sábado, 31 de março de 2007

Um novo encontro com o destino

Bem! O dia não podia correr pior! - (
Conheci um rapaz da minha idade bem parecido (chama-se Pedro) e é lindo de morrer!
Vou contar-te como é que o conheci:
O tal grupo que andava com ele andava um bocado abatido e ele propôs irem ao Gima & Anima, um que fica perto da estação Central; a estação onde temos de apanhar o Metro para a escola que vamos frequentar (estou ansiosa pelo 1º dia de aulas), o verdadeiro “problem” é que eu e as manas estávamos de ir buscar uma cerveja para o tio – «sem álcool, egípcia, não é destas mixórdias portuguesas que lá bebem!» – e decidimos ir (por coincidência) ao mesmo café eles iam!
Depois ela armou-se em convencida, começou a caçoar
[1] a dizer que nunca tinha visto um grupo de pessoas tão miseráveis como aqueles 3, o Digas, um que estava quase a fazer 18 anos disse que esses 3 que ela tinha troçado eram os que tinham derrotado o Seta Negra e que era melhor “ a Sra. Loirinha com olhinhos azuis” meter-se nos assuntos dela; e ela irritada com a mão na mesa disse:
- E então? Não podem existir pessoas loiras?
O tal rapaz de dezoito anos penteou o cabelo, já cortado e espetado para a direita, tipo punk e esticou o mindinho com ar de convencido.
- A menina ainda não entendeu a minha língua, não é portuguesa? - Disse o Digas sarcasticamente.
- Claro que não! Se fosse portuguesa, suicidava-me.
- Oh! Minha Sra! Tenha maneiras! - Disse o Digas formalmente.
Eu afastei-me da discussão e disse ao empregado:
- Um Earl Grey·, se faz favor.
- Um Earl Grey e uma Coca-Cola, eu pago. - Disse um rapaz muito moreno, com a barba a crescer que, também por coincidência, tinha-se afastado da discussão, e tinha ido para a mesma mesa que eu; ele ao receber a Coca-Cola dele sorriu contente por me ver.
- Como te chamas?
Também sorri para a sua carinha linda de moreno português, parecia que tinha saído do Algarve e naturalmente, demonstrei sem querer uma auto estima fantástica. O segredo para conquistar qualquer rapaz giro é reparar nele e sem querer, deixar cair um sorriso ou uma pequena frase simples como “como te chamas”. Felizmente, para mim, é fácil não a ser eu a meter conversa, porque são eles que logo começam a falar. Mas é bom começar uma conversa, demonstra modernidade e independência, uma coisa que os rapazes adoram.
- Jessica Magmatite, de Londres. – Respondi eu ao beber o meu chá.
Ao beber a sua Coca-Cola, viu logo que eu era de confiança. Já está no papo.
- Pedro Dardo, da cidade de México ao seu dispor. - Disse-me ele sorrindo – Então, é 1ª vez que estás na Estação Manuelina?
Cocei a cabeça, com um olhar vazio para o Pedro.
- O quê? Mas pensei que… – perguntei eu confusa.
Riu-se, e pondo a mão atrás das costas, quase que entornou a sua bebida na cabeça, mas não fez mal, porque gosto dele na mesma. Pelo menos como futuro amigo.
Sim, acho que vamos ser grandes amigos. Tenho qualquer coisa que me diz isso, chama intuição feminina ou apenas destino, mas cá para mim e com os olhos pequenos castanhos de avelã que me apetece comer que o Pedro deve ser um rapaz engraçado, talvez me dê muitas gargalhadas.
- Desculpa lá. Quando me referi «estás na Estação Manuelina», não estava a dizer que estás na Estação mas sim na zona perto da Estação. - Explicou ele.
Então, corei, e ao limpar-me ao papel, e, pela primeira vez, acho que no fundo, gostava de um rapaz. Mas acho que não, não pode ser. Mas inspira masculinidade por todo o lado, e não consigo parar de olhar para ele sem um sorriso para ele.
Ri-me pela minha nova estranha timidez, nunca me tinha acontecido isto antes.
- É assim tão óbvio que é a minha 1ª vez?
Ele aproximou-me de mim, e ao deixar cair o papel, tentei apanhá-lo, mas eu também quis fazê-lo, no entanto, as nossas mãos cruzaram-se, e vi que íamos ser grandes amigos, e nada poderia destruir isso. Será amor…?
Riu-se, e um pouco embaraçado também, pagou a conta ao empregado.
- Bem, nota-se um bocado. – Respondeu-me a olhar para mim (há química)
[1] Depois acordou para o mundo real, e olhou-me preocupado – Quer dizer…Tu não sabes o quanto este país é perigosa, há fantasmas; grifos; demónios…
De repente, um monte de soldados da SPV apareceu de rompante, abrindo a porta à força, e um deles, tocou uma corneta que soou desafinadamente mal.
Estragaram o momento todo, que brutos estes polícias. Já percebo porque é que os Cyborgs e o povo estão descontentes com aqueles malvados, a violar raparigas indefesas e a pilhar se calhar cafés suspeitos.
Um deles, marchando, e pondo um tapete vermelho, pôs uma estaca com uma bandeira vermelha dourada e azul com uma Serpente em chamas sobre um dos guarda-sóis e em sentido, juntou os calcanhares, num tom muito frio e activo anunciou:
- Passagem de Sua Senhoria, o ServentinViesfPoiritiChief Edwvarditied Goldtheeth.
- Toda a gente que é da MFC não se mexa! Temos suspeitas que este café seja uma base de operações cyborg. – Disse uma voz irritante e aguda.
O Pedro retirou da capa que usava vestido um canudo e demonstrou uma pequena tatuagem, e eu vi que ele ligava o modo de batalha no seu olho electrónico, e agarrou-me e pôs-me debaixo da mesa, como se fosse outra pessoa.
- E depois há os “Fuinhas”. – Disse o Pedro com um tom irónico. – Fica aqui, Jessica. As coisas podem ficar feias.
Debaixo da mesa, curiosa com aquilo tudo, ainda tentei guardar o pão para depois, e reparei que as cervejas estavam na frente de batalha. O Tio Set ia matar-nos de certeza, mas o que importava naquele momento era tentarmos permanecer vivas para as entregar e regressar a casa.
- Quem são os “Fuinhas”? – Perguntei eu.
A rapariga que estava ao pé dos outros rapazes ao tremer foi levada com outros rapazes Cyborgs, com um pouco de medo e a voz fina.
Uma cena de guerra tipicamente atlante, mas… Que estariam eles a fazer num café particularmente popular e inócuo por aquelas paragens…?
- Só são os altos oficiais mais chatos e melgas de toda a Atlântida
! – Disse a jovem atlante a baixar-se também para outra mesa. – Vês aquele pequenote à frente de todos os outros?
Ela apontou para um rapaz de dezoito anos de estatura baixa, pelo menos mais baixo que ela, com uns olhos pretos enormes para um rosto triangular, um nariz anormalmente pequeno e um pouco curvo, como se fosse uma coruja e uma boca pequena, com a barba já feita, pelos vistos muito bem, com uma gabardina preta de cabedal, que nas costas dizia “Glória à Grande Serpente”, pegando habilmente com ambas as mãos duas adagas curvas bastante afiadas. A princípio não parecera intimidativo, mas agora que penso nisso, a qualidade sobrepõe-se à quantidade.
Sim senhor, esta nova vida cada vez mais me espanta. Ela, a ver se não olhava para nós, um meio a medo acrescentou:
- É o Chefe da Polícia da Serpente Vigilante, ou SPV. O que o Dentes de Ouro estará a fazer num bairro como este é que eu não sei.
Bom, queria saber mais sobre ela, então, puxei pela conversa, e desviando-me de possíveis ataques, tentei esboçar um sorriso no meio da confusão.
- E tu? De que lado é que estás, a propósito, como te chamas? – Perguntei-lhe em segredo, para não ser vista.
Ela riu-se e encolheu os ombros. O seu cabelo longo no chão varreu-se, e penteando-se melhor, respondeu um pouco convencida:
- De nenhum. Chamo-me Sara.
Tentei apertar-lhe a mão, mas apenas lhe dei o resto da Coca-Cola que sobrava. Definitivamente uma guerra não é a melhor maneira para se conhecerem pessoas!
- Jessica. – Disse eu meio atarantada com aquilo tudo. – Esta confusão é todos os dias?!
E eu que pensava que a Atlântida era um local pacifico.
A Sara deu uma risada de uma menina perfeita com os seus dentes perfeitos e fixou os seus olhos azuis em mim, tomando a coisa pelo cómico.
- Se chamas a constantes tiroteios; mísseis; bombardeamentos; civis inocentes em prisões políticas cruéis; todo o tipo de luxúria e fuzilamentos da madrugada até às altas horas da noite pacífico, sim, somos pessoas de uma paz incrível e inatingível! – Comentou ela num tom sarcástico. – Baixa-te mais, porque o Dentes de Ouro vai fazer uma pequena entrevista ao pobre do gerente, um dos gémeos Anima.
Ao reparar que o alto oficial apontava a sua adaga para o gerente, ou seja, o gémeo Anima mais velho, vi que o homem de vinte e seis estava um pouco chateado com as mãos no ar pelo Capitão (Segundo a Sara, era a tradução da patente de Ed. Goldtheeth) ter entrado no seu café e ter perturbado o seu ambiente calmo – Já para não falar do meu ambiente calmo com o Pedro!
- Não assustai a clientela! – Disse um dos 2 gémeos que estavam do lado da banca das pessoas responsável pelo funcionamento do café.
O Capitão riu-se sadicamente, e apontou a adaga em chamas de vulcão contra o coitado do gerente.
- Anima, tell me just one thing:
[2] onde está o Dark Sword? – Perguntou o líder do esquadrão, que tinha um sotaque americano americano. – I’m waiting. O.K. É assim: eu vou contar até dez, e se tu não me disseres onde é que está o Dark Sword até lá, é goodbye para o café.
O irmão do ameaçado colocou-se logo em frente do seu irmão para o proteger. Pois, pois, zelando pela segurança, estou a ver mas é zelando pela tirania daquela bruxa da Serpente de Fogo, não pelos interesses do povo esfomeado.
- Não se atreveria! – Disse o outro mas logo um dos soldados disse-lhe para se calar ao colar uma mordaça na boca.

- 1…2…3…Está tentar a minha paciência, Gima. – Disse o capitão quase dando sinal para os outros fuinhas dispararem, mas…
Subitamente, uma rosa azul com um espinho negro interpelou-se entre uma das primeiras balas e surgiu um homem ágil empoleirado no telhado da casa, com uma capa roxa e umas luvas de sangue, desembainhando uma espada negra.
De quem seria…? Bom, esse deveria ter um sentido romântico para as coisas, não achas? Devia ser o Robin Hood da Atlântida. O misterioso homem riu-se e num tom trocista, lançou uma das rosas azuis e uma das lâminas arrancou o nariz de Goldtheeth, muito furioso, fogo, aquelas coisas eram afiadas.
- Deveria ter escolhido um sítio melhor para arranjar os dentes caídos de cima, não acha, meu caro Capitão? – Comentou o homem a beber com o mindinho esticado uma chávena de café.
O Capitão ficou muito chateado e apontando para o chão, desembainhou as suas adagas com água.
- Venhais cá e lutai como um homem, General Dark Sword! – Ordenou o Goldteeth, e todo o esquadrão de polícias secretos estava pronto para disparar.
Quem seria aquele benfeitor que protegia o café…?
O homem soltou uma gargalhada, e encolhendo os ombros, ficou lá no telhado, sem mexer num único músculo.
- E para quê, posso saber a razão? – Comentou ele atirando uma rosa, desta que não era afiada, para mim, e agarrei-a, levantando-me, muito agradecida. – Estão aqui damas, terá a sua batalha, sim, mas não aqui nem hoje. Quando certas belas senhoras tiverem dispersado, talvez poderemos lutar.
Ao ter dito estas palavras, ele levantou-se e com uma perícia tal, aterrou junto a mim, e beijando a minha mão sorrindo com um protocolo enorme, vi que era bastante robusto, com uma espada negra embainhada e sibilando ferozmente, no entanto, a espada ao me ver, desembainhou-se por si própria, e, ao subir ao meu colo, senti um frio terrível, tipo uma rajada de Janeiro no meu pescoço.
- Tenha calma, querida e bela senhora. O meu florete não lhe fará mal, General Dark Sword, James Dark Sword, chefe do Movimento das Forças Cyborgs, a Resistência, a Resistência é o lado dos bons. Um seu humilde servo ao seu dispor. – Disse ele por detrás da máscara de porcelana, com os olhos verdes de esmeralda a brilhar, tirando o chapéu de feltro. – E posso ter o conhecimento a bênção com que os seus pais lhe deram, linda menina?
Que cavalheiro, bem, parece que os von Tifon estão do lado errado, porque nós devíamos apoiar os Cyborgs, e não aquela bruxa mais os seus impiedosos lacaios.
Ia-me logo apresentar, quando reparei que umas balas iam, directamente em direcção a Dark Sword, já o ia avisar, quando este deu um triplo mortal murmurando primeiro na minha orelha “com licença, menina” e agarrando no meu corpo com as luvas, senti uma sensação muito estranha, ao ver tudo de pernas para o ar, e durante sessenta segundos, pensei que ia morrer, mas de repente, aterrei juntamente com o meu protector. Salvou-me de ser morta, que homem…! Sim senhor, que homem! Estávamos lá fora, em segurança, num beco, e parece que ele deve ter utilizado para nos transportar até aqui.
Depois, ajoelhou-se, beijou as minhas pernas, os meus joelhos, os meus ombros, e até ia pensar que ia beijar os meus seios, mas isso não fez, porque depois beijou os meus braços e as mãos, e com um sorriso misterioso, explicou-se:
- Queria certificar-me que não havia nem um ossinho ou músculo ou a sua carinha bonita não se tinha deformado, mas pelos vistos, está tudo a funcionar em ordem no seu corpinho sagrado de deusa, nada estragado.
Bom, que atrevimento! Pelo menos, preocupou-se comigo…Não! Aquele general deve ter para aí trinta anos, mas mesmo assim…Bom, pronto! Gosto de ousados.
Já disse, mas aprecio tímidos, é como dá, para mim tanto faz.
Muito irritada, pus as mãos nas ancas e sem saber o que ia dizer, apontei-lhe para a capa roxa, quando se ouviu uma voz aguda:
- DARK SWORD, NÃO ESCAPAI À NOSSA BATALHA!
O general riu-se, e trazendo uma bola de cristal azul, atirou uma rosa para a cara do chefe da polícia atrevidamente a poucos metros de distância.
- É isso mesmo que farei…! – Dizendo isto, Dark Sword deixou suavemente a bola a rodar, espalhando um gás azul.
Ao se emancipar por todo o beco escuro e pintado de grafites a favor da ditadura, ouviu-se uma gargalhada que congelou todos os corações malvados dos malfeitores e os fez a correr a sete pés daquele sítio.
Quando todos tinham fugido, o Goldtheeth bateu com a mão numa das paredes, e olhando para o céu coberto pelos prédios.
- Isto ainda não acabou, Dark Sword! Vamos embora, rapazes. – Disse isto, mas, ao ver que todos tinham desaparecido, esboçou um olhar de muito maldisposto, cerrando os punhos e resmungando à medida que se ia embora. – Idiotas incompetentes, têm medo de uma risada qualquer, aquele imundo é só um cyborg mulherengo maricas, não o Assassino do Amor em pessoa.
Que estranha tarde, e eu não acredito que deuses; grifos; sereias; fantasmas; cyborgs e cidades perdidas existem!
É impressão minha ou isto mais parece um sonho do que a VIDA REAL!!!...
Meu, deve ter havido uma fuga de gás enorme em casa para eu estar a ter um sonho tão esquisito.




POEMA:

Somehow the world is upside down!
New adventures all around!
Somehow I’m bracking the spell!
No more hidding in a shell!

Then I ask:

- Is that true or false?
[1] Há qualquer coisa/ há amor no ar
[2]“ Conta-me só uma coisa” em inglês

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