quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Baile da Festa das Bandeiras (Parte I)


Hoje é um dia muito especial, e sabes porquê? Porque é o início da Festa das Bandeiras! Cai normalmente entre 5 e 14 de Dezembro e é uma festa que tem origem nas tradições aztecas do solstício de Inverno, quando a Nossa Senhora Melnjar - a Primeira - conheceu o primeiro líder bellante, Neptuno I - o primeiro Imperador. É um feriado nacional e é a partir das primeiras semanas de Dezembro que temos férias. No norte, é celebrado com a Senhora Melnjar como uma reencarnação da Senhora Shamanarta, no estilo oriental e ascetico, como a páscoa cristã. Os mochos são o símbolo da rainha, e em todas as ruas, há uma bandeira azul-escura e branca com um mocho prateado. Tal como o Inverno, a primeira Imperatriz da Bellanária era cruel e caprichosa. Antes de se casar oficialmente com o Rei Bellante, a fada/deusa do Inverno mandou decapitar todas as concubinas e restantes mulheres, anteriores a ela. É por isso que todos os anos, fazemos uma homenagem a ela: não queremos que a futura rainha se torne igual a ela. O que vejo mais são bandeiras, montes e montes de bandeiras. Dizem que as bandeiras espantam a noite gelada de Melnjar. Ela é descrita como uma mulher exuberante, alta, toda vestida de negro, com cabelos longos e pretos, como crinas de cavalo, pele pálida como a neve, lábios gelados e pequenos e olhos azuis, cintilantes como as distantes estrelas. As suas orelhas são pontiagudas e o nariz é aquilino. Usa uma tiara de prata, e os seus passos são tão suaves como a brisa do vento a passar nas janelas. Outra femme fatale na lista das mulheres "nortenhas". Já ouvi falar da Rusalka, da Senhora Swertyhina....ok não são muitas. Mesmo assim, é impressionante como é que uma megera com coração de ferro tivesse conseguido casar com um homenzarrão seminu de pele morena, forte e musculado, olhos castanhos e cabelo escuro ondulado, de barba feita. Ah, de qualquer maneira, todos os anos, faz-se um baile no Dristin Weltar - o Palácio das Donzelas, onde as filhas, as esposas e as irmãs do rei costumavam viver - no Suryadevnahutbal, o bairro imperial onde várias gerações e gerações e gerações da Família Real viveram, na Cidade dos Deuses. Isto é desde...deixa-me ver...desde o Tratado da Magia Universal, em 1933. A modernização na Bellanária começou muito mais cedo, mas os Bellantes não viam com bons olhos que se celebrasse com bailes ou festas espanpanantes um momento tão solene como o dia em que a Dinastia Di Neptunvs (que, sabe-se lá como, já dura há mais de três mil anos!!! ) se iniciou.


No Festival das Bandeiras, também se diz que não se deve deixar as lâmpadas acesas nos quartos, não vá um espírito, mensageiro da Senhora Melnjar, aparecer de socapa e pregar um grande susto. Bem, isto cá em casa, leva-se a Festa das Bandeiras muito a sério. Há velas com mochos, canecas em forma de mochos, pratos com figuras de mochos, talheres com cabeças de mochos, carpetes com mochos, cortinas com mochos, lamparinas com cabeças de mochos...imagina lá tu que o Nälden pôs uma velinha em miniatura com um mocho no carro para espantar o azar. Porquê? No tempo dos Aztecas, dizia-se que a Imperatriz que não fosse do lado da família era o símbolo da Lua, da noite, dos mortos e dos demónios. Ora, como as corujas e o mocho eram consideradas como um símbolo do mau-olhado e do Mal, a Rainha Melnjar I ficou para sempre conhecida como a padroeira dos mochos e das corujas.
Diz-se também que a Lua em quarto crescente no dia do início da Festa das Bandeiras é um bom auspício. Inesperadamente, a Lua cheia é um bom presságio. Só quando não se vê a Lua é que é preciso ter cuidado.

Na rádio, dava uma canção super melancólica e antiga dos Anos 40 cantada em Garense - o sotaque chinês em Bellante - sobre um amante que tinha esperado pela amada num dia de Lua Nova, mas que a encontrou morta na superfície congelada do Rio Bênção. Os Bellantes adoram tango, e esta música era uma dessas variantes de tango bellantes. Isto chega a ultrapassar a barreira entre filhos de imigrantes Russos, Japoneses, Chineses, Checos, Italianos, Franceses, Alemães e outras nacionalidades que já não me lembro. É por isso que é costume dançar tangos nestas noites. Amor impossível, amor cruel...como o Inverno.

Mas o Nälden, que não gosta muito de ouvir músicas tristes, decidiu mudar a estação.

- Só mesmo os Nortenhos para pensar em tragédia quando faltam só alguns dias para o Natal! - Exclamou ele, de repente, baixinho. - Não é para me levar a sério, Fräulein Jessica, mas eu cá nunca gostei da Festa das Bandeiras: as crianças quase não têm presentes nenhuns, as pessoas deitam-se cedo, não há doces nenhuns a não ser uns biscoitos com chocolate e baunilha, nada de folguedo ou bebidas...Isto mais parece um dia de Luto nacional, se quer a minha opinião!

Eu sorri com um ar optimista.

- Acredita, Nälden, não és o único que pensa o mesmo! - Ri-me, cantarolando "Dream a Little Dream of Me", enquanto Sara cantava o mesmo, mas muito mais afinado. Ela vai passar as férias connosco. Não é fantástico? Cá eu já a tenho como uma amiga muito querida - demasiado doce para alguém (eu mesma) gosta dos Iron Maiden - do meu peito. Juntas, despedimo-nos do frio do Norte para ir até ao céu limpo do Sul.

Sim, porque primeiro a minha irmã tinha de ver os seus resultados e participar na festinha infantil do terceiro ciclo, e depois, eu via como é que iam as minhas médias, com um papel, que tinha que vir assinado pelo encarregado de educação. A espiga é que o primo, como tinha que receber o dito cujo, teve de ser o Nälden a assegurar a papelada, o que o chateou imenso, a perguntar delicadamente «…cavalheiro, esta linha é para quê?» e também os problemas das notinhas «1350 €?! Só as duas jovens meninas Tsuna e Solaris! Devemos estar com a vida complicada, hã, meu caro cavalheiro?» Foi muito divertido, principalmente porque ao chegarmos os quatro ao iluminado átrio depois da receção, encontrámos os meus amigos, juntos, a conversarem animadamente.

Infelizmente, o telemóvel do Nälden tocou precisamente quando eu ia falar com o Pedro acerca do nosso namoro.

- Nº externo...? – Exclamou ele ao carregar na teclazinha verde. – Quem será?

Uma voz irritante de homem respondeu, era a voz do General B:

- Só aqui entre os Bruxos, eu vou ao baile.

O pobre do tenente tentou esforçar-se para manter um sorriso á medida que falava com aquele homem ao telemóvel.

- Isso são óptimas notícias, Herr H.....General B! – Comentou ele.

- Maricas, é melhor avisar a comitiva real porque eu quero entradas, sobremesas divinais, fiz-me entender?

O homem do outro lado da rede desligou, e Nälden tentou um pequeno sorriso.

Afinal, estavam para chegar todos os parentes vivos da família von Tifon e mais alguns - se calhar até ia ver o meu avô Adrian e a minha avó Abir, aqueles que a Sara está sempre a dizer que vinham da Transilvânia!

Não seria nada de vulto. Contudo, a Sara estava a tremer que nem varas verdes, como se o próprio Diabo tivesse estado ao telefone com Nälden.

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