segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Os Magos - os médicos pessoais da Atlântida...


O elegante feiticeiro, depois de ter olhado para todos os lados e não vir nem uma única criatura dos bosques presente, fixou o seu olhar de âmbar para mim.
A sua voz suou-me misteriosa e calma, um pouco grave:
- Bom dia, bruxa. Paraste o meu concerto!
Segundo os meus estudos, ele deveria ser um mago branco. Não havia dúvida que era um mago branco, só aquela sabedoria e aúrea um tanto conhecedora e humilde era sinal de ele ser bom.
O velho casaco de pele chegava-lhe quase à ponta dos calcanhares, e mal se viam os sapatos cheios de poeira.
Era uma figura deveras autoritária, de meter respeito, e pareceu-me bizarro o facto de ele ser tão novo e usar roupas e ter uma voz tão poderosa.
O cabelo ruivo longo chegava-lhe aos ombros fortes, e o seu nariz pequeno, era igual ao de um urso.
Na mão direita, brandia um enorme bastão da mesma altura que ele, um metro e noventa e três! Quase que fiquei de boca aberta quando me enfrentou já de pé, mesmo assim, a minha coragem não me falhou. Aliás, aquela figura tão majestosa não metia medo nenhum, mas sim um certo calor e segurança.
Engoli em seco, olhei de cima para o feiticeiro, com os braços delibaradamente caídos, e como se fosse fazer um discurso, respondi confiante:
- Peço desculpa, mas só queria conhecer as suas fadas melhor....
- As minhas fadas?! – Interrompeu divertido.
Riu-se muito alto, com a sua voz alta, pondo as mãos grandes no colo e baixando-se para me ver melhor.
- Aquelas fadas não são minhas, mas sim da Mãe Natureza. Ela criou-as tal e qual tu as viste, pequena bruxinha. – Disse num tom bondoso. – E, por teres demonstrado uma grande humildade ao falar comigo, dir-te-ei a minha identidade.
Os meus olhos curiosos olharam-no com ignorância, e, um pouco confusa, sentei-me cuidadosamente noutro ramo, com as mãos nos meus joelhos, qual modesta e púdica aluna que se senta a ouvir o professor.
Que estaria para aí ele a dizer...? O seu discurso era enigmático, mas de certa forma, soave-me claro e sincero.
Quem seria este feiticeiro tão grandioso, porém, com algo desconhecido na sua forma de ser e vestir...?
Não evitei esboçar um sorriso ingénuo e perguntar:
- E quem é o senhor?
A sua resposta foi óbvia e honesta. Sentou-se ao pé de mim noutro tronco oco onde há minutos atrás tocara, e sorriu com bonomia.
- Sou o Rei dos Magos, jovem Duquesa Jessica von Tifon. – Disse imparcial.
Aí, a minha boca ficou escancarada, e a minha reacção aquela resposta directa foi ficar atónita, sem saber o que dizer, qual mãe que sabe que o seu filho foi morto na guerra.
Como poderia ele saber o meu verdadeiro nome....?!
Adivinhando os meus pensamentos, a resposta a essa outra questão não deixou se de ser entregue:
- Sim, conheço a tua família, Jessica.
Sendo homem, não conseguiu resistir ao tocar no meu delicado rosto, mas os seus olhos “incrustados” na pele vermelha não expressavam qualquer desejo de possuir a minha carne.
A sua bondade permitiu sorrir muito, e consegui vir uma boca suportada por lábios dignos de um homem com bom coração.
Acariciou as minhas maçãs do rosto qual pai terno e carinhoso.
- O teu sangue é de alguém pecador, contudo, o teu sorriso é de alguém que tem a honra dum lugar no todo divino Reino dos Céus garantido. – Aconselhou seriamente. – Não queiras conhecer o teu padrasto, ele apenas te conduzirá à perdição e à loucura!
Dito isto, desapareceu por entre a floresta, tão rapido quanto as belas fadas que o acompanhavam enquanto ouviam a sua música. Rei dos Magos...É impressão minha ou estarei sempre a esbarrar com VIP’s?
Que sorte, sim senhor! Por que razão nunca conseguirei encontrar o meu padrasto?!
Ele estará mesmo morto...? Porque será que sempre toco nesse assunto tão delicado toda a gente olha-me como se eu fosse maluquinha...? Ora! Achas que eu tenho tenho medo? A sério, eu não tenho medo de nada!