Contos, historias, textos pessoais... Short-stories, poems, personal texts....
Princesa Shamanarta
A reencarnação de uma antiga deusa Bellante da Sabeodria, sou eu... ;) LoL ...estou a brincar
The reencarnation of a ancient bellanian wisdom goddess....it's me...! ;) LoL I'm Jokking..
Many stories to tell! Now In bilingue....
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c.catigirl@gmail.com
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Poisonous earl grey
13 de Novembro, por volta das sete da tarde
Enquanto estava a tomar um Earl Grey mint and Lemon (podem tirar-me de Londres, mas não podem tirar o meu Earl Grey) reparei que o sacana do Dr. Fixtanea e o crápula do Finistergäse tinham entrado no café saloio do "Sencha ya Omakeda".
O Finistergäse anda sempre de óculos escuros, com um chapéu bicudo à maneira dos antigos bruxos. O Fixtanea usa sempre um chapéu de feltro preto. O primeiro andava com um casaco pendurado nos ombros, o outro andava com um elegante e moderno sobretudo preto, que chegava aos antigos e caros sapatos Italianos pretos. Com um cachecol ao pescoço, o velho doutor pediu um maço de cigarros mais caros que o dono do café tinha!
Finistergäse, um homem de quimono cinzento e um pouco coçado, adivinhei que fosse o convidado do homem sinistro aquem pertencia a limusina. Falava no dialecto Alemão de Shunamari, como que a pedir desculpa por ser tão distraído. Aí, percebi que quem era o pobre coitado que precisara dos quinhentos marcos era ele, pois estava com um ar um tanto apreensivo nos lábios. Trazia quatro adagas Japonesas, semi-ocultas nas calças do quimono.
O sádico e bêbado Finistergäse que eu vira no Dia da Magia Negra a gozar com a Imperatriz Serpente de Fogo, estava a tremer que nem uma folha diante do Fixtanea! Consegui cheirar o hálito dele aa milhas, com o sabor desagradável a arroz queimado, fígado de qualquer coisa e cebola áspera.
O Fixtanea pronunciou algo em Japonês a que eu não percebi muito bem. Com certeza que não era um elogio! Entre as poucas palavras, sibiladas numa voz grave e arrepiante, eu apanhei o nome da Tsuna, com o habitual sufixo carinhoso "chan". Aqueles dois estavam a falar da minha irmã emprestada!
Pousei discretamente os phones do walkman nos bolsos, para não dar muito nas vistas. Tinha o cabelo completamente molhado e encaracolado, emaranhado como uma bola de lã avermelhada. Se tivesse sorte, eles não reparariam em mim!
A porcaria do tempo, com o morrinho que apanhara em Cyborg Town, transformara-se num aguaceiro dos Diabos quando eu tinha chegado ao ducado de Shunamari. Passara a correr pela velha aldeia Japonesa de Itshaki, alugara uma bicicleta, e precisamente quando estava quase a chegar à estação de metro de Omakeda (outra aldeia Japonesa no velho ducado do meu avô, que Deus o tenha, embora por esta altura acho que ele deve estar mais no Inferno do que no céu).
Abrigada no café tipicamente Chinês, vi um relâmpago a rasgar os céus, atingindo cruelmente uma árvore, a pouco menos de dois mil pés de distância. O trovão fez com que a sala velha tremesse, suportada por ferros, arcos de madeira cor de sangue e vigas de pedras cinzentas e nada agradáveis.
Não me admirava nada que o café datasse do tempo em que o Daisuke ainda tinha cinco anos...!
As janelas redondas, com cortinas de musgo, molhado e sombrio, os candeeiros de papel à maneira Chinesa, com carácteres em Bellante do Norte, a baloiçar no meio do tecto escuro e gelado...Aquilo mais parecia-se com um cenário de um filme "noir" dos anos 40 sobre Chinatown do que um café no meio da rústica estrada de Shunamari, cercada por um bosque um tanto intimidante...!
Só quando Finistergäse pediu uma lata de cerveja em Inglês é que apercebi-me que estávamos no século vinte e um.
- Que tempestade dos diabos! - Comentou o gerente, num sotaque Japonês, enquanto lavava os copos. - Até parece que os Oni andam à solta...Não é que eu acredite nessas velhas superstições, mas cá em Shunamari, até parece que a floresta pode pregar partidas aos incautos!
Com um sorriso informal, dirigiu-se ao velho doutor.
- E o que é que o senhor irá desejar?
- Um café preto com canela se faça favor! - Ordenou insipidamente o Dr. Fixtanea, não parecendo mais o encantador cavalheiro de idade que beijara as palmas das mãos da minha irmã.
De repente, ao reconhecer o sotaque, o gerente começou a falar em Japonês, num tom muito educado e simpático. Fazia as coisas com a maior das naturalidades, como se estivesse concentradíssimo no trabalho.
O Dr. Fixtanea parecia nem um tanto interessado na conversa um tanto "chacha" do gerente, que devia ter os seus quarenta, quarenta e tal anos. Soprava uma nuvem de fumo de vez em quando, como se a tentar ler no reflexo do espelho à noveau-art, os olhos dos clientes e o que é que eles diziam.
Entretanto, o idiota cobarde do Finistergäse, falava fluentemente com um ar interessado em Japonês, continuava a suar rude, rouco e cínico. Subitamente, apercebi-me de um pormenor muito estranho ao observá-lo de esguelha: Finistergäse tinha dois cornos a sair do chapéu bicudo. Fixtanea tinha um olhar penetrante, quase demoníaco que fazia com que a maior parte dos homens ali ficassem parados que nem estátuas! Outros cairam, mais duros que nem pedras...! Se calhar até já tinham esticado o pernil!
Antes que pudesse notar, o gerente começava a abanar-se com a toalha, como se estivesse muito abafado. Tentei não engolir em seco. Ele parecia estar muito mais aterrorizado do que eu, com gotas quentes de suor a cair da testa morena.
- Agora que me lembro... - Disse em Inglês, a arfar, enquanto o Dr. Fixtanea esboçava um sorriso maldoso. - O meu pai contava-me quando era pequeno, uma kaidan: um dia, na altura da guerra, ele viu um homem a sair de uma limusina preta, a fumar um cachimbo. Ele devia ter dezasseis, dezassete anos! Mas ele sabia perfeitamente quem era aquele homem...!
Antes que o coitado do gerente pudesse revelar quem tinha sido o feiticeiro demoníaco que o pai tinha visto, este primeiro começou a cuspir sangue. Era tão vermelho quanto as paredes do próprio café. Tão quente quanto o meu cabelo, que caía, arrepiado nos ombros.
Os poucos homens que tinham sobrevivido ao feitiço dos olhos diabólicos de Fixtanea, e que tinham escapado ou resistido àquele letal nevoeiro azul-claro que pairava no café, pareciam um pouco ou tão arrepiantes quanto Finistergäse.
Este último soltou uma risada maliciosa. Apunhalou o gerente com uma das adagas e clamou algo cruel e incompreensível na língua do Bellante do Norte. Tirou os óculos, e pude ver que ele não tinha olhos de todo!
Neste momento crucial, um tipo repara que tenho as calças um pouco descaídas e um pouco justas para que ele tivesse uma ideia de como eram as minhas traseiras.
- Que rabinho fofo, ruiva! - Assobia sonoramente num tom bêbado em Inglês.
Antes que eu possa enfiar o resto do chá na braguilha do cara de cu, já o Dr. Fixtanea e o Finistergäse viram-se para mim, um com um olhar azul e cinzento, fantasmagórico, o outro com um sorriso demoníaco semelhante àquele que eu vira no Daisuke. Eu, a única mulher que não usa avental ou está morta de susto, a mulher que devia usar algo feminino do que calças à militar, botins pretos, um casaco de couro azul-escuro, e uma camisola de manga comprida, de algodão, quente, suficientemente justa para que as minhas mamas se notem, mesmo com a porcaria do soutien!
Que é que queres? Quando uma pessoa está a ver que vai haver uma chuva das boas, só quer algo seco onde se aquecer até que o dito-cujo passe! Tiramos aquilo que nos calha na rifa e pronto! E logo saiu-me um café antiquado, infestado de bruxos demoníacos! Tudo isto, juntamente com os raptores da Tsuna! Ela tinha conseguido escapar e sobreviver no Halloween...mas então e eu?
terça-feira, 20 de novembro de 2012
A língua dos Bruxos: Bellante do Norte
13 de Novembro, de 2004
Falando em pessoas irritantes, a biblioteca não é exactamente o lugar perfeito para trabalhar. primeiro, as raparigas lá não param de falar, mesmo que seja um local de trabalho, segundo, não consigo perceber uma única palavra do que dizem. Ainda bem que tenho o Daisuke para me alegrar! Sabes o tipo do Café? Parece que ele é um dos meus primos do lado da minha bisavó. Ele é neto do meu tio-bisavô, que pelas poucas palavras que percebo do dialecto de Shunamari dele, ainda está vivo. Para além de estarmos com os meus phones - para não ouvirmos as histéricas das raparigas das secundárias de Cyborg Town - a ouvir os Iron Maiden, ele ajuda-me a ter paciência com o computador.
O computador é uma lentidão, o que torna o trabalho ainda mais difícil. O meu professor de Bellante Arcaico do Norte mandou-me pesquisar "as semelhanças entre o Japonês Arcaico e o Bellante Arcaico do Norte" como trabalho de casa. Mas com esta lesma, vai ser mais fácil eu falar do sotaque arrevessado dele em Inglês do que de uma língua que só os velhotes de Shunamari e de Cyborg Town sabem falar. É mais por causa do Daisuke que estou a fazer isto.
As raparigas não paravam de falar. Era como se não tivessem mais nada do que fazer a não ser rirem a bandeiras desbragadas! A coca-cola caiu-me um pouco mal na garganta. Demasiado fria para o meu aparelho dos dentes. Era como se o tipo que arranjara a bebida tinha ido buscar um pouco de gelo da sarjeta lá na rua de Cyborg Town.
Enquanto o Daisuke explicava-me um pouco sobre o antigo dialecto de Osaka falado no século sexto, eu perguntei-me se ele era assim tão novo quanto eu pensava.
Ele suspirou, ao apontar para o indíce do livro. Falava sobre os últimos séculos antes do Tratado da Magia Universal, e como o Bellante do Norte fora influenciado com estrangeirismos Russos.
- Não sou assim tão velho quanto a maior parte dos Feiticeiros Demoníacos, só tenho oitenta e cinco anos! - Exclamou ele, um pouco triste.
- Não pareces assim tão velho! - Sorri num tom de brincadeira. Não acreditava que ele tivesse aquela idade.
- Não sabes? - Arregalou os olhos, um pouco surpreendido. - Os da tribo dos Youkai envelhecem muito mais tarde, ao ingerirem órgãos humanos.
Como é que eu podia saber...? Nunca soube qual era a diferença entre um feiticeiro humano, um feiticeiro demoníaco, um bruxo e um feiticeiro branco! Fiquei curiosa com essa palavra nova...De certeza que era um empréstimo do Japonês.
Ao pôr, estranhada, as mãos na mesa, eu arregalei muito os olhos:
- Ser-se bruxo e um feiticeiro demoníaco não é a mesma coisa?
Ele sorriu e consegui ver, no reflexo negro do chocolate quente, cercado de vapor quente e perfumado com canela, dois dentes caninos e grandes a crescerem dos lábios do meu louco primo. Com o cabelo rapado e pintado de roxo do lado direito e preto natural do esquerdo, os piercings nas orelhas pontiagudas, não me admirava nada que as raparigas lá da biblioteca perguntassem o que é que uma "maria-rapaz" como eu fazia com aquele pão delicioso.
- É claro que não...! Pode-se ser ambos, mas não é a mesma coisa...! Eu, por exemplo, sou um Kolmanatry, um feiticeiro demoníaco e um cy-bata ao mesmo tempo. Sou um feiticeiro, de sangue de Youkais, artista (é isso o que significa a palavra Kolmanatry - "artista excêntrico").
- Isso percebo eu! - Ri-me, com uma ponta de troça na voz, com as unhas perfumadas com cerejas ainda na coca-cola. Aquelas palermas bem que queriam estar no meu lugar, a falar com o docinho do Daisuke. Tenho de admitir, ele sabe falar Inglês. O sotaque fica-lhe tão bem com o sorriso maroto demoníaco e os piercings na língua.
Deu-me uma palmadinha nas calças militares.
- Vá lá, prima, não sejas marota! - Riu-se, ao retornar ao Alemão, língua que se sente mais à vontade. Pigarriou. Acho que é um pouco difícil para ele fingir ser velho. O Daisuke é o que uma pessoa chama de "jovem por dentro". - Bom, Youkai não é exactamente demónio! Pode ser um sinónimo de "espírito sobrenatural", "fantasma", "aparição"...Basicamente é uma criatura que normalmente a razão humana não consegue explicar. A palavra Kätrtzyaamnahuatli ("bruxo" no Bellante Padrão) joga com a pronúncia do nome Di Euncätzio. Mas também não é "feiticeiro demoníaco".
Ao desenhar com um pedaço de chocolate seco, ele apontou-me os carácteres "formais" em Bellante do Norte para "bruxo", "youkai", "feiticeiro demoníaco". Eram completamente diferentes dos dois ideogramas que se utiliza para dizer o nome "Di Euncätzio".
- Como vês, no Norte ainda é tabu escrever o nome Di Euncätzio. Quando procurares por obras do "Mestre Samiel", de Onisamatzeka, ou do "Mestre Saburou", tenta ver os pseudónimos deles. - Avisou, num tom demasiado sério para que eu risse da situação.
- Mas...por que é que é proíbido...? São só um monte de rabiscos velhos...! - Repliquei, um pouco admirada com o talento e cuidado com que ele escrevia com o chocolate.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, o meu primo pousou a mão nos meus lábios.
- Estou a usar o chocolate, porque é sagrado...Sabes o provérbio "falas no Diabo e ele aparece"? As palavras em Bellante Arcaico do Norte não eram só caracteres, como acontece com os Kanji ou os Hiragana em Japonês. Faziam parte da magia e dos feitiços dos Bruxos! - Exclamou, num murmurar, como se a mera enunciação da antiga língua dos Bruxos fosse algo perigoso!
Tão rápido quanto pusera as mãos nos meus lábios, ele retirou-as, num gesto delicado. Suspirei, um pouco apanhada de surpresa. O Daisuke, ao contrário do que a Sara me contara sobre ele, cheirava bem. Tinha acabado de trabalhar na "Senhora Diamante". Parecia que os anos do pós-guerra tinham-no amadurecido, ou pelo menos, segundo a minha mãe "aceitar aquilo que é nascer num pântano e tornar-se numa flor de lótus".
É que o Daisuke, pelos vistos, antes da Segunda Guerra, era muito infantil. Depois, foi forçado a fugir para Hong Kong. Uma vez que ninguém associava-o, nem com o avô Hyasuko Murakami (depois conto-te sobre o meu Tio-Bisavô) , nem com o Duque Von Tifon (sabe-se lá porquê), ele começou a tocar músicas ocidentais como ganha-pão, em clubes-nocturnos. Pode-se dizer que o meu primo "comeu o pão que o Diabo amassou"...mas, como o meu primo é filho de um cyborg, não vou utilizar esta expressão. Como o pai do meu primo foi concebido já é outra história. E como nós os Ingleses já não acreditávamos muito em Bruxas - quanto mais em "ogres", que foi a tradução mais à "ocidental" que o Daisuke arranjou na altura para explicar o que lhe acontecera, sendo ele neto de um Oni - ele lá conseguia arranjar dinheiro para comprar arroz. De repente, conseguiu arranjar um contracto com uma misteriosa companhia discográfica Japonesa, que apostava no moderno "rock" ocidental, lá para os Anos 60, ele começou a vender discos na Bellanária do Sul (aquilo que não era ocupado pelos "Diabos Comunistas", como disse a minha mãe), em Osaca e inclusive (por esta eu fiquei boquiaberta) Tóquio!
Por isso, ao acabar o seu chocolate-quente (que, por esta altura já era um gelado de chocolate do que outra coisa), o Daisuke disse que preferia esta vida de artista do que dedicar-se à profissão de feiticeiro demoníaco, que, tal como eu vira, era muito perigosa hoje em dia.
- Então, isso quer dizer que a tua personna no palco e tu na vida real são completamente diferentes? - Perguntei, muito surpreendida. Ah, eu sei perfeitamente que os metaleiros e os rockeiros são muito diferentes na vida real.
- Sim...Eu vivo uma vida simples. Não gosto que as pessoas comparem o meu "eu" artístico com o meu "eu" pessoal. O vocalista dos Kilresy com a boina preta é diferente do Duque Von Tifon ou de Kensaku Murakami...é uma caricatura dos Bruxos! - Disse num tom muito sério. - Vamos lá ver o que mais interessa: os seis elementos Bellantes, podes enunciar as diferenças no Bellante Arcaico do Norte e o Japonês Antigo.
Estava a tentar perceber a diferença entre o carácter Japonês para "água" e o homólogo em Bellante do Norte, quando lembrei-me do anel que supostamente devia proteger-me da Magia Negra. Este anel tinha aquilo que em Bellante do Norte se poderia ler como "Terra, Água, Fogo, Ar e Luz, Victória!" Então era por isso que não tinha sortido efeito. Tezcatlipoca esquecera-se da Escuridão. Mas também havia outra coisa que tinha o símbolo da água, num carácter em Chinês: um pendente de jade em forma de um arco, que a Tsuna traz sempre agora ao pescoço.
Ao ler os meus pensamentos, o Daisuke suspirou.
- É normal...A maior parte das Fadas costumam usar esses talismãs simbólicos que representam a tribo (neste caso uma ondina) e a classe a que pertencem. - Subitamente, ele apercebeu-se de quem é que eu que eu estava a falar. Quase que cuspia o segundo chocolate quente! - Mas tu estás a dizer que a viste com um pendentes desses ao pescoço?!
- É esquisito, não é? A Tsuna, a protegida da minha mãe a usar um pendente usado por Fadas! - Disse eu, ainda muito surpreendida com tudo aquilo.
- Não é esquisito se fores filha de uma feiticeira humana como a Tsuna! - Comentou o Daisuke, com o sobrolho carregado, ao tentar anotar o carácter Chinês para "água" na agenda. - E eu que pensava que a arte de trabalhar metais para que se transformem em amuletos poderosos já tinha desaparecido! Quem quer que tenha oferecido esse pendente à Tsuna, sabia que a prima Katarina não é boa-rês! A maior parte dos Bruxos demoníacos odeia os Feiticeiros Humanos por causa do que lhes fizeram nos últimos séculos...Talvez a prima Katarina tenha herdado esse ódio do Trisavô! Eu ainda nem era nascido quando a Magia foi proíbida no Japão...!
- Bom, esse pendente só apareceu depois do dia da Magia Negra, no correio. - Confessei, um pouco apreensiva com a minha "irmã emprestada". - Depois da festa do Halloween, não a vi!
O Daisuke olhou um pouco para mim, depois fez uma cara de quem estava muito assustado, como se tivesse recordado de um velho pesadelo. E eu que julgava que a minha mãe era uma santa! Não me admirava nada que ele estivesse preocupado: a minha mãe pelos quadros está sempre com um ar de....pronto de uma mulher fácil. O retracto do meu avô, porém, aparecia-me na memória como algo majestoso, orgulhoso...Nunca malvado! Mas também sei tão pouco sobre a minha família...! Só estou cá há uns meses...Parece-me mal falar do Daisuke como "Tio". Eu trato-o por "tu", e ele parece gostar de mim, embora sinta-se pouco à-vontade para falar da família.
Depois da explicação, ao pagar o dinheiro, tanto da minha coca-cola como das duas canecas de chocolate-quente, ele pousou o casaco de couro nos ombros, como se estivesse a sugerir que eu viesse com ele. Os olhos dele pareciam tão queridos ao olharem para mim...!
- Tens a certeza que não queres que te dê boleia...? Se alguém conseguiu manipular a Tsuna e quebrar o feitiço, tanto do teu anel como do pendente dela, então é porque é um bruxo muito poderoso!
Eu disse que não, que sabia defender-me sozinha...Mal sabia eu o que é que estava para me acontecer naquela tarde...!
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Afrodísiaco da Terra feminina
Não chores, pequena flor,
Os teus lábios sabem a um jardim,
onde as rosas negras são mais apreciadas!
Sabedoria antes do amanhecer,
Folha assustada, manchada, estragada,
No meio do vendaval,
Fruto amargo do poder,
Haverá algo mais para além
Da certeza dourada,
Dessa tua vida arruinada...?
Estranha doença de bebida,
Fermentada do néctar do amor,
Que sabor o teu peito teria,
Se eu lhe pusesse um pouco de sal,
A que doce perfume sabe o teu pescoço,
Mais profundo do que um vale...?
Dor, paixão, tristeza, morte,
És tudo isso, donzela do meu torpor;
Faço do fruto verde o meu amuleto da sorte,
És rainha, anjo, deusa,
Bebida destilada em framboesa cruel,
Enganador maracujá, mais doce que o mel,
Contigo, não sou assim tão forte,
É o néctar que faz parecer este animal de porte,
Um pequeno cordeirinho que não teme o fel,
Fel dessas pernas, quentes e douradas...!
És uma droga e um prazer,
Bebida que enche o meu corpo de saber...!
Afrodísiaco da Terra Feminina, por Erwin Di Gracxiushandrian, 1845, Edições Bellantes
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Um café Bellante, com certeza!
Caramba...! Ainda há alguém que conheça os Judas Priest, apesar de saber apenas algumas palavras em Inglês...? Pensei eu cá para os meus botões. É por estas e por outras que eu adoro Cyborg Town: uma pessoa conhece cada um, enquanto se é servido um pouco de chá num café que tem um ar gótico mas a maior parte das pessoas parece que saiu de um filme de samurais ou de um documentário sobre as civilizações pré-hispânicas. Pois é: é assim, um típico café Bellante. A maior parte das pessoas que a frequentam (pelo menos em Cyborg Town) são homens com má cara, um sítio que é uma miniatura das torres que fariam inveja ao Castelo do Drácula, e couro. Gabardinas de couro, sapatos pretos, chapéus super elegantes, quer de feltro, ou à maneira tradicional Bellante: bicudos. Uma banda de jazz a tocar na rádio e um chá de menta com um pauzinho de canela.
domingo, 22 de julho de 2012
Tal avô, tal neta?
Saudações da vossa Tifongirl.... Agora já sabem porque é que eu pus o nome tifon como pseudónimo, há cinco anos atrás, a Jessica foi a primeira Von Tifon, e eu identificava-me um pouco com ela na altura. Nessa altura, eu gostava de fazer pinturas a aguarela, ouvia uma música muito heterogénea e tinha uma relação complicada de amor/ódio com os desenhos animados Japoneses (mais conhecidos por anime) , que ora eram passados às sete e meia da manhã, ora no horário infantil, às cinco da tarde. Tal como a maior parte das coisas que me metem medo, passei a interessar-me, e comecei a vê-los nas versões originais ora na internet ora nos canais em que os desenhos eram mais maduros. Mas a minha influência principal (ou inspiração, como quiserem) eram as sitcoms e filmes sobre a Segunda Guerra Mundial (não sobre a guerra do Pacifíco, que passei a interessar-me recentemente), mas sobre o lado alemão.
Inspirada pela minha amiga Norueguesa Lisa , começei a desenhar uns esboços das personagens mais intrigantes das minhas histórias. Gosto muito não só da manga Japonesa mais para adultos, como também as obras fantásticas de Picasso e do grande Salvador Dalí. Em relação à escrita, a inspiração...é um segredo! He, he, he :P
Aqui está um esboço que fiz recentemente sobre a Jessica (uma parte da cara dela) e o contraste entre ela e o "bruxo demoníaco do cigarro" http://princesshamanarta.blogspot.pt/2007_05_20_archive.html "Digamos apenas que eu sou o porta-voz da desgraça, minha querida..." A citação que gostei mais naquele poste, há cinco anos atrás.
É impressão minha ou eles não são assim tão diferentes ? ;)
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Um café com canela às sete da manhã...
Diário da Jessica Von Tifon
12 de Março de 2005
Um café com canela às sete
Quando penso que toda a gente vê-me como uma rapariga super simpática, amiga dos outros e com um humor muito refinado, ninguém diz: "Lá vem a neta do Duque Von Tifon..." ou "Olha, cuidado com a bruxa!" A minha família é que me conhece... É verdade é que sim, posso ser um pouco mázinha quando quero. Mas hei, a minha mãe era uma leoa com os homens, o meu avô era um pouco excêntrico (se bem que até acho que podia dar-me muito bem com ele)...Não me podem culpar por ser assim. Uma vez, um colega meu e a minha pessoa estávamos a conversar calmamente. Quando eu lhe digo que as raparigas Bellantes são simpáticas, ele diz-me assim, com toda a naturalidade do mundo, como se soubesse perfeitamente como é que são todas as mulheres bellantes, sejam elas humanas ou bruxas:
"Cá para mim as miúdas são todas umas piegas..."
Ai, valha-me santa pachorra, senão fosse a minha paciência de santa - que apesar de ser uma bruxa, ainda tenho uns nervos de aço, digo-te - eu juro que lhe dizia quem eram as piegas! Dava-lhe um murro no sítio que eu cá sei que ele perdia logo a vontade de repetir a graça. Porém, uma vez que os meus lindos olhos verdes (que nisso, são iguaizinhos aos do meu avô) não sabem mentir, o franganote lá disse, um pouco assustado:
- Sem ofensa, Jessica! Tu não és assim, tu até és muito fixe...
- Podias inventar uma desculpa qualquer para dizeres que estás com medo de mim, Thaiko! - Disse eu num tom desconfiado, muito mais amargo que o café que me fora servido.
O Thaiko, que apesar de ser mais velho que eu, com um ar de quem preferia estar à chuva do que estar a ouvir os meus comentários sinceros, tentou desviar a conversa para algo menos embaraçoso:
- Então...ouvi dizer que acabaste com o Pedro...porque é que fizeste isso? - Perguntou num tom um pouco curioso, como se tivesse pena do cyborg.
- Não foi por causa do Fixtanea ou do meu padrasto, se é isso que estás a pensar. - Bebi um pouco do café, pensativa. À noite, continuo a perguntar-me a mim mesma porque raio teria feito tal coisa, mas quando via o Pedro agarrado à Sara, muito apaixonado por ela, não conseguia ter pena dele. Dela, com certeza que tinha, aquela rapariga já nasceu ingénua! - Além disso, ele desiludiu-me e os tipos que desiludem-me não merecem o meu amor.
O café do coitado do Thaiko já estava frio de tanto ele mexer nervosamente com a colher.
- Ah...então não te importas com o que possa acontecer com ele?
- Cá por mim ele até podia ser atropelado por um carro da SPV... - Comentei enquanto sorvia calmamente o café com canela.
Eu até podia dizer isso com a maior das indiferenças, mas no fundo, sabia que estava a chorar por dentro. Também aquele palerma não merece que eu esteja a deitar ranho por tudo o que é sítio. Estava um dia de chuva, húmido como eu sei lá o quê. Tal e qual como em Londres...Não sei porquê, mas sempre que estou triste, vem-me à memória os dias cinzentos em que estava sozinha em Londres.
Numa das janelas enevoadas e turvas com a chuva gelada, vi dois olhos azuis a espreitar. O Thaiko tremeu ao ver o que eu vi, mas eu não tremi. Tinha saudades do meu avô - isto é, do meu pai - e realmente, agora que sei que o Fixtanea era realmente o meu avô (Adrian Demetrius Von Tifon) disfarçado, não consigo odiá-lo. Quando cheguei à Bellanária e ouvi falar sobre ele, não deixava de pensar: "Deve ter sido um homem incrivelmente poderoso!" Depois, tenho tantas perguntas para lhe fazer...
Estou a falar como se fosse a Sara não é? Mas isso de eu ser curiosa já é de família.
O meu avô caminhou calmamente no café um pouco...Como é que eu hei-de dizer isto de uma forma simpática? Ah sim, era um café um pouco rasca. Enfim, os amigos da Sara nunca podem ter bom gosto. O cáfé chamava-se Doçaria Madrid, e, exceptuando os bolos, o café vinha sempre queimado. Mas é um daqueles lugares em que uma pessoa vai e nem a chuva parece assim tão deprimente, com o ar velho e o cheiro a anúncios dos Anos 20 com Art Novae esparramados pela parede dourada.
Estava a usar uns sapatos italianos pretos, com um sobretudo preto, e um cachecol bem elegante. Definitivamente não estava com cara de quem estava contente por me encontrar num sítio daqueles. Ao fechar o guarda-chuva (para alívio do dono do café, que era mais supersticioso do que a nossa vizinha de Merlonogrado, uma velha mas tão velha que a canção Portuguesa "Era uma velha que morava numa ilha..." faz com que eu desate às gargalhadas sempre que a ouço) ele pediu o mesmo que eu: um café preto com canela. O dono lá acenou aos tremeliques que sim, Vossa Alteza, é para já! As pessoas com mais de setenta anos ainda se lembram do homem cuja voz na rádio lhes fazia um calafrio na espinha. E pensar que o meu avô é muito mais velho que os humanos e consegue andar àquela chuva sem soltar um único espirro!
Sentou-se à minha frente, enquanto o Thaiko retirava-se discretamente com um ar de quem não queria ser olhado de lado pelos clientes. Eu tiro o casaco e quando toda a gente vê a marca do falcão dourado com os três fogos-fátuos no meu pulso direito, é como se caísse um silêncio de cortar à faca sempre que vou a algum sítio!
Até pareciam bóis a olharem para um palácio...
Lançei um olhar um pouco carrancudo para os outros clientes.
- Que foi? Nunca viram um homem a tomar café com a neta?! - Perguntei com um ar muito indignado.
E de imediato os outros clientes pararam de olhar e retomaram ao que estavam a fazer. Revirei os olhos, aborrecida com uma das mãos na colher, brincando um pouco com a ressonância da chávena de vidro.
- Palermas... - Murmurei entre dentes.
segunda-feira, 26 de março de 2012
Primavera do Sul e Inverno Nortenho
Feliz Festival das Bandeiras e Boas Festas Nacionais!
Nilampadma II Jagannhati, filha do Rei dos Dragões Jagannhata XXII com a Imperatriz Claudinitiana Xóchitl III. Mãe do Imperador Tsubasa Kleitsuitl. Nascida em 24 de Março de 1720 e morreu em 2 de Janeiro de 1769, cada com Ayumu Tokugawa.
Aí vem o Avô Inverno, com o seu sotaque exótico,
Querida terra coberta do branco,
O senhor Inverno, como bom feiticeiro educado,
Querida terra coberta do branco,
O Avô Inverno
Mas é da Bellanária que ele gosta mais,
E o Senhor Inverno lhe diria:
Querida terra coberta de branco,
Quando passeei, um pouco distraída em direcção ao fundo do salão, reparei que a voz com sotaque Russo era a de Nina Malaghetyeva, a nona filha de Kasimir Malaghetyev. O rufo dos tambores era contagiante, e em breve, tanto eu, como a Sara, a Nuo, a Tsuna, e a Sumitraijin estávamos a dançar ao ritmo da canção alegre! Os Deuses estavam a envergar - só eles é que eram permitidos usar aquelas cores vistosas no Festival das Bandeiras - túnicas cobertas de plumas coloridas, que iam desde o vermelho até à opala brilhante, o verde esmeralda, o azul-escuro e o prateado. A típica música Bellante, exótica, quente, tão picante quanto o molho de piri-piri tropical das Ilhas de Shunrasen que os seus habitantes põem nas tortilhas, era maravilhosa e milenar...!
Deve ser por isso que a Senhora Bilafassabnsair (ou a própria Bellanária) é representada como uma jovem exuberante de longos cabelos negros, com um toucado de penas de quétzal verdes e perfumados de várias flores, com um xaile cor-de-rosa a cobrir-lhe dois terços dos seios avantajados e uma saia comprida, justa e dourada (como símbolo das temperaturas quentes das ilhas do Sul). No Festival das Bandeiras, ela é acompanhada pelo "Avô Inverno", o "Senhor Inverno", ou simplesmente "deus das nevadas", um homem de aspecto Japonês (ou pelo menos que se assemelha a um homem estrangeiro, de meia-idade, alto, sisudo e pálido...mais concrectamente, a um bruxo). Algumas vezes é a própria figura do Mestre Rwebertan Samiel Di Euncätzio que personifica o Norte e o Inverno. Há quase dois mil anos, a figura mais parecida com a personificação do Inverno era o antigo Itztlacoliuhqui-Ixquimilli (Ponta Curva de Obsidiana - Olho de Adaga). Com a vinda do Assassino do Amor e do Ded Moroz , este deus acabou por ser esquecido e morrer. No entanto, o Senhor Inverno carrega sempre consigo uma espada curva de obsidiana e a maior parte dos avôs nesta época tentam pôr os olhos mais penetrantes e oblíquos para se assemelharem aos olhos " em forma de adaga" do antigo deus.
Pois é, o Festival das Bandeiras tem muito que se lhe diga... As três figuras centrais são o Senhor Inverno, a Bellanária e a Imperatriz ancestral Melnjar I.
terça-feira, 20 de março de 2012
Interrogatório entre o pó-de-arroz
De repente reparei que a Rainha das Fadas, como se fosse uma senhora daquelas actrizes Chinesas que vemos nos filmes Bellantes - que, para tua informação, são a maior seca do mundo, sem contar com o facto de que eu só percebo metade do que eles dizem em Bellante do Norte - dos decadentes e poeirentos cinemas em Shunamari , estava a agarrar-me. Até parecía a que fazía de mãe da Elizabeth Montgomery no Bewitched . As únicas diferenças são: a Senhora Roshini não tem um ar nada excêntrico de mulher Americana e de bruxa muito menos! É só porque ela estava a olhar-me com uma cara de quem conseguía ler-me os pensamentos. Hey, não comeces a gozar, a dizer que eu sou cota e não sei que mais!
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Chorão dos Castigos
Para compreendermos o poema na sua totalidade: na primeira quintilha (nunca quatro, porque na tradição oriental, quatro era um número de mau-agouro, demonstrando o carácter supersticioso de feiticeiro de Samiel, cinco, tal como o pentagrama) nessa altura, folhas secas - Outono - era um sinónimo para uma mulher de meia-idade, que é exactamente o que o Assassino do Amor se assemelhava quando atingira os mil anos de idade. É uma referência ao Taoísmo e ao princípio feminino e masculino (yin-yang) a influenciar as quatro estações e a passagem da estação - envelhecer.
Na segunda quintilha, desta vez, o Mestre Samiel faz referência ao calendário lunar Bellante. Após o décimo oitavo mês do calendário lunar Bellante, apagavam-se as grandes lareiras que aqueciam as cidades bellantes num período de abstinência conhecido como Nenontemi - cinco dias de azar. Uma ironia ao comparar o número do azar Japonês com o número do azar Bellante - cinco. Mas é também uma metáfora para dizer que o ódio de Samiel pelo Império Bellante pode ser apagado na escuridão dos cinco dias azarentos. Ele está à espera que a Princesa tenha coragem para vir despedir-se dele depois do último mês como ele está prestes a morrer.
A quarta quintilha é um refrão, como se Samiel estivesse à espera que outros pusessem em forma musical o seu poema. O chorão na mitologia Bellante é símbolo de amor proíbido, e Samiel diz que sente-se castigado pelo Amor mas que este tem um doce aroma de paixão - o fruto da paixão - e a sexo.
Na quinta quintilha, o sujeito poético perde todas as estribeiras - como o povo diz - e confessa o desejo que sente pela pessoa amada. Na Bellanária, há uma espécie única de trevos de cor preta e que se assemelham a cabelos anelados. Mas no último verso da quintilha, ele desculpa-se num tom formal a pedir humildemente qualquer coisa....talvez seja só um beijo como diz a terceira quintilha...Ou talvez seja mais alguma coisa, ou seja, o corpo nu da princesa, uma coisa absolutamente escandalosa em pleno século catorze, não só para os Bellantes, como para os Chineses e Japoneses! Não admira que na versão Chinesa traduzida para o público e na versão Japonesa, esteja apenas - "seda pura do teu vestido" (túnica oriental) em vez de "a seda pura do vosso natural vestido" (como a princesa veio ao mundo).
Na sexta quintilha, o Assassino do Amor fala em sangue impuro - sangue que pode não ser Bellante, ou pode não ser humano (um demónio). Ele confessa que nem com a magia dele ele poderá purificar-se. Isto é uma óbvia referência à tradição hindu dos Rhakasas - demónios com olhos vermelhos. Mas Samiel diz que esses olhos azuis (azuis é uma metáfora para mortos, melancólicos, tristes) choram por ela.
Ele sofre tanto que, ao continuar para a sétima quintilha, pensa enforcar-se com a sua própria dor.
A oitava quintilha é uma repetição da quarta... E assim termina o sofrimento de Samiel com o castigo eterno...
Oh, linda princesa,
Não vedes que as folhas deste velho rosto,
Estão a secar? Se ao menos eu pudesse cumprir
A promessa,
De nunca mais vos ferir...
Se eu morrer,
Se o meu ódio se extinguir,
Como a chama do último mês,
A desaparecer de vez,
Até mim podereis vós vir?
Um beijo,
É só isso que vos peço!
Perdoai este bruxo malfazejo,
Perdoai, senão nunca mais cesso,
De chamar pelo vosso doce nome!
Porque será,
Porque será que terei de estar sempre preso,
Ao macabro chorão com perfume a maracujá?
Porque será que sempre que vos vejo,
Penso que saí de mais uma patifaria ileso?
Nos meus braços quero prender-vos,
Quero sentir a seda pura do vosso natural vestido,
Não haverá um momento em que não deixe
De me perder nos amorosos e macios trevos,
Dos vossos cabelos, acetai, minha senhora, este humilde pedido!
Este sangue impuro,
Que corre apenas por vós,
Nem com Magia Proíbida eu curo,
Estes olhos azuis rasgados, gelados,
Não vedes que o sangue que deitam já forma nós?
Nós horríveis de dor,
Que me estrangulam, apenas por amor,
Se alguma vez um inocente homem matei,
Foi apenas porque vos amo tanto,
E saiba que por vos, tudo ao Império eu perdoarei!
Porque será,
Porque será que terei de estar para sempre preso,
Ao macabro chorão com perfume a maracujá,
Porque será que sempre que vos vejo,
Penso que saí de mais uma patifaria ileso?