quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Afrodísiaco da Terra feminina


Não chores, pequena flor,
Os teus lábios sabem a um jardim,
onde as rosas negras são mais apreciadas!
Sabedoria antes do amanhecer,
Folha assustada, manchada, estragada,
No meio do vendaval,
Fruto amargo do poder,
Haverá algo mais para além
Da certeza dourada,
Dessa tua vida arruinada...?

Estranha doença de bebida,
Fermentada do néctar do amor, 
Que sabor o teu peito teria,
Se eu lhe pusesse um pouco de sal, 
A que doce perfume sabe o teu pescoço,
Mais profundo do que um vale...?


Dor, paixão, tristeza, morte,
És tudo isso, donzela do meu torpor;
Faço do fruto verde o meu amuleto da sorte,
És rainha, anjo, deusa,
Bebida destilada em framboesa cruel, 
Enganador maracujá, mais doce que o mel,
Contigo, não sou assim tão forte,
É o néctar que faz parecer este animal de porte,
Um pequeno cordeirinho que não teme o fel,
Fel dessas pernas, quentes e douradas...!

És uma droga e um prazer,
Bebida que enche o meu corpo de saber...!


Afrodísiaco da Terra Feminina, por Erwin Di Gracxiushandrian, 1845, Edições Bellantes





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