terça-feira, 22 de maio de 2007

Um bom exemplo de um bruxo quase no nível de Assassino do Amor!

Olá! Tiveste saudades minhas?

Estou tão ocupada com os exames que nem tenho tempo de te escrever. Mesmo primeiro de estudar e de me arranjar e de maquilhar...Preparar as anotações....Bom, uma vida de jovem bruxa é assim....Eh, eh, eh...!
Não consegui adivinhar o que o sonho significava, pois este tinha sido interrompido pelo chiar de uma limusina a travar, derrapando sobre a gravilha do cimento novo, acabado de secar há dois dias atrás e parar junto aos grandiosos portões de bronze do Château von Tifon. Buzinou seis vezes, passados dois minutos buzinou mais 3 vezes, e após o mesmo período de pausa, repetiu o mesmo gesto mais uma vez só, uma espécie de código indecifrável. Parecia uma mensagem em morse, e levantando-me, reparei que à excepção do quarto da Tsuna e da Sol, toda a casa tinha acendido automaticamente as luzes e arranjado as decorações para hóspedes e convidados, tudo num brinquinho: em sítios onde havia pó há meia-hora – a duração do meu sono – havia verniz reluzente e lustroso, o chão de mármore tinha sido substituído por soalho de madeira verde-escura e carpetes escarlate e vermelhas apelativas com a frase “Seja Bem-vindo ao humilde Château von Tifon!” Havia correrria por todos os corredores para ver quem seria o primeiro a chegar lá em baixo no átrio para receber o ilustre hóspede, principalmente o General von Tifon e Nälden, que desciam à pressa os corrimões, falando um com o outro meio nervosos, mas com um sorriso de orgulho nos seus rostos. Decidi segui-los, abrindo a minha porta e vi também as minhas irmãs, já sabendo do que tratava, rindo-se baixinho, um pouco histéricas do que se iria passar.
Porque estariam tão felizes…? É este o resultado de chegar tarde, nunca se sabe o que se poderá esperar do resto da noite, isso é coisa garantida aqui em casa. Já saberia que tipo de homem buzinava a altas horas da noite para ser recebido pela nossa família, já o iria saber…
Bocejando continuamente, desci melancólicamente as escadas, espantada com o reboliço que havia só por causa de uma Rolls Royce preta comprida como sei lá o quê tinha parado junto ao nosso Château. Que mistério haveria por detrás daquele carro tão negro…? Pensando nisso, apertei o nó do meu roupão chinês, e, ao guiar-me pelas luzes ainda foscas do corrimão por causa de estar habituada á escuridão durante algum tempo, julguei se a minha vida não fosse mesmo assim, aliás, se a vida de todos os atlantes, quer bruxos ou cyborgs, fosse assim: andar na escuridão, com luzes foscas cómicas a guiar-nos num corrimão estreito numa escada em caracol, até encontrarmos o nosso outro eu, um gémeo diferente, uma alma que se parece connosco…Uma…Uma…Um gémeo diferente mas com uma alma siamesa!
E como nós, bruxos e cyborgs conseguimos isso…? Guerras. Exactamente, guerras.
As guerras têm desenvolvido as nossas tecnologias, cultura, turismo, economia, comunicações, etc… E, como estas guerras começaram, deves estar a perguntar. Vou-te responder: não sei. Mas, há uma coisa que sei acerca de visitas a meio da noite. Pode ser o Assassino do Amor. Cá entre nós, von Tifon, não me preocupamos lá muito com ele.
É ele que sabe qual será o melhor bruxo para nós, as mulheres e senhoras da família, o nosso marido, afinal, é ou não é ele o pai e Rei de todos os bruxos e bruxas? É por isso, que decidi não descer mais as escadas, mas mal tinha parado de descer as escadas, vi que estava no átrio. No fundo, estava um senhor, com um chapéu preto de feltro para não se ver a cara sedenta de energia mágica de mulheres, botas pretas de cabedal que ressoavam no solo de madeira, e uma capa muito grossa preta lustrosa de couro sinistra, alto, para aí com um metro e setenta oito, a falar animadamente com o Tio Set e com o Primo Coutinho, já vestidos adequadamente para a honrosa ocasião. Não é todos os dias que recebemos a feliz e maravilhosa visita de um mestre da magia negra antiga proíbida.
Consegui apanhar um murmúrio, mal me viram, logo se calaram, e, ao se virar para mim, consegui ter uma perspectiva arrepiante muito perto dos seus olhos frios. Logo vi que não era o Assassino do Amor, apesar do bruxo ter aquelas vestimentas tão arrepiantes e esquisitas, o ar que respirava ainda se podia dizer que era um bruxo normal., Dizem que é costume os bruxos terem olhos azuis muito assustadores, porém, eu tinha a ligeira impressão que aqueles olhos não seriam lá muito vulgares entre a nossa classe.
Estremeci um pouco ao ver que ele me beijava a mão cavalheiramente, retirando docemente os seus lábios das costas do meu palmo delicado.
- Encantado, Menina Jessica. – Comentou ele sorrindo para mim, suspirando provocadoramente e fitando-me com um ar galanteador. – A sua energia é tão forte, um pobre e velho coração como o meu já não aguenta tamanha beleza. Felicitarei de imediato o sortudo que tiver o privilégio de a ter como só dele!
O meu primo rapidamente conduziu o nosso convidado até a Solaris e a Tsuna, que logo fizeram uma vénia profunda com as saias, e, estenderam as mãos direitas solenemente, com um olhar inocente, pensando se o estranho não lhes daria também um beijo nas mãos, e assim fez. Ajoelhando-se ao depositar os joelhos no chão da carpete, pondo as mãos direitas de ambas junto do seu rosto duro, e esmagando os seus lábios primeiro na mais nova das irmãs, depois na do meio, levantou-se rapidamente, e esfregou as mãos cobertas por luvas escuras de contente, sorrindo para o primo. Não há nada mais perigoso que um homem charmoso com cem anos acima, com um discurso tão doce como gomas de um quiosque e lábios mais suaves e escorregadios quanto açúcar de cana com chupa-chupa de framboesa, já me estou a derreter!
- Que pérolas mais adoráveis. – Comentou ele. – Hão-de ser abençoadas com três anjos da guarda perfeitos e jovens. Agora, será que podíamos discutir acerca da ovelha negra…
Ao entender do que o misterioso bruxo falava, os outros dois apontaram os seus indicadores para as portas da biblioteca, que se abriram pela magia do primo e do tio, e, andando para a divisão erudita do Château, olhando os três ternamente e com uma expressão de preocupação nos rostos bondosos, e, ao se despedir, reparei que o bruxo lançou-me um beijo cortês como se dissesse “Lamento imenso a sua perda, Jessica.”
Quem quer que fosse aquele homem, era muito bom e gentil da parte dele ter pena de nós, e os seus olhos…Parecíam-se tanto com o de um pai, será que ele também teria sido um pai quando era novo…?
Estou com tantas saudades da mamã e do papá...

3 comentários:

Anônimo disse...

Já tinha feito um elogio a esta deliciosa personagem e ao teu talento...Desapareceu?? Mas mantêm-se a admiração pelo teu dom!!parabéns e continua..."Sempre que uma criança diz:não acredito em fadas...há uma fada que morre". James Barrie.

Anônimo disse...

Aqui em casa também acontece essa "mágica" de tudo se arrumar de repente quando chega uma visita. Aqui como aí, e acho que em qualquer parte do mundo e até do universo (rs).
é sempre bom passar aqui e ler seus textos. Um abraço.

Anônimo disse...

Muito comovente e tocante conseguires chegar ao coração de quem te "lê"...ficar a olhar as palavras como se fossem fontes...de ideias ,emoções e apelos.Um sentido.A meditar.