sábado, 20 de outubro de 2007

Um "Romeu" bem moderno


E ali está ele, aquele que eu anseio por me levar para o seu castelo de doces nuvens e outros prazeres divinos....Ou pelos menos ´como eu queria que le se parecesse , e olha que são muito parecidos!


Virei-me de rompante assustada, pensando tratar-se de uma nova luva dum sádico agente da SPV, mas em vez da medalha com o terrível símbolo da ∫φф, vi uma pequena lanterna com a cruz latina de Cristo a reluzir trémula.
Um rapaz de estatura média, cabelo escuro como o carvão e olhos penetrantes verdes como o húmido e claro musgo da noite; musculado com barba por fazer, dos seus dezassete anos cumprimentou-me, tirando do chapéu um pequeno napoleão, um pastel quentinho com creme de ovos e manteiga doce como recheio.
Sorriu, mostrando os seus dentes brancos e fortes, baixando-se para me beijar o rosto cavalheiramente.
- Olha, olha, olha! – Exclamou de bom humour. – Jessica! A minha bruxa preferida, oi!
Era Pedro, o filho do Sr. Tezcatlipoca, o cyborg pasteleiro que nos manda as melhores delícias de cozinha atlante que eu já alguma vez provei na hora do almoço. Quando tenho dinheiro, vou a casa dele para almoçar – uma vez que detesto a comida vegetariana da cantina, quse nunca almoço lá – ou quando estou rota, almoço na minha casa. O pasteleiro e gerente do restaurante de três estrelas, o pobre “Nuvem Doce” também é professor da Educaçao de Võo e de Transporte em Magia Negra.
Sempre o achei um pouco amalucado (O Pedro), mas que agora dissesse que eu era a sua bruxa preferida até era exagerado.
Olhei-o um pouco confusa, ao lhe dar um leve beijo no rosto (a forma formal como a gente se cumprimenta cá na Atlântida) e franzi a sobrancelha.
- Bom dia....Não estarás a exagerar? – Perguntei desconfiada. – Ainda há um mês dizias que eu era uma bruxa malvada....
Soltou uma gargalhada bem audível, tão bem diposta, que se pode ouvir por toda a clareira e aí, reparei como a sua voz era máscula.
- Qual quê, Jessica! – Riu-se. – Estava a brincar contigo e mais com alguns bruxos mariolas que só precisam de uma boa lição. E pensar que também és um deles....
Nessa altura, o seu sorriso desapareceu por completo, e começou a ficar um tanto preocupado, olhando-me de cima a baixo como se eu tivesse alguma ferida. Acabado o serviço de cinco minutos, suspirou de alívio, e sorriu ironicamente.
- Estás a passear por estes bosques sem nenhum acompanhante?! Se o nosso ilustre e velho Herr General e Duque von Tifon te apanhasse ainda te puxava as orelhas! – Exclamou num tom divertido, mas logo mudou de tom. – No entanto, não era para falar dos babuínos do Fritz e do Skánvasse que vim cá procurar-te.
Dizendo isto, entregou-me, esboçando um sorriso cúmplice, a caixa com os napoleões, e acrescentou num tom galante:
- Isto é para ti, Jessica. Certifica-te que ninguém veja o contéudo, 'tá? Há certas razões que gostariam muito de a ter.
Pisquei o olho ao Pedro com um sorriso de malícia, rindo-me de tais segredos. Claro que sabia os motivos de tal segredo, ele anda sempre metido em sarilhos com a SPV, espero que não irrite muito o primo. Há uns dias vi-o a fazer graffitis nas grades do portão do Château a gozar com o primo, juntamente com as fantasmas das amantes do tal tetrabisavô a rirem-se.
Depois, dei outro merecido e terno beijo no rosto ao rapaz das entregas.

Fazendo isto, soltei um risinho convencido, pondo a mão nos lábios com sinal de prudência.
- Sim, entendi muito muito bem. – Indaguei satisfeita. – Não te preocupes, que essas “razões” nunca encontrarão o contéudo desta pequena caixinha.
O Pedro é tão simpático, está sempre contente e de bom humour, além disso, é um verdadeiro cavalheiro como já não se encontra. Um rapaz de bom coração assim, merece uma linda menina que partilhe os seus ternurentos momentos de felicidade.
Se a minha magia e amor fossem suficientemente poderosos para o conduzir para uma linda e bondosa donzela, teria todo o prazer em fazê-lo.....e essa linda donzela seria eu!
A harmonia da amizade é fantástica, sem ela, todos os homens morariam no Reino do Caos e do Mal!
Que benção magnifica é ter amigos para nos ampararem nas dificuldades, e a luz da alegria e amizade consegue brilhar até no mais profundo dos abismos!
Mas que contéudo tão secreto ele se estaria a referir...? Ali só estavam napoleões
!? Seria mais uma brincadeira das dele? Se bem conheço o Pedro - e conheço-o muito bem - ele está sempre a armar-se em palhaço. Qualquer dia acontece-lhe mesmo uma desgraça e quem paga as favas? O coitado do pai dele.