sábado, 25 de agosto de 2007

O Amor de Velhos - Até ao fim dos tempos...?





Como podes ver, eu estou muito romântica hoje, e como já cheguei da minha relaxante viagem, tenho estado a pensar «...Porque não continuar a minha história...?»



Foi assim que irei contar um pouco da história de amor mais improvável e fantástica de toda a Atlântida!


Mas, continuando com a minha história – que é para isso que estás a ler, não é verdade, para me ouvir!
Subitamente, a atrevida mulher teve o atrevimento de se enrolar nas botas do meu primo, colando-se a ele como uma teimosa lapa.
- Please.......! – Choramingou ela. – Senão, o meu ex. vai matar-me!
Por fim, o meu primo olhou-a de alto a baixo qual abutre nojento, sorriu de uma forma muito esquisita, e riu-se.
Havia qualquer coisa naquele olhar, e eu conheçia aquele olhar. Não, não era enjoo, qualquer coisa impossível entre dois velhos bruxos, a única coisa que o Rei dos Bruxos, não compreende nem consegue vencer. Talvez fosse compaixão....Bondade súbita; pena; sentido de dever para com uma dama; chama o que quiseres, mas eu cá achava que era outra coisa.
Uma coisa que supera tudo, e, que para além de Deus, vence o Mal de uma forma quase milagrosa, algo que transforma qualquer coisa murcha em lindo! O Amor, é isso, mesmo! Ele estava apaixonado por aquela bruxa...? Quem diria!
As rugas do velho alemão enrrugaram-se mais de sinceridade e prazer.
- O que se passou contigo? Estás....Diferente. – Exclamou ele ternamente, pegando na mão dela como se fosse um jovem rapaz de dezoito anos. – Pareces mais nova desde a última vez que te vi em 1945 .....
Ela riu-se igualmente, suspirou longamente na sua voz aguda de mulher fatal, retorcendo de uma forma sinistra os seus lábios cor marrom, e, voltando vaidosamente as costas, e largou a sua “oportunidade” de reconsiliar-se com o antigo colega de faculdade de bruxos.
No entanto, as suas pestanas longas e bem penteadas com maybelline diziam outra coisa para além de ódio e desprezo. Aquela queria amor para toda a manhã. No sentido mais perverso, se é que me entendes!
- Este bruxo dá cabo de mim! – Exclamou sadicamente. – Primeiro não quer saber de mim para nada, depois ainda diz que eu estou.......
O ambiente estava a passar de gelado como o Ártico para escaldante qual uma bela praia nos trópicos!
Lançou-lhe um ar de mázinha e convencida, com uma unha vermelha longa nos lábios, sorrindo de forma matreira.
- A sério que estou mais bonita!? Oh, My God! – Indagou, fingindo-se de humilde, rindo-se falsamente. – Bebé, tu não dizias coisas dessas desde o Verão de 1925!
À medida que começavam a acalmar-se os dois bruxos amansaram mais os seus instintos negros, e o meu primo foi o primeiro a sentar-se com fraternal cuidado numa cadeira, indicando-lhe um lugar à sua “amiga”, sorrindo sincero e muito calmo.
Eles iriam revelar os seus verdadeiros sentimentos um ao outro, pis reparei que a Serpente de Fogo estava quase a derramar verdadeiras lágrimas.
Na altura eu não sabia, mas parecia que eles iam entrar na fase de reconsiliação dos “oh, meu adorado Couti” e dos “Oh, minha querida Prrincesinha” . É por isso que eu nunca vou ter um bruxo como namorado! Por Amor de Deus, aquilo iria ficar tão melado!
Seria uma estupidez, aliás, o Amor algumas vezez é um bocado estúpido.
Ela aceitou o amável convite, olhando de soslaio para todas as florestas, a tremer um pouco, olhando com vários remorsos o seu anel de jade. Havia algo de mau no passado daqueles dois. Ambos estavam tão tensos....
Ao pôr lentamente o braço no ombro demasiado queimado da mulher – por causa dos solários que a bruxa frequentava para os seus olhos cor de azul-claro fossem semelhantes a duas pérolas num deserto latino – este olhou-a com carinho e muito afecto, enfrentando-a de forma franca.
- Então? Tu nunca escrreveste parra mim quando estava no Limbo dos Espelhos desde o Inverno de 1946 até 1986....Quarenta anos sem os teus lábios já são uma torrturra parra um homem que te ama ardentemente...........!
Ela pôs delicadamente a sua cabeça no ombro forte direito dele, ficando desta forma, completamente presa pelo bruxo que lhe declarava uma paixão flamejante.
- Tinha medo, lembras-te que os Nazis juraram vingança ao nosso amor proíbido e toda a minha Atlântida e meu povo eles quase exterminaram! – Respondeu rapidamente ela a tremer. – Se os restantes soubessem que o seu coronel do departamento de magia das SS desertor andasse ou estivesse a namorar com a rainha da Atlântida; só o terrível Tsesustan sabe dos horrores que nos fariam passar....!
Beijou a modos trémulos o pescoço do seu “prometido” qual uma terna vampira, e os seus olhos encheram-se lágrimas.
Será que a velha o amava realmente...?! Soluçou violentamente, qual vítima de uma terrível guerra passada, enquanto sussurrava em atlante palavrões contra nazis famosos nos ouvidos do primo. Teria passado um mau bocado; ela...? Teria coração....?
Para estar assim tão desesperada, com a cara vermelha de corar, fungava com o seu lenço preto de seda o nariz como um trombone por cima do seu “amigo”, com certeza que os Nazis lhe fizeram a vida negra!
Se é uma coisa que ela não faz todos os dias a toda a gente, é, mas mesmo uma bruxa de mais de cem anos tem direitos de mulher, sim tem!
- Não sabes, Bebé, o quanto sofri sem um homem para me amparar e falar-me carinhosamente depois da queda dos Nazis; nos anos 70, comecei a fumar axixe para te esquecer, a ti, e aos Bruxos. – Continuou tristemente. – Mas apenas consegui a minha e do meu país, a súbita descida para o mais escuro dos abismos! Via nos meus delírios enquanto estava no efeito da droga, via milhares de soldados nazis a me pisarem com as suas botas pesadas. Os meus amantes tornavam-se em perigosos monstros que me perseguiam noite e dia, ai, ai..........
Aí, a choradeira elevou-se a um volume tão alto que até parecia mentira que a Serpente de Fogo em pessoa estaria a fazer uma cena daquelas, debruçada nas pernas do primo com uma mão na testa, a chorar e gritar copiosamente por tudo e por nada!
- AI A MINHA DESGRAÇA! QUEM É QUE ME MANDOU SER CORAJOSA E INSTIGAR-TE PARA TE METERES COM OS NAZIS? AI! A MINHA VIDA! AI QUE EU SOU UMA DESGRAÇADA! AI…MEU DEUS, QUE EU JÁ NEM AGUENTO MAIS! OHHHHHHHHHH..........
O meu primo é que já não aguentou tanta gritaria, pondo as mãos gorduchas na cara magra da sua linda bruxa, e beijou-a cautelosamente, como um pai na testa da velha mulher com aspecto jovem.
Ele queria acalmá-la, jamais gostaria que ela enlouquecesse. Afinal, via-se logo que parecia que fora ontem que dois jovens e tímidos bruxos passeavam nas claras noites estreladas de Verão de mão dada; e não se beijavam ou faziam amor, apenas conversavam animadamente, abraçados um ao outro. Ele no seu avião vermelho de sangue, ela na sua ordinária e feia vassoura, enquanto viam a maravilhosa Atlântida do ar. A pacifíca Atlântida, quando a guerra de Poriavostin estava a milhas de anos atrás!
Assim, acariciou qual terno namorado a trança preta da bruxa, e os seus dedos brutos tocaram nas unhas longas da mulher.
- Oh, minha rainha! - Exclamou ele. - Tive boas razões para me alistar nas SS, tal como tu tiveste boas razões para te enamorares do haxixe. Mas agora tudo será diferente. Promete-me que vais deixar de fumarr drrogas, e eu te darei todas as cerrtezas que estarrás segurra!


Ele ainda se lembrava dessas mágicas noites, e então ela......?
Com os braços bem firmes no corpo sensual da Serpente de Fogo, o meu primo perguntou seriamente:
- Eu ainda te amo! Depois de oitenta anos eu ainda te amo, e tu, amas-me?
Depois daquele coração feroz e cruel ter-nos quase tirado tudo, tu amas-me?
A forma como ele lhe perguntou isto deixou a mulher tão atónita, que apenas pode responder misteriosamente, beijando suavemente nos lábios, como num transe, escondendo alguma coisa.
- Acho que sim....Sim, ainda te amo, meu adorado Couti! – Murmurou trémula e muito assustada na orelha do seu amor. – Mas tenho tanto medo....Ai, Meu Deus!
Assim, convencidos que ainda se amavam um ao outro, foram para o Château juntos, de mão dada, recordando a doce juventude ambos, sorrindo um para o outro, como dois colegas de faculdade. A sério que eu quase rebentei a rir quando os acompanhava com a minha sombra como minha companhia!


3 comentários:

Anônimo disse...

Romântica incurável mesmo.
Hoje em dia, uma amor assim é raro e, me atrevo a dizer, quase impossível de se encontrar.
Mais um belo texto.

Anônimo disse...

Uma linda leitura do "amor"..versão tão ancestral quanto moderna,mas com um toque humorístico da observadora...que lhe dá o sabor de outras dimensões.
Continuação de momentos inspirados.

Mia Rossi disse...

parabénnssssssssssssssssssssssssssssssssss está história está magnifica