Estava a passar pela
biblioteca, lá de Cyborg Town (não suporto ter de andar a pé, dignar-me a
aparecer em Verlorneres Stadt para
misturar-me com o povinho das pastilhas elásticas e do walkman com a Britney
Spears a altos-berros), quando reparei no café, lá perto da Praça de Nossa
Senhora Swertyhina. Chama-se “Senhora Diamante”. Não sei qual é a dos
proprietários de cafés e restaurantes neste país, que não têm gosto nenhum para
os nomes, e preferem plagiar os que deram nomes às ruas (e esses, de certeza
que estão bem morto). Mais ridículo
ainda é pensar que o café é um daqueles, muito elegantes, com pinturas de Art
Novae e em que podemos pedir um copo de vodca por noventa e cinco Delphinae – que é o equivalente Bellante
ao cêntimo Americano para os Dólares, embora os Fenixinianos valem muito menos
que os Dólares.
Enfim, eu, na minha
terna inocência de rapariga adolescente Britânica, pensei que era um sítio
agradável para anotar uns acordes que tinha aprendido há pouco na biblioteca de
Cyborg Town. Qual é o meu espanto em ver – sim, desengane-se o que lê este
diário – que a população que costuma frequentar este café, é na sua maioria,
homens. A música é agradável – jazz, daquele antigo dos Anos 40 do século
passado. O rapaz que está ao balcão é muito mais velho que eu. Mas isso não se
interessa quando se tem uns olhinhos castanhos capaz de fazer derreter até
manteiga. E ele bem que precisa, para fazer aquelas tostas mistas deliciosas. O
rapazinho do balcão…esse? Não me liga. Os únicos que estão a olhar para mim são
velhotes de quarenta a cinquenta anos. É aí que eu pergunto: “Que ilha é esta,
onde há cafés com o nome de Senhora,
mas os clientes têm mais um ar capaz de assustar até o mais louco dos inimigos
do Batman?!”
Ao menos o café estava bom. Tinha o mesmo tipo
de cor que o pitbull do musculado de t-shirt preta que vai sempre buscar a sua
cerveja loura para a “Liebe Ani”, e
parece que está sempre com o auricular na orelha. Tenho de confessar, tenho um
fraquinho por cães que outras pessoas achariam ser feios. Por mim, os pitbulls são a raça mais fofa de todos
os cães. Talvez seja por isso que digo sempre “Guten Morgen” ao “Tipo musculado de t-shirt preta” . Mas aqui, na “Senhora
Diamante” não há pitbulls nem tipos
musculados com sotaque Alemão. Aqui, tenho de fazer um esforço para perceber o rapaz. Apesar do aspecto trigueiro, o nariz grande e o sorriso perfeito, ele não percebe nada de Inglês, quanto mais de Alemão. Só fala Bellante do Norte e Japonês. Das duas, venha o Diabo e escolha, porque se ele disser:
"Yaa, Fräulein Yessika...! A nextili ashga ka ,trsa la plyu lke tka pitz a waraka?"
A única coisa que eu vou perceber é "Olá, Menina Jessica...!"
Ao meio-dia, toca sempre naquela praça os carrilhões do Templo da Senhora Swertyhina. É uma mistura do mundo ocidental (os sinos lembram-me o Big Ben da Ol'London Town, como eu costumo dizer) e do mundo oriental, uma vez que a maior parte das pessoas tem a pele muito morena e há carácteres Bellantes e Japoneses por todo o lado. Perdoem-me o romantismo, mas é de facto um momento mágico, em que o tempo parece recuar à altura em que só havia carros eléctricos a passar nas ruas da Cy-bata Teito. A Praça da Senhora Swertyhina, juntamente com a Biblioteca do Norte e o Templo Menor de Prata Senhora Swertyhina, tem uns edifícios bem antigos. Parece que os Russos nunca bombardearam as zonas religiosas durante os finais da Ocupação Japonesa, por respeito.
Não vou dizer que não tenho saudades do Big Ben, da Tower of London, dos pubs, do sotaque Cockney, dos scones...Mas adoro o chá que o rapaz Japonês da "Senhora Diamante" faz. Lá nos entendemos, entre uma mistura de Bellante padrão da minha parte e um pouco de Alemão arrevessado da parte dele.
Ora nesse primeiro dia, eu estava a ouvir no meu walkman os Judas Priest. Um homem de gabardina preta com dois olhos rasgados, um gigante de três metros, resmunga algo em Japonês, como se quisesse para eu desligar aquela porcaria. Que raio de música é que eu fora escolher: Breaking the Law.
O rapaz tenta conter uma risadinha trocista. Fico espantada por estar a sorrir, e ainda mais por parecer gostar da música.
- Judasu Puriisaturu rocks! - Sussurra ao servir-me o café com os pastéis tipicamente Bellantes.
Caramba...! Ainda há alguém que conheça os Judas Priest, apesar de saber apenas algumas palavras em Inglês...? Pensei eu cá para os meus botões. É por estas e por outras que eu adoro Cyborg Town: uma pessoa conhece cada um, enquanto se é servido um pouco de chá num café que tem um ar gótico mas a maior parte das pessoas parece que saiu de um filme de samurais ou de um documentário sobre as civilizações pré-hispânicas. Pois é: é assim, um típico café Bellante. A maior parte das pessoas que a frequentam (pelo menos em Cyborg Town) são homens com má cara, um sítio que é uma miniatura das torres que fariam inveja ao Castelo do Drácula, e couro. Gabardinas de couro, sapatos pretos, chapéus super elegantes, quer de feltro, ou à maneira tradicional Bellante: bicudos. Uma banda de jazz a tocar na rádio e um chá de menta com um pauzinho de canela.
Caramba...! Ainda há alguém que conheça os Judas Priest, apesar de saber apenas algumas palavras em Inglês...? Pensei eu cá para os meus botões. É por estas e por outras que eu adoro Cyborg Town: uma pessoa conhece cada um, enquanto se é servido um pouco de chá num café que tem um ar gótico mas a maior parte das pessoas parece que saiu de um filme de samurais ou de um documentário sobre as civilizações pré-hispânicas. Pois é: é assim, um típico café Bellante. A maior parte das pessoas que a frequentam (pelo menos em Cyborg Town) são homens com má cara, um sítio que é uma miniatura das torres que fariam inveja ao Castelo do Drácula, e couro. Gabardinas de couro, sapatos pretos, chapéus super elegantes, quer de feltro, ou à maneira tradicional Bellante: bicudos. Uma banda de jazz a tocar na rádio e um chá de menta com um pauzinho de canela.
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