Por outro lado, ontem à noite reparei que não devo confiar nos homens cá da casa, ainda por cima com aquelas manias…Nem te conto! Está bem, vou-te contar como é que foi. Isto aconteceu a altas horas, quando o pobre e maricas do Nälden andava a fazer turnos e a verificar se os fantasmas estavam a portar-se bem.
Não me admirei nada ao ouvir os seus passos cuidadosos e pequenos, pois aqui os demónios são piores que as melgas, os percevejos e as ratazanas juntos, e não é invulgar apanharmos um susto por causa duma malandrice feita por uma das filhas do chefe dos demónios de cá do Château.
Muitas foram as vezes em que as apanhei a mexerem nos quadros dos nossos antepassados alemães e a virarem-nos ao contrário, soltando risadinhas irritantes com os seus dentes caninos horríveis, e as suas caras distorcidas de crianças amaldiçoadas minúsculas, com trinta centímetros de altura, usando robes pequenos e arrepiantes, com os olhos em bico a brilhar com tamanha maldade que provocam, por isso, tento espantá-las com uma lanterna e um terço nas mãos. Mas geralmente, uma lanterna e a minha estatura chegam para afastar e dar uma surra em ambas as duas pestes. Não é que não goste de crianças nem seja misójena, mas estas aqui já não têm alma, e vagueiam pelas masmorras da mansão, à procura do bruxo aquém elas juraram eterna servidão, vendendo as suas almas em troca da liberdade e diversão para toda a eternidade. Ora, acontece que as duas insensatas raparigas de oito anos não sabiam que estavam a vender as almas ao pior bruxo de todos…Exacto, (como é que adivinhaste?), nada mais nada menos do que o Almirante Rewbertan Euncätzio, ou, como elas chamavam tão carinhosamente, o Mestre Samuel. Mais um crime que aquele Diabo cometeu! Irrita-me mesmo que ele tenha feito tanta coisa e ninguém mexeu uma palha para o deter!
Felizmente que aquelas pobrezinhas são um caso à parte e foram amavelmente acolhidas no nosso seio de demónios, e segundo o chefe dos demónios, elas logo se habituaram à ideia de nunca sair ou passear pela casa de dia. Qualquer dia, escrevo-te qual é o nome do simpático e brincalhão chefe dos demónios, mas não hoje, já que estou muito ocupada a contar o quão cómica foi a noite de ontem.
É como eu digo: os caprichos e os luxos ou o ócio são para as forças do Mal o que o mel é para um urso esfomeado acabado de sair de da hibernação. Cada um tem que se prevenir de ser tentado e virar-se para os lados obscuros do Assassino do Amor ou mesmo do… (Até me custa a escrever!)Do…Do…Tsesustan! Sabes, é mau agoiro e traz má sorte prenunciar ou enunciar em qualquer escrita o nome do Maligno ou o nome do meio de Euncätzio, e, por essa mesma razão, jamais falamos ou dos Bruxos Nazis, ou do Assasssino do Amor, ou do Mal Supremo. Até a Serpente de Fogo sabe isso, mas não liga importâncoa nenhuma. Pronuncia e escreve nos seus malucos poemas o Santo Nome de Deus em vão, e faz muito pior: diz o nome do Mal Supremo sem ter um único tremor ou arrepio, e asseguro-te que quando escrevo até o subsituto do nome da referida entidade infernal representativa do Mal, as minhas mãos ficam mais geladas do que cubos de gelo que rapidamente derretem. É por essa mesma razão que te vou dizer o que aconteceu naquela noite, onde pelo menos por uma vez a alegria do Bem triunfou!
Além disso, nunca fui para o outro lado obscuro do meu quarto, para além das portas transparentes. Portanto, nunca vou conhecer o derradeiro aspecto do fantasma malvado do namorado da minha falecida mãe – que Deus a tenha a em descanso – com um par estridentes grilhetas a passar pelos largos e compridos corredores do Château soltando gritos agudos, qual alma penada – e, tal como te disse, conheço vários demónios que são almas penadas – com uma cigarrilha nos dedos magros e pálidos como cal da mão gelada esquerda, dando passos de gigante, porém suaves nas carpetas cobertas de nevoeiro, iluminadas apenas pelas fracas luzes dos candeeiros expostos nas paredes de cinco em cinco metros, com forma triangular, lâmpadas vermelhas, para melhor espantar os pequenos espíritos dos demónios japoneses.
Contos, historias, textos pessoais... Short-stories, poems, personal texts....
Princesa Shamanarta
A reencarnação de uma antiga deusa Bellante da Sabeodria, sou eu... ;) LoL ...estou a brincar
The reencarnation of a ancient bellanian wisdom goddess....it's me...! ;) LoL I'm Jokking..
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Um comentário:
Tão encantada fiquei com estas minúsculas criaturas que até ouço as suas "irritantes risadinhas"...E porquê!?Porque consegues "apanhar" o leitor,levando-o a um mundo de emoções e deixando nele a curiosidade de saber mais...
Estou a adorar esta"noite...perturbadora"!!(e também as inovações que fizeste,parabéns!)
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