domingo, 25 de março de 2007

Dia da Chegada - 23-08-05

Hoje te darei uma pequena ideia de como eu sou e como é que as minhas irmãs e família são. Bom, um auto-retracto, por assim dizer! LoL Assim criaremos as raízes para a nossa amizade, eu a contar-te como vão as coisas por aqui, e tu a ouvires.
Estávamos no aeroporto do Cairo, para uma inglesa como eu, aquilo era uma novidade (as gentes, os templos
[1], e o CALOR!). Mas tinha a sensação que não era só isso que me fazia enxaquecas, mas sim outra coisa, de que algo que iria mudar as nossas vidas para sempre estava prestes a acontecer. A maior parte dos homens que olhavam para nós ficavam para aí a dar-nos flores e a propor-nos em casamento, e nós a rirmos a dizer que não podíamos. Que estúpidos, não estão à minha altura, nem das minhas irmãs, sim porque, segundo as nossas conversas no avião, e fiquei cá com a impressão de que quando aterrámos, não estávamos propriamente no Egipto, mas se tinha uma temperatura mediterrânea, sim, tinha. Também não faltava uma escrita muito estranha no aeroporto. Surpreendentemente, consegui ler o que estava escrito na estranha língua:

Seja bem-vindo à Atlântida! Tenha um belo dia...
Cautela, estamos em plena guerra civil corrente, para não sofrer acidentes, cuidado com as zonas que frequenta.
Zelando pela sua segurança…
∫φф – Serpenteio da Polícia de Vigilância


Ao acabar de ler a tabuleta, ri-me e limpei o pó que existia por detrás. Quem quer que seja o governante da Atlântida, não deve gostar lá muito de turistas para mandar afixar no aeroporto um aviso tão alarmante e suficiente preocupante para manter os curiosos e a imprensa estrangeira pelo menos uns quilómetros afastados da sua fronteira.
Para além disso, antes de podermos atravessar para lá para fora, apareceram à saída do avião dois rufias fardados, cada um com dois metros de altura, para nos fazerem o check-up, e empurraram-nos para uma porta à direita da recepção. Disseram-nos para despir-mos num ambiente desinfectado, e a cheirar a vacinas e a drogas, limpo como sei lá o quê, ladeado com azulejos com motivos florais de margaridas e rosas roxas para ver se não tínhamos alguma doença contagiosa e ver se tínhamos as vacinas em dia.
Ordenaram com uma voz rouca e forte para aguardarmos pelo doutor e pelo comandante do destacamento SPV responsável pela segurança do aeroporto num banco castanho, juntamente com outras raparigas estrangeiras. Todas a tremerem, não sabendo o que lhes ia acontecer.
Enquanto esperávamos, vi que o ambiente não era do melhor, e que estávamos todas vestidas, entre os catorze e os vinte anos. Devo confessar que fiquei um pouco de medo, e estranhando esta análise, digamos que a hospitalidade dos atlantes não é famosa por aqui, tão-pouco a sua beleza perfeita, digna de estrelas de cinema, os homens que nos empurraram para o check-up não eram lá muito do meu género.
Tudo aquilo era um pouco difícil de acreditar que seria mesmo um check-up vulgar, e ao observar a porta do outro lado, ouvi gritos de jovens raparigas abafados por música rock metal atlante que os guardas cantarolavam com um sorriso sádico para nós.
Pensei que aquilo seria um daqueles governos ditatoriais árabes que comercia mulheres estrangeiras para os seus homens.
Se assim fosse, então estávamos mesmo feitas ao bife, mas tive de me controlar para não fazer pergunta alguma.
Mas como…? A Atlântida existia mesmo?! Que raio de polícia repressiva seria a SPV, e quais seriam os seus verdadeiros objectivos obscuros…?
Passadas duas horas de espera, entrou pela porta, dois homens, o da esquerda usava uma bata branca, com um estetoscópio pendente como um colar largo e tinha na mão uma arma, uma pistola. Bons, estes aqui não brincavam em serviço quanto a descobrir toxicodependentes, disso, poderia ter a certeza. O da direita, mais novo, com a mesma idade que eu, fardado com a mesma cor azul escura dos homens que nos tinham trazido, uns olhos castanhos enganadores, e um sorriso mais falso do que o dum crocodilo, prestes a atacar.
Ao olhar para nós, sorriu maldosamente, e sentando-se ao contrário num cadeira, com as botas, a mexerem-se de uma forma estranha, assobiou alto satisfeito.
- Bons dias suas c…. – Cumprimentou ele tirando a boina. – Lamento imenso o vosso desconforto, mas, como podem ter lido na tabuleta, ou devem ser demasiado burras para entenderem, estamos em plena guerra civil. Tem-se de tomar precauções, compreendem o que vos digo?
Apenas um silêncio de cortar à faca foi a resposta que se ouviu, e muitas de nós estávamos em pânico no fundo, mas não queríamos dizer.
A pobre rapariga de catorze ao meu lado, de catorze, tremia como varas verdes, e a loura de quinze nem queria saber disso.
Verificaram os documentos, e fomos obrigadas a dizer os nossos nomes e profissões dos nossos pais.
Quando chegou a vez da chinesa, esta respondeu numa voz lamuriosa e muito triste:
- Tsuna Hiroshima, catorze anos. Filha do falido Ashitakal Hiroshima San, accionista da Dreamcast e da Tenente Leniyu, do Estado Chinês. Estou órfã por causa do meu irmão.
O comandante sorriu a fingir que tinha pena dela. Tenho a impressão que não vertia nem uma lágrima por ela
- Que história comovente...Aborrecida! Seguinte. – Comentou ele a bocejar, sem ter ouvido sequer o que ela estava ali a fazer.
A loura fitou-o com um olhar frio e com desprezo, valente, com os olhos azuis a brilharem de arrogância e vaidade.
- Solaris McViper, quinze anos. Filha do famoso Ted McViper, dono da cadeia dos hotéis “Viper” e de Lara Setting, imigrante austríaca que arranjou cabeleireiros “Setting”. E posso telefonar a meus pais se quiser confirmar, Sr. Comandante. – Disse ela numa voz como se estivesse a aguentar um grande peso.
Os guardas riram-se da intervenção da rapariga, mas o comandante levantou uma mão, e logo eles pararam de se rir. E numa voz calma comentou:
- Muito gélida, no entanto, boa como sei lá o quê. Farás sucesso, McViper. Idiotas! Deixem-me ver o que ela tem no pescoço.
Um dos rufias quase que lhe partia o pescoço, felizmente que o comandante era muito mais simpático do que os seus homens, senão…
Ao observar a tatuagem, o comandante mudou logo de cara, e com um ar um pouco preocupado, levantou-se e dirigiu-se a um dos guardas.
Depois deu-lhe uma estalada enorme, que a cabeça do guarda quase girou cento e vinte graus.
- Tolos! Seus idiotas! – Comentou o comandante chateado. – O que é que vos passou pela cabeça trazerem uma von Tifon para esta m…?! Elas são damas da alta sociedade, se o Major souber disto, sabem qual vai ser a minha raio de…porcaria de…?! Certamente que a Menina Magnetite e a Menina Hiroshima são as outras duas irmãs.
Ao discutir durante quinze minutos com os seus homens, estes baixaram a cabeça por uns segundos, mas logo os obrigou a olhar para a frente. Parece que a nossa família era muito influente na Atlântida, e tratar com tais modos as “damas” como chamou o comandante, quem diria que as marcas esquisitas no pescoço da Solaris, na perna direita da Tsuna e no meu pulso direito nos salvaram a pele. Eles iam nos drogariam para depois eles nos violassem mais facilmente. Que estúpidos, se eu apanhar aquele comandante mais uma vez na rua, juro-lhe que ameaço-o por nos mandado trazer para aquele bordel negro!
Depois disso, fizeram-se os procedimentos normais: fizeram-nos passar pelos raios X, e finalmente, apareceram duas criaturas enormes que eles tinham presos com trelas de ferro. Eram dois cães foo a rosnar com os seus dentes caninos que metiam respeito com as suas jóias e latidos graves.
O guarda que os controlava fez uma festinha aos pequenos monstros e sorriu ao ver que estes mordiam a bola de borracha que lhes tinha dado.
- Não vos preocupais, meninas. O butcher e o heartless não fazem mal nem a uma mosca, além disso, até se vos fizésseis mal, seriam logo levados para o canil!
Isto está a tornar-se cada vez mais bizarro, graças a Deus que só demorou uns trinta minutos a cheirarem-nos; a babarem-se por cima de nós e a termos a coragem de lhes dar festas, senão, não ia aguentar mais estar numa posição de auto-controlo.
- Dá a patinha à Dama Jessica von Tifon, dá a patinha, Heartless. – Disse o guarda olhando para o cão demónio da direita.
O demónio olhou para mim com os seus olhos esmeralda e deixou-me coçar as suas costas, como se fosse um cachorrinho contente, olhando para mim muito satisfeito e deitando a língua de fora.
- Olhai, parece que ele gosta de si, minha senhora. – Disse o guarda espantado. – Quando um cão foo deixa uma pessoa estranha coçar a sua barriga, significa que essa pessoa é digna de ser respeitada com o maior protocolo. Os demónios e as criaturas magníficas não são assim tão diferentes. Eles sabem que estão perante senhoras muito importantes, mesmo assim, nem um único von Tifon conseguira coçar a barriga de um cão foo, a não ser o Águia Negra e o Conde von Tifon.
Tsuna olhou para o guarda um pouco confusa e perguntou:
- Mas…Onde é que estamos? E quem são esses “vão com os tiros” ou sei lá o quê…?
O guarda começou a rir-se às gargalhadas com a pergunta inocente, e cinco minutos e confusas do que é que tinha tanta piada.
Ao se levantar, ainda com Heartless e Butcher a lamberem-lhe as orelhas, este limpou as lágrimas de felicidade.
- Minhas senhoras. Deixai-me explicar tudo: neste momento, encontram-se na Dimensão Mágica, uma maravilhosa e imensa terra povoada de variadas e diferentes criaturas, quer com aspecto humano ou não: demónios; bruxas; bruxos; deuses; magníficas; nobres; Cyborgs; feiticeiros brancos e aí por diante… – Respondeu o guarda a rir-se. – Não me dizeis, porventura, que não tinham conhecimento de tais terras como a fértil Atlântida, o Palácio das Reuniões e outras maravilhas que este mundo de conto de fadas tem?
Abanámos a cabeça um pouco envergonhadas. Um mundo e universo para além do que conhecíamos…?! Era um pouco difícil de engolir aquela, e no entanto, aquilo fazia sentido, senão como é que poderíamos ter sentido que de uma forma ou de outra, atravessámos o limiar de uma espécie de Fronteira, e quando vimos a suposta Fronteira do “Egipto”, reparámos em criaturas estranhas e bizarras, um rio de sangue, e uma cidade pesadelo onde todo o tipo de demónios e fantasmas habitavam lá.
E agora já estou mais convencida que os atlantes são eloquentes e muito educados.
Estou em casa… Sim senhor…
O guarda também nos contou que a governante da Atlântida era uma malvada rainha e bruxa que mandava as jovens “adversárias” para os campos de batalha da guerra civil para serem violadas pelos agentes da SPV, porque assim não teria competência nenhuma para ser a mais bela de toda as redondezas. A Fronteira e o Palácio das Reuniões algumas vezes são as únicas saídas para uma rapariga atlante conseguir safar-se daqueles tarados totalitários.
Perguntámos qual era o nome da maldita mulher, e o guarda respondeu num tom muito baixo que era Princesa Swerdinada Arco-íris de Fogo, mas que era estritamente proibido dizê-lo, pois acreditava-se que estava amaldiçoado, portanto, chamavam-lhe Dama ou Rainha Serpente de Fogo, para não causar mau-olhado. Que monte de tretas. Tenho a impressão que aqui na Atlântida, são muito supersticiosos.
Também não importa, estou ansiosa para conhecer a minha nova morada, e aposto, que vou adorar esta nova vida…
Acredita que me pus toda linda para ir para a Atlântida, e se soubesse que ia viver para um dos países mais civilizados e modernos de todos os tempos, acredita que levaria mais malas do que as que tenho aqui, perto da rua, na Cidade Perdida, uma das muitas regiões inóspitas e desertas da Atlântida, e se queres a minha opinião preferiria ir viver para Cyborg Town, a capital da Atlântida. Agora tenho de explicar-te o que são os Cyborgs, então cá vai: são feiticeiros normais, como eu ou as manas, com aspecto humano, excepto um pequeno defeito, têm uma maldição antiga na pele, por isso, ela apodrece-se rapidamente, e se não fossem os pedaços metálicos de órgãos, armas, membros, cabeça e outras partes essenciais para um ser mágico viver, eles já estariam em pó. No governo totalitário da Serpente de Fogo, eles são os principais inimigos, e são também considerados abaixo da pirâmide social. Nós; a família von Tifon é considerada no topo da pirâmide social, somos dos feiticeiros Nobres, e segundo o guarda, Nobres e Cyborgs lutam pela supremacia. É por isso que a guerra civil começou: para ver quem é que tinha mais direito, se os Impuros, que são os Demónios e os Cyborgs; se os Puros, que são os Deuses e Nobres. Nós, Puros, somos na maioria bruxos e bruxas, que são o equivalente aos Humanos poderosos e bonitos e famosos…Bem tu, sabes. Temos a magia mais poderosa, somos mais belos e fortes, e a nossa semelhança com os Humanos só seria diferenciada com a nossa maldade insuperável. Pois é, os Maus da fita, que seca, mas pronto, assim já podemos fazer traquinices, eh, eh, eh…
[1] Igreja muçulmana

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