrou-me firmemente pelo braço, e ergueu a sua mão pesada e forte directamente para a minha cara.
Iria bater-me....?! Naquelas discussões à mesa ele nunca chegava a esse ponto, mas agora parecia que sim.
- Raparriga ingrrata e imperrtinente! Eu a acolhê-la com a maior das delicadezas e ela a fazer-se fina, não é? – Vociferou. – Mas não faz mal, ai daquele canalha cyborg se o apanho! Vingo-me das suas suas tropelias e prego-lhe uma bofetada que ele nunca mais esquece, e arranjo um lugarr bem na frrente parra verres o espectáculo!
Dito isto, acariciou-me um pouco o queixo qual afecto paternal e beijou o meu rosto com um brilho de maldade nos olhos. Voltou calmo para o seu lugar como se nada tivesse acontecido, e fez cuidadosamente de novo a gravata que tinha se desfeito.
Tem a mania que consegueu manter-se mais frio que uma pedra!
Não tardou que a nossa distinta rainha da Atlântida também se sentisse ignorada e furiosa atirou o seu prato ao chão, desfazendo-se a mil bocados, tal e qual o seu coraçãozinho de bruxa.
- Era o que você precisava que eu lhe desse, seu urso! – Ripostou a Serpente de Fogo a soluçar e quase a gritar.
Ao ouvir insultuosa afronta à sua pessoa, o primo pegou no prato qual tigre irado prestes a apanhar a presa, já com a mortarda a subir-lhe ao nariz, e com os olhos a flamejar de raiva.
- Uma bofetada?! Tu? – Exclamou atónito. – Sempre querria ver isso!
Toda a gente na mesa olhava para aquela discussão com uma grande espanto para aquela enorme confusão, excepto o Tio Set, que continuava sentado, olhando-os com uma experiência e desprezo amargos.
- Se concentrassem mais na inspecção que o Agente Social da SPV do departamento do tubarão do General B vai fazer aqui em casa e menos em palermices de família, talvez o Rei dos Bruxos não estivesse tão interessado em nós. – Disse com muita razão.
Aí intervi, um pouco indiferente à conversa:
- Mas então a Serpente de Fogo não tem total poder sobre a SPV?
O primo aproximou-se lentamente da sua amante e, debruçando-se qual lobo alfa para a sua loba, deu-lhe um beijo carinhoso na testa da mão da Serpente de Fogo, segurando-a firmemente com as mãos fortes e um pouco gordas, e sorriu para mim com ar maroto.
- Querida prrima, que rapariguinha esperta que tu és! – Exclamou, sarcasticamente. – É óbvio que o meu amorzinho não deixa nada a ninguém como quem joga no Euromilhões.
A seguir, olhou para a sua amada com ar frio.
- Tu não deixaste o caso do Testamento de Neptuno àquele Filho de Tsesustan do General B, pois não? Sabias que eu tinha máxima prioridade em ser eu próprio a liderar esse caso, e mesmo assim, desobedeceste-me?!
Ela acenou positivamente, um pouco envergonhada.
Mais uma vez, o primo bateu com a mão na mesa, irritado e exclamou em voz alta:
- És mesmo irresponsável!
Eu, revirei os olhos, comentei a rir-me:
- Falou o Herr “General Não-Consigo-Apertar-Os-cordões-por-isso-meu-amor-não-te-importas-de-ajudar-me? ”...
A família toda desatou a rir às gargalhadas com aquela indirecta, e até o primo e o seu monstro raivoso tiveram de fazer um esforço para sorrirem.
Se consegui perceber o que era isso do “Testamento de Neptuno”....? Infelizmente, não, mas depois daquela discussão acesa, ficámos a saber tantas coisas!

domingo, 25 de novembro de 2007

Amor Perigoso.... (Parte I)

Lá estou eu a imaginar coisas onde elas não existem..., eh, eh, eh! O meu padrasto foi morto há mais de cinquenta anos. Está na hora de eu assumir isso de uma vez por todas!
Não tenho medo das fantasmas das amantes do tetrabisavô, muito menos dos Alpes das Sereias, nem da SPV, nem dos gritos e ira do Primo Coutinho! A única pessoa que morro de terror de ver é o meu perverso padrasto. Para quase ter sido o Rei dos Bruxos, era mesmo perverso! É melhor desistir desta obsessão, até agora não encontrei prova alguma que ele estivesse....sabes....até me custa a dizer....vivo! Tremo até aos ossos só de pensar que aquele malvado possa estar à solta e eu aqui, frágil e....indefesa. Não! Eu sou forte, o problema é que a se alguma vez o meu Padrasto descobrir quem é o rapaz em quem estou interessada...Sabe-se lá que torturas e mil provações horríveis o faria passar!
Não te vou dizer ainda qual é o sortudo, até agora é só amizade, mas quando nos conhecermos melhor....Talvez aí receberei um beijo desse príncipe angelical.
Por um lado, aquela voz mete-me um medo de morte, por outro, só de pensar naquele rapaz dos meus sonhos, os receios e dogmas antigos esvaem-se no ar.
Mas, se alguma vez podesse conversar com ele, porque se soubesse mais dele, saberia mais acerca de mim própria, e aí perceberia, porque razão depois de me apaixonar por um rapaz e quando a coisa está a aquecer, ouço a sua voz. A sua terrível e diabólica voz!
Será que tem inveja, ou apenas faz isso para tornar a minha vida mais miserável...?
Ou será apenas paranóia? É mesmo paranóia minha! Está na altura de pôr estas tristezas de lado e preparar-me para o Dia das Magias Negras com o nosso maior sorriso.
No caminho à frente deparei-me com Nälden, que me levou de imediato no seu “tanquezinho” – um jeep 4x4 com rádio topo de gama, GPS com comando de voz de alta geração, equipado na frente com uma metralhadora silenciosa de cinco mm com um alcance de trezentos metros para a caça aos Cyborgs, e depois dizem que são os camiões de transporte de gasolina os veículos “longos” e letais - e descobri, que apesar de parecer um pouco homossexual, o nosso querido tenente tem aquela mania estúpida que os homens têm de os carrões grandes atraírem as mulheres!
De cor verde-escura, o “tanquezinho” tem um flamingo cor-de-rosa, bradendo a bandeira alemã com um balão estúpido a gritar “Alemanha vive sempre”.
Travou rapidamente, e com os seus óculos de sol lilás, abriu a janela, armando-se em estilaço, perguntou, ao tirar elegantemente qual estrela de cinema os óculos de sol:
- A fräulein querr boleia?
Ri-me maliciosamente um pouco, encolhendo os ombros, e esboçei um sorriso amarelo enquanto olhava de lado para ele.
- Não obrigada, eu não aceito boleia de estranhos. – Respondi indiferente.
Nälden sorriu igualmente qual grande leitor de lábios ou espressões que era é, percebendo a piada que eu tinha feito. Levou-a na brincadeira, porque ambos já nos conhecíamos há muito tempo, e desde o dia em que ele tinha chegado, eu simpatizara com a sua lealdade para com o primo.
E o perspicaz tenente já tinha simpatizado com o meu sentido de estética e com o meu humor alegre.
Abriu delicadamente a porta de trás do jeep, pois o lugar direito estava agora ocupado por Spiegel, refastelado na caixa negra com o cinto cuidadosamente apertado para que ele não pudesse escapar de forma alguma.
Estava mais calmo, e parecia querer saír para vir ter ao meu colo, o que conseguiu fazer, ao soltar o trinco da caixa e rastejar qual serpente para os meus joelhos.
O rapaz virou o retrovisor para mim e decidiu brincar comigo. Fez caretas no espelho com as sobrancelhas castanhas-douradas e piscou os olhos duas vezes. Achava-se no direito de depois de ter percorrido toda a Zona Histórica em busca de um animal de quem nem sequer gostava, merecía um bom “recreio”.
Depois de ter feito isto, com a mão esquerda livre, apontou para si próprio, qual grande actor e com o seu indicador, pôs o nariz mais empinado.
- Eu sou estranho? – Comentou sarcasticamente de forma arrogante. – E o que é que a menina é, Fräulein Jessica?
Desatámos às gargalhadas, enquanto íamo-nos afastando cada vez mais da Floresta de Cristal em direcção para a fácil e direita estrada que levava para o Château von Tifon.
Que manhã tão divertida...!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Os Magos - os médicos pessoais da Atlântida...


O elegante feiticeiro, depois de ter olhado para todos os lados e não vir nem uma única criatura dos bosques presente, fixou o seu olhar de âmbar para mim.
A sua voz suou-me misteriosa e calma, um pouco grave:
- Bom dia, bruxa. Paraste o meu concerto!
Segundo os meus estudos, ele deveria ser um mago branco. Não havia dúvida que era um mago branco, só aquela sabedoria e aúrea um tanto conhecedora e humilde era sinal de ele ser bom.
O velho casaco de pele chegava-lhe quase à ponta dos calcanhares, e mal se viam os sapatos cheios de poeira.
Era uma figura deveras autoritária, de meter respeito, e pareceu-me bizarro o facto de ele ser tão novo e usar roupas e ter uma voz tão poderosa.
O cabelo ruivo longo chegava-lhe aos ombros fortes, e o seu nariz pequeno, era igual ao de um urso.
Na mão direita, brandia um enorme bastão da mesma altura que ele, um metro e noventa e três! Quase que fiquei de boca aberta quando me enfrentou já de pé, mesmo assim, a minha coragem não me falhou. Aliás, aquela figura tão majestosa não metia medo nenhum, mas sim um certo calor e segurança.
Engoli em seco, olhei de cima para o feiticeiro, com os braços delibaradamente caídos, e como se fosse fazer um discurso, respondi confiante:
- Peço desculpa, mas só queria conhecer as suas fadas melhor....
- As minhas fadas?! – Interrompeu divertido.
Riu-se muito alto, com a sua voz alta, pondo as mãos grandes no colo e baixando-se para me ver melhor.
- Aquelas fadas não são minhas, mas sim da Mãe Natureza. Ela criou-as tal e qual tu as viste, pequena bruxinha. – Disse num tom bondoso. – E, por teres demonstrado uma grande humildade ao falar comigo, dir-te-ei a minha identidade.
Os meus olhos curiosos olharam-no com ignorância, e, um pouco confusa, sentei-me cuidadosamente noutro ramo, com as mãos nos meus joelhos, qual modesta e púdica aluna que se senta a ouvir o professor.
Que estaria para aí ele a dizer...? O seu discurso era enigmático, mas de certa forma, soave-me claro e sincero.
Quem seria este feiticeiro tão grandioso, porém, com algo desconhecido na sua forma de ser e vestir...?
Não evitei esboçar um sorriso ingénuo e perguntar:
- E quem é o senhor?
A sua resposta foi óbvia e honesta. Sentou-se ao pé de mim noutro tronco oco onde há minutos atrás tocara, e sorriu com bonomia.
- Sou o Rei dos Magos, jovem Duquesa Jessica von Tifon. – Disse imparcial.
Aí, a minha boca ficou escancarada, e a minha reacção aquela resposta directa foi ficar atónita, sem saber o que dizer, qual mãe que sabe que o seu filho foi morto na guerra.
Como poderia ele saber o meu verdadeiro nome....?!
Adivinhando os meus pensamentos, a resposta a essa outra questão não deixou se de ser entregue:
- Sim, conheço a tua família, Jessica.
Sendo homem, não conseguiu resistir ao tocar no meu delicado rosto, mas os seus olhos “incrustados” na pele vermelha não expressavam qualquer desejo de possuir a minha carne.
A sua bondade permitiu sorrir muito, e consegui vir uma boca suportada por lábios dignos de um homem com bom coração.
Acariciou as minhas maçãs do rosto qual pai terno e carinhoso.
- O teu sangue é de alguém pecador, contudo, o teu sorriso é de alguém que tem a honra dum lugar no todo divino Reino dos Céus garantido. – Aconselhou seriamente. – Não queiras conhecer o teu padrasto, ele apenas te conduzirá à perdição e à loucura!
Dito isto, desapareceu por entre a floresta, tão rapido quanto as belas fadas que o acompanhavam enquanto ouviam a sua música. Rei dos Magos...É impressão minha ou estarei sempre a esbarrar com VIP’s?
Que sorte, sim senhor! Por que razão nunca conseguirei encontrar o meu padrasto?!
Ele estará mesmo morto...? Porque será que sempre toco nesse assunto tão delicado toda a gente olha-me como se eu fosse maluquinha...? Ora! Achas que eu tenho tenho medo? A sério, eu não tenho medo de nada!

domingo, 4 de novembro de 2007

As Fadas - a Natureza


Comecei a ir à procura de Nälden a passadas largas, afinal, daí a bocado já seria uma hora da tarde, e se há coisa que o primo deteste é falta de pontualidade, uma vez que O Excelentíssimo General von Tifon em pessoa também não chega uma única vez a um sítio a horas.
Mal sabia o que iria encontrar...!
Foi o meu grande espanto quando encontrei um monte de fadas animadas e um pianista virtuoso e melodioso. Ao contrário dos Bruxos, as Fadas são o símbolo da mocidade e juventude, as suas aulas no Palácio das Reuniões são apenas um pequeno aperitivo da sua alegre vida apenas para fazer o bem e brincar eternamente entre os bosques, alimentando-se do que a natureza lhes dá, são pobres, mesmo assim, são felizes. Nem se apercebem da guerra, porque a sua natureza campestre e pacifíca não lhes dá olhos ou conhecimento. Estão mais ligadas á natureza do que nós, essas dríades, naíades, e sílfides. A classe das Fadas está dividida em cinco povos: as ninfas do ar, as sílfides, que são as mais pequeninas, tendo apenas o tamanho da minha mão, quase nem se vêem à luz do dia, e a estação do ano perfeita para as ver é precisamente no Outono, voam com as folhas e e divertem-se a brincar ao salto ao eixo com os ratos, as suas asinhas batem silenciosamente, e geralmente são elas que trazem sempre as notícias a quem queira ouvir; as piromenindes de cinquenta centímetros, seres com um aspecto muito semelhante a pequenas meninas de doze anos, que se passeiam pelas lareiras, termas naturais, chaminés e interior dos vulcões adormecidos dos Alpes das Sereias, são duma cor tão negra quanto o carvão.
As dríades, ninfas da terra e das florestas que podem tomar a forma humana, são os espíritos e almas de cada árvore ou planta adormecida. É por isso que os Bruxos queixam-se delas, porque as pequeninas adoram pregar partidas quando algum malvado qualquer da SPV anda a colher ervas na Floresta de Cristal – a eterna morada das dríades, eolídes, e naíades – e dá de caras com uma dessas brincalhonas.
As naíades, as ninfas dos mares, das ondas, dos rios e lagos, ou sereias, são aquelas que, presas ao mundo aquático, jamais poderão vir a terra, e, consequentemente, estão estritamente proíbidas de saír da floresta, caso contrário, o seu corpo de espuma evoporar-se-á e transformar-se-ão em fantasmas, da classe dos Demónios! Por fim, existem as ninfas da Luz, que são as aias da grande Rainha das Fadas. Depois te falarei mais nela.



O ritmo acelarado e meio apressado da música demonstrava o quão “mágicas” aquelas mãos eram. Numa clareira iluminada pelos fracos raios de sol, estavam instaladas e ou a dançar, pequenas ou de tamanho humano, fadas a rir do tão divertidas da folia que o atraente e colorido piano de cauda vermelho lhes proporcionava. Confortavelmente instalado num tronco cortado, um elegante feiticeiro vestido com sapatos de pele castanhos e um casaco de pele de urso vermelho-escuro, alto e esguio parecido com e de olhos castanhos tão brilhantes quanto pedras preciosas, concentrava-se em dar o longo prazer da música às raparigas. O som enfeitiçador do homem com chapéu vermelho e pena de galo verde a tocar nas teclas brancas de marfim encantava e seduzia qualquer menina que estivesse por ali. E eu, não resisti em interromper aquele ambiente tão agradável com um assobio assustador, em que uma rajada de vento quebrou o encantamento do instrumento.
As raparigas viraram lentamente as cabeças e ao me verem, os seus graciosos rostos tornaram-se pálidos como a lua e correram a sete pés. Aquelas tontas aproveitaram o meu vento e saíram dali. Algumas a chorar gotas de orvalho, outras a protestarem e a chamarem-me de “malvada bruxa”! Os seus pezinhos verdes esvoaçaram até chegarem ao ar e voarem qual pombas espantadas para outro sítio onde pudessem continuar as suas folias inúteis.
Idiotas, eu só lhes queria dizer os bons dias, mais nada! Sinceramente, esta divisão de classes é uma grande estupidez. Tenho professores de todas as classes, nacionalidades e aspectos, porque razão um grupo de fadas iria ter medo de mim?

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Despedidas amargas...

Feitas as apresentações e conversas habituais, tivemos de nos despedir rapidamente, pois Nälden já começava a ficar farto de tanto procurar pelo estúpido e malandro do Spiegel, dentro em pouco, começaria a estranhar o facto da escondida Jessica von Tifon estar a conversar com um cyborg.
Beijando-me outra vez no rosto, o alegre rapaz sorriu mais uma vez com a sua humildade do costume.
Ao se afastar, acenou com simpatia para mim, fixando-me com aqueles olhos penetrantes, no entanto carinhosos.
- Espero voltar a ver-te sem ser nas aulas, Jessica. – Disse ele. – Nunca te esqueças de mim, não?
Só tive tempo de murmurar uma única palavra, sonante, e muito significativa, selando com selo de ouro na minha mente aquela conversa animada.
Uma palavra que normalmente dizemos quando sabemos que talvez nunca mais possamos voltar a ver-nos:
- Adeus!
Nesse preciso segundo ouviu-se um grito de fúria , clamando por vingança, que me arrepiou os cabelos todos! Vinha dos Alpes das Sereias, e a voz aterrorizadora era de um volume igual à dum trovão num tom espectral:

- Corre, cyborg imundo, apressa-te! Ao abraço de Jessica não poderás escapar!
O rapaz de braços e mãos de metal, estupefacto, não compreendendo nada, correu a sete pés, fugindo de mim e daquela estranha e misteriosa força. Que mal teria-lhe eu feito...?
O meu Padrasto devia estar mal-disposto. As minhas orelhas quase que estalaram ao escutar tal barulho estremecedor; as minhas pernas quase que não queriam mexer-se de tão assustada que estava. Na minha cabeça, continuava a dizer-me a mim própria «O Rei dos Bruxos existe, mas o meu padrasto já morreu!» inúmeras vezes, e tentava pensar em coisas boas. Coragem é coisa que não me falta, por isso, não liguei a esse bizarro fenónemo. Sempre vi filmes de terror desde os catorze. Porque razão um trovão qualquer me iria pôr a correr a sete pés dali?
Tentei assobiar e andar calmamente, inalando com um sorriso de esperança os napoleões dentro da linda caixa branca.
À medida que o Sol afastava as negras nuvens da escuridão e do terror, as fadas tinham um trabalho enorme pela frente do dia.
Por detrás dos doces com cobertura de chocolate branco e de leite às riscas havia um fundo falso, com um bilhete, escrito pela letra do alegre Pedro, mais uma fotografia dele, rindo com os seus dentes todos:

Eis algumas das coisas que o malvado de Tsesustan não nos pode tirar: o Sol; nem as flores; nem o amor; a bondade; a alegria; a compaixão; a amizade; a brincadeira!

Para sempre alegre, Pedro Dardo!

O bom do Pedro. Sempre a inventar formas de fazer com que eu me sinta melhor.
Comecei a ir à procura de Nälden a passadas largas, afinal, daí a bocado já seria uma hora, e se há coisa que o primo deteste é falta de pontualidade, uma vez que O Excelentíssimo General von Tifon em pessoa também não chega uma única vez a um sítio a horas.
Mal sabia o que iria encontrar...!

sábado, 20 de outubro de 2007

Um "Romeu" bem moderno


E ali está ele, aquele que eu anseio por me levar para o seu castelo de doces nuvens e outros prazeres divinos....Ou pelos menos ´como eu queria que le se parecesse , e olha que são muito parecidos!


Virei-me de rompante assustada, pensando tratar-se de uma nova luva dum sádico agente da SPV, mas em vez da medalha com o terrível símbolo da ∫φф, vi uma pequena lanterna com a cruz latina de Cristo a reluzir trémula.
Um rapaz de estatura média, cabelo escuro como o carvão e olhos penetrantes verdes como o húmido e claro musgo da noite; musculado com barba por fazer, dos seus dezassete anos cumprimentou-me, tirando do chapéu um pequeno napoleão, um pastel quentinho com creme de ovos e manteiga doce como recheio.
Sorriu, mostrando os seus dentes brancos e fortes, baixando-se para me beijar o rosto cavalheiramente.
- Olha, olha, olha! – Exclamou de bom humour. – Jessica! A minha bruxa preferida, oi!
Era Pedro, o filho do Sr. Tezcatlipoca, o cyborg pasteleiro que nos manda as melhores delícias de cozinha atlante que eu já alguma vez provei na hora do almoço. Quando tenho dinheiro, vou a casa dele para almoçar – uma vez que detesto a comida vegetariana da cantina, quse nunca almoço lá – ou quando estou rota, almoço na minha casa. O pasteleiro e gerente do restaurante de três estrelas, o pobre “Nuvem Doce” também é professor da Educaçao de Võo e de Transporte em Magia Negra.
Sempre o achei um pouco amalucado (O Pedro), mas que agora dissesse que eu era a sua bruxa preferida até era exagerado.
Olhei-o um pouco confusa, ao lhe dar um leve beijo no rosto (a forma formal como a gente se cumprimenta cá na Atlântida) e franzi a sobrancelha.
- Bom dia....Não estarás a exagerar? – Perguntei desconfiada. – Ainda há um mês dizias que eu era uma bruxa malvada....
Soltou uma gargalhada bem audível, tão bem diposta, que se pode ouvir por toda a clareira e aí, reparei como a sua voz era máscula.
- Qual quê, Jessica! – Riu-se. – Estava a brincar contigo e mais com alguns bruxos mariolas que só precisam de uma boa lição. E pensar que também és um deles....
Nessa altura, o seu sorriso desapareceu por completo, e começou a ficar um tanto preocupado, olhando-me de cima a baixo como se eu tivesse alguma ferida. Acabado o serviço de cinco minutos, suspirou de alívio, e sorriu ironicamente.
- Estás a passear por estes bosques sem nenhum acompanhante?! Se o nosso ilustre e velho Herr General e Duque von Tifon te apanhasse ainda te puxava as orelhas! – Exclamou num tom divertido, mas logo mudou de tom. – No entanto, não era para falar dos babuínos do Fritz e do Skánvasse que vim cá procurar-te.
Dizendo isto, entregou-me, esboçando um sorriso cúmplice, a caixa com os napoleões, e acrescentou num tom galante:
- Isto é para ti, Jessica. Certifica-te que ninguém veja o contéudo, 'tá? Há certas razões que gostariam muito de a ter.
Pisquei o olho ao Pedro com um sorriso de malícia, rindo-me de tais segredos. Claro que sabia os motivos de tal segredo, ele anda sempre metido em sarilhos com a SPV, espero que não irrite muito o primo. Há uns dias vi-o a fazer graffitis nas grades do portão do Château a gozar com o primo, juntamente com as fantasmas das amantes do tal tetrabisavô a rirem-se.
Depois, dei outro merecido e terno beijo no rosto ao rapaz das entregas.

Fazendo isto, soltei um risinho convencido, pondo a mão nos lábios com sinal de prudência.
- Sim, entendi muito muito bem. – Indaguei satisfeita. – Não te preocupes, que essas “razões” nunca encontrarão o contéudo desta pequena caixinha.
O Pedro é tão simpático, está sempre contente e de bom humour, além disso, é um verdadeiro cavalheiro como já não se encontra. Um rapaz de bom coração assim, merece uma linda menina que partilhe os seus ternurentos momentos de felicidade.
Se a minha magia e amor fossem suficientemente poderosos para o conduzir para uma linda e bondosa donzela, teria todo o prazer em fazê-lo.....e essa linda donzela seria eu!
A harmonia da amizade é fantástica, sem ela, todos os homens morariam no Reino do Caos e do Mal!
Que benção magnifica é ter amigos para nos ampararem nas dificuldades, e a luz da alegria e amizade consegue brilhar até no mais profundo dos abismos!
Mas que contéudo tão secreto ele se estaria a referir...? Ali só estavam napoleões
!? Seria mais uma brincadeira das dele? Se bem conheço o Pedro - e conheço-o muito bem - ele está sempre a armar-se em palhaço. Qualquer dia acontece-lhe mesmo uma desgraça e quem paga as favas? O coitado do pai dele.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O Grito da Verdade (Aviso)


A verdade da Dimensão Mágica toda dita da boca de Jessica Magnetite von Tifon através da sua experiência e das antigas memórias escritas por Rwebertan Samiel Di Euncatzio, o primeiro bruxo de todos os bruxos, o terrível Assassino do Amor no seu leito de morte.


Um anjo caído com a misteriosa necessidade de contar para a sua Atlântida (que tanto o desprezou e o temeu) o passado da vida e o futuro do pais que amaldiçoou com estas palavras:




Quando as princesas atingirem a maturidade, aí, agarrarei o último grito da verdade que restar deste ridículo país, que tanto amei e desprezei...!




tudo isso e as dúvidas que precisam de saber em acerca da Atlântida, da Dimensão Mágica e de tudo mais em tifon-ogritodaverdade.blogspot.com




c.catigirl@gmail.com - o meu e-mail


Fico à espera de novidades... - Famosa frase dita no "17-Jessica" (o meu diário!) e Crónicas do Tempo e da Lógica

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

O Jovem Amor Atlante (Parte II)

«O amor pode ser generoso, mas também pode ser cruel - com o Assassino do Amor, foi terrivelmente cruel!» Famosa porção dum dos raros discursos do misterioso General B. Estou a começar a ficar farta de tanto mistério! A sério que se ouvir mais uma vez esse nome, expludo de curiosidade...!



Uns lábios delicados e deliciosos tocaram no rosto do rapaz, e este sorriu muito corado, acompanhando a sua amiga, e, segurou cuidadosamente a mão da rapariga dos seus sonhos qual um lindo filhote de passarinho.
Que lindo casal que eles fazem!
Preciso desesperadamente de alguém para amar, beijar, dar carícias e dizer “amo-te” na orelha, senão ficarei para trás, e percorria qual hábil e rápido relâmpago na minha vssoura todas as árvores, chamando incessantemente o meu coraçãozinho!
O vento frio da manhã ia contra mim, mesmo assim, eu não desistia de ziguezaguear por entre o bosque, com os olhos a vasculhar por cada sombra ou penumbra (dizem que se encontra o nosso príncipe encantado se se ver primeiro a sua sombra) estranha ou que não pertecencesse à floresta ou a uma fada. Com a minha fiel mão direita adivinha, astuta e poderosa como uma cobra, consigo localizar qualquer cyborg que ande pelas redondezas, mas, o meu indicador direito parecia não ter encontrado até agora.


Dei um suspiro frágil e lugúbre, fazendo parar a vassoura de súbito, olhando para cima, e vislumbrando as monstruosas montanhas dos distantes Alpes das Sereias, uma cadeia montanhosa onde, por mais assustador que pareça, diz por aí que se ouve vozes de mulheres a cantar lindamente melodias fúnebres e tristes. Dizem que lá era a antiga morada do Rei dos Bruxos, e onde forças sinistras habitam os altos montes, aterradores a altas horas da noite se passeiam. Eu faço parte da magia negra, é por isso que sei destas coisas. Por exemplo, com a minha apurada orelha direita que consegue ouvir tudo, escutei ontem gritos terríveis e botas a ressoarem na fronteira do rio que dá para a Alemanha, os lacaios fantasma de Hitler (soldados nazis e demónios) a percorrerem os montes em busca da passagem para o Limbo dos Espelhos que há no assombrado Vale da Morte. Enfim, contam-se lendas muito estranhas de lá: homens sem cabeça; homens com cabeça de peixe; pássaros com mãos e pernas humanas; mulheres com pescoços que se esticam até os cinco metros de altura; mouras encantadas que esperam a salvação de um cristão puro para depois o devorarem inteiro com os seus dentes de morcego! Ora, em termos geográficos, por assim dizendo, a Zona Histórica e as Florestas de Cristais dão para a foz de muitos dos pequenos riachos e água que corre lá no Norte da Atlântida.
Daí, a famosa garrafa de óptima água “Sereia”, a SPV aproveita tão bem a límpida água transparente dos Alpes das Sereias que até já uma barragem. Rio-me de tais lendas disparatadas! Então os Demónios não deviam estar na Fronteira. A Deusa do Caos, Eris, não guarda com cuidadoso zelo os portais negros para se certificar que nenhum demónio ou fantasma começe a assombrar a Atlântida? Então, para quê tanta mexeriquice e boatos das gentes do Norte? É só mesmo para a SPV enriquecer cada vez mais! Nunca fui supersticiosa, e não há-de ser este ano que me vou tornar! Fantasmas e demónios nos Alpes das Sereias... Que tolice! Eu só acredito em Deus e no amor, e mesmo assim, é raro verem-me na igreja aos Domingos.
Agora a minha orelha, procurava ouvir não a magia negra, mas sim a branca, algum sinal de um cyborg que tivesse passado por lá.
- Queridinho, meu amor, onde estará o meu coração? – Comentava um pouco preocupada.
Soprei um beijo para o vento, com as mãos em oração, procurando o meu bem amado, onde é que ele estará?
Será que sonha comigo, tal como Nälden sonha com uma linda menina de cabelos pretos e olhos tão azuis quanto o céu...?
Será que anseia poder tocar nos meus lábios tão ternamente como eu anseio poder tocar nos seus...?
Ainda não encontrei o meu amor, mas ele há-de aparecer, prometo-te! «Como é que ele irá bater à porta...?» Já te digo: ouvirei um cavalgar triunfante, acompanhado por um órgão divino romântico, vou estar nas nuvens, e, depois, aparecerá, num bravo e branco corcel, um garboso e forte jovem, olhos resplandecentes e tão sinceros como as doces castanhas quentes de Outubro polvilhadas de canela; vai trazer chocolates nos bolsos, e eu saberei que ele é “O Tal” quando me pegar pelo colo e fizer rir às gargalhadas.
É meloso não é? Pois, mas sempre que penso nisso, a minha cabeça já está na Lua, e sinto-me tão feliz, tão feliz que até o vejo como uma versão mais nova do meu avô: meio ruivo, meio moreno, rosto fresco e bem comportado, um sorriso tridente, e uma voz máscula e atraente, chamando carinhosamente pelo meu nome.
Fiquei mergulhada nos meus raros e doces pensamentos – eu nunca sou romântica, só quando vejo que estou realmente só e vejo que não há problema, de outro modo, se as crianças não estiverem por perto, fico mais sarcástica e fria que uma pedra – durante minutos e minutos. Quando eu estou assim, ando pelos cantos a cantarolar, não sou nem respondona nem cínica. Pelo contrário! Sou muito mais boazinha...!


Tão aluada estava que nem reparei que uma mão metálica se depositou calmamente no meu ombro, uma mão forte de um homem....

(Continua ...)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

O Jovem Amor Atlante

Mas o que interessava é que o Nälden já tinha perdido a timidez, com um sorriso carismático, voando suavemente no seu tridente negro, e o ambiente romântico era favorecido por uma linda serenata com um acordeão e um violino, uma serenata à atlante, a típica música de amor que todo o feiticeiro atlante dedica pelo menos uma vez na vida à sua amada. O amante atlante é em duas palavras aquele tipo de homem misterioso e encantador, o cavalheiro gentil que nos socorre em qualquer sarilho; mas que não é nada frio, ao contrário do inglês. Carinhoso, é a sua verdadeira alcunha. Acho que nesses dias de Outono, nem quentes, nem frios, em que as as lindas folhas caem qual leves penas nos passeios da Floresta de Cristal é que se consegue ouvir as ternas declarações de amor dos simpáticos namorados atlantes às suas amadas através da eterna voz do inocente "Sami" nas trovi tocadas pelos violinos, pequenas harpas atlantes e pelos acordeões. As trovi é um tipo de baladas tipicamente "made in Atlantis", onde o cómico intrepecta um papel indispensável. O próprio Assassino do Amor componha e dava as letras para todas as bandas sonoras das diversões de Cyborg Town. Estas baladas e serenatas têm a características de serem feitas no período em que o coração do primeiro Rei dos Bruxos ainda não estar... digamos enferrujado. Têm mais de vinte mil anos e ainda são cantadas por vários artistas de rua cyborgs, e que sabem muito bem quem compôs estas canções.
Não é irónico que canções que no Reino de Terror do Assassino do Amor tenham sido consideradas aristocrácticas e privilégio da classe dos Bruxos possam agora ser tocadas e cantadas pela plebe dos Cyborgs? Isto faz-me esquecer os meus problemas, principalmente a mais famosa de todas as trovi, dedicada a um muito dos nomes atlantes característicos - Katherine, que em atlante arcaico significa "Papoila de Verão ":

Papoila de Verão,
Da primeira vez que te vislumbrei,
Turvou-se-me a visão;
Será culpa de quem?
Faltou-me a audição!
Adivinha minha querida,
Não havia naquela noite comigo, alguém?
Dessa primeira vez,
Dessa maravilhosa vez, eu nunca esquecerei!

Da primeira vez que te dei a mão,
Senti-me enamorado;
Senti-me relaxado;
Senti-me extasiado;
Senti-me desnorteado;
Senti-me embriagado,
No doce perfume do teu amor...!

Ò papoila de Verão,
És cada noite o objecto do meu ardor,
Por quanto tempo mais terei de suportar esta dor?!
Linda papoila de Verão,
Bate cada vez mais forte o meu coração!

Termina esta enfermidade com a tua poção,
Uma vez tomada, jamais se poderá deixar,
Esse encantador vício,
Dos teus lábios provar...Linda papoila de Verão!


Ao encontrar a Sara, a palidez habitual de bruxo do Nälden mudou para uma certa felicidade e corou um pouco, fazendo que atrás das costas estivesse na sua mão um ramo de flores.
Sorriu muito contente e, flutuando no seu tridente, saiu confiante, balançando-se ao voar, e apresentou-se, fazendo um voo rasante apressado perto das árvores e desajeitado, qual insecto atraído pela bela luz do luar na fonte perto de nossa casa. Apenas a aterragem forçada perto duns arbustos correu um pouco mal, consequentemente, este caiu de cabeça certeira na lama, com o chapéu bicudo castanho de couro todo enlameado e cheio de folhas de todas as cores, mais parecía um espantalho magricela deixado na floresta.
Uns passinhos delicados de cristal familiares aproximaram-se da ordinária poça, e, numa questão de minutos, a linda princesa chegou ao sítio onde estava o bruxo todo sujo e distraído.
O jovem homem de vinte e cinco anos engoliu em seco, de cabisbaixo, como se tivesse perdido uma batalha. Que diria uma donzela tão fina e bonita quando o visse daquela forma tão desleixada...?
Contrariamente ao que ele pensava, o rosto formoso da menina esboçou um sorriso maravilhoso e tão precioso quanto um tesouro no fundo do mar; seguido de um risinho agudo tão lindo quanto um chilrear duma rola. Ele tinha-a feito rir.
Encolhi os ombros, soltando um risinho menos bonito que o da “Princesa Sara”, piscando o olho, satisfeita com os esforços infrutíferos do Nälden, a tentar ser um esplêndido e garboso bruxo da elite. Bom, ainda era um começo, mas ele já a conhecía de alguns anos. O problema é que não se viam há mais de dois anos, segundo o próprio tenente me tinha contado. O pobre rapaz alemão tem um pequeno fraquinho pela princesa, só não sabe expressá-lo.

sábado, 29 de setembro de 2007

A Floresta de Cristal (Parte I)


Depois do que tinha acontecido há dias, era bom saber que a chuva constante e as trovoadas assustadoras tinham dado lugar a maravilhosos passeios cobertos por todas as cores alegres do Outono, qual grande e confortável manto de folhas, a brisa fresca enchia o ar de um um doce perfume a eucalipto. Algo bom e divino estava para se revelar, e o bom tempo era outra esperança. Decidi ir ver como é que estavam as coisas pela Floresta de Cristal, pois essa linda zona toda de floresta muito densa em que a gente consegue ficar calma e relaxar. Os pregões pouco atractivos trazidos pelo vendedor de castanhas misturava-se com uma estranha voz, tão linda e melodiosa quanto um rouxinol que deliciava até o mais frio e taciturno bruxo.
À medida que a ouviam os poucos pássaros e pombas aproximavam-se dos seus formosos braços, e cantavam juntos com uma rapariga magra de um metro e cinquenta e cinco, alheios a tudo e todos.
E quem pensaria que esta voz sobrenatural seria da encantadora Princesa Sara a passear, sonhadora entre as florestas de cristal, andando numa calma maravilhosa, apreciando os poucos mas valiosos tesouros que a Mãe Natureza tinha para oferecer antes de chegar o longo sono de Inverno. Aquela rapariga judia de dezasseis anos é mesmo a personificação do Bem. Simpática, ingénua, bondosa, generosa, pequena, ela consegue inspirar confiança em qualquer um. Agora irei dizer-te porque lhe chamam “Princesa Sara” à Sara, ela é tão boa, bonita e tem uma bela voz. Acho que ela é mesmo uma princesa, porque de bom grado e com um sorriso o Primo Coutinho lhe dava um quarto, embora só a conheça pela cara e pelas coisas que eu digo dela ao jantar; o Nälden que já a conhece desde que ela tinha onze adora fazer duetos com ela no seu piano; o Hans cora tanto quando falamos dela que até diz num gaguejar meio incompreensível «...adorava conhecer essa fada tão bonita...»; o Fritz e o Skánvasse esperam ansiosamente no seu turno quando lhes falo da milagrosa menina; Horus e Set dizem que gostavam de a ter como amiga deles. Até acho que o meu padrasto...Não!
Esse aí é demasiado mau para ter tido o privilégio de ter conhecido uma flor tão fantástica e linda como a nossa rapariga mais querida. O seu sorriso iluminava tudo e todos enquanto dançava por entre os troncos brilhantes, antigas moradas das fadas. Dos lagos e fontes à volta das floresta, saíram outras criaturas bonitas, para ouvir o canto da Sara. Cabelos verdes feitos de musgo e de plantas fluviais ondulados enfeitavam as peles verde-clara e completamente nuas, as náiades só chegavam até aos meus seios em relação a altura, porém, os seus corpos já eram bastante desenvolvidos, para criaturas femininas.
Aquele dia estava a ser tão estranho que a minha sombra, não aguentando a luz do dia, acenou como se estivesse a fazer uma longa despedida, e desapareceu na escuridão dos bosques, para dar lugar a uma vassoura, cuja eu não me consegui habituar à primeira, e balancei algumas vezes. Mas, lá consegui habituar-me depois de várias tentativas falhadas, e continuei a ver cnuma mistura de inveja e sangue-frio as estranhas fadas aquáticas, que segundo as fantasmas, eram suas irmãs.
Oh! Como tinha ciúmes delas. Nadavam felizes na sua grande – luxuriosa e colorida, pintada pelas maravilhosas luzes da manhã – prisão de mármore e pedra, vigiadas constantemente pela aústera estátua do primeiro von Tifon: braços caídos para a frente como um grande oficial militar; tronco viril para cima nas típica vestes pretas dum bruxo poderoso com o chapéu de feltro e tudo, tapando o brilho das duas safiras que serviam de olhos ao magnifico bruxo; na mão direita, brandia um tridente de três metros, símbolo do poder negro, e na esquerda, fazia flutuar um estranho triângulo formado três linhas curvas negras sempre em movimento dos ponteiros do relógio, onde no centro, giravam como pobres objectos num redemoinho seis esferas. Sabia lá o que aquilo significava, mas se ele tinha um ar autoritário sobre as náiades, tinha.
Olhei novamente para elas, para aquelas fadas, com aquela beleza que ultrapassava qualquer feitiço meu, e, senti o instinto de bruxa a aparecer, o meu lado mau começava a aparecer, e nos meus pensamentos, surgiu uma enorme vontade de pregar um susto de morte áquelas fadinhas betinhas sem graça, com aquelas cantorias pirosas! Os meus olhos brilhavam de maldade e ódio, por que razão seriam mais bonitas que eu?
Jamais poderia ser mais linda que aquelas náiades todas juntas, as raízes que as prendiam à Natureza eram mais fortes que as minhas, elas tinham um pai de pedra pelo menos, que olhava por elas dia e noite! Eu não tenho nenhuma família! São alegres mesmo presas na água. E, para piorar a minha inveja e ódio a elas; conseguem viver com pessoas estranhas. Podes ajudar-me, sinto-me tão só.....Sniff. L Também não tenho namorado, e se continuar assim tão triste, vou acabar como aquelas fantasmas japonesas de ontem, ou mesmo
como a Serpente de Fogo!

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

O quarto de Spiegel....


A luz mal entrava no espaçoso e poeirento quarto, dando um aspecto sinistro aos quadros de antigos bruxos e nazis famosos pela sua infâmia pregados na escuridão, e, pelos seus olhares penetrantres e nada simpáticos pareciam não gostar da presença do seu felpudo amigo. As paredes estavam decoradas com papel de parede com um padrão de pegadas muito adequadas para os sonhos felinos de Spiegel.
Ali estava o nosso pacifíco bichano a dormir na sua cama de dossel preferida com o seu brinquedinho, uma escovinha macia e boa para arranhar, a sofrer dos adenóides, soltando um ressonar muito cómico, que fazia com que os retractos ficassem incomodados, olhando-o com desprezo.
O tenente, olhou ternamente para o bicho pesado e acenou com o indicador, tirando do bolso uma guloseima.
É difícil agradar a este aristocrático e sempre desiludido gato com a mania de se armar em caprichoso, e Nälden sabia isso demasiado bem. Tinha uma pequena recordação na cara como prova que aquele gatão não era para brincadeiras. Uma cicatriz em forma de cruz, um pequeno arranhão como resultado das muitas formas de simpatizar com aquele convençido e preguiçoso sempre a dormir.
Fez um “bsch-bsch” a agitar a goloseima qual orgulhosa bandeira para que o gato, soltando um miado como se dissesse “Eu? Está a falar comigo?” e conseguisse chamar-lhe a atenção.
- Guten Tag, mein Herr
[1] Spiegel! – Disse ele baixinho. – Venha cá, o Onkel[2] Otto tem um bela gominha de caviar e atum para um lindo bichano puro. Se Sua Excelência se portar bem e vir cá para arejarmos um pouco e perdermos o peso, o Onkel Otto dá a bela gominha de caviar e atum a mein Herr Spiegel.
Infelizmente, o “tentador suborno” não resultou e ainda bem que a paciência do nosso amigo tenente é muita. As patas de Spiegel apenas mergulharam preguiçosamente como quatro pedras em areia movediça cada vez mais nos almofadados lençóis.
Ele miou um sonante e convencido bocejo, espreguiçando-se e refastelando-se na cama.
Na penumbra, o rapaz arriscou-se a aproximar-se mais do gato resmungão, desta vez, escondendo a sua mão treinada tanto para dar carícias, como também para ferir com uma faca atrás das costas.
Desta vez, ele iria tentar a diplomacia, e se nem isso nem a ameaça resultasse, então a magia e a violência teriam de responder por ele próprio.
Suspirou com um grande sorriso na cara, olhando para o bichano com um amor incondicional.
Ele ia pôr o gato a falar, era? Ou ia “fazê-lo falar”? Eh, eh, eh...
Baixou-se na sua altura espantosa de um metro e setenta e oito, com os seus olhos azuis um pouco falsos e demonstrando um pouco de desprezo pelo gato.
- Calma, calma, calma! – Exclamou ele entre dentes. – Acima de tudo, tenhamos calma com as nossas respostas, mein Herr Spiegel. Agora faça-me o favor de sair dessa cama antes que nos irritemos a sério!
Aí, o gato lá saiu lentamente do quarto, espreguiçando-se no chão e miando outro audível e estúpido bocejo.
Estava a ver que não, aquele maldito animal qualquer dia ainda vai tirar o pobre do coitado do Nälden do sério.
Tivemos que o levar numa caixa onde ele esperneou, arranhou, mas nem o pior dos gritos conseguiu salvar Sua Majestade de ser arrastada numa caixa negra sem protecção alguma na mala do “tanquezinho” do Nälden. Depois explico o que é essa máquina.
Pelo numa coisa este ignóbil bicho é útil: a fazer com que a nossa maldade sobressaia cada vez mais! Estou a brincar, não, o que eu queria dizer é que algumas vezes, nem nos apercebemos da sorte que temos por não termos vivido naquela altura em que a magia negra era mais forte. Sabes o porquê disso? Porque a luz consegue vencer o pesadelo que é esta guerra civil e este assunto da discriminação entre classes.


[1] Título em Alemão que se refere a ser tratado por “Meu senhor”, e que em Português é “Meu senhor” utilizado para se referir a um homem da nobreza ou a um lorde. Quem diria que até um gato teria sangue azul...?
[2] Tio em Alemão

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sonhos Estilizados e Formosos (Parte II)

Convencido que poderia confiar em mim, acalmou-se, respirou bem fundo, sentou-se resignado com o seu característico sorriso de volta para mim, agarrando a minha mão com os olhos brilhando de meiguice.
É um homem sincero, este Nälden! Não consegue esconder os seus verdadeiros sentimentos a ninguém, e se há coisa que detesta é a mentira, mas perdoa tão facilmente, que poderiam muito bem chamá-lo de anjo.
Com o seu ar jovial, começou a sua história num tom alegre:
- A menina imagine: estava eu a tocar maravilhosamente no meu piano, o lugar a floresta de cristal e flores tão formosas quanto os meus queridos flamingos, quando de repente, ela apareceu!
- Ela quem? – Interrompi num sorriso cúmplice.
Nälden sorriu encantado, e respondeu meio aluado e suspirando num tom apaixonado:
- Uma doce e frágil menina de cabelos pretos soltos, uma pequena jóiazinha, passeando livre, com uma voz tão bela quanto a dum rouxinol e olhos mais claros do que o mar límpido, rodeada por uma aura divina, tão terna e pura....! Qualquer homem ou criatura se enamoraria por ela. Porém....
De súbito, o sorriso desapareceu, e este retornou para o seu estado perturbador.
- Uma sombra ameaçava pôr um fim a esta alegria! – Exclamou sombrio. – No meu coração senti que um monstro irrompia, de olhos ardentes e penetrantes, alto como o mais altivo dos pinheiros da Floresta Negra e nariz de falcão com retumbante grilheta negra aproximou-se da pobre princesa, ansiando apanhá-la com as garras!
As suas mãos começaram a ficar trémulas, e a sua voz começou a ficar cada vez mais perturbada, e desta vez ficou mais pálido do que a cal:
- Foi aí que,soltei uma terrível gargalhada diabólica, gritando “Minha Princesinha, vem comigo! Minha Princesinha, vem comigo! Vem comigo para o meu castelo onde os nossos corpos se juntarão num só!
O seu rosto agora expressava pânico por todo o lado e agarrou-me a mão com uma força que até deixou marca.
- Imagine só! O monstro era um reflexo meu! Mas a linda fada desvaneceu-se como uma miragem nas brumas da lua ainda no céu, para nunca mais voltar...! – Exclamou a morrer de medo. – Que significa isto, menina? Estarei a perder o juízo?!
Cada palavra era dita com um terror e exagero tais, e os seus olhos ardiam de uma paixão louca que até pensei que ele teria mesmo perdido a cabeça de todo, mas não.
Havia uma força para além da aparente demência do rapaz muito alarmado, uma espécie de intuição em proteger a menina dos seus sonhos. Aquele sonho mau, aquele pesadelo seria um aviso de Deus para Nälden ou todos os de bom coração para defender com as suas vidas a Princesa Arco-íris...?
Sim, talvez, mas era melhor para ele não pensar mais naquilo. Valha-me Deus! Fantasmas, monstros malvados!? Era melhor esquecer aquelas histórias de almas penadas á procura de salvação dos justos.
Como ele muito bem disse, não há lugar aqui para fantasmas do passado. Essas lendas da Princesa Arco-íris; Assassino do Amor e fantasmas de meninas perdidas a seduzir homens incautos na floresta é tudo uma chachada!
Felizmente que eu sei como animar alguém que pensa em morte e reencarnação ou outros disparates inventados pelos Cyborgs ou por algum velho bruxo sinistro a meio da noite para meter medo.
Ajudei-o a levantar, e desatei a rir às gargalhadas, fingindo-me divertida e galhofando alegremente com a ingenuidade dele.
- Nälden! Acreditas mesmo nessas balelas contadas por velhos mas inspirados pelos hipócritas dos Bruxos Nazis há mais de cinquenta anos?! – Ri-me, dando um encontrão ao pobre alemão. – Já agora até poderiam haver mulheres com pescoços de girafa, não?
Dito isto, arrastei-o sem medo de nada, até ao corredor, pulando e dançando, cheia de vivacidade. Queria brincar com aquilo, por isso, tornei os meus olhos o mais aterradores e fixei-os para o assustadiço tenente.
- Vamos, o pequeno almoço já deve estar pronto. – Disse eu rapidamente. – Ou queres ficar aí a pensar em bruxos maléficos que devoram meninas incautas e em fantasmas que deambulam pela floresta ao meio da noite?
A minha brincadeira resultou, e ele, com um calafrio na espinha, engoliu em seco e apressou-se a acompanhar-me, cagarrando-me pelo braço direito.
- Nem pensar, menina! – Respondeu numa voz fininha.
Lá fomos nós os dois, esquecendo as aventuras da noite.........! Obviamente que, tal como qualquer dia, Sua Majestade, o Spiegel gostaria de dormir até tarde, mas esse sonho fantástico nunca poderá se realizar, pois são ordens do Excelentíssimo, Eminentíssimo, Tremendíssimo General Couto Wilhem Couto vo Tifon que o seu pobre animalzinho inale o perfume do raiar do dia. «....Coitadinho do pobre gatinho, ele nunca sai do Château, Frau Jessica....» Comenta Nälden com um sorriso amarelo ao dirigirmo-nos para o quarto do arrogante e presunçoso bicho. Quem me dera poder livrar daquele saco de pelo nojento e horroroso.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

28-10-2005 Sonhos estilizados e formosos




Estou tão ocupada a escrever o meu diário que nem reparo em ti. Pois é, deves sentir-te um pouco ansiosa – ou ansioso – em saber quem será o meu padrasto. E eu, a ignorar-te, contando as minhas intermináveis aventuras. É isso que o Pedro me está sempre a dizer. Que sou um pouco egoísta e que deveria pensar mais nos outros do que em mim própria. Mas que se há-de fazer...? Ainda não sei quem é ele, e enquanto não souber como é que ele (o meu padrasto) é, contentár-me-ei a pôr a escrita em dia.
Sou incrivelmente tagarela, não tenho culpa, e toda a gente à minha volta, quer seja conhecido ou não, reconhece-me pela minha língua leve. E o Sr. Pedro Dardo é-o ainda mais, mas esse, prefere falar mal acerca dos outros, é impossível aturá-lo com mais uma das suas crises de fanfarronice de manhã quando vamos tomar a meia-maçã (costume de cá da Atlântida, que às dez em ponto, comemos uma peça de fruta para continuarmos bem o resto do dia)! Faz tempestades em copos-de-água por tudo e por nada, e não me deixa em paz quando estamos nas aulas. Qualquer dia aquele cyborg vai dar comigo em doida se continua assim! No entanto, é tão atencioso e sabe sempre dar um ombro onde confessar todos os meus problemas e feridas do coração. Tão meiguinho que parece um lindo ursinho de peluche. Achas que estou apaixonada? Não seria a primeira vez, mas que estou eu a dizer? Será melhor contar-te como a minha irmã Tsuna anda.
Reparou que eu ando à procura do meu padrasto, pôs na cabeça a ideia maluca que se calhar eu, ela e a Sol não somos realmente irmãs! Não é de admirar, somos muito diferentes uma das outras. Mas aquelas nunca têm nada para contar, portanto, acho que seria bom contar algo engraçado. Por exemplo, o Nälden está como eu, ansioso por viver o seu 1º amor. Podes acreditar que o ridículo em pessoa ainda não se apaixonou depois de 25 anos de vida?! Pronto, eu também não tive um amor a sério realmente, e tenho dezoito, mas ainda posso ser perdoada, não? Sim, eu creio que sim. As nossas lágrimas podem ser perdoadas. Além disso, agora estamos a rir-nos muito disso.
Foi assim: esta manhã, como de costume, eu estava com insónias, pensando em mim mesma e nas minhas horríveis manias de perseguição, sarcasmo, e vaidade que me caracteriza, quando algo me sobressaltou, um barulho vindo do quarto do Nälden no primeiro andar, um gemido e um suspiro infeliz. Parece que não era só eu que estava com crises existenciais, aquele pobre lamuriava canções alemãs de amor enquanto tocava no seu piano, lamentando-se por não ter sorte nenhuma com as mulheres, apesar de ser um homem bem parecido, alegre, sensível – algumas vezes até demais – e musculoso. Só ele é que não sabe que tem o que é preciso para atrair lindas mulheres.
Auto-estima a menos e tristeza a mais, é a doença contagiosa que invadiu este Château!
Decidi averiguar se o coitadinho não precisava de algum conselho, afinal, para além de ser prima do seu patrão, considero-me como sua amiga, porque ele também me ajuda quando estou com a moral em baixo.
Levantei-me cautelosamente da cama, habituada aos sermões do Primo Coutinho acerca de levantar a boas horas e que oito horas da manhã não era altura para uma pessoa se acordar no sábado, andei de bicos de pés até o meu espelho onde vesti o meu robe chinês azul-celeste com um dragão nas costas e calçei os meus chinelos, para poder andar descansada pelas escadas – estão sempre tão geladas que nem me atrevo a pôr os meus pezinhos nus nelas sem calçar qualquer coisa.
Ao chegar ao corredor do primeiro andar, reparei que a porta estava entreaberta, mas ainda se ouvia o piano.
Não quereria perturbá-lo mais, as minhas mãos tremiam como varas verdes, e embora sentisse um pouco corajosa, tinha um friozinho no estômago. Seria bom incomodá-lo aquelas horas da manhã?
Deveria sentir-me obrigada a ajudar um amigo...?
Sabia que era uma questão de ética, mas o meu alegre coraçãozinho travava uma luta com o meu desenvolvido cérebro e a sua chata lógica.
Estava tão indecisa, que nem reparei que umas melgas(sabes, aqueles mosquitos horríveis que, para mim e para o Primo Coutinho são uma praga!) me andavam a zumbir na minha orelha, e ao ver que aquelas pequenas pestes irritantes estavam a tentar picar com aquelas vozinhas agudas, senti-me forçada a entrar porta adentro rapidamente e fechei-a apressada!
Apanhei o Nälden muito pálido, a suar terrivelmente e a pousar a tampa do seu piano de cauda cor-de-vinho polido num tal estado de choque, que nem dava para ver se estava atónito, ou se estava com imenso medo. Algo tinha-lhe aterrorizado, e quando alguma coisa assusta o tenente daquela forma, essa coisa que ele vira não é para ser levada de ânimo leve.
Curiosa e olhando-o com um olhar espantada e sentei-me na cama de dossel acolchoada de um manto com desenhos de felizes flamingos cor-de-rosa e perguntei num tom positivo e simpátivo:
- Que se passa, Nälden? O gato comeu-te a língua?
Ele apenas abanou a cabeça em sinal de “não”, com os olhos arregalados, sem conseguindo proferir uma única palavra, hesitante.
Era óbvio que ele estava “naquele estado”. E eu conheço aquele estado.
É o estado que um bruxo normal e bom fica quando acabou de visualizar uma visão demasiado terrível para ser mencionada no dia.
Não disse nem uma única palavra durante cinco minutos, qual pessoa que tivesse visto um fantasma irado, mas, felizmente, o silêncio foi quebrado pelos sua imediata resposta.
Virou-se para mim finalmente, e olhando-me surpreso, levantou-se de súbito, resoluto a não dormir nem tocar uma única nota, com os olhos abertos e com o queixo caído.
- Nada disso, Frau Jessica! – Disse desesperado. – Onde está ela? Desde que ouvi tal som divino, desde que vislumbrei aqueles olhinhos adoráveis, o meu coração se incendiou e partiu com aquela donzela sobrenatural dos meus sonhos....
Suspirei e sorri, resignada, compreendo o mal que atormentava o pobre tenente, ou estava louco, ou estava apaixonado por alguma fada.
Não há remédio que cure esta enfermidade denominada por 1º amor, não há ninguém que consiga resisti-lo. Dizem os sábios que é contagioso, os antigos acreditavam que era a cura para todas as desgraças do Mundo.
Agarrou-me de rompante com os seus braços, fixando-me com um olhar tão preocupado que até parecia ser outra coisa, aí, senti a sua água-de-colónia forte e ouvi a sua pulsação a bater cada vez mais com mais velocidade.
- Que significará isto?! – Exclamou numa voz muito aguda, com horror. – Sinto que um vulcão irrompe do meu corpo, as minhas mãos tornam-se molhadas e desejosas de apanhar aquela ninfa do meu bizarro sonho esta noite! Ajude-me, minha senhora! Que bruxaria será esta!?
Estava a exagerar, era apenas amor! Revirei os olhos e uma vez mais suspirei a rir-me, libertando-me dos braços viris do fiel tenente.
Homens que sentem o amor chamar, não lhes falta um coração bondoso, e o nosso querido tenente alemão preferido era um desses sortudos.
Olhei-o divertida, tentando conter o riso de tal cena cómica, e estendi a minha mão, sorrindo simpaticamente.
- Isso é erecção, meu palerma! Mas conta-me lá esse sonho, talvez possa ajudar-te a intrepertá-lo – Disse gentilmente.
Na minha cabeça, o que queria dizer era o seguinte «....Apesar de seres um idiota chapado, talvez vá precisar dos teus préstimos mais tarde....»
Sou mesmo cínica, não é? Que é que queres? Estava curiosa, e quando eu estou curiosa, nada nem ninguém me detém!

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

As Fantasmas das Amantes do Tetra-bisavô "Herni"


Sim, pode parecer estranho eu usar esta imagem numa carta, mas era mesmo assim que eu as vi, as assustadoras fantasmas das amantes furiosas do meu tetrabisavô, o Duque Hermann von Tifon!
Desde que ele as assassinou egoistamente para ficar com mais outras duas "adequadas", que assombram a praça que dá para a estra secundária que dá para a nossa casa, desde as quatro até às sete horas da manhã. Ninguém quer encontrar-se com elas, pois sabe muito bem que se for um bruxo, estas irão descarregar a sua fúria sobre ele e arrastá-lo até à fonte, onde será o seu túmulo e é morada das três almas atormentadas. No entanto, têm um sentido de humou incrível e conseguem inventar piadas de qualquer nazi ou bruxo conhecido aqui pela Atlântida.
Enquanto isso, três fantasmas japonesas, vestidas com robes brancos qual três arrepiantes corujas das torres, quase não se vendo os seus pés, cabelos molhados pretos caídos para a frente, com olhares lúgubres e pálidas, ao observarem quietas como pedras a comovente cena de amor entre o bruxo mais implacável da Atlântida a seguir ao Assassino do Amor e ao Rei dos Bruxos e a bruxa mais malvada de toda a Atlântida; começaram a dançar graciosamente à volta da fonte, sorridentes qual três pombas loucas, desatando às gargalhadas, cantando assim nestas ladainhas em vozes fantasmagóricas que ecoavam por toda a praça:





Ô, ô, ô!
Nem vão acreditar...!
Onde já se viu coisa assim?
Ah, ah, ah!

Olhem de cima para baixo, irmãs náiades;
E regozijem em alegria, queridas irmãs,
O Duque Nazi dirigiu-se para a sua sinistra morada,
Ô, ô, ô,
A velha Bruxa de Fogo acompanhou-o, a pobre apaixonada!

Ô, ô, ô!
Quem conheceu o amor da sua vida esta noite?
Mal a terrível luz do Sol subiu no horizonte,
Reparámos num estranho encanto,
Digno de ser honrado pelo nosso pranto,
Que aqui mesmo aconteceu nesta fonte!
Ah, ah, ah!
Onde já se viu coisa assim?!
Ah, ah, ah!


A seguir, ouviu-se as dramáticas e finas sete badaladas do dia, anunciando às fantasmas, para se retirarem imediatamente até às águas da fonte, senão seriam reduzidas a cinzas pelos fortes raios do Sol. Lá foram elas, mergulhando por entre as estranhas bolhas da fonte a brilhar com o crepúsculo, galhofando qual desagradáveis gralhas, rindo às gargalhadas arrepiantes nas suas vozes lamuriosas por terem visto a cena de amor mais ridicula de toda as suas mortes!
Normalmente, quando o primo chega mais tarde sem ninguém para o acompanhar, elas começam a fazer parede contra ele, a assombrá-lo, dizendo serem as fantasmas das amantes do tetra-bisavô Herni a cantar descaradamente:


Duque Nazi, heia, hei,
Tenta apanhar-nos!
Ô, ô, ô!
Duque Nazi, heia, hei,
Tenta apanhar-nos!





A que apanhares, homezinho,
Dar-te-á um beijinho!
Mas tua esposa de Fogo, ah, ah, ah,
Dar-te-á um puxão de orelhas!
Ah, ah, ah, ah
Dar-te-á um puxão de orelhas!
Heia, hei!
Tenta apanhar-nos



Mas parece que hoje, ao verem aquela dama metropolitana tão importante num deserto negro cheio de florestas à direita e areia ccinzenta qual finos grãos de cimento, acharam que é aquilo era areia demais para a sua camioneta, portanto, decidiram que era melhor fazer explodir o pérfido rumour que há um caso entre a Serpente de Fogo e o meu querido priminho Coutinho!

sábado, 25 de agosto de 2007

O Amor de Velhos - Até ao fim dos tempos...?





Como podes ver, eu estou muito romântica hoje, e como já cheguei da minha relaxante viagem, tenho estado a pensar «...Porque não continuar a minha história...?»



Foi assim que irei contar um pouco da história de amor mais improvável e fantástica de toda a Atlântida!


Mas, continuando com a minha história – que é para isso que estás a ler, não é verdade, para me ouvir!
Subitamente, a atrevida mulher teve o atrevimento de se enrolar nas botas do meu primo, colando-se a ele como uma teimosa lapa.
- Please.......! – Choramingou ela. – Senão, o meu ex. vai matar-me!
Por fim, o meu primo olhou-a de alto a baixo qual abutre nojento, sorriu de uma forma muito esquisita, e riu-se.
Havia qualquer coisa naquele olhar, e eu conheçia aquele olhar. Não, não era enjoo, qualquer coisa impossível entre dois velhos bruxos, a única coisa que o Rei dos Bruxos, não compreende nem consegue vencer. Talvez fosse compaixão....Bondade súbita; pena; sentido de dever para com uma dama; chama o que quiseres, mas eu cá achava que era outra coisa.
Uma coisa que supera tudo, e, que para além de Deus, vence o Mal de uma forma quase milagrosa, algo que transforma qualquer coisa murcha em lindo! O Amor, é isso, mesmo! Ele estava apaixonado por aquela bruxa...? Quem diria!
As rugas do velho alemão enrrugaram-se mais de sinceridade e prazer.
- O que se passou contigo? Estás....Diferente. – Exclamou ele ternamente, pegando na mão dela como se fosse um jovem rapaz de dezoito anos. – Pareces mais nova desde a última vez que te vi em 1945 .....
Ela riu-se igualmente, suspirou longamente na sua voz aguda de mulher fatal, retorcendo de uma forma sinistra os seus lábios cor marrom, e, voltando vaidosamente as costas, e largou a sua “oportunidade” de reconsiliar-se com o antigo colega de faculdade de bruxos.
No entanto, as suas pestanas longas e bem penteadas com maybelline diziam outra coisa para além de ódio e desprezo. Aquela queria amor para toda a manhã. No sentido mais perverso, se é que me entendes!
- Este bruxo dá cabo de mim! – Exclamou sadicamente. – Primeiro não quer saber de mim para nada, depois ainda diz que eu estou.......
O ambiente estava a passar de gelado como o Ártico para escaldante qual uma bela praia nos trópicos!
Lançou-lhe um ar de mázinha e convencida, com uma unha vermelha longa nos lábios, sorrindo de forma matreira.
- A sério que estou mais bonita!? Oh, My God! – Indagou, fingindo-se de humilde, rindo-se falsamente. – Bebé, tu não dizias coisas dessas desde o Verão de 1925!
À medida que começavam a acalmar-se os dois bruxos amansaram mais os seus instintos negros, e o meu primo foi o primeiro a sentar-se com fraternal cuidado numa cadeira, indicando-lhe um lugar à sua “amiga”, sorrindo sincero e muito calmo.
Eles iriam revelar os seus verdadeiros sentimentos um ao outro, pis reparei que a Serpente de Fogo estava quase a derramar verdadeiras lágrimas.
Na altura eu não sabia, mas parecia que eles iam entrar na fase de reconsiliação dos “oh, meu adorado Couti” e dos “Oh, minha querida Prrincesinha” . É por isso que eu nunca vou ter um bruxo como namorado! Por Amor de Deus, aquilo iria ficar tão melado!
Seria uma estupidez, aliás, o Amor algumas vezez é um bocado estúpido.
Ela aceitou o amável convite, olhando de soslaio para todas as florestas, a tremer um pouco, olhando com vários remorsos o seu anel de jade. Havia algo de mau no passado daqueles dois. Ambos estavam tão tensos....
Ao pôr lentamente o braço no ombro demasiado queimado da mulher – por causa dos solários que a bruxa frequentava para os seus olhos cor de azul-claro fossem semelhantes a duas pérolas num deserto latino – este olhou-a com carinho e muito afecto, enfrentando-a de forma franca.
- Então? Tu nunca escrreveste parra mim quando estava no Limbo dos Espelhos desde o Inverno de 1946 até 1986....Quarenta anos sem os teus lábios já são uma torrturra parra um homem que te ama ardentemente...........!
Ela pôs delicadamente a sua cabeça no ombro forte direito dele, ficando desta forma, completamente presa pelo bruxo que lhe declarava uma paixão flamejante.
- Tinha medo, lembras-te que os Nazis juraram vingança ao nosso amor proíbido e toda a minha Atlântida e meu povo eles quase exterminaram! – Respondeu rapidamente ela a tremer. – Se os restantes soubessem que o seu coronel do departamento de magia das SS desertor andasse ou estivesse a namorar com a rainha da Atlântida; só o terrível Tsesustan sabe dos horrores que nos fariam passar....!
Beijou a modos trémulos o pescoço do seu “prometido” qual uma terna vampira, e os seus olhos encheram-se lágrimas.
Será que a velha o amava realmente...?! Soluçou violentamente, qual vítima de uma terrível guerra passada, enquanto sussurrava em atlante palavrões contra nazis famosos nos ouvidos do primo. Teria passado um mau bocado; ela...? Teria coração....?
Para estar assim tão desesperada, com a cara vermelha de corar, fungava com o seu lenço preto de seda o nariz como um trombone por cima do seu “amigo”, com certeza que os Nazis lhe fizeram a vida negra!
Se é uma coisa que ela não faz todos os dias a toda a gente, é, mas mesmo uma bruxa de mais de cem anos tem direitos de mulher, sim tem!
- Não sabes, Bebé, o quanto sofri sem um homem para me amparar e falar-me carinhosamente depois da queda dos Nazis; nos anos 70, comecei a fumar axixe para te esquecer, a ti, e aos Bruxos. – Continuou tristemente. – Mas apenas consegui a minha e do meu país, a súbita descida para o mais escuro dos abismos! Via nos meus delírios enquanto estava no efeito da droga, via milhares de soldados nazis a me pisarem com as suas botas pesadas. Os meus amantes tornavam-se em perigosos monstros que me perseguiam noite e dia, ai, ai..........
Aí, a choradeira elevou-se a um volume tão alto que até parecia mentira que a Serpente de Fogo em pessoa estaria a fazer uma cena daquelas, debruçada nas pernas do primo com uma mão na testa, a chorar e gritar copiosamente por tudo e por nada!
- AI A MINHA DESGRAÇA! QUEM É QUE ME MANDOU SER CORAJOSA E INSTIGAR-TE PARA TE METERES COM OS NAZIS? AI! A MINHA VIDA! AI QUE EU SOU UMA DESGRAÇADA! AI…MEU DEUS, QUE EU JÁ NEM AGUENTO MAIS! OHHHHHHHHHH..........
O meu primo é que já não aguentou tanta gritaria, pondo as mãos gorduchas na cara magra da sua linda bruxa, e beijou-a cautelosamente, como um pai na testa da velha mulher com aspecto jovem.
Ele queria acalmá-la, jamais gostaria que ela enlouquecesse. Afinal, via-se logo que parecia que fora ontem que dois jovens e tímidos bruxos passeavam nas claras noites estreladas de Verão de mão dada; e não se beijavam ou faziam amor, apenas conversavam animadamente, abraçados um ao outro. Ele no seu avião vermelho de sangue, ela na sua ordinária e feia vassoura, enquanto viam a maravilhosa Atlântida do ar. A pacifíca Atlântida, quando a guerra de Poriavostin estava a milhas de anos atrás!
Assim, acariciou qual terno namorado a trança preta da bruxa, e os seus dedos brutos tocaram nas unhas longas da mulher.
- Oh, minha rainha! - Exclamou ele. - Tive boas razões para me alistar nas SS, tal como tu tiveste boas razões para te enamorares do haxixe. Mas agora tudo será diferente. Promete-me que vais deixar de fumarr drrogas, e eu te darei todas as cerrtezas que estarrás segurra!


Ele ainda se lembrava dessas mágicas noites, e então ela......?
Com os braços bem firmes no corpo sensual da Serpente de Fogo, o meu primo perguntou seriamente:
- Eu ainda te amo! Depois de oitenta anos eu ainda te amo, e tu, amas-me?
Depois daquele coração feroz e cruel ter-nos quase tirado tudo, tu amas-me?
A forma como ele lhe perguntou isto deixou a mulher tão atónita, que apenas pode responder misteriosamente, beijando suavemente nos lábios, como num transe, escondendo alguma coisa.
- Acho que sim....Sim, ainda te amo, meu adorado Couti! – Murmurou trémula e muito assustada na orelha do seu amor. – Mas tenho tanto medo....Ai, Meu Deus!
Assim, convencidos que ainda se amavam um ao outro, foram para o Château juntos, de mão dada, recordando a doce juventude ambos, sorrindo um para o outro, como dois colegas de faculdade. A sério que eu quase rebentei a rir quando os acompanhava com a minha sombra como minha companhia!